CORRESPONDENTE POLÍTICO: Haddad chega ao seu limite?

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Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã

Consultor junto ao mercado financeiro, o cientista político André Cesar estava absolutamente surpreso com a notícia, divulgada na manhã desta segunda-feira (16), de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estava tirando uma semana de férias esta semana. Ainda que ele siga monitorando de longe o que acontecerá em Brasília, era uma sinalização preocupante. Haddad sai de folga exatamente no momento em que a Câmara dos Deputados anuncia votar o pedido de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo que visa derrubar as medidas que ele vinha negociando como alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “A impressão que passa é de que chegou perto de um clássico game over”.

Sinalização

É verdade que a análise da urgência não é a votação do mérito. Mas dará uma clara sinalização do humor da Câmara. E tudo indica que o humor é péssimo. O que, segundo André, se avalia no mercado é que Haddad tenha percebido que nada mais havia a fazer por agora.

Reclamação

E o anúncio acontece depois de o ministro reclamar, numa conversa com advogados do grupo Prerrogativas, na semana passada, da condução do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Haddad disse que era mais fácil negociar com Arthur Lira (PP-AL).

Gleisi sai na defesa de Motta, como resposta

Gleisi saiu em defesa de Hugo Motta | Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Na sequência das notícias do jantar de Haddad com o Prerrogativas, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, saiu na defesa de Hugo Motta. “O relacionamento do presidente @HugoMottaPB com o governo do presidente @LulaOficial tem se caracterizado por responsabilidade e firmeza nos encaminhamentos acordados em comum”, respondeu Gleisi nas redes sociais, contradizendo Haddad. Há uma soma de problemas que desgastam Haddad no momento, avalia André Cesar. Por um lado, não consegue mais medir o humor dos parlamentares e perde ali previsibilidade. Por outro, enfrenta essas divergências internas no governo.

Governo

Nessa linha, mesmo dentro do governo, a ausência de Haddad esta semana, não repercutiu bem, junto a setores que participam da articulação política. Embora seja uma semana encurtada pelo feriado de Corpus Christi, não sinalizava ser uma semana esvaziada.

CPMI

Além da urgência para derrubar o pacote econômico, haverá na terça-feria (17) sessão do Congresso Nacional para analisar vetos presidenciais. Mas, para além disso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), deverá ler o pedido de instalação da CPMI do INSS.

Jogo

Por outro lado, há quem avalie que Haddad faz, de certa forma, um jogo combinado com Lula. Ao ficar à frente da negociação de pontos complicados da agenda econômica, ele assume um desgaste que, no caso, não resvala para o presidente da República.

Desgaste

O preço é o grande desgaste não apenas político como emocional que o avança e recua dos últimos tempos tem provocado. Mas há do ponto de vista prático outro problema: até o ano passado, mal ou bem a agenda avançava no Congresso. Isso não mais acontece.


*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.

Publicado originalmente no Correio da Manhã.

Foto de capa: PHaddad afasta-se na iminência de uma derrota | Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Respostas de 2

  1. Qualquer um que fosse o Ministro da fazenda perderia as estribeiras com aquele Congresso. Sinceramente, é um pessoal que só legisla em causa própria, já que são bancados pelos ricos e poderosos. E, mais uma vez, os pobres vão pagar a conta. E, depois, na maior cara de pau, esses mesmos deputados e senadores vão cobrar do governo a falta de investimentos em saúde, educação, segurança e projetos sociais. Com uma mão tiram o pão da boca do povo e com a outra acusam o governo pela falta de investimentos em segmentos indispensáveis, já mencionados. E o povo continua votando nessa gente que lá está só pra recortar falas e lacrar na internet com fakenews. E o bando, a caminho do matadouro, acredita estar fazendo o certo.

    1. Perfeito Maria Cecília Finger , a População não tem essa noção de pra quem estes Parlamentares legislam , acreditam nessa balela de Anti-corrupção quando eles mesmos são os maiores corruptores , bancados por Ricos e Poderosos como você muito bem descreveu

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