Opinião
O trabalho nosso de cada dia não é mais o mesmo
O trabalho nosso de cada dia não é mais o mesmo
De ELIS RADMANN*
Você já parou para pensar como era o mercado de trabalho na sua época e como está hoje? Imagine você contando para alguém como era a sua profissão há pouco tempo atrás, como está hoje e qual a tendência para amanhã?
É como se estivéssemos consertando um avião em pleno voo, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e não temos clareza sobre o destino desta jornada e a chance de sermos eliminados no meio do caminho.
A preocupação e a dúvida se tornaram sentimentos recorrentes, tanto para quem precisa de uma vaga de trabalho, quanto para quem oferece a mesma e este fenômeno está associado à instabilidade causada pela transformação digital.
À primeira vista, falar em transformação do mundo do trabalho é pensar em tecnologia. Esse é o raciocínio mais clássico e é verdadeiro. A “digitalização do trabalho” está mudando a forma como produzimos, nos relacionamos e trabalhamos. Essa discussão passa pelas constantes inovações geradas pela internet, perpassa a influência das redes sociais no comportamento da sociedade e, atualmente, tem seu foco na ação disruptiva que a inteligência artificial está causando no mundo que vivemos.
É como se a inovação trazida pelo avanço tecnológico fosse um “gatilho”, que está sempre impactando na nossa realidade. Precisamos prestar atenção e ter a consciência desta revolução de hábitos, olhando para os seguintes pontos:
1) Maior instabilidade no humor da sociedade = conforme ampliam-se as possibilidades, diminui o nosso foco, especialmente entre a juventude. Os jovens de hoje têm menos paciência do que os jovens de ontem, pois sua régua de exigência é alta e o tempo parece curto.
2) Diferença geracional = o modelo mental das pessoas com mais de 40 anos é analógico, pensa e explica as tarefas dentro da jornada de experiências pessoais vividas dentro e fora da empresa. Aqueles com menos de 40 anos são mais inquietos, observam as experiências repassadas e querem contribuir trazendo aprendizados divulgados por “influenciadores digitais”, querendo agregar com o conhecimento do outro.
3) Pensamento inovador = A tecnologia mostra a tendência de futuro e esta sinalização indica quais são as novas profissões e quais serão extintas. Se de um lado estão sumindo profissões mais operacionais como porteiro de edifício, cobrador de ônibus e caixa de banco, por outro lado crescem atividades mais estratégicas como analista de dados e de mídias sociais, engenheiro de software e desenvolvedor de jogos.
Agora, a grande pergunta é: como nos preparamos para este novo mundo do trabalho? Se observarmos alguns dados das pesquisas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, vamos compreender que temos muitos temas de casa:
– 1/3 dos jovens brasileiros são considerados nem-nem, nem estudam e nem trabalham;
– 75% das atividades são realizadas unicamente de forma presencial;
– 57,4% acreditam que a forma de exercer a sua atividade está sendo alterada por alguma forma de tecnologia e não se sentem seguros com esta mudança.
Quando pensamos em preparação da INTELIGÊNCIA HUMANA para esta transformação digital, verificamos que apenas…
– 27,5% acreditam que AS PESSOAS estão sendo preparadas para as mudanças do trabalho do futuro;
– 35,1% SE SENTE PREPARADOS para as novas tecnologias e habilidades dos empregos do futuro;
– 42,3% acreditam que as NOVAS GERAÇÕES estão sendo preparadas para o mercado de trabalho do futuro.
*Cientista social e política. Fundadora do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião. Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado.
Imagem em Pixabay.
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