CORRESPONDENTE POLÍTICO: Governo em compasso de espera com União/PP

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Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã

Do alto da escada que leva ao Salão Negro do Congresso, onde uma multidão se espremia para ver a solenidade de criação da federação União Brasil/PP, batizada de “União Progressista”, um integrante do MDB observa a cena. Diante de comentários mais inflamados de alguns, prometendo que a federação tendia a se afastar do governo Luiz Inácio Lula da Silva, esse emedebista dizia: “Não sai. Mas também não entra”. Esse é um resumo perfeito da complicadíssima relação de Lula com os partidos do Centrão que compõem a sua base. Em seu terceiro governo, Lula vive uma situação bem diferente do que eram as alianças nos dois anteriores. Partidos e parlamentares hoje dependem muito menos de ser governo.

Capitalismo

Estar no governo hoje está muito mais relacionado ao tipo de capitalismo brasileiro, no qual os setores que esses partidos representam dependem do Estado. Algo muito evidente no agronegócio, por exemplo. É isso o que faz com que o Centrão seja e não seja governo.

Independência

Do ponto de vista meramente político, a independência obtida na utilização dos recursos orçamentários e nas verbas de campanha faz com que os partidos dependam menos do Executivo. É bem menos de dentro do governo que a política se financia.

Sucesso do governo não necessariamente é do político

Como Lira e Lula: relações sempre delicadas | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Os partidos do Centrão são agrupamentos regionais. Em cada estado, movimentam-se de acordo com o humor local. Se o estado é mais oposicionista, como os do Sul, o partido será mais oposicionista. Se o estado tende mais ao governo, como no Nordeste, será mais governista. Nesse sentido, o eventual sucesso nacional do governo não necessariamente significa sucesso local para o político. Especialmente no caso dos partidos mais conservadores aliados do governo, o eleitor desses partidos na grande maioria das vezes não é eleitor de Lula. Assim, o partido que em Brasília apoia o governo é o mesmo que o critica no estado.

Ministros

Assim, eventuais ministros passam a ser parte de planos específicos. No Brasil, quase todos os setores privados dependem de incentivos e outros benefícios dos Estados. Que os ministros administram. Mais e mais, a base do governismo vai passando a ser essa.

Projetos

E criam, assim, ali projetos específicos de poder. No caso do MDB do observador, é o caso dos planos de Renan Filho, nos Transportes, ou Jader Barbalho Filho, nas Cidades. No caso do União Brasil, assim ocorre em pastas como a do Turismo, com Celso Sabino.

Vice

Sabino chegou a defender que o União Brasil deveria indicar o vice de Lula em 2026. O emedebista duvida. Como também duvida que progrida no próprio MDB essa pretensão de disputar o cargo com o PSB, do atual vice, o ministro Geraldo Alckmin.

Nacional

Justamente porque entrar oficialmente na chapa implica apoio integral, nacional. Algo que cada vez mais não parece interessar aos partidos do Centrão pelos problemas locais que iria gerar. Em São Paulo, por exemplo, o MDB quase que certamente será oposição.


*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade

.Publicado originalmente no Correio da Manhã.

Foto de capa: União meio barro, meio tijolo | Reprodução/Instagram Rueda

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