Da Redação
Sem apoio consistente no Congresso, Planalto intensifica estratégia de comunicação direta com a população e reforça discurso em favor da justiça fiscal
Congresso impõe derrotas e tensiona relação com o Planalto
Diante de sucessivas derrotas impostas por sua própria base no Congresso Nacional, o governo Lula (PT) reconhece as limitações de sua articulação com o Legislativo e passa a investir na disputa pela opinião pública. A estratégia: intensificar o discurso em defesa da justiça tributária, focando na taxação dos super-ricos, sem romper institucionalmente com o Congresso.
A decisão do Planalto ganhou força após o revés no debate sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), em que parlamentares do centrão e até de partidos aliados se uniram para derrubar a proposta do Executivo. A votação, articulada sem aviso prévio pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi interpretada como uma afronta direta não apenas ao ministro Fernando Haddad (Fazenda), mas ao próprio presidente da República.
Governo intensifica discurso por justiça tributária
Segundo interlocutores do Planalto, Lula tem incentivado ministros e parlamentares governistas a se posicionarem publicamente, deixando claro que o governo “tem lado”: não aceitará cortes em programas sociais para manter privilégios de uma minoria abastada.
Fernando Haddad assume protagonismo no embate fiscal
O discurso da equipe econômica também foi reforçado. “Estou aqui para enfrentar os 140 mil super-ricos”, declarou Fernando Haddad em entrevista à Folha de S.Paulo. A fala ecoa a narrativa defendida pelo PT, que divulgou recentemente um vídeo intitulado “Taxação BBB: bilionários, bancos e bets”, apontando a necessidade de fazer com que os mais ricos passem a contribuir proporcionalmente com o financiamento do Estado.
A reação veio após uma série de medidas propostas por Haddad — como a elevação do IOF sobre operações de câmbio, o fim de isenções fiscais para investimentos incentivados, e a tributação sobre fintechs, casas de apostas e JCP (juros sobre capital próprio) — encontrarem forte resistência no Congresso. A resposta do Legislativo foi imediata: tanto a Câmara quanto o Senado aprovaram em ritmo acelerado o decreto legislativo que susta a elevação do IOF.
A leitura do governo é clara: a coalizão que sustenta Lula no Congresso está fraturada e dominada por interesses políticos que anteveem a disputa eleitoral de 2026. Ainda assim, Lula busca evitar um rompimento definitivo. Parte dos aliados, sobretudo os responsáveis pela articulação política, teme o agravamento da relação entre Executivo e Legislativo, lembrando o que ocorreu no processo de impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
Planalto mira a opinião pública em nova estratégia política
Por ora, a ordem do presidente é clara: disputar a narrativa, esclarecer à população que o governo quer tributar milionários para financiar programas sociais e reduzir impostos para os mais pobres. A popularidade da pauta nas redes sociais dá lastro à ofensiva. No entanto, parte da base governista teme que o tensionamento possa inviabilizar a aprovação de novas propostas no Parlamento.
Desgaste com Hugo Motta e risco de isolamento crescente
A frustração é particularmente grande com o presidente da Câmara, Hugo Motta, que ascendeu ao cargo com o apoio do PT, mas tem se alinhado ao centrão e à oposição bolsonarista. Internamente, avalia-se que ele está sob forte influência de figuras como Arthur Lira, Eduardo Cunha e Ciro Nogueira, além do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que também acelerou a votação da derrubada do decreto do IOF no Senado.
Nesse contexto, o governo Lula se vê compelido a reafirmar suas bandeiras diante da sociedade: justiça fiscal, defesa de direitos e ampliação das políticas sociais — mesmo que para isso precise enfrentar a resistência do Congresso.
Com informações da Folha de São Paulo.
Foto da capa: Brasília (DF) 18/03/2025 O presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante assinatura do Projeto de Lei que prevê Isenção de Imposto de Renda (IR) para pessoas que recebem até R$ 5 mil por mês. Fotos: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil – Montagem das fotos feita por IA ChatGPT
Tags: Lula; Governo Lula; Congresso Nacional; Taxação dos super-ricos; Justiça tributária; Fernando Haddad ; IOF; Política fiscal; Disputa narrativa; Orçamento público; PT; Centrão; Super-ricos; Reforma tributária; Opinião pública
Respostas de 2
Temos, na Constituição, um capítulo destinado a Soberania Popular.
Questões que causem impacto social, fiscal, tributário, ambiental, político precisam ser levadas à consideração, avaliação, debate e deliberação popular bia Plebiscitos.
Não é verdadeiro que um Congresso eleito de forma aleatória, como é hoje o nosso, ele seja absolutamente soberano
Plebiscitos já! Para o IOFe para a isenção para quem ganha até 5,SM
Temos que lutar pelo fim da jornada 6/1 !
E pela taxação das grandes fortunas !