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Opinião

Lula tem vitória amarga, mas vencerá a eleição

Lula tem vitória amarga, mas vencerá a eleição

Artigo por RED
03/10/2022 06:00 • Atualizado em 05/10/2022 10:07
Lula tem vitória amarga, mas vencerá a eleição

De ALEXANDRE CRUZ*

Após o resultado da eleição do último domingo, o Brasil revela um país extremamente conservador e uma vitória amarga do Lula. Por que amarga? A expectativa era liquidar a fatura. E não se confirmou. Além disso, trouxe um dado preocupante: Jair Bolsonaro, segundo as pesquisas eleitorais, vinha atrás com número distante do primeiro colocado, saiu com cinco pontos de diferença.

Alarmante, pois no governo Bolsonaro, 33 milhões de brasileiros passam fome, sendo que o Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos. Alarmante que 686 mil brasileiros morreram de Covid, enquanto o governo Bolsonaro, junto com o então Ministro da Saúde Eduardo Pazuello, defendia a solução mágica da cloroquina em vez das vacinas. Graças a gestão do então governador de São Paulo,  João Dória, do PSDB, que se iniciou o processo da compra de vacinas. Uma observação: nesta eleição, Pazuello foi eleito deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro.

Na economia, temos um desemprego altíssimo, nos supermercados os preços seguem altos, o combustível ainda na hora da morte e lojas, salas comerciais, escritórios fechados e, assim mesmo, Bolsonaro obteve 43,20 dos votos de confiança dos brasileiros.

Como explicar tudo isso? O que importa na ótica do brasileiro conservador é a narrativa de costumes. As pautas conservadoras que o Bolsonaro consegue galvanizar e atrair votos da direita, principalmente no meio evangélico. Tivemos, não posso esquecer, apoio de jogadores de futebol como Neymar e do treinador do Grêmio, Renato Portaluppi. No país do futebol, é muito relevante a declaração de voto. Esta modalidade tem a mesma importância que a religião tem no Brasil.

Bolsonaro não ganhou a eleição, mas politicamente venceu. Com a eventual vitória do Lula, a extrema direita estará forte no Congresso Nacional. E pelo sistema político brasileiro, o Parlamento tem sido na política de contra pesos, uma instituição bem forte, onde tudo por ali passa: desde CPIs com a finalidade de desgastar governos até impeachment.

Esta eleição mostrou uma tendência de que o Brasil e o resto da América Latina estão no caminho de consolidar a democracia parecida com a estadunidense, onde, nos Estados Unidos, existem dois blocos, dois lados. Estamos enveredando para esta trajetória de política de blocos e não mais de partidos. E quando me refiro blocos, estou afirmando, sim, as Federações. O que era evidência, está virando um fato: vieram para ficar. O que não é ruim!

Jair Bolsonaro consegue virar o resultado eleitoral? Para contextualizar, no primeiro turno Lula fez 48,43% e o Bolsonaro 43,20%. O líder da extrema direita consegue reverter? Não! Jair Bolsonaro bateu no teto! O candidato do PL teria que tirar cinco milhões de votos, enquanto o Lula precisa apenas de um milhão. Além disso, o líder petista é muito bom de articulação. Por exemplo, não será difícil para o Lula acertar com o Ciro Gomes e o PDT o comprometimento de incorporar uma boa parte do programa de campanha dos pedetistas. Não há nenhum problema em firmar um acordo com o MDB da Simone Tebet que será inserido uma parte do programa da candidata emedebista.

No Rio Grande do Sul, a esquerda precisa reverter a mentalidade que o fascismo não é tão perigoso. Quase em outras palavras, se está afirmando que o candidato do Partido Liberal, Onix Lorenzoni, que bebe do fascismo, não é para tanto. Que não oferece tanto risco assim. Que a fim e a cabo, o Lorenzoni e o Leite são iguais. Que não!!!!! Quem sustenta essa tese está abrindo de vez a porta para o fascismo no solo pampeano.

O PT gaúcho não pode reproduzir que o oponente à Democracia Cristiana chileno, antes do golpe no Chile, dava sinais de dialogar com a Unidade Popular, mas foi a favor da derrubada do Allende, pois o DC achava que voltaria ao poder cedo. E demoraram para regressar, pois a ditadura permaneceu por muito tempo. Guardada as devidas proporções, o Partido dos Trabalhadores terá que apoiar o Eduardo Leite para Ônix não vencer a eleição.

Há que realizar acordo pontual com o PSDB. É assim que funciona nas democracias. Não há espaço para extremismo.

*Jornalista.

Foto em site do PT – Ricardo Stuckert.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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