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O Melo da Propaganda e o Real

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O Melo da Propaganda e o Real
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Por SOLON SALDANHA* Aqui entre nós, quando a propaganda eleitoral que estamos vendo agora na televisão, aqui em Porto Alegre, afirma “o Melo vai fazer”, não lhe ocorre perguntar por que ele não fez nada disso que está prometendo agora, ao longo dos quatro anos em que está no comando do Executivo? Outra coisa inacreditável é o uso do slogan “deixa o Melo trabalhar”. Ele é um plágio escrachado do que foi usado nas eleições presidenciais de 2006, por Lula. “Deixa o homem trabalhar” estava no jingle, nas peças impressas e nos clipes gravados pelo petista, naquela ocasião. Difere o momento atual daquele o fato de que o presidente vinha de um mandato de intensas realizações e de conquistas históricas para o país e o povo brasileiro. O prefeito está concluindo um mandato melancólico, sem que se tenha nadica de nada para comemorar. Para finalizar, Sebastião Melo tem repetido à exaustão que os projetos necessários para a posterior execução de obras de contenção de enchentes, estão todos sendo feitos pelos engenheiros. Essa não é uma confissão de que, nos últimos anos, houve uma total negligência? Nos primeiros dias da campanha este último foi o mote principal. Porque era necessário tentar tirar a lama das mãos do prefeito, que havia zerado o orçamento para a manutenção dos diques e casas de bombas. De um prefeito que se associara ao governador Eduardo Leite no esforço para inclusive retirar o muro existente na Avenida Mauá, facilitando interesses da especulação imobiliária, marca principal do seu governo. Então, numa sucessão de mentiras e meias verdades, ele tentou assumir como seus os méritos do combate feito por voluntários. E buscou ainda dizer que os investimentos emergenciais, todos eles realizados com recursos federais, eram decorrentes do esforço de sua administração. Melo é um desastre, um embuste, alguém com “pés de barro”. Aliás, uma imagem muito apropriada, considerando o que aconteceu em especial no Sarandi, Humaitá e outros bairros periféricos que sua administração tinha abandonado. Essa expressão tem origem bíblica – tomara que aqueles apoiadores que ele tem no povo neopentecostal percebam –, servindo na identificação de líderes que são carentes de méritos intrínsecos. Aqueles que não tem sustentação real, nem nas ideias, nem nas ações. E a sua propaganda eleitoral, essa tem cheiro de engodo. Ela escancara o blefe que ele próprio é, sendo ao menos nisso coerente. Vamos voltar um pouco atrás no tempo, ajudando quem não tenha uma memória mais aguçada. Para tanto, que se esqueça momentaneamente a enchente e se recue até ao período de outra crise que não teve quem enfrentasse, com pulso firme e competência. Quando da pandemia de Covid-19, em meio ao caos sanitário que se instalava, Melo se recusou a adotar medidas de isolamento social. E não adquiriu vacinas, mesmo com a autorização que a Câmara Municipal lhe deu, aprovando projeto que ele próprio enviara. Na mesma época e aproveitando a permissividade que o momento garantiu, ele anulou a revisão da Planta de Valores do IPTU aprovada na gestão anterior, o que beneficiou os mais ricos moradores da cidade. Melo também fatiou a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. Encaminhou projetos pontuais atendendo interesses de grandes construtoras no Centro Histórico, na Fazenda do Arado e no 4º Distrito, descaracterizando totalmente o espaço urbano e contrariando as recomendações do Ministério Público. Enquanto isso, seu governo era atingido por uma série de escândalos, como o verificado na Secretaria da Educação, com compras superfaturadas e desvio de recursos públicos. O que se repete agora, com a descoberta de mais falcatruas envolvendo o Dmae. Isso sem falarmos na série de contratos com terceiros mais do que suspeitos, como o assinado com as Pousadas Garoa. Foi preciso um incêndio matar dez pessoas para que seu governo fingisse que iria rever a situação: os valores absurdos continuam sendo pagos. Porto Alegre está pobre, suja, abandonada, insegura. É uma calamidade o transporte público. A