Por LÉA MARIA AARÃO REIS*
*Na BBC Mundo: entrevista de Omer Bartov, cidadão Israel-Estados Unidos, atual professor de Estudos Sobre o Holocausto da Universidade Brown, e considerado internacionalmente um dos maiores especialistas em operações de genocídio. “No começo, não classifiquei como genocídio as ações militares desenvolvidas contra os palestinos de Gaza. Hoje, considero que elas não têm equivalente na história moderna da humanidade; e é simplesmente perturbador ver a indiferença de muitos israelenses diante do sofrimento dos palestinos”.
*Atualizando: já morreram 54.470 palestinos desde outubro de 2023. Deles/as, 17 mil crianças.
*Como vimos denunciando e expondo aqui, desde o começo da chacina, há quase dois anos, sempre foi perturbador, como diz o professor Bartov, o silêncio, as ações tímidas e cheias de dedos de governos, de órgãos internacionais, a ausência de sanções econômicas severas, ao menos a palavra oficial de condenação por parte dos países árabes inclusive, e as manifestações de intelectuais e de consagrados expoentes vivos das mais variadas culturas.
*Durante as últimas semanas, a maioria se pronunciou. Enfim. Antes tarde do que nunca. Tarde porque milhares já estão mortos. Nunca porque esses mortos serão testemunhas históricas da indiferença e do egoísmo de que é capaz a nossa humanidade.
*A Feira do Livro de Porto Alegre, com mais de 300 autores nacionais e internacionais, e atividades para todas as idades, está agendada para começar dia 01 de novembro.
*O Garimpeiro da Memória, de Jacob Blanc, revela a pesquisa de três anos do historiador americano, que ouviu o próprio Palmar e de seus companheiros de militância e de seus países vizinhos relatos de tortura na prisão. Volume de referência e fonte para quem quiser conhecer a trajetória de militantes comunistas no interior do estado do Rio e a luta operária nos estaleiros de Niterói (Editora Garamond).
*O documentário Homem com H ultrapassa 600 mil espectadores. A excelente cinebiografia de Ney Matogrosso, que estreou dia 01 de maio e estrelada por Jesuíta Barbosa, acumula mais de 13 milhões de reais. Escrito e dirigido por Esmir Filho, com produção de Veronica Stumpf, o filme segue a trajetória de um dos principais artistas brasileiros e é contada a partir da sua infância, quando Ney de Souza Pereira morava com os pais e irmãos na pequena cidade de Bela Vista, em Mato Grosso do Sul. Os embates com o pai, que insistia que o menino “virasse homem”, levaram Ney a se afastar da família antes de enveredar na vida artística. Depois, veio o Secos e Molhados, ao lado de João Ricardo e Gerson Conrad, dando início às performances históricas. O longa – metragem também revela as paixões de Ney, entre elas por Cazuza.
*Vale a leitura: publicada originalmente em 1963, Homens ao sol, a primeira novela do célebre escritor palestino Ghassan Kanafani, é uma das obras fundadoras da literatura de resistência palestina. Em poucas páginas, Kanafani constrói um retrato marcante da diáspora forçada provocada pela Nakba — a catástrofe de 1948 —, quando centenas de milhares de palestinos foram mortos ou expropriados de suas terras, casas e bens, e obrigados a buscar refúgio em outras regiões dentro da Palestina e fora dela. A narrativa acompanha três homens de diferentes origens e trajetórias que convergem para o mesmo objetivo: cruzar o deserto do Iraque rumo ao Kuwait em busca de trabalho e sobrevivência. O volume será tema do Encontro de Junho da Editora Tabla, às 19h30, on-line e gratuito. Inscrições abertas no site Encontros de junho, da Editora.
*A série documental 1961, de Amir Labaki, estreando no Canal Brasil. Em três episódios, o diretor revisita a crise política de 1961 durante o governo João Goulart e revela, em entrevistas e arquivos inéditos, como foi evitado um golpe contra a posse constitucional de Jango na presidência. Aborda também os bastidores e a crise político-militar detonada pela renúncia do presidente Jânio Quadros em agosto de 1961, e a tentativa de golpe de Estado liderada pelos três ministros militares da época.
