Politica

Novos caminhos para o PT: a necessidade de enfrentar as desigualdades em um Brasil em transformação

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Novos caminhos para o PT: a necessidade de enfrentar as desigualdades em um Brasil em transformação
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Por ALEXANDRE CRUZ* O Partido dos Trabalhadores (PT), ao longo das últimas décadas, estabeleceu-se como uma força política representando os trabalhadores e os movimentos sociais. No entanto, as rápidas transformações da sociedade e do mercado de trabalho exigem uma atualização constante. Novas categorias de trabalhadores emergem, como os ligados às plataformas digitais, ao mesmo tempo em que as pautas de raça, gênero e classe estão mais interligadas do que nunca. Recentemente, a prefeita de Contagem, Marília Campos, reeleita no primeiro turno, fez uma crítica ao partido, sugerindo que o PT deveria se afastar dos discursos identitários e focar em pautas mais amplas. Embora esse ponto de vista levante uma questão importante sobre a estratégia partidária, há uma dimensão crucial que precisa ser considerada: raça, classe e gênero estão intimamente conectados. Por fim, desqualificar uma pauta identitária pode ser um erro estratégico, especialmente quando se considera que a inclusão de mulheres no governo vai além de uma simples representação de gênero. Ela aborda questões interligadas de desigualdade social e econômica. A verdadeira força do discurso político reside na capacidade de integrar lutas identitárias e de classe, reafirmando que a justiça social é um conceito multifacetado que deve ser abordado de forma holística. Uma política que considere a diversidade das identidades é, portanto, essencial para a construção de um futuro mais inclusivo e democrático. Dados do IBGE mostram que a pobreza no Brasil atinge de forma desproporcional a população negra. A fome, por exemplo, não é distribuída de maneira homogênea, afetando majoritariamente pessoas negras. Isso demonstra que, ao falar de desigualdade, é impossível dissociar questões de classe das questões de raça. O capitalismo, de fato, perpetua a miséria, mas ele faz isso de maneira estratificada, afetando certos grupos de forma mais severa. Assim, os discursos identitários não podem ser tratados como uma "moda", mas como uma necessidade para reconhecer e combater múltiplas formas de opressão. A interseccionalidade, um conceito que ajuda a entender como diferentes formas de opressão se sobrepõem, é essencial para qualquer análise séria sobre desigualdade no Brasil. O desafio para o PT é adaptar-se a esse novo contexto social e econômico, onde a precarização do trabalho afeta de maneira particular mulheres, negros e outros grupos marginalizados. Ignorar esses aspectos significa deixar de lado uma parte vital da base social que o partido historicamente representou. Nesse contexto, a inclusão de representação negra nas estruturas de governo se torna igualmente fundamental, não apenas refletindo a riqueza e a complexidade da sociedade brasileira, mas também servindo como uma mensagem poderosa para reduzir abstenção em Porto Alegre. Se o Partido dos Trabalhadores quer realmente renovar suas lideranças e manter sua relevância, ele precisará encontrar uma maneira de conciliar a defesa das classes trabalhadoras com o reconhecimento das desigualdades específicas que grupos identitários enfrentam. Esse equilíbrio será fundamental para dialogar com as novas realidades sociais e econômicas que emergem no Brasil do século XXI. O futuro do PT depende, portanto, da sua capacidade de ouvir, aprender e agir em prol de uma política que reconheça e celebre a diversidade das experiências e lutas que compõem nosso país.   *jornalista político Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Literatura