saúde, com as UBSs terceirizadas, não consegue ter um atendimento efetivo. Faltam profissionais, as filas são enormes, as cirurgias eletivas estão represadas. Para essas ele agora fala em realizar um mutirão. Por que nada fez nesse sentido, até agora? A educação está deixada ao Deus dará. Os pequenos produtores do cinturão agrícola do município foram abandonados. O recolhimento do lixo vive enfrentando crises. Árvores estão sendo derrubadas sem necessidade, sem critério algum. A Carris, empresa fundada por Dom Pedro II em 1872, foi privatizada por uma merreca. Os servidores públicos têm os seus direitos permanentemente ameaçados e valorização nenhuma. Numa pequena cidade do interior, onde morei muitos anos, costumavam chamar um deputado da região, que só aparecia por lá de quatro em quatro anos, no momento de pedir novos votos, de “Copa do Mundo”. Claro que em função da idêntica periodicidade. Se por abstração isso fosse agora aplicado a Sebastião Melo, ele estaria mais para um 7×1, como o sofrido da Alemanha. Ou talvez para, aproveitando os mesmos números, 171. *Solon Saldanha é jornalista Ilustração da capa: Não se pode esquecer: a negligência de Melo agravou em muito os efeitos da enchente. Autoria Nando Motta - Brasil 247 Crônica publicada originalmente no blog do autor: O MELO DA PROPAGANDA E O REAL – VIRTUALIDADES Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Gonet na eleição

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Gonet na eleição
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Por JEFERSON MIOLA* O Procurador-Geral da República Paulo Gonet usa pretextos formais para a embromação em relação aos processos contra Bolsonaro, mas no fundo ele objetiva impedir o andamento normal das ações penais para não prejudicar o bolsonarismo na eleição. Gonet justificou, por exemplo, a necessidade de mais prazo no caso das jóias porque, “antes de apresentar seu juízo acusatório, é essencial que o titular da ação penal tenha acesso à íntegra de todos os elementos informativos, para que valore adequadamente as condutas e evite posteriores alterações da imputação”. Não deixa de ser uma justificativa curiosa, para não dizer inventiva, porque até os estagiários da PGR sabem que há um verdadeiro excesso de provas dos crimes cometidos por Bolsonaro e seus comparsas civis e fardados. Em março passado, Paulo Gonet decidiu assumir pessoalmente a condução do processo sobre o crime de falsificação das carteiras de vacina. E, segundo noticia a imprensa, ele continua até hoje à procura de detalhes sobre a fraude, e nada do processo andar. De acordo com interlocutores do procurador-geral, Gonet “adota cautela” a respeito das denúncias contra Bolsonaro para “não contaminar o período eleitoral”. No entanto, ao retardar o ritmo normal das apurações e comprometer o andamento regular da justiça, o efeito é exatamente o oposto, pois Gonet acaba contaminando inteiramente a eleição. Ao proteger a imagem de delinquentes políticos, ele assume uma parcialidade indevida na eleição: exclui do debate eleitoral fatos e circunstâncias com potencial de prejudicar o desempenho da extrema-direita nas urnas. Beneficiado pelas manobras processuais de Gonet, Bolsonaro circula desimpedido pelo país fazendo comícios, propagando ódio e violência, ameaçando ministros do STF e organizando o movimento de anistia a golpistas e a si próprio. Em decisão mais recente [8/9], Gonet decidiu “esperar definição do STF sobre foro para decidir sobre denúncia contra Bolsonaro”. Trata-se de mero formalismo de conveniência para a estratégia de ganhar tempo e não avançar as ações penais, pois embora o julgamento do STF ainda não esteja concluído devido a um pedido de vistas feito pelo ministro bolsonarista André Mendonça em março, a Corte já constituiu o entendimento majoritário de que crimes cometidos por presidentes no desempenho das funções são julgados no STF mesmo após o fim dos mandatos. À rigor, não faz o menor sentido Gonet esperar o STF terminar a votação sobre esta matéria, porque o resultado já é de antemão conhecido e não será alterado, de modo que os crimes cometidos por Bolsonaro no cargo deverão ser julgados, sim, pela Suprema Corte. Ainda que possa não ser a intenção real de Gonet, o fato concreto é que a demora evitável e inexplicável no andamento das ações penais que envolvem Bolsonaro e seus cúmplices equivale a um ativismo eleitoral passivo dele em prol do bolsonarismo e da extrema-direita. *Jeferson Miola é jornalista. Texto originalmente publicado no blog do autor.: Gonet na eleição – jeferson miola (wordpress.com) Foto da capa: Brasília (DF), 19/12/2023 - O procurador-geral da República, Paulo Gonet, durante sessão de encerramento do Ano Judiciário, no Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Justiça

