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Carta aos Evangélicos

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Carta aos Evangélicos
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Por J. CARLOS DE ASSIS* Talvez vocês não estejam diretamente informados disso, mas podem acreditar que a bancada evangélica da Câmara, no mesmo dia em que ajudou a impedir a votação de um projeto para agravar a lei contra a pedofilia, apoiou um  outro que pretende liberar todo tipo de jogos no Brasil. Com isso, seus filhos estão expostos a dois riscos morais de extrema gravidade: o estímulo indireto às práticas sexuais com crianças, e um vício que afeta justamente o povo pobre que gasta o pouco que tem para tentar a sorte num jogo de azar que só beneficia ricos. Talvez vocês não saibam também que, apenas em agosto, pessoas que ganham o  Bolsa Família de R$ 684 mensais, dinheiro que dificilmente dá para uma família viver - considerando os preços dos produtos alimentares cobrados atualmente nos supermercados -, gastaram cerca de R$ 3 bilhões com jogos eletrônicos. Isso dá ideia do desespero dos pobres ao ponto de trocarem o pouco dinheiro garantido que ganham do Governo pelas fortunas milionárias imaginárias que a propaganda dos jogos dos ricos lhes empurra goela abaixo. Dirijo-me principalmente aos evangélicos de “coração puro”, que, entre vocês, imitando Jesus, estendem sua mão para proteger as criancinhas, às quais ele prometeu o Reino dos Céus. Jesus também se colocaria frontalmente contra a exploração de jogos de azar que favorecem os ricos, em detrimento dos pobres, porque ele sabia claramente que o jogo apenas promete uma falsa riqueza, em troca do pouco dinheiro conquistado com sangue e suor pelos trabalhadores e trabalhadoras pobres. Escrevo principalmente para adverti-los sobre os candidatos a cargos públicos que vão escolher nas próximas eleições gerais em 2026. Pensem bem. Vejam quais são seus partidos. Na internet, a que seus filhos adolescentes poderão ter acesso, verificarão quais deles estão indiretamente a favor da pedofilia, e quais estão contra. E quais são pelo jogo sujo que já escraviza milhões de brasileiros pobres, ou são contra ele. Então escolham os deputados federais e os senadores em que vão votar, sobretudo os que vão tentar a reeleição, pois estes são os constituirão o Congresso depois de 2026 e definirão as leis que os regerão até 2030. Tenho vários amigos evangélicos, sinceros, dedicados à causa de Deus. Acompanho, porém, pela televisão e em conversas particulares, alguns que se utilizam de uma falsa “palavra de Deus” para achacar gente pobre e se enriquecerem pessoalmente. Perguntei a uma pastora de Brasília, que indiscutivelmente está do lado “puro” da igreja, porque os pastores responsáveis e sinceros não denunciam os hipócritas. Ela me respondeu com simplicidade: “Não nos metemos com outras igrejas ou pastores. Terão que dar conta de seus atos quando se apresentarem diante de Deus!” Aqui na terra, pastores que se dedicam principalmente à política, como Silas Malafaia, não mostram qualquer sinal de receio quanto ao Julgamento Final. Literalmente vendem a seus fiéis, por alto preço, a entrada no Paraíso. Nas igrejas de Malafaia, as contribuições sugeridas aos frequentadores, indicadas pessoalmente pelo pastor, são apresentadas num quadro bem visível e começam com mil reais e vão abaixando até 50 reais. Nesse ponto ele diz: “Quem não tiver 50 reais para a oferta pode sair imediatamente da igreja.” Na Universal, onde as contribuições indicadas pelos pastores começam com 500 reais e baixam também até 50, o achaque se dá através da venda de “produtos” que supostamente trazem benefícios materiais fantásticos aos fiéis, além dos “espirituais”. Dentre eles, encontram-se tijolos (para obter a ajuda de Jesus a fim de comprar ou construir uma casa), pedaços “milagrosos” de gravatas do pastor, toalhinhas, flores e outros produtos “abençoados” que beneficiariam os compradores com curas e outros milagres. . Pode-se pagar esses “produtos” de qualquer forma: Pix, cartão de crédito, transferência bancária ou em dinheiro. Assim, sequiosos pelas contribuições, facilitam a vida dos fiéis para os pagamentos.  