Por LÉA MARIA AARÃO REIS*
* Em um tuíte recente, o Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ofereceu uma falsa “alternativa” aos palestinos de Gaza: partir ou morrer. Logo em seguida, no jornal Le Monde, estupefatos professores de Direito Internacional Penal declararam não se lembrarem de ouvir uma autoridade responsável por um Estado exprimir de modo tão franco e aberto, um projeto que do ponto de vista jurídico é sinônimo de genocídio.
* São 145 os jornalistas mortos no espaço de tempo de um ano e meio pelas forças militares de Israel. Trinta e cinco morreram enquanto cobriam eventos de campo. Além desses, há jornalistas perseguidos que precisam deixar Gaza e Israel e não têm status de refugiados nem visto de urgência no passaporte e se encontram em perigo. Detalhe: a imprensa internacional está proibida de entrar em Gaza.
* Desde o dia 31 de março, três médicos franceses que testemunharam a trágica situação em Gaza viajam pela França em greve de fome, pedindo às autoridades a implementação de um cessar-fogo imediato. Entre eles, um renomado infectologista, Dr. Pascal André, que esta semana discursou em Nantes denunciando a inação da França e da União Europeia diante dos “crimes cometidos pelo governo israelense com total impunidade”. Os médicos pertencem ao movimento Fome por Justiça para a Palestina e é independente.
* A Secretaria Executiva e núcleos locais da organização Internacional Antifascista estão organizando, em diversos estados brasileiros, cerimônias de celebração dos 80 anos da vitória da classe trabalhadora sobre o nazismo, na Segunda Guerra Mundial. No próximo dia 6 de maio, no Teatro dos Bancários, em Brasília, às 18h30, com música e poesia. O lema das manifestações que se estendem ao Rio de Janeiro e São Paulo é “Venceremos de novo”.
* Mais de 20 chefes de estado e de governo são aguardados em Moscou, dia 9 de maio, para o desfile militar do Dia da Vitória em comemoração aos 80 anos da vitória russa sobre o nazismo. O Exército Vermelho libertou territórios da então Romênia, Polônia, Bulgária, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Áustria, Alemanha, Noruega e Dinamarca, entre outros países.
* No próximo dia 25, o projeto Cinema no Museu do Ipiranga, em São Paulo, às 18 horas, exibirá o documentário Codinome Clemente, mais um documentário resgatando lances da ditadura civil-militar de 1964. Deve ser visto. A sessão é gratuita.
* Em artigo desta semana, o ex-Ministro do STF, Celso de Mello, lembrou a célebre frase do revolucionário britânico Thomas Paine, do século 18, nos seus textos clássicos intitulados The Crisis Papers: “São os períodos de crise que revelam a alma e o caráter das pessoas”, Paine destaca no início da obra.
* Pré-lançamento do livro A Ágora e o Algoritmo – Direito e Democracia na Era Digital, do juiz e professor Eduardo Appio e do escritor e editor Sálvio Kotter. A obra analisa a influência crescente do ambiente digital sobre a democracia, o judiciário e a esfera pública, as interações entre justiça, política e tecnologia na era digital, e o impacto das redes sociais, da desinformação e das big techs sobre a democracia e o sistema judiciário (Kotter Editorial).
* Pré-lançamento do livro A Ágora e o Algoritmo – Direito e Democracia na Era Digital, do juiz e professor Eduardo Appio e do escritor e editor Sálvio Kotter. A obra analisa a influência crescente do ambiente digital sobre a democracia, o judiciário e a esfera pública, as interações entre justiça, política e tecnologia na era digital, e o impacto das redes sociais, da desinformação e das big techs sobre a democracia e o sistema judiciário (Kotter Editorial).
* Grande programa em Paris, até o dia 2 de novembro próximo: visitar a exposição histórica Tesouros resgatados de Gaza – 5.000 anos de história, no Instituto do Mundo Árabe. A mostra apresenta mais de 130 artefatos documentando a história milenar de Gaza desde a Idade do Bronze até a era otomana. Ânforas, estatuetas, mosaicos – um deles de igreja bizantina do século seis – são peças da exposição de duas coleções. Uma delas, as 529 peças de propriedade da Autoridade Palestina que se encontravam armazenadas em Genebra. A segunda, peças do colecionador e empresário palestino Jawdat Khoudary. Uma seção especial aborda o impacto devastador da guerra contra Gaza, que foi um ponto crucial de cultura e comércio entre a Ásia, a África e o Mediterrâneo.
* “Vamos jogar ao mar cinco mil anos de história? Não!” diz Jack Lang, presidente do Institut du Monde Arabe, sobre a mostra. “Trump não vai se apoderar de cinco mil anos de história.”
* Ney Matogrosso é a nova atração confirmada na agenda do Tendalab, festival de música que completa 10 anos, em 2025. O evento gratuito acontece nos dias 25 e 26 de julho, em Vitória, Espírito Santo. O cantor fará o show Bloco na Rua, sucesso de público e de crítica. Por enquanto, a turnê de Ney desembarcou nos Estados Unidos, Inglaterra e Portugal lotando teatros e casas de espetáculo.
