Por ADROALDO QUINTELA*
Em 2023 e 2024 não bateu saudade do São João da adolescência e da juventude, na Princesa do Sertão. Estive em Campina Grande, onde tudo começa e termina com quadrilha e forró.
Não rolou de viajar neste ano. O projeto de emendar Corpus Cristi e São João em Rio de Contas, foram substituídos por viagem a trabalho na Espanha. Aproveitei a oportunidade e peregrinei no Caminho Primitivo de Santiago de Compostela.
Não rolou e estarei em Salvador, sem festa e sem muita imaginação para brincar e dançar no São João. Muitas lembranças boas emergiram. Em nossa casa rolavam comidas típicas, fogueira, fogos e muito licor e forró. Íamos pra casa de amigos e faziamos a pergunta tradicional:
- São João passou por ai?
- Passou. Entrem.
- O que deixou pra mim?
- Canjica, pamonha e bolo de ainpim.
- Tem licor e amendoim?
- Aqui não falta nada, viu!
E assim circulávamos pelas casas da Senador Quintino e Araújo Pinho. Quando voltávamos tarde da noite dona Zelita, Zezé e vizinhas assavam milho e batata doce, nas brasas da fogueira do seu Ioiô.
A tradição acabou nas grandes cidades. As pequenas urbes mantém viva a tradição dos festejos juninos. Muita gente viajou. Salvador esvaziou.
Mas não me dou por vencido. Estou cozinhando amendoim e milho verde. A canjica e a pamonha já encomendei. Tem licor e cachaça boa. Se baterem na minha porta, eu abro e digo de alto e bom som: São João passou aqui. Entre e venha conferir.
.*Adroaldo Quintela é Economista.Diretor-Executivo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (IDESNE) Fundador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED).
Foto de capa: Marcello Casal jr/Agência Brasil