Por ADROALDO QUINTELA*
Esta etapa a rigor não seria tão cansativa se tivéssemos descansado um dia em território do Principado de Astúrias. No entanto, chegamos em Lugo às 16h00, relativamente bem. Qua,ndo subi as escadas dei de frente com uma partilhada. Estava faminqto e com sede de uma bebida alcoólica. Não deu outra. Entrei, conversei com o garçom e pedi uma cerveja 1906, super deliciosa com teor de álcool de 6,9%. Ele sugeriu assados mistos escoltado por batatas fritas e “pimientos”. Pela primeira vez em 9 dias estava comendo bastante proteína . Tomei 3 cervejas e pedi um café puro. Mostrei o endereço do hotel para o garçom. Ele me deu a dica certa de como chegar lá, numa curta distância para quem andou 21km.
Fui bem atendido pelo recepcionista que tinha reservado um ótimo apartamento no primeiro piso.
Pela primeira vez tinha uma casa de casal e um banheiro só para mim, durante duas noites.
Depois do banho e da lavagem de meias, cueca e camisa, deitei na cama quente e dormi o sono dos justos.
No dia seguinte, 8 de maio, iria dar um rolê para conhecer o vibrante centro de Lugo cercado pela maior muralha romana conservada no Ocidente.
Acordei sem pressa. O comércio começa a funcionar às 9h00.
Minha primeira tarefa depois do café da manhã
seria reparar meu celular, Infestado de vírus de propagandas. Além da dificuldade de comunicação a bateria descarregava rapidamente.
Sigo caminhando e encontro uma loja de conserto de celulares e laptop. Converso com o técnico. Ele entendeu a palavra vírus que não tem correspondência em espanhol na área das técnicos da informação e conhecimento.
Por sorte Rafael era baiano, de Salvador e mora há 19 anos em Lugo. Fez um trabalho perfeito. Demorou bastante tempo para fazer a limpeza total. Enquanto isso ele me contou o momento de dificuldade que estava passando. Fazia mais de uma semana que dormia mal por conta do fim de relacionamento duradouro. A história do soteropolitano do Cabula dá uma bela crônica. Porém, não e o objetivo do relato de transmutação ao longo do Caminho Primitivo.
No dia de bamburrio (sorte) as boas surpresas ocorrem em profusão. Quando ia subir na muralha ouço chamados: Adru, Adru, Adru. Olho pra cima e vejo Raquel, Bernardo, Felipe e José amigos do Caminho Primitivo.
Felipe me perguntou se eu tinha reservado alojamento em Punte Ferreira. Respondi que ainda ia fazer, após ter consertado o celular. Ele se ofereceu para pedir mais uma vaga pra mim. De pronto aceitei. Andamos pela muralha, tiramos um monte de fotos, conversamos e brincamos. Era nosso primeiro dia de lazer e diversão. Fazia sol e estava perfeito para conhecer o centro de Lugo, uma cidade de quase 100 mil habitantes.
Pra quem não sabe Lugo foi Acampamento Celta destruído pelos romanos. A influência cultural e arquitetônica românica é visível em vários locais. Além da muralha de 2.300 metros de circunferência, há o aqueduto e a imponente ponte sobre o Rio Minho.
Fomos almoçar num restaurante típico. Pela primeira vez nesta peregrinação senti o desconforto do refluxo. Não consegui comer o prato principal, a sobremesa e os líquidos.
Meus recentes amigos espanhóis ficaram extremamente preocupados comigo.
Fiz questão de tranquiliza-los. Afirmei que, no máximo em duas horas, o bolo alimentar haveria de descer para o estômago e a sensação de mal estar desapareceria.
Ofereceram-se para me levar ao hotel. Recusei a oferta. Informei que andar ajudava a resolver os problemas do refluxo. Quando cheguei ao hotel li uma saraivada de mensagens perguntando se eu havia melhorado.
As 18 horas o refluxo havia passado. Mas resolvi comer frutas durante à noite para evitar uma recitava.
Combinamos de nos encontrar no dia seguinte na Porta da Catedral de Lugo, onde retoma-se o Caminho Primitivo com destino a Puente Ferreira, em etapa de 24km.










Leia também Uma jornada de luz e solidariedade: oitavo dia de peregrinação no Caminho Primitivo.
.*Adroaldo Quintela é Economista.Diretor-Executivo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (IDESNE) Fundador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED).
Foto de capa e demais fotos: Adroaldo Quintela
Uma resposta
Estou acompanhando tua viagem
Vou seguir teu roteiro
Pretendo ir no segundo semestre