Por LÉA MARIA AARÃO REIS*
* O programa é seguir os movimentos organizados em dezenas de cidades do Ocidente repudiando a aquisição de produtos fabricados por empresas de ideologia sionista. Os grupos do Boicote, Desinvestimento e Sanções, BDS, esta semana, estiveram em Paris, em uma filial da cadeia Optical Center, protestando contra a decisão do CEO da empresa, Laurent Lévy, por enviar óculos e lentes de contato gratuitos aos soldados israelenses durante o genocídio em Gaza. Levy é sionista de extrema direita que compartilha a visão de um “grande Israel” livre da população palestina. Comentário da mídia parisiense: é possível ser especialista em óculos, usar protetores oculares e vender aparelhos auditivos, mas ser surdo diante da tragédia de um povo é inaceitável.
* Outra movimentação do BDS: o Coop, uma das maiores redes de supermercados da Grã Bretanha, confirmou que deixará de adquirir produtos e serviços de Israel devido às violações dos direitos humanos e do direito internacional cometidas pelo país. A medida segue uma moção aprovada pelos membros da assembleia geral anual da Coop, recomendando “mostrar coragem moral e liderança” removendo “todos os produtos israelenses das prateleiras”. A Coop acredita que sua decisão ” pode fazer a diferença, direta ou indiretamente para os afetados, e aliviaria o seu sofrimento “. (EuroPalestine)
* Já a gigantesca empresa dinamarquesa de transporte marítimo, a Maersk, anunciou que está cortando laços de negócios com outras empresas ligadas a assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia ocupada. Em comunicado recente, divulgado há dias, a Maersk disse que reviu suas operações na Cisjordânia ocupada e decidiu seguir as diretrizes do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, ACNUDH, autora da lista de nomes das empresas que operam em assentamentos israelenses. (Europalestina).
* Anuncia a Maersk: ” Após uma revisão recente do transporte relacionado à Cisjordânia, fortalecemos nossos procedimentos de verificação referentes aos assentamentos israelenses, incluindo o alinhamento do nosso processo de verificação com o do banco de dados do ACNUDH relativo a empresas envolvidas em assentamentos“.
* Resposta do secretário-chefe do gabinete de estado do Japão, Yoshkmasa Hayashi, em coletiva de imprensa, esta semana, respondendo a declarações de Donald Trump que comparou os ataques dos EUA às instalações nucleares iranianas aos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial. “Avaliações de eventos históricos devem ser debatidas por especialistas “, protestou Hayashi. ’’ O uso de armas nucleares, devido ao seu enorme poder destrutivo e letal, é incompatível com o espíritohumanitário, a base ideológica do direito internacional”.
* E o famoso jornalista israelense Gideon Levy anotou, na sua coluna semanal no jornal Haaretz, nesta quinta-feira (26/06), a força do isolamento crescente do governo de TelAviv. ‘’O mundo está cansado de Israel e suas insanidades’’ escreveu.
* Leitura interessante do volume Visões da Desigualdade: da Revolução Francesa ao Fim da Guerra Fria, do economista iugoslavo Branko Milanović, pesquisador do pensamento marxista e conhecedor próximo da realidade dos sistemas socialistas. No livro, há referência a Celso Furtado, aos economistas estruturalistas latino-americanos e a autores do terceiro mundo como o egípcio Samir Amin. Em tempo: Milanović é considerado um dos pensadores mais originais do debate contemporâneo. (Ed. Todavia).
* Lançamento recente do livro China: onde os extremos se tocam, uma iniciativado Instituto Casa Marx e do grupo Juventude Faísca Revolucionária, na USP. Os temas: Trótski, a revolução permanente e a crítica ao multilateralismo do capital na era Xi Jinping. O autor é o advogado e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, André Barbieri, que traz elementos fundamentais para o debate sobre a China de hoje. (Edições Iskra).
* Mais novidades: esta semana (27/06) foi lançado Ideologia, cultura, marxismo, de Celso Frederico, professor titular aposentado da ECA/USP, na Livraria Expressão Popular, em São Paulo. (Ed. Expressão Popular).
* Sobre a próxima reunião da Cúpula do Brics, dias 6 e 7 e julho, no Rio de Janeiro: 39% do PIB global se encontra em países associados ao grupo. É quase 49% da população do planeta. O evento, no Museu de Arte Moderna, deve reunir cerca de quatro mil participantes, e a expectativa é a presença de chefes de estado e de delegações de mais de 40 países embora diversas lideranças estejam avisando que não podem vir ao encontro.
* Lançado há pouco, o livro Guerra Nuclear: um cenário, da pesquisadora e jornalista americana Annie Jacobsen, vai virar filme. O relato envolve acontecimentos imaginados caso um míssil norte-coreano fosse lançado contra Washington e os americanos retaliassem. Annie Jacobsen é finalista do Prêmio Pulitzer e explora o cenário assustador baseando-se em dezenas de entrevistas exclusivas com especialistas, militares e civis, que construíram bombas atômicas, tiveram acesso a planos de ataque e foram responsáveis por decisões capitais. (Ed. Rocco).
* É conveniente, nesse novo momento de encruzilhada da história humana, relembrar o que Nikita Kruschev, um personagem muito inteligente, disse a John Kennedy, em um encontro entre os dois, em 1961, a propósito de uma eventual detonação de bombas atômicas que parecia estar prestes a ocorrer: “ Os sobreviventes invejarão os mortos’’.
* E do embaixador Vasily Nebenzia, representante permanente da Rússia na ONU, abordando o ‘’total desprezo pela posição da comunidade internacional’’ ao se referir ao governo Trump: “Com seu ataque contra três instalações iranianas, os Estados Unidos abriu a caixa de Pandora; e ninguém sabe quais são as consequências que isso pode trazer’’. Nebenzia sabe o que diz. É ex – vice – ministro de Relações Exteriores da Federação Russa.
* Programa: rememorar a questão da desnuclearização da América Latina, o desarmamento nuclear do continente, que é tema do livro do Premio Nobel da Paz, o diplomata mexicano Afonso Garcia Robles, O Tratado de Tlatelolco: genesis, alcance e propósitos de proscrição de armas nucleares na América Latina,no qual o é lembrado o tratado internacional assinado em 1967 que estabelece a América Latina e Caribe zonas livres de armas nucleares.
* Um documentário anunciado, prestes a ser lançado, no qual vale ficar de olho. Yõg Atak, meu pai Kaiowá, acompanha a jornada do reencontro entre Sueli Maxakali e seu pai, Luiz Kaiowá, de quem foi separada ainda bebê durante a ditadura civil-militar.
No filme, a violência do estado contra os povos indígenas naquele período, capítulo pouco retratado no cinema até os dias de hoje.
Dirigido por Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna. ‘’São memórias que o cinema nos dá a chance de revisitar e que podem ser jogadas na cara do povo brasileiro de certa forma”, afirma o etnólogo e cineasta Roberto Romero em entrevista recente.
* Para passar a semana pensando no que Fidel Castro comentou com seu amigo, o jornalista cubano Max Lesnik Menéndez, falecido recentemente, aos 94 anos de idade. Trinta anos atrás, durante uma conversa com Lesnik, Fidel observou: ‘’ A próxima guerra na Europa será entre a Rússia e o fascismo; só que vão chamar o fascismo de democracia“. Há quem ache que se trata de propaganda barata.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
lustração de capa: Marcos Diniz