Bolsonaro chutou fora e a próxima jogada é de Moraes e Gonet

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Bolsonaro chutou fora e a próxima jogada é de Moraes e Gonet
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Por MOISÉS MENDES* Se o embate entre o bolsonarismo e Alexandre de Moraes fosse um jogo com alternância de lances e movimentos, a jogada da vez seria do ministro do Supremo, desde que receba o passe de Paulo Gonet. No 7 de Setembro da Avenida Paulista, o bolsonarismo jogou a bola para longe, em direção ao Itaim Bibi. Mesmo que parte da grande imprensa tenha achado que não foi bem assim, a aglomeração foi uma derrota para todos eles, das antigas e das novas facções. Perderam, no sábado, o velho bolsonarismo cansado da guerra de Bolsonaro, o pretenso novo bolsonarismo dos seguidores de Pablo Marçal e os rejeitados da arca de Malafaia, acomodados no caminhão de som de Carla Zambelli. Qualquer aprendiz de ações políticas sabe que, após um movimento ou uma ação política de massa, o próximo ato precisa superar ou se igualar ao primeiro gesto, em tamanho e repercussão. Foi assim nas grandes mobilizações da história recente: nos esforços pelo fim da ditadura, pelas Diretas, pela queda de Collor e até, é preciso admitir, pelo golpe contra Dilma Rousseff. Pela democracia ou pelo golpismo, a lição é clara: não há como avançar com fracassos em sequência. E os últimos dois atos do bolsonarismo, no Rio e agora novamente na Paulista, ficaram muito abaixo do primeiro, ocorrido em 25 de fevereiro, em São Paulo. Os três atos contra Moraes reuniram 185 mil pessoas em fevereiro, 33 mil em abril e 45 mil agora. Houve retração e estagnação de público. Juntando as aglomerações dos últimos dois atos, não chega à metade do primeiro. E a rua sempre foi a melhor expressão do ativismo dos apoiadores de Bolsonaro. E agora? Agora, Bolsonaro sabe que a capacidade de mobilização da extrema direita está em declínio. Ele é um líder questionado tanto pelos grupos que se expressam, como os de Marçal e Zambelli, quanto pelos que se calam e desaparecem, como muitos que sumiram da Paulista. A extrema direita fracionada (até Silas Malafaia tenta ocupar espaço nessa guerra) está sem forças para continuar nas ruas, gritando com o ímpeto do início do ano. No jogo do "agora é a tua vez", Moraes tem a preferência, mas, se quiser, pode adotar a estratégia de ficar no mesmo lugar. Fingir inércia pode ser seu jogo, mesmo sabendo que Bolsonaro está enfraquecido. Moraes e Gonet sabem que as divisões no bolsonarismo tendem a se intensificar e que mais pessoas subirão em caminhões diversos, muito mais para afrontar Bolsonaro do que para se somar às tropas envelhecidas do tenente cansado. Mas chegamos ao momento em que os prazos começam a se esgotar para quase tudo que envolve os acertos de contas do fascismo com a Justiça, nas mais variadas frentes. A bola está com Gonet e Moraes. *Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre. Artigo originalmente publicado no site Brasil 247. Foto da capa: Brasília (DF), 22/08/2024 - O ministro do STF, Alexandre de Moraes, e o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, durante a solenidade comemorativa ao Dia do Soldado, no Quartel-General do Exército, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Opinião

Liberdade de expressão e responsabilidade:  STF e a decisão sobre a conta X

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Liberdade de expressão e responsabilidade: STF e a decisão sobre a conta X
