Sócio de Eduardo Bolsonaro postou sobre suposto encontro com generais para tratar de golpe

De Agência Pública

O sócio de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em uma empresa nos EUA, o influenciador Paulo Generoso, escreveu em suas redes sociais no dia 30 de dezembro do ano passado, o que seria um plano de golpe com a suposta participação do então presidente Jair Bolsonaro (PL): “Em reunião esta semana com o alto comando das Forças Armadas Bolsonaro pediu apoio para barrar o avanço do Judiciário sobre os outros poderes e pediu para que a posse de Lula fosse adiada por 6 meses até que a equipe de juristas fizesse uma investigação sobre favorecimento a Lula”, escreveu no twitter.

Em outra postagem na sequência, ele contou que a proposta de Jair Bolsonaro não foi bem recebida pelo então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes: “Freire Gomes foi contra e disse que não valia a pena ter 20 anos de problemas por 20 dias de glória e falou que não apoiaria ou atenderia o chamado do presidente pra moderar a situação mesmo após Bolsonaro apresentar vários indícios de parcialidade em favor de Lula pelo TSE e STF”.

Publicação de Generoso com um suposto plano de golpe para manter Bolsonaro no poder. Reprodução.

Paulo Generoso é um dos criadores do Movimento República de Curitiba, que surgiu em 2016 para apoiar a Operação Lava Jato. O movimento também defendeu a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 e 2022. Com 1,2 milhão de seguidores, a página do grupo no Facebook, além de ter apoiado os atos golpistas, espalhou notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e a pandemia de Covid-19.

Ao longo de dezembro do ano passado, Generoso e a página do República de Curitiba fizeram diversas postagens para pressionar o general Freire Gomes. “General de Exército MARCO ANTÔNIO FREIRE GOMES, o Brasil pode contar com o senhor?”, publicou a página em 10 de dezembro. Nove dias antes de anunciar o suposto plano de golpe, Generoso postou em suas redes um pedido de orações pelo general.

Freire Gomes também é citado em outro plano de golpe de Estado, dessa vez em conversa entre Ailton Barros, ex-major do Exército, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), de acordo com investigações da Polícia Federal. No dia 15 de dezembro, Ailton Barros disse a Mauro Cid: “É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes para que ele faça o que tem que fazer”.

Conforme mostrou reportagem publicada em maio numa parceria entre a Agência Pública, o UOL, e outros 18 veículos latino-americanos e cinco organizações especializadas em investigação digital, sob a liderança do Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística (CLIP), Paulo Generoso é um dos sócios de Eduardo Bolsonaro na Braz Global Holding. A holding foi registrada em março deste ano no endereço da casa de Generoso, em Arlington, no Texas.

O empresário esteve presente nos atos nos quartéis que contestavam a eleição de Lula e apoiou os atos golpistas de janeiro. Às 14h58 do dia 8 de janeiro, ele fez a seguinte postagem em seu twitter: “Primavera Verde Amarela. Saímos do QG rumo à Esplanada dos Ministérios. Não vamos desistir do Brasil”. Minutos depois, às 15h19, ele escreveu: “Palácio do Planalto invadido agora. É reintegração de posse que chama?”. Paulo Generoso, inclusive, teve a conta no Twitter suspensa, em janeiro de 2023, após decisão judicial.

Generoso também foi um dos organizadores do movimento político do dia 7 de setembro de 2022. Ele compartilhou no dia uma foto em cima do carro de som ao lado do general Braga Netto. A foto foi postada novamente em 30 de dezembro na página da República de Curitiba com a legenda: “Minha homenagem a este grande General Braga Neto. Este tem meu respeito. Gigante”.

A reportagem procurou o general Freire Gomes, que não retornou os contatos. Também foram procurados Paulo Generoso e o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, sem retorno até a publicação.


Por Alice Maciel com colaboração de Laura Scofield.

Foto: Reprodução/Redes Sociais.

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