Por LÉA MARIA AARÃO REIS*
*Para não esquecer e para denunciar mais uma etapa do genocídio e da ocupação da Palestina por parte do atual governo do estado de Israel: no último dia 07/05, 107 palestinos foram mortos em ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza. Os alvos, duas escolas abrigando famílias anteriormente já deslocadas, um mercado lotado e o último restaurante restante na Cidade de Gaza, além de muitos feridos. Jornalistas estavam entre as vítimas, e uma família inteira foi morta em um restaurante tailandês onde encontravam, em raro momento de normalidade: alguma comida cozida no meio da campanha de fome israelense.
*O exército do estado de Israel matou dois jornalistas palestinos, Nour Abdo e Yahya Sobeih. Yahya foi vítima do ataque ao restaurante e Nour foi morto enquanto cobria um ataque aéreo israelense contra a escola Al-Karama, no bairro de Al-Tuffah, em Gaza.
*Repetindo: o programa é não esquecer. A relatora das Nações Unidas/ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, acusa autoridades da União Europeia, incluindo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de cumplicidade em crimes de guerra e crimes contra a humanidade pelo seu apoio a Israel no genocídio em Gaza. De Albanese: “Não sou alguém que diz que ‘a história os julgará’. Eles terão que ser julgados antes disso. E terão que entender que imunidade não pode ser equiparada à impunidade”.
*Do famoso congressista independente norte-americano, senador Bernie Sanders, na sua conta oficial, apontando para a catástrofe humanitária provocada pelo bloqueio total, cruel e inaceitável de Gaza, imposto por Israel desde 02 de março, e apoiado por Washington: “Sessenta e quatro dias sem que a ajuda chegue a Gaza. Sem comida, sem água, sem remédios. Crianças estão morrendo de fome. Fim imediato do apoio a Israel e da ‘máquina de guerra de Netanyahu'”.
*Evento marcante desta semana: a publicação em português de Palestina através dos Milênios – Uma história das letras, aprendizado e revoluções educacionais, do historiador Nur Masalha, terceiro volume da coleção Palestina – 4 mil anos de história; Expulsão dos Palestinos e O Conceito De Transferência No Pensamento Político Sionista 1882–1948. Nur Masalha pode ser ouvido entrevistado sobre o sionismo na perspectiva de intelectuais palestinos no filme La Terre Parle Arabe, de Marise Gargour, no YouTube.
*Trecho de artigo do jornalista Jamil Chade, correspondente internacional: “Na Europa, ‘o cristianismo está nas pedras das catedrais. Nos países em desenvolvimento, ele está na alma das pessoas’, afirmou um cardeal latino-americano que participou do conclave”.
*O programa é seguir as investigações sobre a tentativa de atentado durante o show de Lady Gaga, em Copacabana. Confirmar, mais uma vez, que “o discurso de ódio que a extrema-direita tenta disfarçar como ‘liberdade de expressão’ é mortal. O plano do atentado terrorista com bombas foi motivado pelo ódio à comunidade LGBT e evidencia o legado sombrio do bolsonarismo”. São palavras precisas da jurista e professora de Direito Processual Liana Cirne Lins, vereadora de Recife.
*Grande programa: domingo próximo, dia 11, a partir da 0h, o Canal Brasil celebra o centenário de um dos escritores mais premiados e respeitados da literatura brasileira, Rubem Fonseca (a quem nós, amigos, chamávamos de Zé Rubem). Na programação, os filmes longas-metragens Bufo & Spallanzani, de Flávio R. Tambellini, adaptado de romance; Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa, de David Neves, adaptação de um conto de Zé Rubem; Stelinha, de Miguel Faria Jr., e O Homem do Ano, de José Henrique Fonseca, com roteiro adaptado pelo seu pai.
*Nas recentes celebrações que marcaram o 80º aniversário da vitória na Grande Guerra Patriótica da União Soviética, ou Segunda Guerra Mundial como é nomeada pelos ocidentais, o livro Cinema para russos, cinema para soviéticos, do professor de cinema da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, João Lanari Bo, está sendo relançado festejando o Dia da Vitória, quando os soviéticos derrotaram o fascismo, há 80 anos. É um projeto da organização CPC-UMES, que licencia e distribui filmes do estúdio Mosfilm no Brasil (Editora Bazar do Tempo).
*Ainda a lembrança da linda voz de Nana Caymmi. O cantor e compositor Georges Moustaki, celebridade dos anos 60 e personagem representativo de 1968, passou pelo Brasil, ouviu Nana e depois de assistir a um show da cantora declarou entusiasmado: “Só no Brasil para uma das maiores cantoras do mundo terminar o show dizendo que precisa fazer a feira na manhã seguinte”.
*Nana, uma das maiores cantoras românticas brasileiras, ao lado de Elizeth Cardoso, Alaíde Costa e Maísa, era uma frasista. “Eu sou uma mulher insuportável, mas pelo menos sou verdadeira”, dizia. Ou: “Ser Caymmi é uma merda. As pessoas acham que você tem que ser genial só por causa do nome”.
*Pessoas de países latino-americanos, Argentina, Brasil e Colômbia, que não aguentam ficar caladas durante algum tempo. Sentem muito desconforto se os silêncios forem prolongados. Por quê? Porque são originárias de culturas que priorizam a comunicação verbal, é o que afirma o portal argentino TN pesquisando em 21 países por quanto tempo as pessoas conseguem esperar antes de sentir vontade de conversar. Brasil lidera a relação. Aqui, a média de “silêncio constrangedor” é de 5,5 segundos. Na Colômbia, sobe para 6,2 e na Argentina, para 6,5.
