Marcos do Val interrompe, sem querer, mais um plano contra Alexandre de Moraes

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O ministro do STF Alexandre de Moraes participa de solenidade do Dia do Marinheiro e de entrega da Medalha de Mérito Tamandaré, no Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília. Foto: José Cruz/Agência Brasil. 

De MOISÉS MENDES*

A revelação do novo plano do golpe de Bolsonaro, que previa o grampo de conversas de Alexandre de Moraes, fragiliza e talvez imploda um movimento com patronos na grande imprensa.

Políticos e líderes terroristas ainda impunes mandavam dizer a jornalistas amigos que já teria batido o cansaço em parte do Supremo e do TSE. E que alguns ministros se esforçam para conter Alexandre de Moraes.

A intriga, espalhada antes de aparecer a denúncia de Marcos do Val, seguiria o tom de uma orientação sempre requentada: deixem agora que a política dê conta da política. Parem de mexer com o que já foi mexido demais.

A etapa do pega-e-prende deveria ser superada pela fase ritualística da investigação sem pressa, com a abertura de inquéritos e processos. Que os ritos se encarreguem do que deve ser reparado.

Os mesmos ritos que até agora não repararam nada e ninguém pelos grandes conflitos nacionais entregues a decisões do Judiciário nos últimos anos, com crimes e imbróglios gerados dentro e fora da política.

Não é preciso citá-los de novo, para evitar o exagero da repetição. O brasileiro sabe de cor do que Ministério Público e Judiciário não conseguem dar conta.

Por isso é do interesse do bolsonarismo que as expectativas do país se submetam também ao ritmo dos acossados da extrema direita. Sempre com o latim da lentidão e da enrolação hermenêutica.

Mas Do Val mudou tudo. Um dia depois de Michelle avisar que o marido não teme ser preso, o senador surge com a história do plano do golpe que passaria pelo grampo contra Moraes.

O cansaço do STF, do TSE e de Moraes é uma miragem do fascismo. Impunes exauridos pela possibilidade de se juntarem a terroristas presos na Papuda espalham que Moraes é que estaria exausto. E os jornalões se encarregariam de propagar a novidade e testar reações.

Na mesma linha, setores do Ministério Público insistem na defesa da libertação dos terroristas do 8 de janeiro, de acordo com a graduação de cada um.

Mas, antes mesmo de saber se o comando do Senado seria tomado pelo bolsonarismo, Rosa Weber e Moraes mandaram recados, na quarta-feira, aos emissários dos panos quentes.

Rosa Weber afirmou, na cerimônia de retomada de atividades do STF, que “a clava forte da Justiça” irá alcançar “os que a conceberam, os que a praticaram, os que a insuflaram e os que a financiaram” o terrorismo contra os três poderes.

Alexandre de Moraes foi na mesma linha, na reabertura dos trabalhos da Justiça Eleitoral:

“Os financiadores, incentivadores e agentes políticos que se portaram dolosamente, pactuando covardemente com a quebra da democracia e a instalação de um estado de exceção, serão responsabilizados”.

Este recado de Moraes foi direto aos que apostam no seu cansaço:

“A democracia brasileira não suportará mais a ignóbil política de apaziguamento”.

A presidente do STF e o presidente  do TSE pedem calma e confiança aos que cobram o fechamento do cerco a manezões mandantes, incitadores e financiadores da tentativa de golpe.

Não há o que apaziguar. Muito menos agora, quando é preciso que se desvende o plano contra Moraes, para desmoralizar a Justiça Eleitoral e impedir a posse de Lula.

O cansaço visível é o da extrema direita, derrotada no Senado no dia em que a improvável e inacreditável mensageira do fascismo era Michelle Bolsonaro.


*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim)

Publicado originalmente no  Blog do Moisés Mendes.

Foto: José Cruz/Agência Brasil.

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