* Uma teoria do poder global é o importante e oportuno livro do professor emérito José Luis Fiori que vem sendo novamente lembrado e relançado esta semana. Na obra, de outubro de 2024, o autor propõe “uma leitura crítica do sistema internacional, onde o poder é visto não como algo estático, mas como um movimento permanente de expansão marcado por hierarquia, conflito e guerra”, como escreve o jornalista Luis Nassif apresentando um debate sobre o assunto. No prefácio do volume, publicado pelo site A Terra é Redonda, Fiori escreve: “A história do mundo moderno foi moldada não pela busca de paz ou equilíbrio, mas por uma competição contínua entre Estados e impérios, movida pela guerra e pela necessidade de acumular poder que é movimento; e esse movimento exige recursos, controle e, muitas vezes, confronto armado”.
* Lembrando: no dia 30 de abril de 1975, a capital do Vietnã do Sul se rendeu. Era o fim de uma longa campanha de destruição. Para diversos historiadores, os Estados Unidos até hoje não se recuperaram dessa guerra que está documentada com imagens de grande impacto no Museu da Guerra de Saigon, de onde visitantes, muitos deles turistas norte-americanos, costumam sair emocionados.
* Com o atual boom da série Adolescência e a inaceitável dificuldade que a Câmara dos Deputados vem encontrando para votar a regulamentação das plataformas das big techs, tão necessária e urgente, o livro A Geração Ansiosa – Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais, do psicólogo estadunidense Jonathan Haidt, tradução de Lígia Azevedo, retorna ao noticiário e aos debates entre pais, educadores e pesquisadores. O livro explosivo investiga o “colapso da saúde mental entre os jovens e oferece um plano urgente para uma infância mais saudável e livre de telas”, anuncia a Editora Companhia das Letras, na sua apresentação. A Geração Ansiosa é um programa de leitura indispensável.
* O Presidente Lula em discurso, se referindo ao Brasil, esta semana: “As elites que ocuparam o país a partir de Portugal só imaginavam que seríamos cortadores de cana. A elite deve se olhar no espelho e tomar vergonha, porque tem que olhar para o fato de que eu, sem diploma, mais fiz universidades nesse país”. Discurso durante a cerimônia de inauguração da nova sede da unidade de Campos dos Goytacazes, da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro.
* China contemporânea é o título do volume de um grupo de autores mostrando o célere desenvolvimento econômico do país e o surgimento de cidades que brotam do nada na potência comercial, industrial e financeira mais do que nunca em evidência no continente latino-americano; e por motivos óbvios. Alexandre de Freitas Barbosa, Alexis Dantas, Bruno Hendler, Elias Marco Khalil Jabbour, Francisco Foot Hardman, Luiz Enrique Vieira de Souza e Wladimir Pomar acompanham a trajetória chinesa e respondem a perguntas com estas: Como o país consegue combinar a economia de mercado com um sistema político fechado? E combinar o planejamento estatal com a livre-iniciativa de gigantescas empresas privadas? Qual o objetivo da China com a Iniciativa Cinturão e Rota? Quais são os efeitos dessa modernização acelerada? (Ed. Autêntica, 2012).
* Do jornalista e correspondente em Berlim, Flavio Aguiar, autor do livro Crônicas do mundo ao revés, em texto recente: “O anúncio e o recuo parcial do tarifaço em relação à Europa cumpre este objetivo: a mão que ameaça é a mesma que acena com a promessa de recompensa por um bom comportamento”.
* A Fundação Perseu Abramo abriu inscrições para o curso gratuito de 14 aulas online Revisitando a história do Brasil: debates e embates. A aula magna será dia 8 de maio, às 18 horas, intitulada Brasil: uma biografia, ministrada pela antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz, professora da Universidade da USP, e estará disponível no canal YouTube da Fundação. A curadoria do curso é da professora Dulce Pandolfi, da UFRJ, e as aulas com acadêmicos e pesquisadores de diversas instituições de ensino superior serão todas gravadas.
* Burrismo: No momento em que assistimos o inelegível fazendo comícios de campanha para lá e para cá; o deputado Glauber Braga alvo de vingança, à beira de ser destituído; outro deputado em licença (?) dizendo mentiras e horrores do Brasil nos Estados Unidos, e xingamentos diários e baixo calão a torto e a direito, é um bom programa procurar assistir o documentário Quando o Brasil era Moderno, recente cartaz do festival É Tudo Verdade, e ler a resenha de autoria do crítico Paulo Lima: “Numa cena do filme, alguém pergunta quando o nosso país trocou o modernismo pelo burrismo”, ele escreve. A tentativa de resposta, no doc, envolve uma discussão sobre Arquitetura. Mas vale para este momento de burrismo da vida pública nacional.
* Dia 23, às 19 horas, será lembrado oficialmente o 110º ano do aniversário do genocídio armênio, conhecido como o primeiro genocídio do século XXI. A cerimônia é organizada pelo Conselho da Comunidade Armênia de Roma, na Praça Lorenzini daquela cidade. O lema: “Não às guerras e sim aos direitos fundamentais de cada um dos seres humanos”.
* Que o domingo de Páscoa seja menos tenso, na Palestina, do que o domingo de Ramos, quando muitos cristãos foram proibidos de entrarem em Jerusalém. Foram concedidas dez por cento apenas entre as 50 mil autorizações solicitadas. E mais: defronte da mesquita de Al-Aqsa, na Jerusalém antiga, um dos locais de culto mais sagrados para os muçulmanos, colonos israelenses foram autorizados a dançar e a cantar em provocação aos palestinos (CAPJPO – Euro-Palestine).
Publicado originalmente no Fórum 21.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
lustração de capa: Marcos Diniz