Lula aciona STF para garantir governabilidade e critica Congresso por derrubar aumento do IOF

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Caminhada do Dois de Julho. Salvador - BA 
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Da REDAÇÂO

Presidente reage ao Congresso e afirma: “cada macaco no seu galho”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) justificou nesta quarta-feira (2) sua decisão de acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Congresso Nacional de derrubar os decretos presidenciais que aumentavam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para Lula, a medida é necessária para garantir que o Executivo siga com poderes constitucionais para governar.

— O presidente tem que governar o país, e decreto é coisa do presidente. […] O dado concreto é que os interesses de poucos prevaleceram na Câmara e no Senado, o que é um absurdo — declarou Lula em entrevista à TV Bahia.

A decisão de Lula ocorre após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pautar a votação do projeto que anulava os decretos, mesmo após um acordo prévio construído com o governo. Segundo Lula, a ação do Congresso rompeu esse entendimento e exigiu uma resposta institucional.

Governo aciona STF para garantir prerrogativas constitucionais

A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou na terça-feira (1º) a ação no STF alegando que o Congresso extrapolou suas funções ao derrubar decretos presidenciais sem indícios de ilegalidade. O argumento se baseia no artigo 153 da Constituição, que determina que compete ao Executivo instituir e regular impostos como o IOF.

Em declaração pública, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a medida é “eminentemente jurídica” e que o governo foi surpreendido pela decisão da Câmara:

— Quem saiu da mesa de negociação não foi o Executivo. Estávamos na mesa, imaginávamos que havia encaminhamento definido e fomos surpreendidos.

Polarização ou governabilidade?

Em meio à crise, o presidente da Câmara, Hugo Motta, reagiu nas redes sociais. Disse que “não cabe ao presidente reforçar a polarização entre nós contra eles” e que as instituições devem atuar com respeito mútuo. Lula, por sua vez, rebateu a interpretação de rompimento:

— O presidente da República não rompe com o Congresso. Cada macaco no seu galho: eles legislam, eu governo. Quando não nos entendemos, a Justiça resolve.

Disputa de narrativas e projetos

A disputa entre Executivo e Legislativo se acirra em meio às discussões sobre a necessidade de aumento de arrecadação para cumprir as regras fiscais. A elevação das alíquotas do IOF seria um dos instrumentos para equilibrar o orçamento sem cortes em áreas sociais. A derrubada dos decretos, para o governo, favorece os mais ricos e compromete a agenda econômica.

O PSOL também ingressou com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no STF, alegando que o Congresso feriu o princípio da separação de Poderes. O ministro Alexandre de Moraes será o relator das duas ações.

Governo evita escalada e mantém aposta no diálogo

Apesar da judicialização, o ministro Haddad disse que segue aberto ao diálogo e que ainda não obteve retorno do telefonema feito a Hugo Motta. Ele evitou comentar sobre possíveis retaliações no Congresso, como o adiamento da votação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil:

— A pergunta à Suprema Corte é simples: houve ilegalidade? É tudo parte da democracia. Nada está fora do ritual.

Lula destaca conquistas e visita Bahia no Dois de Julho

Durante visita à Bahia para as comemorações do bicentenário do Dois de Julho, que marca o vitória das forças da Bahia sobre as forças portuguêsas e a consolidação da Independência do Brasil, Lula ressaltou conquistas do governo como a redução do desemprego, a queda da pobreza extrema e o aumento da massa salarial. Ele assinou decreto que institui o Dois de Julho como “Dia Nacional da Consolidação da Independência do Brasil”:

— O povo não sabe o que é o Dois de Julho. Pensa que é festa junina. É uma festa da bravura.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Caminhada do Dois de Julho. Salvador – BA 
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Foto da capa: Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Caminhada do Dois de Julho. Salvador – BA 
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Tags: Lula, STF, IOF, Congresso Nacional, Hugo Motta, Fernando Haddad, governo federal, crise institucional, AGU, imposto, governabilidade, PSOL, Alexandre de Moraes, Dois de Julho

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