Surdo Mundo

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Surdo Mundo
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Por NÚBIA SILVEIRA* No início de uma das aulas da oficina de escrita do professor Luís Augusto Fischer, avisei que, provavelmente, eu teria alguma (ou muita?) dificuldade para ouvi-los – a ele e aos colegas -, porque meus aparelhos auditivos estavam com problemas e o conserto demoraria alguns bons dias. O alerta nem era tanto sobre não ouvir. A minha preocupação era entender mal o que dissessem, trocando a palavra usada pelo interlocutor por outra semelhante, que distorcesse o sentido da frase. O risco, então, de dizer alguma besteira era grande. Neste caso, os amigos se divertiriam e eu ficaria constrangida. Todos(as) tinham um caso para contar de familiares ou amigos(as) surdos(as) ou de candidatos(as) à surdez. Miguel da Costa Franco comentou sobre o isolamento dos que sofrem com a perda de audição. Indicou-me a leitura de Surdo Mundo, de David Lodge (L&PM Editores, 2010). Pela maneira entusiasmada com que Miguel o indicou, achei que seria um texto muito divertido. Esperava rir do início ao fim. Não foi bem assim. Há momentos hilários, mas outros de grande aflição. O autor, também surdo, mostra a realidade vivida pelos(as) que ouvem mal e vivem perguntando “o quê? Quem? Ahn?” e irritando os interlocutores, que precisam levantar a voz e repetir a mesma palavra duas, três ou mais vezes. O inglês Lodge (Londres, 1935) afirma, no final do livro, na parte destinada aos agradecimentos, que “a surdez do narrador e do pai dele tiveram como inspiração a minha própria experiência, mas os demais personagens deste romance são fictícios”. O livro, de 327 páginas, tem como personagem principal o professor Desmond Bates, um linguista, aposentado. Ele se mete numa grande confusão, quando não consegue ouvir o que uma jovem bonita lhe diz, durante uma conversa, num coquetel barulhento. Para não pedir que a interlocutora repita o que lhe diz, ele passa a fazer cara de quem está ouvindo. Como ela fala muito, o professor só faz gestos afirmativos ou negativos, de acordo com a sua interpretação do que a jovem deve estar dizendo. Ao final do diálogo, ou melhor do monólogo, ele não sabe nem o nome da jovem, que lhe soava como látex. Os demais personagens são ligados à sua família – pai, esposa, sogra, filhos, enteados, netos -, com exceção de Alex Loom, uma jovem norte-americana, aquela com quem ele falou no coquetel, sem saber quem era. Alex o quer como orientador do seu doutorado em linguística. A estudante se propõe a analisar os pontos comuns e divergentes dos bilhetes de suicidas. Lodge alerta que este tema se deve a sua imaginação e a um artigo escrito por Charles E. Osgood. Desmond retira os aparelhos dos ouvidos sempre que pode, o que irrita sua esposa Winifred, a Fred, com quem se casou após a morte de sua primeira mulher. A surdez e a loja de móveis e decoração, que Fred e a amiga Jakki mantêm, com muito sucesso, num shopping, vêm complicando a vida do casal. Fred e a mãe dela também não simpatizam muito com o pai de Desmomd, um ex-músico, de 89 anos, meio surdo, com problemas para conter a urina e muito  teimoso. Lodge escreveu o livro em forma de diário. Todas – ou quase todas – as noites, Desmond registra o que aconteceu no seu dia. Passa grande parte do tempo enrolado com as arapucas que Alex lhe cria. E pior: com o mau humor de sua mulher, a personagem que mais me irritou. Talvez porque eu tenha me identificado muito com os problemas do professor, imaginando o meu futuro, e sofrido, como se fosse ele, as constantes reclamações e repreensões de Fred. Agora, relendo partes do livro para escrever este texto, me dei conta que Surdo Mundo deve ser bem divertido para quem não enfrenta problemas auditivos e não corre o risco de se identificar com o professor. As confusões em que ele se mete são mesmo hilárias. Na festa de fim de ano, que sua mulher ofereceu para amigos e clientes, os aparelhos de Desmond emudeceram. Ele não encontrou pilhas novas para substituir as velhas. Decidiu participar da festa, totalmente, surdo. Sua estratégia foi falar com interlocutores e interlocutoras, sem dar-lhes chance de dizer um simples “a”. De acordo com a cara do(a) outro(a), ele escolhia o tema para sua tese, que consumia, no mínimo, meia hora. Evidente que os assuntos escolhidos nunca foram os corretos, o que enfureceu os convidados e, ainda mais, a Fred, que lhe passa uma ótima carraspana.   Nubia Silveira é jornalista.ção. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.    

Meio Ambiente

Lute com os povos indígenas pela vida na terra

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Lute com os povos indígenas pela vida na terra
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À Presidente da COP16, Susana Muhamad, a todas as lideranças globais e às Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica: "Pedimos que V. Ex.as. assegurem que os direitos à terra dos povos Indígenas e das comunidades locais sejam 100% reconhecidos até 2025 em acordos multilaterais, bem como nos arcabouços legais nacionais e nos processos de titularidade de terras. O reconhecimento formal de seus territórios é necessário para respeitar seus direitos e garantir sua sobrevivência. É também uma das maneiras mais eficazes de lidar com as crises de biodiversidade e das mudanças climáticas."Os povos Indígenas estão sendo assassinados por cuidar das nossas florestas. Nos últimos anos, mais de 2 mil deles perderam a vida ao enfrentar fazendeiros, madeireiros e mineradores que invadem suas terras atrás de lucro.Isso é trágico para todos e todas nós. Eles protegem nossas florestas há séculos, mas não podem continuar se suas vidas e direitos estão ameaçados. As lideranças globais podem interromper esse ciclo de violência, demarcando as terras indígenas e garantindo que eles possam cuidar dos ecossistemas mais importantes do planeta sem medo de serem assassinados. Publicado originalmente aqui.Foto: Divulgação*Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).Foto:Reuters Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Eleições