*O cenário da série também é o da mobilização popular pró-Legalidade, liderada desde o Rio Grande do Sul pelo governador Leonel Brizola, e a articulação político-parlamentar em torno da adoção, pelo Congresso Nacional, do regime parlamentarista.
*Entrevistas inéditas estão nos episódios da série: Rubens Ricupero, assessor do Ministério das Relações Exteriores do Congresso Nacional em 1961; Aldo Arantes, presidente da União Nacional dos Estudantes entre 1961 e 1962; Flávio Tavares, editor político do jornal Última Hora do Rio Grande do Sul, e participações especiais de Fernanda Montenegro, Luiz Carlos Barreto, Cacá Diegues e Paulo César Pereio. Excelente programa.
*Atenção, grande programa: no próximo dia 19 estará nas telonas Levados pelas Marés, do japonês Jia Zhangke, considerado por muitos especialistas e estudiosos em cinema um dos maiores, ou o melhor cineasta do mundo em atividade. Junto, no mesmo programa, o doc de Walter Moreira Salles sobre Jia, o seu guru.
*O Festival LivMundi, uma das principais plataformas de promoção da vida sustentável no Brasil, anuncia sua sétima edição com novidades: nos dias 20 e 21 de setembro, o evento ocupará pela primeira vez o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Aterro do Flamengo. Todas as atrações e atividades serão gratuitas. O tema deste ano, Dança das Águas, é uma reflexão sobre os fluxos que atravessam o planeta, os territórios e os corpos. Ao longo de suas seis edições anteriores, o LivMundi já realizou mais de 350 atividades gratuitas, promoveu experiências que conectam sustentabilidade, justiça climática, diversidade, arte, saúde e educação. Com oficinas de horta urbana, rodas de conversa, mutirões de limpeza e plantio, práticas de bem-estar, exposições de arte e programação infantil, o festival é um espaço de troca e mobilização em torno de um futuro mais justo e sustentável.
*A plataforma Filmicca está estreando Uma Mulher Alta, filme do diretor russo Kantemir Balagov, vencedor do Prêmio da Crítica e Melhor Direção na Mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes. É inspirado no livro da vencedora do Nobel de Literatura Svetlana Aleksiévitch e tem como cenário a Leningrado devastada de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, e a esperança na luta de reconstrução da vida da população. Belo filme, linda cidade, a atual São Petersburgo.
*Fomento ao livro e leitura no Brasil. O 9º Prêmio Vivaleitura de 2025 está com inscrições abertas até o dia 11 de julho. O edital vai destinar 550 mil reais a 25 práticas inovadoras na área da leitura e, além da premiação, a iniciativa de mapear a situação dos índices de leitura no Brasil. O edital traz cinco categorias para a promoção da leitura e literatura: bibliotecas públicas, comunitárias e privadas; escolas públicas, privadas e bibliotecas escolares; espaços diversos de práticas continuadas em diversos ambientes; escrita criativa com ações voltadas para a produção escrita; e iniciativas no sistema prisional e socioeducativo. A premiação: 50 mil reais para o vencedor e 15 mil para cada finalista (do 2º ao 5º lugar), somando 550 mil no total em prêmios. As inscrições on-line podem ser feitas aqui.
*E ainda na semana dedicada aos namorados e namoradas, estreia o romântico June e John, de Luc Besson, envolvente história de amor que muda a vida do jovem John, preso a uma rotina monótona e que descobre um novo sentido para sua existência ao se apaixonar por June. O diretor usa as cores como recurso simbólico, representando o impacto emocional e transformador desse amor. Detalhe interessante: a filmagem de June e John, durante a pandemia, foi totalmente realizada com aparelhos celulares.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
lustração de capa: Marcos Diniz