CORRESPONDENTE POLÍTICO: Sem taxar os ricos: quem paga a fatura do Estado?

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A pesquisa Quaest com os deputados aponta para uma hipótese complicada. Segundo o levantamento com os parlamentares, eles são a favor de aprovar o projeto do governo que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil. Mas não são a favor da contrapartida proposta, que é aumentar a taxação sobre as pessoas mais ricas. O problema dessa hipótese é que ela aumentará o rombo fiscal com o qual o governo já lida com dificuldade. A discussão que acontece agora no governo passa por esse ponto. Se assim acontecer, o risco à responsabilidade fiscal recairá sobre o governo ou sobre o Congresso? Há quem avalie que, nessa situação, o Congresso não terá como passar a conta para o governo. Será responsabilizado.

Legal

Do ponto de vista legal, porque, ao derrubar a contrapartida imaginada pelo governo, o Congresso é que terá de arranjar uma outra. E a avaliação é que, aí, poderá ser possível para a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferir o peso agora só recai sobre ela.

Político

Porque aí, avalia-se, entrará o desgaste político. A semana mostrou um primeiro momento no qual o governo ganhou o debate nas redes sociais. Está transferindo ao Congresso a pecha de que defende os mais ricos. O que o Congresso fizer poderá reforçar isso.

Cortar nos programas sociais vai para a conta do Congresso

Estratégia usadas nas redes teve resultado | Foto: Reprodução/vídeo

Hashtags como “Congresso da Mamata”, “Agora é a Vez do Povo” e “Hugo Motta Traidor” alcançaram os trend tops no X, o antigo twitter, com cerca de quatro milhões de visualizações durante a semana. Após uma reunião da Secretaria de Comunicação da Presidência com influenciadores digitais, a avaliação é de que o governo conseguiu inverter o debate. Saiu das cordas e agora colocou nelas o Congresso. O governo sabe que haverá reações. Avalia, como disse ontem o Correio Político, que a pauta do Congresso trave. Mas pensa que colocou o Parlamento em xeque: dependendo de como agir, reforçará o discurso contra eles.

Inflexão

Há, então, quem ali no Planalto já avalie que pode ter havido uma inflexão na relação do Executivo com o Legislativo. Até, então, diante de um Congresso de maioria de direita com quem tinha de negociar, o governo se via refém. Pode agora ter visto uma nova forma.

Acuado

A avaliação é que a derrota na questão do IOF deixou o governo acuado. E quem está acuado só tem como opção reagir ou ser devorado. O governo do presidente Lula reagiu para não ser devorado pelo Congresso. E a estratégia de reação, ao final, funcionou.

Exagero

Ao montarem a toque de caixa a estratégia que derrotou o governo, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), teriam exagerado na dose. Avançaram demais na ideia de teriam definitivamente o governo na mão.

Votos

Se é verdade que o Congresso nos últimos anos o tornam bem menos dependente do Executivo, especialmente na questão orçamentária, um dado parece ter sido esquecido na estratégia de emparedar Lula: quem tem mais de 60 milhões de votos é ele. E só ele.


*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.

Publicado originalmente no Correio da Manhã.

Foto de capa: Motta, Lula e Alcolumbre voltarão a se entender? | Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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