Por Uma Frente Antifascista

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Por LINCOLN PENNA*

“…venceremos as dificuldades econômicas por meio de uma política nova, feita por um governo forte. (O Estado de São Paulo, 24/01/1933).

“Não tenhamos dúvida de que o Chanceler Hitler poderá prestar um grande serviço a todo o mundo extirpando o vírus comunista na Alemanha, como Mussolini fez na Itália.” (Diário de Notícias, 04/02/19330).

Antes que manchetes como as que servem de epígrafe a esta proposição ganhem espaço na mídia brasileira tratemos de nos organizar, uma vez que chegado ao poder pela via eleitoral o custo social e político é muito alto para os que prezam os valores democráticos, humanitários e minimamente civilizatórios em face do caráter fundamentalmente antidemocrático do fascismo, não importa a sua vestimenta político partidária.

O Movimento em Defesa da Economia nacional (MODECON), cuja denominação incorpora necessariamente a inegociável soberania nacional e popular, vem através dessa mensagem propositiva conclamar às demais entidades e instituições integrantes dos movimentos sociais democráticos do país a se unirem num Pacto de Unidade e Ação que constitua numa Frente Antifascista para barrar o mais rotundo retrocesso em nosso país. Lembrando por oportuno as proximidades das eleições gerais ano que vem, nas quais as eleições presidenciais serão provavelmente as mais importantes das tantas outras que foram vivenciadas pelo eleitorado brasileiro.

A ameaça fascista não é um mero devaneio. Ela existe objetivamente e independentemente de quem expressa apenas e tão somente o seu repúdio aos métodos e práticas características do fascismo sua presença na realidade brasileira não deve ser desprezada.

O fascismo é insinuante porque se apropria de situações de insegurança de indivíduos diante de circunstâncias adversas e faz dessas pessoas presas fáceis para os seus intentos e desatinos. Costuma identificar inimigos para implementar os seus objetivos políticos, sempre mascarados através da sanha persecutória a quem se oponha às suas prédicas ensandecidas a favor da ordem e da falsa defesa da família e da propriedade privada tendo como foco o jargão anticomunista e assim justificar a necessidade de ações antidemocráticas.

Considerando que as crises do modo de produção capitalista são acompanhadas pelas alternativas sempre voltadas contra as forças de trabalho assalariadas para custear as “perdas” de seu processo de acumulação, esses regimes monitorados pelo capital costumam enveredar para o leito da violação das normas democráticas para corrigir os males que são inerentes ao capitalismo em seu acelerado ritmo desagregador, equação já empregada em outras ocasiões.

Logo, é necessário que se construa um instrumento que unifiquem as correntes verdadeiramente democráticas e libertárias para impedir um novo surto fascista, antes que seja tarde demais para o real mundo do trabalho, aquele que congrega as forças de trabalho produtoras dos bens produzidos pela humanidade.

E esse instrumento consiste numa Frente Antifascista, que congregue os que não admitem o retorno de formas abjetas de poder, cuja principal vítima é sempre as populações mais desassistidas e de um modo geral as liberdades democráticas, e sua supressão implica na remoção da via política, meio através do qual se constroem alternativas em face de situações que exigem medidas que venham a equacionar os problemas e desafios comuns nas sociedades democráticas, que asseguram as diferentes correntes de opinião.

Nos regimes fascistas não há como conviver com as diferenças de toda ordem porque são regimes que impedem pela força o exercício do contraditório inerente às democracias. Não se trata, portanto, de uma suposição. A história não tão remota assim nos faz lembrar que a eliminação das liberdades democráticas resulta em graves ameaças à integridade física, intelectual e existencial de qualquer cidadão que se oponha com base nas ideias que julgam pertinentes àqueles que eventualmente detenham o exercício do poder. Tal situação representa uma regressão diante da qual urge que tenhamos condições de impedir que aconteça de novo.

Por essas e outras razões que derivam os fundamentos do fascismo traduzido por atos antidemocráticos é que julgamos ser pertinente e necessário a criação de uma Frente Antifascista antes que o novo surto fascista venha a se consolidar através dos meios democráticos para em seguida eliminá-los e fazer valer os seus propósitos totalitários.


*Lincoln Penna É doutor em História Social; Conferencista Honorário do Real Gabinete Português de Leitura; Professor Aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Presidente do Movimento em Defesa da Economia Nacional (MODECON); Vice-presidente do IBEP (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos).

Foto de capa: Manifestação antifascista realizada em Porto Alegre (RS), em 23 de maio de 2020 |: Alass Derivas/Brasil de Fato-RSo

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