Podem também doar bens materiais em troca dos benefícios prometidos, espirituais e materiais. Sou íntimo de uma senhora que vendeu sua única televisão para dar o dinheiro para uma igreja de Malafaia. Ela é fascinada por suas pregações. Não adiantou que eu ponderasse que ela precisava ver se tudo aquilo não passava de uma trapaça política demagógica, em nome de Jesus, para extrair  dinheiro do povo ingênuo, sobretudo pobre. Tudo isso torna toda a sociedade extremamente vulnerável do ponto de vista político. É que muitos de vocês, com grande boa fé, não procuram saber quais os verdadeiros propósitos dos pastores “podres”, que escondem suas intenções que parecem moralmente conservadoras para os induzirem, na prática, a aceitarem um conservadorismo político que os impede de se beneficiar do desenvolvimentismo econômico. Os pastores que se tem enriquecido barbaramente no Brasil, acumulando patrimônios pessoais altíssimos (o Estado de S. Paulo mostrou uma lista deles), são aparentemente conservadores em moral, mas geralmente ignorantes em economia. Assim, aliam-se no Parlamento à direita ou à extrema direita econômica e, pela força de seu número, contribuem decisivamente para barrar quaisquer políticas no interesse real do povo. Muitos evangélicos ingênuos, como eu soube, participaram da quebradeira da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Um pastor tentou me convencer posteriormente que deveriam ser anistiados, pois, na verdade, a maioria deles teria sido atraída para Brasília em nome da fé e sem saber exatamente qual era o propósito da marcha. Agora, com as investigações da Polícia Federal, ninguém pode ignorar qual era: matar Lula, Alckmin e o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, mergulhando o País no caos. Obviamente, se isso não os chocou, é porque não têm qualquer respeito pela vida humana e pela tranquilidade e paz no País. É muito difícil convencê-los dos riscos para o Brasil das atitudes ingênuas que assumem sob influência da religião. A maioria daqueles aos quais  essa carta se dirige não a lerá, mesmo porque não tem acesso à internet, onde está sendo publicada; os que a lerem provavelmente não concordarão com ela, pois estão obcecados pelos sermões da direita e da extrema direita dos “pastores políticos” , onde impera a mentira descarada para enganar o povo; e os poucos que concordarem com ela serão uma minoria insignificante, que não terá peso para mudar a composição do Congresso em 2026 a favor do desenvolvimentismo. Com  isso, o País continuará subjugado ao jogo reacionário do Centrão, onde os evangélicos têm peso significativo, a não ser que ao menos parte deles abra os olhos para ver o que está acontecendo no Brasil por fora das igrejas dominadas pelos “pastores políticos”, que podemos chamar também de “sujos”.   *J. CARLOS DE ASSIS é jornalista, economista, doutor em Engenharia de Produção, professor aposentado de Economia Política da UEPB, e atualmente economista chefe do Grupo Videirainvest-Agroviva e editor chefe do jornal online “Tribuna da Imprensa”, a ser relançado brevemente.    Foto de capa: Mariana Aldano/TV Globo Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.      

