O que o Chile e o Prestes podem nos ensinar sobre os tempos atuais?

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De ALEXANDRE CRUZ*

Às 8h30 saio do hotel em Santiago, que fica próximo ao Palácio La Moneda, e caminho até a estação do metrô que leva o mesmo nome onde trabalha o presidente do Chile. Rumo ao Estádio Nacional. Neste local, conheci um pouco mais sobre as atrocidades cometidas pelo golpe articulado por Augusto Pinochet.

Entrei no estádio, um lugar frio. Havia compartimentos com portões grandes. Senti a angústia de operários, estudantes, dirigentes e militantes do Partido Comunista. Homens, mulheres, crianças com um sentimento único: medo do que estava por vir. Escutei gritos do torturador e da vítima. Cercado por militares e  civis. Ouvia esporros, tapas e gritos de dor e de choro. A sessão de tortura já começava com supervisão de um oficial militar e médico. No Estádio Nacional havia, além de chilenos, brasileiros, europeus, estadunidense e outras nacionalidades. Onde reinava a dor cortante e a morte.

Livros, comprei sobre a história chilena daquele período de 11 de setembro de 1973. Fui ao cinema assistir Trauma, no Centro Cultural La Moneda. O início do filme foi um cartão de apresentação dos horrores da ditadura: militares obrigam o filho a fazer sexo com a mãe, toda ensanguentada em razão do aborto provocado por agressões dos fascistas.

Chile representa um paradigma político para nós, de esquerda. E há dois episódios no Brasil que ilustram e inspiram. Um deles foi o de Luiz Carlos Prestes, que mesmo depois de Olga Benário, sua mulher, ser deportada grávida para Alemanha de Hitler,  o Cavaleiro da Esperança subiu ao palanque do candidato a presidente e apoiou Getúlio Vargas, pois o bem maior era a defesa da democracia. E o outros nomes que foram gigantes na história foram os dos comunistas. Leonel de Moura Brizola, candidato a governador do Rio Grande do Sul, afirmou que não queria os votos do Partido Comunista. Ainda assim, cientes que o outro candidato significava retrocesso, os comunistas fizeram campanha e votaram no Brizola para governador.

Dito isso, e como afirmei no artigo  Lula tem vitória amarga, mas mas vencerá a  eleição,  uma parte da esquerda precisa reverter a mentalidade que o fascismo não é tão perigoso. Que o fascismo não é para tanto. Que  não oferece tanto risco. Que Onix Lorenzoni e Eduardo Leite são iguais. Sustentar essa tese é abrir de vez a porta para o fascismo no Rio Grande do Sul. Jair Bolsonaro já fez apologia a tortura e é admirador do Pinochet. Onix afirmou que fará a mesma política que o Bolsonaro fez no Brasil. Uma política do ódio, de perseguição, de violência policial, a negação da ciência e criar e fortalecer  escola cívico militar. Temos obrigação de quem milita no campo democrático de eleger o Lula para presidente e Eduardo Leite para Governador.


*Jornalista.

Imagem em Pixabay.

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