Cabe tirar a sujeira da antessala dos pleitos eleitorais

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Cabe tirar a sujeira da antessala dos pleitos eleitorais
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Por EDELBERTO BEHS* Passei minha infância e parte da juventude em Estrela, uma cidade conservadora, onde não era incomum ouvir pessoas, em conversas, dizerem que não queriam saber nada de política porque “é coisa suja”. Também ouvi o mesmo discurso de crentes evangélicos, que, na época, sequer assistiam televisão, porque era coisa do capeta, e as mulheres usavam saia ou vestido e o cabelo solto até a cintura. Há questão de 30, 40 anos, setores evangélicos olhavam com inveja a influência da Igreja Católica na sociedade brasileira. A voz de bispos repercutia forte na nação quando tomavam posicionamento seja no âmbito religioso, social, político ou econômico. Desde então, essa parcela evangélica fundamentalista desenhou um projeto político, não explícito, mas que começou a se consolidar com a presença de pastores nos meios de comunicação, também na aquisição de redes de rádio e de televisão. Assistir TV deixou de ser pecado! O mote era “precisamos santificar a nação” tornando-a evangélica para a salvação do país, seja das garras do capeta, do comunismo, da corrupção, da falta de fé e, mais tarde, do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Descobriram passagens bíblicas, como a do profeta Jeremias 29,7 – “trabalhem pelo bem da cidade” – e, olhando pelas frestas do Brasil, viram que tinham um lugar na política. Mas aquilo que os afastava da política – “a sujeira” – grudou em algumas lideranças na “santificação da nação” quando galgaram o poder, seja no Executivo, seja no Legislativo. Ou já caiu no esquecimento o “gabinete paralelo” no Ministério da Educação, liderado pelo ministro (em dois sentidos, no político e religioso, pois é pastor presbiteriano) Milton Ribeiro, no governo Bolsonaro? A negociata com Bíblias? Para ficar em mais outro caso, tem a participação do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) e intermediário na venda de 400 milhões de doses da vacina Astrazenica ao Ministério da Saúde! Uma negociata, em pleno período de pandemia da Covid, desmascarada por funcionário do Ministério. Que foi abortada. O resultado da “santificação” ficou estampada em jornais, nas telas de TV, nas ondas do rádio, nas redes sociais. Evangélicos pentecostais e neopentecostais encontraram no presidente camaleão Jair Messias Bolsonaro, que se diz católico, mas se deixa batizar por pastor evangélico no Rio Jordão, uma porta para alcançarem o poder. E se lambuzaram! “Crentes” evangélicos passaram a dar mais razão ainda aos que alegam que “política é sujeira”. Embora não tenha explorado essa vertente religiosa, mas enquanto candidaturas como a de Pablo Marçal, já alcunhado de Pablo Lamaçal, na maior cidade brasileira chegarem à disputa eleitoral, usando de todos as artimanhas, lícitas e ilícitas, a política será entendida como “sujeira”. Até no país do “Deus, pátria e família”. Cabe às utoridades dos Tribunais Regionais e Superior Eleitoral maior proatividade. Admitir que Marçal chame Boulos de “cheirador de açúcar” e até apresentar um falso laudo médico atestando isso, só pode ser debitado às lamentáveis omissões ou demora nas demandas judiciais. Os TREs não foram provocados? Os exemplos não são de hoje. Em campanha eleitoral em Rio Branco, no Acre, o candidato Jair Messias Bolsonaro pegou um tripé de câmera de televisão e, imitando uma metralhadora, disse que fuzilaria a petralhada do Estado. Ora, um candidato à presidência da República ter como meta de governo “metralhar” os oponentes políticos é fora de qualquer propósito digno de um governante. “Fenômenos” (negativos) como o de Pablo Marçal podem ser um dos motivos pela elevada abstenção constatada, de um modo geral, no pleito passado? Ainda assim, é surpreendente um candidato desse baixo calibre conquistar 1,7 milhão de votos dos paulistanos! Os TREs e o TSE devem tratar de varrer a antessala dos pleitos para tirar a “sujeira” da sala! Caso contrário, a mentira, a desinformação e a sem-vergonhice serão as bússolas na política, o que seria uma lástima!   *Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC). Foto:Freapik Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

