Por ANGELO CAVALCANTE*
Vivemos tempos estranhos… Muito estranhos!A democracia não se consolida mas também e, paralelamente, não há espaço para golpes, sobretudo, golpes típicos e assentados em quarteladas tão ao estilo vil, servil e latinoamericano dos anos de 1960/1970.
O que isso, contudo, quer dizer? Quer dizer que a direita está indefesa, quieta e respeitosa aos preceitos e determinações constitucionais?
Nada disso… Como se diz, com essa direita quando não estamos em golpes e ditaduras é que ela está preparando golpes e ditaduras.
Todos vimos… Por bem pouco, Bolsonaro não marcha orgulhoso e triunfante sobre Brasília com o cadáver de Lula sendo arrastado pelo _Rolls-Royce_ presidencial e sobre as mãos uma bandeja de prata com o cocoruto de Alexandre de Moraes.
Parte desse quadro distópico é a abjeta visão dos gramados e arvoredos da Esplanada dos Ministérios entupidos por uma malta de ogros e _orcs_ afiliados ao fascismo brasileiro e, entre brados e lágrimas, urrando ensandecida: ” _mito, mito, mito.._ “.
Felizmente essa desgraça não apeteceu… Ao menos essa, por enquanto, não se deu!
De outro modo, *o golpismo é a principal instituição política do Brasil*! Essa tragédia está entranhada, internalizada e posta no cotidiano, no subliminar e na subjetividade da própria vida política nacional.
Como dizem nossos irmãos religiosos, é ” _orar e vigiar_ “! O filósofo francês Michel Foucault, em devastadora crítica ao poder e às suas nuanças de controle, ensina: ” _vigiar e punir_ “!.
Pois sim, enquanto a lástima do próximo golpe não chega, vamos “brincando” de democracia… E no arrebol desse 2025, os primeiros levantamentos para o pleito de 2026 estão sendo elaborados. O tradicional e metódico Datafolha vai revelando ensaios de pesquisas eleitorais para o “combate nas trevas” (cf. Gorender) de 2026 e o resultado é o esperado…
Lula, ” _paruano_ “, um lúcido e atento senhor de 80 anos é, disparado e sem concorrentes, a principal escolha do povo brasileiro.
Mas repara… Não há concorrente para Lula; some-se Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Caiado, Gustavo Lima, João Mineiro e Marciano, Roberta Miranda, Felipe e Falcão, Luciano Hulk, Tony Stark ou a Curupira das matas e florestas brasileiras que não dão um candidato ao ponto de alterar a mão pesada de Luís Inácio sobre as eleições do ano que vem.
O adversário possível e com algum peso político e eleitoral seria Jair Bolsonaro e que, como se bem sabe, está fora, excluído de qualquer pleito político, dada a sua pétrea e irrevogável inelegibilidade.
Não é mole…
Sem direitos políticos, Jair não pode disputar uma vaga no conselho de pais da escola de sua filha fleumática. Sujo e malcheiroso feito “pau de galinheiro” sua defesa, por sinal, uma boa banca de juristas, nem de longe, consegue explicar a morte de setecentos mil cidadãos brasileiros pela covid-19, um combinado de imprudência, imperícia e incompetência sob o comando do ex-capitão.
Do mesmo modo, não traduz a rasgada fraude da carteira de vacinação do ex-presidente; como também, não diz ” _a_ ” sobre o escancarado tráfico de jóias árabes e conduzido pelo _staff_ de Bolsonaro com, é claro, sua ampla e discreta anuência.
Pois bem, 2025 é, como se diz no meu bom nordeste de guerras, o ” _amola facas_ ” para 2026. Ainda assim, nessa ” _neverland_ ” e que é o Brasil, tudo – *ABSOLUTAMENTE TUDO* – pode acontecer; em consonância com o parafraseio de certo alemão de nome Karl Marx: ” _tudo o que é sólido se desmancha no ar_ “. Por essas bandas… É mais ou menos assim!
Ao fim, esse breviário é, sobretudo, para alertar aos progressistas, aos brasileiros efetivamente comprometidos com o paradeiro, os rumos e destinos dessa sofrida pátria de que 2026 começou e tudo importa, tudo sugere, soma e se combina para o imenso conflito do ano que vem e que promete ser das maiores batalhas de nossas vidas.
Sabem por quê?
Porque o ódio não tem coração, não tem olhos ou limites e se justifica em si mesmo; para o específico caso brasileiro, se explica na repulsa dada e aberta ao ideal de um Brasil justo, igualitário e soberano.
*Angelo Cavalcante_ – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.
Foto de capa: Poderes, em Brasília | Foto: Joedson Alves-Agência Brasil
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