Programas de 27 de fevereiro a 7 de março

translate

Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

O programa é assistir à festa do Oscar, no domingo, em clima de Copa do Mundo. A cerimônia será transmitida ao vivo pela ABC, nos Estados Unidos. No Brasil, a TV Globo fará cobertura da festa, com exceção do Rio de Janeiro, onde o canal exibirá desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. A transmissão oficial será pela TNT e pelas plataformas de streaming HBO/Max e Globoplay.

Uma das mais felizes entre as centenas de resenhas sobre Ainda Estou Aqui – daqui e de fora: “Poucos filmes já ressoaram tanto na consciência política brasileira quanto ele”, escreveu o crítico Carlos Alberto Mattos. “Pensemos em Terra em transeCabra Marcado para MorrerÔnibus 174. Quantos mais tiveram o poder de, além de dominarem o campo da arte, o extrapolaram para a esfera da reflexão histórica e produziram efeitos concretos na sociedade? A repercussão do filme de Walter Salles está influenciando diretamente decisões do Judiciário e o movimento de vítimas da ditadura”. (…) “Desde já é um marco”.

Para refletir, não esquecer e para não naturalizar: há 20 anos Israel não invadia a Cisjordânia com tanques. Mas desde uma semana, uma ocupação militar desocupou campos de refugiados de deslocados de Gaza e intensificou a operação em território palestino legal. É o avanço sionista rumo ao projeto expansionista “Israel grande”.

Mas a resistência dos palestinos continua, neste mês de março do Ramadã. Apesar dos recursos limitados e da falta de móveis, as aulas em Gaza foram retomadas! O Ministério da Educação do território devastado anunciou que o novo ano letivo recomeçaria apesar das difíceis condições enfrentadas por alunos e professores da escola Rufaidah, em Deir al-Balah, centro da faixa de Gaza.

Raafat é o 60º prisioneiro palestino a morrer em menos de 16 meses, nas masmorras do estado de Israel. E os palestinos lamentam a morte de Hamid Nazzal, de 16 anos, baleado e morto pelas forças de ocupação israelenses, esta semana, na cidade ocupada de Qalqilya, na Cisjordânia.

O presidente Emmanuel Macron fala do estado de Israel como “país amigo”, é o comentário do site CAPJPO-Europalestina: “Nostalgia de Vichy, sem dúvida. Silêncio – Israel mata, mas é amigo de Macron”.

Também esta semana: definido como ‘constrangedor’, o silêncio no prédio do Ministério da Saúde francês, em Paris, diante das grandes manifestações de médicos do grupo Jalecos Brancos defronte dos seus escritórios. Eles denunciavam 160 profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, motoristas de ambulância e cuidadores, prisioneiros em condições precárias, em Israel. Mil e quinhentos profissionais da saúde já foram mortos em Gaza desde o começo do genocídio.

Francesca Albanese, advogada italiana e Relatora Especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados com mandato de três anos: “Aguardo ansiosamente o dia em que a mídia ocidental será julgada por participar desse genocídio”. (…) “É um genocídio justificado e tornado possível pela mídia que acreditou na narrativa israelense”. A propósito: ativistas pró-Israel vandalizaram a Cruz Vermelha, em Paris, no último dia 23. A instituição apresentou queixa depois que suas instalações e veículos foram danificados em suas filiais nas ruas dos 7º e 14º arrondissements.

Informação relevante: o Supremo Tribunal Federal analisará se a Lei da Anistia pode ser aplicada aos crimes de sequestro e cárcere privado cometidos durante o período da ditadura civil-militar de 1964. O plenário virtual da Corte reabre processos que apuram as circunstâncias da morte do ex-deputado Rubens Paiva, do jornalista Mário Alves – que também como Paiva nunca teve o corpo encontrado –, e do militante Helber Gomes Goulart, da Ação Libertadora Nacional. Nos três casos, o Ministério Público Federal questiona decisões do STJ e do Tribunal Regional Federal da 2ª Região que entenderam que os crimes estavam cobertos pela Lei da Anistia; e encerraram as ações penais contra os acusados.

