Brasil quer plantar batatas na Lua

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Por RUDOLFO LAGO* do Correio da Manhã Brasília

À primeira vista, a ideia posta no título da coluna pode parecer inusitada. Literalmente, um projeto lunático. Na verdade, porém, trata-se de um propósito já bem encaminhado. Dentro, inclusive, de um grande tratado internacional, o Programa Artemis, encabeçado pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, e que conta já com a adesão de 51 países. No caso brasileiro, trata-se de lançar ao espaço a tecnologia que hoje o país mais domina: a agricultura, com o desenvolvimento do nosso agronegócio. Na nova grande corrida espacial que já se ensaia, rumo a construir uma base na Lula e fazer viagens tripuladas mais longas, rumo à Marte, não faz sentido o Brasil querer competir com os países mais avançados.

Precisam comer

Mas os astronautas que participarão desses projetos vão precisar comer. Será preciso plantar na base lunar. E talvez a melhor ideia também seja plantar dentro da nave em uma viagem até Marte, que, segundo as estimativas, levará de seis a nove meses.

Desafios

As duas possibilidades envolvem desafios. No caso da Lua, plantar em condições extremamente adversas, sem atmosfera e em um solo quase que completamente árido, quase sem nenhum nutriente. No espaço, desenvolver agricultura hidropônica, no ar.

AEB tem convênio com a Embrapa para o espaço

Chamon cerca Marcos Pontes no Senado | Foto: André Barreto/AEB

 

É no avanço dessa tecnologia que o Brasil quer se encaixar no Programa Artemis. A Agência Espacial Brasileira (AEB) estabeleceu um convênio com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) nesse sentido. Além do propósito de desenvolver tecnologia para plantar no espaço, há um segundo objetivo. O conhecimento que se obtiver para conseguir plantar nessas condições tão adversas pode ser utilizado para desenvolver, aqui mesmo na Terra, conhecimento para produzir nas regiões mais precárias, como os desertos. Para difundir essas ideias, o presidente da AEB, Marco Antonio Chamon, percorria o Congresso.

Apoio

Enquanto Câmara e Senado corriam para concluir sua extensa pauta, com reforma tributária e o pacote de corte de gastos, Chamon tentava seduzir parlamentares para a importância do projeto que envolve a agência e a Embrapa, dentro do programa internacional.

Astronauta

Naturalmente, ele iniciou a aproximação com o senador mais identificado com o tema espacial, o astronauta Marcos Pontes (PL-SP). Dentro da profusão de dinheiro que os parlamentares têm com emendas orçamentárias, Chamon tenta que eles destinem algum.

Emenda

Na visita, a ideia era começar tratativas para que algum deputado ou senador destine parte dos recursos das suas emendas ao convênio da AEB com a Embrapa na parte que cabe ao Brasil no Programa Artemis. Marcos Pontes é com quem as conversas mais avançaram.

Volta à Lua

O primeiro passo do Programa Artemis é voltar a enviar seres humanos à Lua. No caso, a primeira mulher um homem, em 2026. E, a partir daí, iniciar um projeto “sustentável” em solo lunar, que serviria como primeiro ponto de apoio para a viagem rumo a Marte.

 

 

*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade

Publicado originalmente publicado no Correio da Manhã

Foto de capa: Brasil é um dos 51 paises no Programa Artemis |  Divulgação/Nasa

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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