*O Instituto de Arquitetos do Brasil do Rio de Janeiro e o Grupo de Pesquisa NEXT – Fiocruz realizam, de 09 de maio a 13 de junho, o curso A inteligência do espaço-tempo e o estresse global. Currículo: reflexões sobre sustentabilidade, inteligência artificial, redes sociais, percepção do tempo e novos paradigmas ambientais. Inscrições abertas no Sympla. Horário: às 19 horas das sextas-feiras, com transmissão via Google Meet e conteúdo disponível no YouTube. Atividades presenciais na sede do IAB-RJ, no Flamengo, no Rio de Janeiro.
*Encerra no domingo, dia 11/05, a Semana Nacional de Jornalismo, na ABI de São Paulo. Mas antes, dia 10, haverá mesa de debates com Fernando de Morais, Rodrigo Vianna, Rodrigo Ratier e Laura Caproglione. Às 9h00, no Auditório Freitas Nobre da Av. Prof. Lúcio Rodrigues, prédio 2.
*Com 92,20% dos votos, a Chapa 01/Rui Xavier/Luta Pela Democracia foi eleita, para o mandato 2025–2028 da Associação Brasileira de Imprensa, a ABI. A chapa é liderada por Octávio Costa como presidente e Regina Pimenta como vice-presidente. Dos 479 associados aptos a votar, 306 participaram da eleição. Cinquenta e seis em presença e 250 por meio eletrônico.
*Excelente programa: assistir ao doc de Wim Wenders, O Papa com a Palavra, na Netflix. O filme é o resultado de longas conversas do diretor alemão com o Papa Franciscus, a bordo do avião que levava o pontífice nas suas viagens acompanhado por grupos de jornalistas.
*Data histórica, o dia 14 de maio deste ano acentua os 50 anos do assassinato do estudante Stuart Angel pela ditadura militar brasileira, após ter sido detido, em 1971, e torturado na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro.
*Esta semana houve um “lançamento adicional”, como informa a Editora Contracorrente, do livro Estilhaços, de Paulo Nogueira Batista Jr., na Livraria da Travessa de Brasília.
*O Instituto Piano Brasileiro (IPB) anunciou o lançamento do primeiro álbum do projeto Calendário do Som, de Hermeto Pascoal, em arranjos inéditos para piano solo do emblemático compositor. Janeiro abre uma série de 366 composições escritas por Hermeto, uma para cada dia do ano. Com piano e arranjos inéditos de Uaná Barreto, pela primeira vez registra todas as peças do Calendário do Som. O lançamento oficial ocorreu esta semana e a obra está disponível nas principais plataformas digitais.
*De Ricardo Cravo Albin, um dos principais especialistas da música popular brasileira: “A morte de Nana Caymmi mergulha a MPB em reflexões sobre uma velha e interminável discussão: quem afinal pode ser creditada ou rotulada de a maior cantora que o Brasil já conheceu? Será uma pergunta de mil respostas. Mas não me parece haver dúvidas que nós, da crítica, sempre incluímos Nana no trono, ao lado de Elizeth, Carmen, Dalva, e de Nara, Silvia Telles, Maysa ou Clementina. Isso para citar o mínimo, já incorrendo no grave risco de omitir tantas outras”.
*Relevante: inaugurada esta semana e organizada pelo Instituto Totex, a exposição Andy Warhol: Pop Art!, no Museu de Arte Brasileira da FAAP, a Fundação Armando Álvares Penteado, a maior mostra do artista já realizada no Brasil e fora dos Estados Unidos. Reúne trabalhos do acervo do The Andy Warhol Museum, de Pittsburgh, onde o artista nasceu, e também da mostra promovida pelo Whitney Museum, de Nova Iorque. São 600 obras do rei da pop art: serigrafias, instalações, fotos, pinturas, desenhos, esculturas, vídeos e filmes. Entre elas, os trabalhos ícones assinados por Warhol: Campbell’s Soup, Elvis e Marilyn.
*O livro Quando a notícia pode salvar vidas – Quatro décadas do Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo foi lançado esta semana pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), no auditório da Ordem dos Advogados do Rio Grande do Sul. Trata-se de mais um documento sobre a ditadura civil-militar de 1964 e o avanço alcançado com a redemocratização do país. As 206 páginas do volume resgatam reportagens premiadas de 1984 até agora; e a edição é organizada pelo jornalista Elmar Borges, da Editora Já, com a supervisão dos coordenadores do Movimento de Justiça e Direitos Humanos Jair Krischke, Afonso Licks e Lidiane Blanco.
*O cinema brasileiro está incluído na programação que festeja o 78º Festival de Cannes, no Canal Brasil, entre 13 e 20 deste mês de maio. São 13 produções apresentadas em edições anteriores do evento da Croisette. Motel Destino, de Karim Aïnouz, é uma delas. Sua estreia na televisão será no dia 20, às 21h40. Entre outros filmes mostrados no Canal Brasil: Medusa, A Vida Invisível, Bacurau, Gabriel e a Montanha, Casa de Antiguidades.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
lustração de capa: Marcos Diniz