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Por ALEXANDRE CRUZ* O recente bloqueio da conta X, anteriormente conhecida como Twitter, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) representa um momento decisivo na relação entre tecnologia e jurisprudência. Este movimento não deve ser interpretado como uma tentativa de cercear a comunicação, mas como uma reafirmação da necessidade de que as plataformas digitais operem dentro dos parâmetros legais estabelecidos. No seguimento do meu artigo "Caverna de Platão nos dias de hoje: como a internet mantém presos às sombras da desinformação", é crucial destacar que a decisão do STF visa garantir que as redes sociais respeitem a legislação brasileira, sem comprometer o debate público. A ação do Supremo Tribunal se alinha com a necessidade de proteger a integridade das informações e assegurar que o ambiente digital não seja um veículo para desinformação. A qualidade da democracia em nossa era digital está profundamente ligada ao acesso a informações precisas e responsáveis. Em um cenário dominado por fake news e manipulações, é fundamental que as plataformas digitais ajam conforme as normas legais para preservar a confiança pública. O bloqueio da conta X, ao remover conteúdos que violam essas normas, é uma medida que visa proteger a sociedade de abusos e garantir que o debate público seja informado e construtivo. Esse ato do STF não é uma imposição ao direito de censura, mas uma tentativa de assegurar que a comunicação digital não prejudique a coesão social e o bem-estar coletivo. O objetivo é garantir que a informação veiculada nas redes seja transparente e fiel à verdade, evitando a proliferação de dados enganosos. Portanto, a decisão deve ser vista como uma etapa necessária para que a liberdade de expressão seja exercida com responsabilidade. A legislação serve para manter a ordem e assegurar que o espaço digital não seja usado para propagar desinformação e manipulação. O Supremo Tribunal Federal reafirma, assim, o compromisso com a justiça e a integridade das informações. Em suma, a medida adotada pelo STF é um exemplo de como é possível equilibrar a liberdade de comunicação com a responsabilidade necessária para preservar a qualidade democrática. Como nos complexos enredos de Stieg Larsson, o desafio está em garantir que a verdade e a justiça prevaleçam, mesmo em um cenário digital desafiador. *Alexandre Cruz é jornalista político. Foto da capa: Logo do X Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Cultura

Patrimônio Cultural

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Patrimônio Cultural
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Por ADELI SELL* Com fúria “modernizante”, há pessoas que “não se tocam” da importância da memória, a história e da cultura; elegendo botar tudo abaixo, taxando de “velho” edificações históricas, criando mostrengos arquitetônicos. Em Porto Alegre, a regra se confirma ao quadrado. Houve um prefeito, verdadeiro exterminador do futuro, indicado pela ditadura que botou abaixo várias obras de nosso patrimônio histórico-cultural. Apesar de três normas importantes do passado - o Decreto-lei n. 25/37, o Decreto-lei n. 3.365/41 (desapropriação com fins estéticos), Lei n. 4.717/65 (AP para tutela de valores artísticos, estéticos e históricos) – colocou-se abaixo, repetindo, edificações que, ao vermos suas fotos, temos a dimensão do crime cometido pelo então prefeito Telmo Thompson Flores. Tivemos que aguardar, depois da ditadura, a Constituição Federal para termos o lapidar artigo 216, dando a conceituação de patrimônio cultural: Art. 216 - bens materiais e imateriais, individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, incluindo as formas de expressão; modos de criar, fazer e viver, criações científicas, artísticas e tecnológicas, obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais, conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. É intolerável que cheguemos a 2024, com a cidade sem uma ousada legislação, em decorrência da lei maior. Nossa legislação de apoio à preservação tem que ser revista, repensada com a sociedade, englobando profissionais e o povo em geral. Como vereador tenho me pautado em defender os elementos positivos e garantidores das normas em vigor, em especial as leis federais. Já tenho esboçado um conjunto de elementos para propor uma ousada, firme e profícua legislação, a começar por dar condições de um imóvel ser preservado, com