Crise das Elites e o Resgate do Brasil pelo Sociocapitalismo

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Por J. CARLOS DE ASSIS*

Não adianta os bolsonaristas, com suas fakenews, tentar virar o Brasil de cabeça para baixo, nos mergulhando numa das maiores crises econômicas e sociais da nossa História. Isso se manifesta, especialmente, na crise entre o presidente da Câmara, Hugo Motta, e a equipe econômica do Governo, chefiada por Fernando Haddad e complementada por Simone Tebet e Gabriel Galípolo. Não que Motta esteja errado e a equipe econômica certa. Ambos estão profundamente equivocados. 

A diferença é que Haddad é um bobalhão ingênuo, fruto do neoliberalismo acadêmico paulista, serviçal da classe dominante, enquanto Motta é apenas um espertalhão que quer assegurar a si e aos comparsas do Congresso acesso fácil às emendas parlamentares. Os dois se completam pelo estrago que vão provocar na estabilidade política e social do País. De um confronto irredutível entre Executivo e Legislativo, naturalmente, nada pode sair de bom para o Brasil. 

Lula terá de arbitrar entre essas duas alas, com poucas chances de manter uma governabilidade que se tornou falsa diante dos ataques da ideologia neoliberal e da corrupção no Legislativo. É o preço que está pagando pela junção, no equivalente a uma colcha de retalhos política, partidos que ignoram os interesses públicos e não manifestam qualquer propósito de apresentar à sociedade um Projeto Nacional consistente.

É nossa sorte. Na falta de um Projeto Nacional de direita, de extrema direita ou de esquerda, apresentamos a alternativa do Sociocapitalismo, que pode resgatar o Brasil rapidamente da crise moral e material em que se encontra. Nosso movimento, denominado “Vamos Fazer o Brasil Grande de Vez”, aponta para as imensas potencialidade do País “de baixo para cima”, enquanto, “de cima para baixo”, sucumbiram todos os valores morais e todos os sonhos.

Concretamente, o Sociocapitalismo é uma superação dialética do capitalismo degradado e do socialismo nunca realizado plenamente. Como previram Hegel e Marx, consiste numa síntese em nível superior desses dois sistemas, que historicamente não podem regredir. É o que trava Donald Trump em seu afã de voltar para o século XIX em costumes, na economia e na cultura. Tudo isso vai avançar ao ritmo da nova sociedade, queira ou não o desequilibrado presidente norte-americano. Ele já está percebendo que não é um imperador, sequer o senhor das guerras! 

Voltemos, porém, ao Brasil. Não adianta falar em Sociocapitalismo enquanto retórica, se não configurá-lo como realidade concreta, de interesse material e espiritual de homens e mulheres. Por isso, o imperativo de ancorá-lo em alicerces vigorosos e socialmente atualizados como são os Arranjos Produtivos Locais, Regionais e Setoriais. Enquanto o “andar de cima” mergulha em intrigas e corrupção, a sociedade avançará no “andar de baixo”, ocupando territórios com alto potencial produtivo. 

Portanto, este é o momento de uma verdadeira ruptura econômica e social, porém sem necessidade de que corra sangue no País. Fazer correr o sangue de brasileiros inocentes, por razões ideológicas, é o projeto de Jair Bolsonaro. De fato, ele anunciou em discurso no Parlamento, antes mesmo das eleições que desgraçadamente o colocaram no poder, que para consertar o Brasil seria preciso “matar uns 30 mil”. Ele não conseguiu diretamente. Mas seus comparsas tentaram em 8 de janeiro.

Uma ruptura econômica e social pacífica “de baixo para cima” pode ser entendida, simplesmente, como o avanço de um programa acelerado de organização de Arranjos Produtivosno território brasileiro. Isso anularia os cortes drásticos sociais e de investimento da política fiscal, assim como os juros estratosféricos da política monetária do neoliberalismo. 

Esta é uma política que vem sendo praticada pelo atual governo, e por governos anteriores, desde que Fernando Henrique Cardoso, em 1990, editou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Como se pode verificar pelos números, que não vou reproduzir aqui porque são largamente conhecidos, essa política só produziu e produz miséria, exceto num rápido intervalo assistencialista de Lula, contornando levemente o chamado “arcabouço fiscal”.

