Lula faz primeira visita à Argentina desde posse de Milei para Cúpula do Mercosul; integração regional e segurança estão entre os temas centrais

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Da REDAÇÃO*

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca nesta semana para Buenos Aires para participar da Cúpula do Mercosul, marcada para os dias 2 e 3 de julho. Será a primeira visita oficial de Lula à Argentina desde que Javier Milei assumiu a presidência do país vizinho, em meio a um cenário de tensões políticas e divergências ideológicas entre os dois líderes.

Além do simbolismo diplomático, o encontro promete ser decisivo para o futuro do bloco. O Brasil assume a presidência rotativa do Mercosul em julho, sucedendo a gestão argentina, e coordenará os trabalhos até 31 de dezembro deste ano.

Integração no centro do debate

A agenda brasileira para a Cúpula é ambiciosa. O governo planeja propor avanços em áreas estratégicas como comércio regional, segurança pública, integração industrial e sustentabilidade ambiental.

A secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan, destacou que a cooperação no combate ao narcotráfico e ao crime organizado será um dos temas prioritários. Segundo ela, o Brasil busca um modelo de cooperação ágil entre os países do bloco, com troca de informações e ações conjuntas. “Queremos respostas rápidas, como foi o caso recente da prisão de um membro do PCC na Bolívia”, exemplificou.

Fortalecimento do comércio regional

Outro ponto de destaque é a pauta comercial. O Brasil pretende avançar no acordo Mercosul-União Europeia, que há anos encontra dificuldades para ser finalizado. Além disso, estão na mesa as discussões sobre a Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC) — que permite aos países do bloco adotar tarifas diferenciadas em alguns produtos — e a criação de políticas industriais integradas para setores estratégicos como o automotivo e açucareiro.

“Queremos um acordo automotivo regional que vá além das negociações bilaterais”, afirmou o embaixador Francisco Cannabrava, diretor do Departamento do Mercosul. No setor açucareiro, a proposta brasileira é incluir produtos com maior valor agregado, como bolachas e bolos, nas cadeias produtivas regionais — o que favoreceria o comércio sem prejudicar a produção local.

Padovan também ressaltou a importância do comércio com a Argentina: “Quase 95% das exportações brasileiras para lá são de produtos manufaturados e de valor agregado, o que gera empregos industriais e movimenta a economia”.

Transição verde e combate às mudanças climáticas

Durante a Cúpula, os países do Mercosul também devem lançar o programa Mercosul Verde, voltado à promoção da agricultura de baixo carbono e à ampliação das exportações agrícolas sustentáveis. Os ministros do Meio Ambiente dos países-membros irão preparar uma mensagem conjunta a ser apresentada na COP30, reforçando o compromisso regional com a transição energética e o enfrentamento da crise climática.

A questão da Bolívia

A incorporação definitiva da Bolívia ao Mercosul também será abordada. Apesar de ter sido aceita como membro pleno em julho do ano passado, a Bolívia tem até quatro anos para se adequar às normas do bloco e aderir à Tarifa Externa Comum (TEC). O Brasil é um dos defensores da entrada do país no grupo e deve pressionar pelo avanço do processo de adesão.

Com temas que vão da segurança regional ao futuro da indústria sul-americana, a Cúpula do Mercosul em Buenos Aires marca um momento-chave para a diplomacia brasileira e para a redefinição das relações entre Lula e Milei. Ao assumir a liderança do bloco, o Brasil buscará equilibrar interesses econômicos e políticos, mantendo o Mercosul como um instrumento de integração regional em tempos desafiadores.


Foto de capa: Em 2024, Cúpula do Mercosul se reuniu com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. | Mercosul/Reprodução

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