Politica

A degeneração da competição eleitoral

Curtas

A degeneração da competição eleitoral
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Transcrito do Estadão Muito se tem falado em “ataques à democracia”. A invasão das sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro de 2023 chocou o País. Mas os vândalos e golpistas foram reprovados pela esmagadora maioria da população e estão sendo condenados pela Justiça. O que acontece, no entanto, quando o ataque é orquestrado pelos próprios representantes eleitos e financiado com dinheiro do contribuinte? Com a conivência do Executivo, o Legislativo institucionalizou o abuso do poder político e econômico, e esse abuso está sangrando o coração da democracia: as eleições. Em 2017, após o Supremo Tribunal Federal declarar inconstitucional o financiamento de campanhas por empresas, os congressistas aprovaram um Fundo Eleitoral de R$ 1,7 bilhão. O valor assumidamente alto foi justificado como um mecanismo de transição até que os partidos, como entes privados que são, se organizassem para se sustentar com doações de seus simpatizantes. Não foi o que aconteceu. De lá para cá o valor só aumentou. Neste ano foram destinados R$ 4,9 bilhões às campanhas. Apologistas do Fundo alegam que a “democracia tem um custo” e que ele garante a pluralidade e a renovação. Mas, para começar, o “custo” da democracia brasileira não tem paralelo no planeta. Uma pesquisa apresentada na Câmara dos Deputados comparando 33 países identificou que já em 2020 os gastos públicos com campanha (R$ 2,03 bilhões) foram 45% maiores que os do segundo colocado, o México, e sete vezes maiores do que a média. Um levantamento do Instituto Millenium nas eleições de 2022 comprovou que, ao invés de gerar igualdade de oportunidades a minorias (candidatos pobres, negros, mulheres ou neófitos), os recursos são concentrados nas mãos de poucos candidatos, ricos, homens e brancos e que concorrem à reeleição. Ou seja, o Fundo não só é custoso, como, longe de nivelar o jogo, acentua desigualdades e a concentração de poder. Nas eleições deste ano, a taxa de reconduções dos prefeitos foi de 81,4%, a maior da história, superando o pico de 63,7% em 2008. Para agravar exponencialmente a degeneração da competição eleitoral, na última década as emendas parlamentares – recursos da União distribuídos pelos parlamentares a Estados e municípios – saltaram de 4% do orçamento discricionário (volume já fora da curva mundial) para mais de 20%, ao mesmo tempo que os critérios técnicos e os mecanismos de transparência da distribuição eram desmantelados. Segundo apuração do Estadão, em 25 das 28 cidades que mais receberam emendas per capita desde 2021, os prefeitos eleitos no domingo foram apoiados por um “padrinho” no Congresso, e 23 deles são de partidos do Centrão. Um levantamento do jornal O Globo com os 178 municípios que mais receberam emendas revelou que em 100 o incumbente foi reeleito e em 45 fez um sucessor do mesmo grupo político. Nas cidades onde os prefeitos concorreram à reeleição, a taxa de recondução foi de quase 90%, podendo chegar a 94% no segundo turno. Eis o paradoxo: a perpetuação dos poderosos no poder sugeriria que estão fazendo uma boa gestão e os serviços públicos funcionam às mil maravilhas, mas essa conclusão esbarra nos baixíssimos índices de confiança da população em relação aos políticos e aos partidos em geral, bem como ao Congresso. O sistema representativo nacional está capturado por um círculo vicioso. Vivendo confortavelmente de dinheiro público, os partidos se desobrigam de mobilizar simpatizantes, aliciam eleitores nos períodos eleitorais e depois lhes dão as costas, dedicando-se a administrar seus feudos controlados por uns poucos caciques que não sofrem pressão nem dos filiados nem do poder público para prestar contas. A distância entre os partidos e a população só aumenta, e a crise de representatividade é escancarada em válvulas de escape como os protestos de 2013 ou a súbita ascensão de candidatos ditos “antissistema”, como Jair Bolsonaro em 2018 ou Pablo Marçal em 2024. Surtos de revolta como o do 8 de Janeiro não acontecem no vácuo. Esses ataques à democracia são, por óbvio, injustificáveis, mas ninguém pode dizer que sejam inexplicáveis. Foto da capa: Montagem Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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