O mito, a covardia e o cárcere

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Por SÉRGIO ARAÚJO*

O desespero de Jair Bolsonaro pela sua iminente prisão comprova que estamos realmente diante de um mito, no caso Fobos, que na mitologia grega era tido como deus da covardia e do medo. Sem ter logrado êxito em suas tentativas de provar inocência dos crimes praticados contra a democracia, Bolsonaro busca na anistia, mediante apoio de um Congresso Nacional desacreditado, o milagre para a sua salvação.

Mas ele sabe, antecipadamente, tratar-se de uma inconstitucionalidade, o que só faz aumentar a sua aflição. “Eu vou morrer na cadeia”, alardeia aquele que outrora se proclamava imbrochável, incomível e imorrível.

Agora, como observador atento dos julgamentos realizados pela primeira turma do STF, numa atitude digna de um masoquista, Bolsonaro constata que está cada vez mais isolado, sem a cobertura daqueles que achava dominar, como é o caso dos seus antigos comandantes do Exército e da Aeronáutica, que confirmam terem participado de reuniões de viés golpista.

Não tendo conseguido o apoio unânime dos seus comandados e obcecado pela sua permanência como presidente, Bolsonaro buscou alcançar seu intento através do uso de militares adesistas e da sua militância radical. E o resultado foi a invasão e depredação das sedes da Presidência da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, no fatídico 8 de janeiro de 2023.

O objetivo, nítido, era criar um clima de turbulência social que forçasse o novo presidente, Luis Inácio Lula da Silva, a adotar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou a decretação do estado de sítio, ou estado de defesa, o que permitiria que o golpe militar almejado por Bolsonaro se concretizasse.

Agora, fracassado o golpe, tal qual um camicase poltrão, tenta impedir de todas as formas o inevitável encarceramento. Fardado de vitimista, a cada movimento desastrado, como habitualmente faz, se afunda cada vez mais no pântano fétido do qual se lambuzou.

Inelegível e prestes a se tornar prisioneiro, Bolsonaro age como uma Hidra de Lerna (mitologia), tentando transferir seu espólio absolutista para a mulher e/ou para os filhos, na esperança de obter a desejada anistia e, com isso, manter acesa a chama golpista.

Mas tudo leva a crer que, mesmo com o apoio do capitalismo mercadológico e da mídia venal, que de olho em 2026 já atuam como cabos eleitorais da direita conservadora e radical, o insuportável cheiro do enxofre fascista haverá de intoxicar as pretensões do inferno bolsonarista. Quem viver verá.


*Sérgio Araújo é Jornalista e Publicitário.

Foto de capa: Agência Brasil/Reprodução

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