Domingo (02/03) de carnaval, no Humaitá, com o desfile do tradicional e super – animado bloco Maracangalha. A concentração será na Rua Marques, ao lado da Cobal, às 17 hs. O refrão do samba deste ano, de Djalma Junior e Magali, é uma exaltação: “Canta, Maracangalha/ Canta, Maracangalha/ Ainda estou Aqui/ Esbanja Poesia/ Já é o Outro Dia”.

Maryanne Wolf, autora de O cérebro no mundo digital, lançado em 2018, revela as relações entre o desenvolvimento do cérebro e a leitura. Maryanne é professora, neurocientista, neuropsicóloga, especialista em desenvolvimento infantil e diretora do Center for Dyslexia, Diverse Learners, and Social Justice na UCLA, Estados Unidos. No seu livro, ela observa como as pessoas aprendem a ler e a escrever e como o desenvolvimento dessas habilidades transformou o cérebro e o próprio mundo. A autora mostra como o uso de imagens em telas onipresentes está abrindo caminho para uma menor necessidade de linguagem escrita e alerta como isso pode ter consequências potencialmente profundas em nosso futuro (Ed. Contexto).

Sugestão de leitura para esses dias de feriado carnavalesco: Marxismo e judaísmo: história de uma relação difícil, da historiadora paulista Arlene Clemesha, pesquisadora sobre a questão judáica e a história da Palestina moderna. (Ed. Boitempo).

No bar, restaurante e galeria Glicerina, especialista em cervejas artesanais, a exposição Sem Tempo, Irmão, com trabalhos de doze artistas brasileiros contemporâneos, até 30 de abril. Curadoria do colecionador e músico Marcelo Mac. Na Praça General Glicério, em Laranjeiras.

Programa especial: até o dia 16 de março, a Cinemateca Brasileira de São Paulo oferece uma Retrospectiva Alfred Hitchcock com 14 filmes do mestre. Entre eles, as obras primas Festim DiabólicoJanela IndiscretaOs PássarosPsicose.

A exposição Ney Matogrosso, no Museu da Imagem e do Som também de São Paulo, desenvolve um roteiro que atravessa a obra do multi-artista passando por cada década da sua atuação nos palcos, desde a estreia como vocalista do Secos & Molhados até o mais recente álbum, Nu com minha música. Para festejar 50 anos de carreira, em maio estreia a cinebiografia Ney, Homem com H, escrito e dirigido por Esmir Filho, com Jesuíta Barbosa como protagonista. A cantora Céu interpreta a atriz e cantora Elvira Pagã. Foi ela quem provocou em Ney, então um garoto, o primeiro desejo de seguir na carreira artística.

Boa notícia para o cinema brasileiro: o curta afro futurista, uma comédia crítica intitulada Bela LX-404, de Luisa Botelho, ganhou o premio de Melhor Curta de Ficção no Pan African Film & Arts Festival de Los Angeles, grande evento de cinema afro norteamericano. A querida e saudosa atriz Léa Garcia atuou nele, pela última vez, fazendo o papel de uma robô idosa vendida por engano a um comprador online. O filme traz uma fina sátira às compras online, aos call centers, aos dispositivos de serviços domésticos e em especial à automação das relações amorosas. A diretora Luisa Botelho é filha de Joel Zito Araújo. Quando será exibido no Brasil?

O livro Soledad Barrett no Recife, do escritor e jornalista pernambucano Urariano Mota, deve ser adaptado para o cinema pelo cineasta e editor-adjunto do site Portal Vermelho, André Cintra. É a reconstrução ficcional dos últimos dias de vida da militante paraguaia que foi traída pelo Cabo Anselmo, torturada, quando grávida pelo famigerado delegado Sergio Fleury, e executada na prisão, em 1973. Um dos crimes mais sórdidos da ditadura civil-militar de 1964.

