A Polícia Federal (PF) cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em quatro estados na manhã desta terça-feira, 12. A Operação Perfídia investiga a suspeita de fraude na compra de equipamentos durante a intervenção federal no Rio de Janeiro, em 2018. A intervenção foi chefiada pelo general Walter Souza Braga Netto.
Segundo as investigações, o Gabinete da Intervenção Federal (GIF) comprou 9.360 coletes balísticos com sobrepreço da empresa estadunidense CTU Security LLC sem licitação. A análise do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que o valor pago foi de R$ 40.169.320, 80 (US$ 9.451.605,60) com o sobrepreço de R$ 4.640.159,40.
O pagamento foi feito integralmente em janeiro de 2019. Em setembro do mesmo ano, o TCU suspendeu o contrato e o valor retornou à União. Nenhum colete foi entregue.
Foram cumpridos 10 mandados no Rio de Janeiro, 3 em São Paulo, 2 no Distrito Federal e 1 em Minas Gerais. Não houve nenhum mandado de prisão. Braga Netto não foi alvo de mandado, mas teve o sigilo telefônico quebrado.
A operação apura os crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa dos servidores públicos federais envolvidos. Além do contrato superfaturado, a PF também investiga o conluio e duas empresas brasileiras que atuam no comércio proteção balísticas e formam um cartel desse mercado no Brasil.
Começo no Haiti
O sobrepreço dos coletes foi apontado pela Agência de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos (Homeland Security Investigations, ou HSI). A empresa CTU Security LLC foi investigada como fornecedora do material usado no assassinato do do presidente do Haiti, Jovenel Moïse, em 2021.
Entre os contratos apurados, estava o fornecimento de coletes para o gabinete no Rio de Janeiro. A PF foi informada em 2022.
Intervenção
Em 2018, a segurança pública do Rio de Janeiro ficou a cargo das Forças Armadas. O então presidente Michel Temer nomeou o general Walter Souza Braga Netto, do Comando Militar do Leste, como interventor. A violência durante o Carnaval daquele ano foi usada como justificativa da intervenção.
Naquele ano, o número de mortes causada por agentes do estado bateu recorde no Rio de Janeiro.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil.
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