Os que não estão familiarizados com conceitos de Economia Política podem não entender porque o Brasil não consegue crescer às altas taxas de seus dois principais parceiros no BRICS, a Índia (7% de crescimento no ano passado), e a China (5%). Mesmo a Rússia, em guerra, cresceu mais do que o Brasil (4,3%). A razão, em termos resumidos, é que a política de equilíbrio fiscal esmaga o potencial de gastos sociais do Governo e os investimentos públicos. E a política monetária de juros estratosféricos da Selic, hoje de 14,75% ao ano, faz o capital produtivo do setor privado migrar para o setor especulativo, assegurado bilhões de ganhos aos rentistas, bloqueando a produção e a oferta – portanto, favorecendo a inflação.

A despeito dessa estúpida política fiscal-monetária, não diferente da de Bolsonaro, o desempenho do atual Governo, em algumas áreas, como a inflação, chega a superar o de Bolsonaro. Contudo, isso não evita que um picareta como Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal, vá à televisão proclamar descaradamente que, “se tudo ficou mais caro, a solução é a volta de Bolsonaro”. 

Contudo, para os filiados ao nosso movimento, a solução verdadeira é a organização de centenas de Arranjos Produtivos Locais, Regionais e Vocacionais para que as pessoas possam produzir e viver melhor, explorando as imensas potencialidades produtivas no território brasileiro. Os Arranjos facilitarão o aumento de remuneração dos trabalhadores e absorverão gradativamente pessoas que estão hoje desempregadas ou na informalidade, fazendo com que, “de baixo para cima”, o País encontre a solução que não existe “de cima para baixo”.  


*J. Carlos de Assis é jornalista, economista, doutor em Engenharia de Produção, professor aposentado de Economia Política da UEPB, e atualmente economista chefe do Grupo Videirainvest-Agroviva e editor chefe do jornal online “Tribuna da Imprensa”, a ser relançado brevemente.

Foto de capa: Reprodução

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Respostas de 4

  1. Parece que o autor do texto tinha muita vontade de publicar essa série de colocações cheias de adjetivos, e não se preocupou de revisar à escrita do mesmo, o que me faz pensar que não há muito respeito pelos leitores.
    É o típico caso, de sair primeiro “marcando seu lugar na história” se auto afirmando como líder.

  2. Nunca vai existir “sociocapitalismo”, pois, onde existe menção ao capitalismo, o social será a conta gotas só para evitar convulsão social e manter viva alguma força de trabalho. Se Haddad é um ‘bobalhão ingênuo’, sua proposta é de um bobalhão mais ingênuo ainda. Me permito tal grosseria, ao repetir sua deselegância com Haddad, pois considero lamentável e desnecessária essa atitude. Isso não ajuda em nada a superar a imundície do atual Congresso Nacional. O caminho não é este do “fogo amigo “. Você deve ser remanescente do moribundo PSDB.

  3. Haddad não é um bobalhão ingênuo – até porque ingenuidade não é um “defeito” -. Não depois de governar uma cidade complexa como S. Paulo, e ainda ser premiado por isso. Está BEM mais para um “ideólogo (não “ideológico”) interessante.

  4. Além da diferença de ideais, o nosso país que antes viviam em prol do fortalecimento do capitalismo, atualmente está vivendo um período de agravamento do capitalismo cego, egoísta e indiferente, as dificuldades das classes trabalhadoras. Precisamos também punir, aqueles e aquelas, que se serviram criminosamente, das situações, que até poderiam ter melhorado a situação do capitalismo, distribuindo lucros e dividendos, para a maioria dos setores. Que hoje está fazendo falta, para a grande maioria da classe trabalhadora. Precisamos inibir esses incompetentes criminosos, que representam diversos segmentos da sociedade brasileira para que no futuro, essa parte hipócrita de empresários. comerciantes e banqueiros brasileiros, não procure prejudicar ainda mais, a evolução social, educacional e profissional, da classe trabalhadora, assim como procurar impedir, que a classe trabalhadora, consiga se desenvolver, ampliando ainda mais, a capacidade produtiva e comercial do nosso pais. Não podemos permitir, que a atual classe dominante brasileira, não venham a dificultar, uma melhora de vida, de trabalho e de evolução, da população trabalhadora.

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