isenção ou descontos no IPTU segundo o valor de cada um destes espaços. O Estatuto da Cidade - LEI No 10.257, de 10 de julho de 2001 – traz fortes elementos para a busca da preservação. Destacaria estes: - Plano diretor e zoneamento; - Outorga onerosa; - Transferência do Direito de construir; - Direito à preempção. Pretendo, num futuro próximo, formar um grupo de especialistas e pessoas interessadas, debatendo estes pontos legais, em visto da preservação. Temos que ter como foco, ao prensar em memória e preservação, a imagem da cidade. Verificar e identificar na cidade espaços dotados de valores significativos em termos culturais e paisagísticos. Neste sentido, a revisão do plano diretor que se avizinha é elemento fulcral normativo. O Plano Diretor pode e deve inserir regimes urbanísticos diferenciados para o entorno de bens tombados, repercutindo nas construções circunvizinhas etc. Apesar de todas as normas federais e municipais, Porto Alegre tem desdenhado de seu patrimônio. Além disso, o erário bancou pesquisas e estudos que não passaram de um conjunto de anotações que nunca viraram norma. O maior inimigo da preservação de nosso patrimônio é o setor da construção civil, com sua fúria de levantar prédios altos e de duvidosa estética. Como não olhar para o passado e pensar na Porto Alegre com aquela magnífica Igreja do Menino Deus e da Vigário, não estes dois monstrengos atuais. [caption id="attachment_15651" align="aligncenter" width="600"] Cartão Postal - Antiga Igreja do Menino Deus, vista da Av. Getúlio Vargas ao fundo, Bairro Menino Deus, Porto Alegre, P&B.[/caption]   [caption id="attachment_15652" align="aligncenter" width="389"] Igreja Menino Deus, década de 1930[/caption] Como esquecer o fim do Mercado Livre que ficava ali ao lado do prédio da Associação Comercial, entrada para a Estação da Trensurb. [caption id="attachment_15659" align="aligncenter" width="990"] Mercado-livre-1939 - Porto Alegre[/caption]   [caption id="attachment_15653" align="aligncenter" width="1023"] Mercado Livre visto do Guaíba - Criador: Fotos Antigas RS - www.prati.com.br[/caption] Thompson foi o destruidor das estações férreas, a Central e a Ildefonso Pinto (no início da avenida Borges), para fazer o Túnel da Conceição arrasou todas as construções em seu trajeto. Quis demolir o Mercado Público, mas as campanhas por sua preservação é que vingaram… [caption id="attachment_15654" align="aligncenter" width="1816"] Estação Central da Viação Férrea de Porto Alegre, circa 1910, Fotógrafo desconhecido. Acervo Miriam Antonini[/caption]   [caption id="attachment_15655" align="aligncenter" width="960"] Estação Idelfonso Pinto e Palácio do Comércio[/caption]   [caption id="attachment_15656" align="aligncenter" width="640"] Porto Alegre Av Mauá Estação Ildefonso Pinto (destruída em 1972) enchente 1941[/caption] Lembro-me do casario da Independência ao chegar em Porto Alegre na década da 70. [caption id="attachment_15657" align="aligncenter" width="1024"] Rua Independência, atual Avenida Independência, Porto Alegre, RS[/caption] Haveria tantos e tantos registros a fazer. Citamos alguns para termos a dimensão da importância da preservação. *Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador. Foto da Capa: Praça da Alfândega com vista para a Delegacia Fiscal e Correios e Telégrafos – 1950 Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. 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Silvio-Anielle: Eis um Texto Contra o Assédio e Contra Tribunais de Exceção

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Silvio-Anielle: Eis um Texto Contra o Assédio e Contra Tribunais de Exceção
