CORRESPONDENTE POLÍTICO: Oposição moderada: União/PP entre o discurso e a conveniência

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Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã

Convidado nesta terça-feira do almoço de Grupo de Lideranças Empresariais do DF (Lide-DF), o líder da minoria no Senado, Ciro Nogueira (PP-PI), um dos presidentes da União Progressista, federação que une seu partido ao União Brasil, fez um duríssimo discurso de oposição. Usou do espaço para pregar a união de forças de centro e de direita para construir uma alternativa política ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2026. Obteve o apoio do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Ele só não disse quando é que a oposição da federação vai se dar na prática, com a entrega dos seus quatro ministérios, da presidência da Caixa e de outros cargos. Questionado pelo Correio Político, Ciro desconversou.

País

“Não somos oposição ao país. Somos oposição ao governo”, respondeu Ciro Nogueira. O presidente do PP só não esclareceu como se pode ser oposição ao governo fazendo parte dele. “Nunca trabalharemos contra a governabilidade do país”, acrescentou o líder da minoria.

Obstrução

Nesse sentido, Ciro acaba relativizando a tática de obstrução da oposição para forçar a urgência para a anistia pelo 8 de janeiro. Tal obstrução, de forma total, poderia prejudicar projetos de interesse do país e dos empresários. “Nessas pautas, estaremos presentes”.

Reunião uniu governadores por projeto alternativo

Ibaneis: “O PT faz muito mal ao país” | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Ciro Nogueira, portanto, demonstrou que, muito provavelmente, a União Progressista seguirá por um tempo com um pé em cada canoa. O que não significa que não incremente seu plano de construir um projeto alternativo em 2026. Ciro narrou que recentemente houve uma reunião em sua casa com diversos representantes da oposição, inclusive governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Claudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR). “Esses governadores, unidos, não tem chance de perderem a eleição”, apostou Ciro Nogueira. “Posso garantir é que não estaremos no palanque de Lula”.

Para trás

Ciro já foi aliado do PT. Já apoiou no Piauí o hoje ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. Ele afirmou, porém, que o Lula que apoiou já não existe mais. “Lula é hoje um homem com os olhos voltados para trás”, disse. “É hoje um homem ressentido e ultrapassado”.

Pesquisas

Ciro Nogueira afirmou ter visto pesquisas qualitativas que apontam Lula hoje como uma pessoa antiquada, fora do seu tempo. Ele comparou Lula a Getúlio Vargas no seu retorno. “Ultrapassado, não conseguiu governar da mesma forma”. Vargas suicidou-se em 1954.

Lula

Ciro acha mesmo que as circunstâncias – a baixa popularidade, a união contrária, a idade e a saúde – poderão levar Lula a não disputar a eleição em 2026. Ou disputar com poucas chances de vitória. “Não vamos ter o fator Lula na próxima eleição”, aposta.

Ibaneis

Presente no almoço, Ibaneis Rocha reforçou o discurso oposicionista. “O PT faz muito mal ao país”, disse o governador do DF. Ele criticou frase do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues. “A grande maioria aqui estaria na vala pelo desejo dele”, afirmou o governador.


*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.

Publicado originalmente no Correio da Manhã.

Foto de capa: Ciro fez duro discurso de oposição ao governo | Rudolfo Lago/Correio da Manhã

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Uma resposta

  1. Esses partidos nunca estiverem ao lado de Lula e Dilma por ideologia. Foi sempre puro interesse. Infelizmente é impossível governar sem alianças. E, para as esquerdas, sempre fica mais complicado, pois o dinheiro e o poder não se importam com políticas sociais e sempre estarão a favor dos ricos e poderosos, em detrimento do povo e do bem estar da sociedade como um todo.

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