Da REDAÇÃO, com informações do UOL
“O BRASIL ESTÁ NEGACIONISTA, INSISTE EM CORTAR GASTOS SOCIAIS E SE RECUSA A FAZER AS REFORMAS QUE O PAÍS TANTO PRECISA”, afirmou José Dirceu.
Em contundente entrevista ao programa “Poder e Mercado”, do Canal UOL, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, fez uma análise crítica sobre os rumos da política econômica brasileira. Dirceu não poupou críticas à condução do Banco Central, presidido por Gabriel Galípolo, e denunciou o que considera ser um erro histórico: a insistência em juros altos como instrumento central de combate à inflação. Para ele, o Brasil está “há décadas errado” e segue na contramão do que as principais economias do mundo estão fazendo.
Dirceu foi categórico ao afirmar que, enquanto potências globais utilizam a política econômica como instrumento de crescimento, autonomia tecnológica e fortalecimento da soberania alimentar e energética, o Brasil permanece preso a dogmas neoliberais que apenas aprofundam a desigualdade social. “O Brasil precisa decidir o que quer ser no mundo”, provocou, num chamado à revisão profunda do modelo econômico atual.
O ex-ministro apontou a necessidade de uma reforma tributária estrutural, denunciando o caráter regressivo do sistema atual. “É uma farsa. Não existe imposto de renda de verdade no Brasil. Os ricos não pagam”, afirmou, destacando que 1% da população concentra um terço da renda nacional, enquanto o restante carrega a maior parte da carga tributária. Para Dirceu, a justiça fiscal é o primeiro passo para garantir desenvolvimento com equidade.
Na esfera política, o ex-ministro fez um diagnóstico igualmente severo. Defendeu uma reforma política capaz de romper com a disfuncionalidade do atual sistema, que, segundo ele, perpetua práticas como a distribuição de emendas parlamentares sem critério e o aumento do número de deputados. “Estamos fazendo de conta que nada está acontecendo, mas o eleitor está vendo”, alertou.
Ao abordar a política monetária, Dirceu criticou a ortodoxia do Banco Central e reiterou que, internacionalmente, já se reconhece que juros altos não são mais eficazes para conter a inflação, especialmente quando esta não resulta de um excesso de demanda, como ocorre no Brasil, mas sim do aumento de preços de alimentos e energia. Ele destacou que países como Estados Unidos e membros da União Europeia estão apostando em políticas industriais e no fortalecimento do Estado, enquanto o Brasil insiste em cortar gastos sociais.
Dirceu ironizou o discurso dominante no mercado financeiro brasileiro, representado pela Faria Lima, que, segundo ele, propõe sempre as mesmas soluções: privatizações, desvinculação do salário mínimo, e desmonte dos pisos constitucionais de saúde e educação, mas evita debater seriamente as reformas tributária e política.
Para Dirceu, o país está vivendo um “negacionismo econômico e político”, ignorando que o caminho para o desenvolvimento passa necessariamente por reformas estruturais e pela valorização do papel do Estado na promoção do crescimento e da justiça social. “A saída do Brasil é crescer”, concluiu, reafirmando a urgência de romper com o modelo atual.
O “Poder e Mercado” vai ao ar às terças e quintas, às 20h, com apresentação de Raquel Landim e comentários de Mariana Barbosa e Graciliano Rocha, conectando os grandes temas da política e da economia às suas consequências práticas na vida do cidadão.
Onde assistir a íntegra do programa ao vivo: na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.
A íntegra do texto da entrevista pode ser lido no site do UOl.
Assista o vídeo:
Foto da capa: José Dirceu – Crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Respostas de 3
Ao menos alguém do PT tem coragem de propor o óbvio. O problema é a governabilidade. Se o Haddad propor isso e o Lula sancionar eles dão impedimento do Presidente. Aí a coisa fica pior ainda. O que podemos fazer? Quem tem credibilidade para ter apoio popular?
Zé apoia Edinho, que não tem posição sobre nada, a não ser dialogar com o governo. PT finge que não vê e Zé apoia a manutenção desse grupo que finge não perceber o q ele mesmo fala. Contradição e blá blá blá.
O presidente é todo o poder executivo tornaram-se reféns do legislativo. .O massacre a Marina Silva no Senado é o exemplo de como prevalece ali o interesse dp empresariado sobre o social e o científico.