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Da Redação No artigo "Silvio-Anielle: Eis um Texto Contra o Assédio e Contra Tribunais de Exceção", publicado no site UOL dia 08 /09/2024, Reinaldo Azevedo explora o delicado caso da exoneração de Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos, após denúncias de assédio sexual, destacando questões como presunção de inocência, o papel do movimento *Me Too* e os riscos de julgamentos sumários sem o devido processo legal. Azevedo inicia seu texto traçando um paralelo entre a exposição pública de Almeida e um protesto na Avenida Paulista, onde grupos de extrema-direita clamavam por anistia a condenados com provas. Ele questiona o "timing" das denúncias contra Almeida, insinuando que o caso pode ter sido instrumentalizado politicamente para desestabilizar o governo progressista. Segundo o autor, essa instrumentalização aponta para um risco: a criação de uma "Justiça paralela", onde a ONG *Me Too Brasil* assumiria o papel de um tribunal sumário. No coração de sua argumentação, Azevedo defende a importância de preservar a presunção de inocência. Ele reconhece o histórico de injustiças contra mulheres e a dificuldade que enfrentam ao denunciar assédio, mas faz uma crítica contundente ao que vê como uma quebra do devido processo. Ele pergunta: "podemos abrir mão, no caso do assédio ou de outro crime qualquer, da presunção da inocência?", afirmando que, sem essa garantia legal, cria-se um terreno perigoso de condenações precipitadas. Para Azevedo, a demissão de Almeida foi politicamente inevitável, mas ele questiona a falta de um processo formal de investigação antes de sua exoneração. O autor afirma que o tempo da política não é o mesmo do tempo jurídico, e que decisões políticas rápidas muitas vezes sacrificam o devido processo. Almeida, à frente de um ministério que se dedica à cidadania e direitos humanos, foi afastado sem a oportunidade de uma defesa formal, o que, segundo o autor, coloca em risco o próprio Estado de direito. A crítica se aprofunda quando Azevedo questiona o papel do *Me Too* Brasil, uma ONG que, ao expor as acusações sem dar espaço ao contraditório, assumiria uma posição semelhante à da Operação Lava Jato, que ele também critica por seus excessos e práticas de condenação antecipada. Para Azevedo, a ONG não deveria ter o poder de condenar publicamente uma figura pública antes de qualquer julgamento formal: "Que sistema de direito se está erigindo no país quando se atribui a uma entidade [...] um poder que nenhum tribunal superior tem: o da condenação sem direito a defesa ou recurso?" A questão do assédio é central ao debate. Azevedo reconhece a gravidade das denúncias e a necessidade de proteger as vítimas, mas se opõe ao que considera uma justiça sumária. Ele sugere que o caminho pode estar na criação de varas especializadas em assédio, onde as vítimas seriam protegidas por anonimato, mas onde o acusado também teria a oportunidade de conhecer as acusações e se defender. O autor critica a "fascistada" de direita, que instrumentaliza o caso para desmoralizar figuras progressistas como Almeida e Anielle Franco, a ministra que também foi supostamente assediada. Ele destaca a hipocrisia desses grupos, que se posicionam como defensores de vítimas quando convém, mas que, historicamente, se opõem às políticas de reparação e justiça social defendidas pelos próprios acusados. Azevedo sublinha que nem a direita extrema, nem o *Me Too* podem agir como tribunais de exceção. Em conclusão, o texto de Azevedo é uma defesa clara do devido processo legal. Ele deixa claro que, para além das acusações contra Almeida, a verdadeira questão é como a sociedade lida com as denúncias de assédio sem abrir mão dos direitos fundamentais, tanto das vítimas quanto dos acusados. Ele enfatiza que qualquer sistema de justiça precisa de transparência, rigor e respeito à legalidade, sob pena de se transformar em um tribunal de exceção, seja ele conduzido por movimentos sociais ou por grupos políticos extremistas. Azevedo encerra com uma mensagem clara: "Este é um texto inequivocamente contra o assédio. E contra tribunais de exceção." Para acessar a íntegra do artigo no UOL, clique aqui: https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2024/09/08/silvio-anielle-eis-um-texto-contra-o-assedio-e-contra-tribunais-de-excecao.htm  Foto da capa: Rio de Janeiro (RJ), 30/11/2023 - A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, participa da sonelidade em que o ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lança o projeto de sinalização e reconhecimento de lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil, no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado no Cais do Valongo,centro da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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