Os sete volumes da coleção Relações Internacionais, da Editora Contexto, são leitura de referência em especial para estudantes, mas também para analistas e pesquisadores dedicados ao tema da segurança internacional no mundo contemporâneo. Guerra e paz; relação entre geopolítica, estratégia militar e o papel e a importância das disputas hegemônicas e dos alinhamentos estratégicos; terrorismo internacional e crime organizado transnacional; Otan, ONU e Conselho de Segurança são temas abordados. A coleção é coordenada pelo professor titular da Universidade de Brasília, Antônio Carlos Lessa.

Programa para refletir: o que justificaria e explicaria o interesse repentino de Elon Musk pela Alemanha? Primeiro: lá está a maior fábrica da Tesla na Europa, na periferia de Berlim, com 12 mil empregados e prestes a dobrar de tamanho – mas a atual legislação ambiental daquele país pode ser um empecilho para a sua expansão. Segundo: a Alemanha possui a sétima maior reserva de lítio do mundo e a maior da Europa, bem à frente dos outros estados europeus. No mais, é a demagógica defesa da liberdade de expressão por parte dos nazifascistas do partido AfD que serve aos interesses de Musk no X, no exato momento em que a rede social trava uma batalha judicial sobre supostas violações das leis alemãs.

Jornalista Moisés Mendes no site brasil 247: “Vamos dar em manchete: todos os jornalões são golpistas”. E em seguida: “Denúncia de Gonet mobiliza as corporações de mídia, não em defesa da democracia, mas na disseminação de dúvidas sobre responsabilidades dos chefes do golpe”. Referência à baderna que tentou o golpe no 8 de janeiro.

Na revista on line Diálogos do Sul: Muito além da Ucrânia – os fatores por trás da guerra é um e-book que versa sobre o que se encontra em jogo na Guerra na Ucrânia, ou seja, a guerra de narrativas sobre o conflito, a manipulação econômica e as disputas pelo poder global, as reconfigurações geopolíticas do século 21, o impacto das sanções, o novo papel da Rússia e da China, o dólar como uma arma de guerra, e por fim: quem realmente perde com os conflitos? E qual é o maior desafio para a paz mundial hoje?

Viva sugestão cinematográfica para dias de descanso de carnaval: assistir ao documentário alemão Hannah Arendt, da diretora Margarethe von Trotta, com a brilhante atriz Barbara Sukowa. É a segunda vez em que as duas trabalharam juntas, depois do filme Rosa Luxemburgo, de 1986. Nesse doc, vemos a pensadora alemã (Hannah se recusava a definição de ‘filósofa’) presente ao tribunal de Jerusalém que julgava o nazista Adolf Eichman, segundo ela “burocrata, seguidor e leal ao seu serviço, com uma ansiedade cotidiana de cumprir ordens, sem questioná-las”. Nessa ocasião, Arendt formulou o conceito de banalidade do mal: “Não um mal demoníaco, pecaminoso, radical; mas sim, um mal banal”.

Vamos torcer pelo gato Flow, a sensacional animação que vem da Letônia, forte candidata ao Oscar 2025 na sua categoria. Flow é um gato que assim como todos os gatos, morre de medo de água, mas que quase se afoga em um naufrágio e acaba sendo salvo por… (Sem spoiler). Filme recomendado.

Flow se contrapõe ao nojento, escabroso, repugnante vídeo do atual presidente norteamericano com seu assessor de estimação tomando drinques em uma riviera palestina. Cena que na realidade dos fatos jamais acontecerá.


Publicado originalmente no Fórum 21.

*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

lustração de capa: Marcos Diniz

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia..

Gostou do texto? Tem críticas, correções ou complementações a fazer? Quer elogiar?

Deixe aqui o seu comentário.

Os comentários não representam a opinião da RED. A responsabilidade é do comentador.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress

Gostou do Conteúdo?

Considere apoiar o trabalho da RED para que possamos continuar produzindo

Toda ajuda é bem vinda! Faça uma contribuição única ou doe um valor mensalmente

Informação, Análise e Diálogo no Campo Democrático

Faça Parte do Nosso Grupo de Whatsapp

Fique por dentro das notícias e do debate democrático