CORRESPONDENTE POLÍTICO: Desafios na comunicação marcam governo Lula

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Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã

Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficasse apenas na superfície do que diz a pesquisa Genial Quaest poderia dizer que sua situação, embora não seja boa, estabilizou-se. Afinal, o índice de desaprovação passou de 56% para 57% de uma rodada para outra. Ou seja, uma oscilação dentro da margem de erro. O problema é o que há a partir daí nas demais camadas de leitura da pesquisa. E o dado que parece mais preocupante para o presidente é seu governo é que saiu Paulo Pimenta e entrou Sidônio Palmeira e a comunicação continua muito ruim. Isso fica claro por um dado que demonstra que Lula poderia reverter boa parte da sua popularidade se aquilo que o governo faz fosse mais conhecido pela população do país.

Caviar

O problema é que esses programas lembram aquela canção de Zeca Pagodinho sobre “Caviar”. Diz a pesquisa que 60% dos entrevistados nunca “ouviram falar” desses programas. Quem conhece, em média, segundo a Genial/Quaest, os aprova numa média de 79%.

Mídia

Seria fácil culpar a “mídia”. Mas há muito tempo não é pela “mídia” tradicional que as pessoas se informam. O governo perde diariamente a batalha para a sua oposição nas redes sociais. O caso do INSS é um exemplo veemente desse problema, que impactou Lula.

Presidente vai perdendo sua base de baixa renda

Crise do INSS lesou aposentados | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Entre essas realizações que quem conhece diz que aprova está a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil. Algo que poderia impactar exatamente a classe média e a população de baixa renda que, segundo a pesquisa, Lula vai perdendo. Em julho de 2024, a desaprovação de Lula na baixa renda era de somente 24%. Na rodada de março, já tinha subido para 45%. Agora, bateu 49%. E uma das razões pode estar exatamente na guerra de narrativas a respeito de quem é responsável pela crise do INSS. Segundo a investigação, as fraudes começaram em 2019. Mas quase ninguém aponta esse dado para o governo anterior.

Esperança

O governo, porém, tem algumas esperanças. Os líderes estão com a expectativa de que, depois das festas juninas, as coisas deverão começar a fluir melhor no Congresso, permitindo um tempo de menor paralisia e aprovação de temas importantes para reverter o quadro.

Inflação

A pesquisa já mostra uma melhora na percepção das pessoas quanto à inflação e o impacto dos preços nas suas vidas. Há quem leia que não fosse a crise do INSS talvez essa rodada da Quaest já apresentasse uma recuperação da popularidade do governo e do presidente.

Paralisia

Mas imaginar que a vida no Congresso só vai começar depois das festas juninas é um grande avanço do ditado de que a vida no Brasil só começa depois do carnaval. Até agora, muito pouco avançou no Congresso. E cada queda de popularidade aumenta o preço.

Zambelli

Outro fio de esperança está numa mudança nos ares políticos. A fuga de Carla Zambelli para o exterior pode aumentar as complicações de Jair Bolsonaro. E ajudou a esvaziar os discursos de vitimização em torno do projeto de anistia do 8 de janeiro, que subiu no telhado.


*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.

Publicado originalmente no Correio da Manhã.

Foto de capa: Com Sidônio, comunicação segue um problema | Jose Cruz/Agência Brasil

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Uma resposta

  1. Confiar nesse Congresso para melhorar alguma coisa de aprovação do governo e dar tiro no pé; é descer ladeira abaixo; é cegueira total de avaliação. Loucura

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