Desenvolvimento sustentável em foco: o projeto circular de Silva Jardim

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Por J. CARLOS DE ASSIS* .

No âmbito das iniciativas do movimento “vamos fazer o Brasil grande de vez”, o APL (Arranjo Produtivo Local  de Silva Jardim) pode ser considerado um piloto para inspirar o desenvolvimento de outros arranjos no Estado do Rio e no Brasil. Coordenado pelo CEO do consórcio Agroinvest/Agroviva, Rodrigo Rocha, promotor do movimento, tem como um dos pilares o empresário Afonso Filho, que concordou em ceder áreas de suas fazendas, nas margens da lagoa de Juturnaíba, para a  construção de uma usina de hidrogênio verde, tendo por subprodutos adubos orgânicos e biofertilizantes.

Trata-se de um dos mais significativos projetos associados ao APL.  É do tipo circular, que começa na lagoa de Jutunaíba, onde será recolhida a matéria prima para a produção do hidrogênio verde – grande quantidade de gigogas, taboas e outras plantas aquáticas que hoje constituem fonte de sua poluição. Os subprodutos da usina, adubos orgânicos e biofertilizantes, poderão ter grande impacto na produção rural da região. Enquanto o recolhimento da matéria-prima concorrerá para a limpeza da lagoa e aproveitamento de sua grande vocação turística.

O processamento da matéria prima, portanto, possibilitará que os atuais agentes poluidores sejam removidos da lagoa e voltem a ela como água limpa.  A lagoa já é hoje uma área turística muito visitada em Silva Jardim (RJ), mas pode ter seu potencial nessa área significativamente ampliado quando forem removidas as citadas gigogas e outras plantas aquáticas que hoje a poluem e que devem ser aproveitadas na usina como matéria prima do hidrogênio verde.

O empresário Afonso de Souza é também proprietário das fazendas “Betel” e “Juturnaíba” e pretende criar uma fábrica de chocolate para utilizar e processar o cacau dos seus 1.600 pés plantados. E implantará uma fábrica de processamento e beneficiamento dos coágulos de borracha produzidos por suas 60 mil seringueiras, número que deve chegar a 100 mil. Atualmente, são extraídas delas 25 toneladas por mês de borracha. Toda a produção é comprada pela multinacional Michelin. Ele promove cursos para a formação de trabalhadores nos seus seringais, e investe na pecuária de corte, tendo cerca de mil cabeças de gado nelore.

O APL de Silva Jardim é um exemplo de desenvolvimento sustentável de baixo para cima, mediante articulação de uma economia circular,  gerando a criação de dezenas de empregos diretos e indiretos. Favorecerá todos os setores econômicos e sociais do município e de seu entorno. É que, segundo Rodrigo Rocha, prevê a criação de Escola Técnica para atualização e difusão de técnicas agrícolas, assim como a promoção social e assistência aos produtores rurais em seus projetos. Além disso, está nos planos do consórcio Videirainvest/Agroviva fomentar a criação de um Centro Agroindustrial para o processamento dos produtos agrícolas da região.

Ainda segundo o promotor do movimento “vamos fazer o Brasil crescer de vez”, o estímulo à organização de Arranjos Produtivos Locais e Regionais, em maior escala, implica geralmente a liderança de alguma personagem municipal ou regional que inspire confiança nos outros potenciais participantes do projeto – como vem ocorrendo em Sant’Anna do Livramento – cujo núcleo é o frigorífico Helfrig, que no estágio em que se encontra hoje já atrai inclusive investidores estrangeiros -, e em Silva Jardim, cuja força motivadora é o empresário Afonso de Souza.    


*J. Carlos de Assis é jornalista, economista, doutor em Engenharia de Produção, professor aposentado de Economia Política da UEPB, e atualmente economista chefe do Grupo Videirainvest-Agroviva e editor chefe do jornal online “Tribuna da Imprensa”, a ser relançado brevemente.

Foto de capa: Silva Jardim, no estado do RJ /Reprodução

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