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Golpistas indiciados pela PF, inclusive Bolsonaro

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Golpistas indiciados pela PF, inclusive Bolsonaro
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PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Heleno, Ramagem, Valdemar e mais 32 em inquérito sobre tentativa de golpe Notícia do G1 Ex-presidente e seu candidato a vice na eleição de 2022 vão responder por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. General Augusto Heleno, Alexandre Ramagem e Valdemar da Costa Neto foram indiciados pelos mesmos crimes. A Polícia Federal indiciou nesta quinta-feira (21) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-integrantes de seu governo por abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa (veja abaixo as penas para cada um desses crimes). O indiciamento ocorre no inquérito que investiga a tentativa de golpe de estado para manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota para Lula (PT) nas eleições de 2022. Desde o ano passado, a PF investiga a tentativa de golpe de Estado e iniciativas nesse sentido que ameaçaram o país entre 2022 e 2023, após Lula ter sido eleito — vencendo Bolsonaro nas urnas — e até pouco depois de ele ter tomado posse. O relatório final do inquérito, que tem mais de 800 páginas, foi concluído no início da tarde e vai ser entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caberá à Procuradoria-geral da República (PGR) denunciar ou não os indiciados ao Supremo. Caso a Corte aceite a denúncia, eles se tornam réus e serão julgados. Veja as penas previstas: Golpe de Estado: 4 a 12 anos de prisão; Abolição violenta do Estado democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão; Integrar organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão. Veja a lista de todos os indiciados: AILTON GONÇALVES MORAES BARROS ALEXANDRE CASTILHO BITENCOURT DA SILVA ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM ALMIR GARNIER SANTOS AMAURI FERES SAAD ANDERSON GUSTAVO TORRES ANDERSON LIMA DE MOURA ANGELO MARTINS DENICOLI AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA BERNARDO ROMAO CORREA NETTO CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI CLEVERSON NEY MAGALHÃES ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS FILIPE GARCIA MARTINS FERNANDO CERIMEDO GIANCARLO GOMES RODRIGUES GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA HÉLIO FERREIRA LIMA JAIR MESSIAS BOLSONARO JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA LAERCIO VERGILIO MARCELO BORMEVET MARCELO COSTA CÂMARA MARIO FERNANDES MAURO CESAR BARBOSA CID NILTON DINIZ RODRIGUES PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS TÉRCIO ARNAUD TOMAZ VALDEMAR COSTA NETO WALTER SOUZA BRAGA NETTO WLADIMIR MATOS SOARES Veja íntegra da nota da PF sobre o indiciamento: A Polícia Federal encerrou nesta quinta-feira (21/11) investigação que apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder. O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário. As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos: a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado; c) Núcleo Jurídico; d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas; e) Núcleo de Inteligência Paralela; f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas   Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Originalmente publicado pelo site G1, em 21/11/2024 Foto da capa: Bolsonaro preso - Montagem/Redes Sociais

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Por que se Calam?

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Por que se Calam?
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Por ADELI SELL* Diante do vasto noticiário sobre as tentativas de assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, o Ministro do STF. Alexandre de Moraes ouvimos poucas vozes das autoridades. Por que se calam? Mas vem do Sul, do governador rio-grandense Eduardo Leite (PSDB) uma voz de lucidez. Ele defende ainda uma "punição rigorosa" aos envolvidos no plano. "Comprovados os indícios, todos os envolvidos nesta trama, em todos os níveis, precisam receber uma punição rigorosa. Qualquer ação que vise desestabilizar nosso sistema democrático deve ser severamente combatida", acrescentou o tucano. Na contramão da democracia Poucos discursos, alguns do PT e Boulos, e a contramão dos representantes do fascismo apareceu. Falam de “conversa fiada” o Coronel Chrisóstomo (PL-RO), Luiz Lima (PL-RJ), e é claro o gaúcho pimpão Bibo Nunes, também do PL. Pois, a coragem destes parlamentares de não repudiarem, mas defender o indefensável. Pior de tudo isto, foi a fala do filho de Bolsonaro no Senado, Flávio Bolsonaro, que ameaçou mais uma vez Alexandre de Moraes, caso não houvesse anistia para os golpistas de 8 de janeiro. Sem anistia Faço eco ao Ministro Alexandre quando diz que o nível da "agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição". Estes são os males que assolam o país desde o golpe contra a presidente Dilma. A discordância das instituições levando agressivamente aos ataques de ódio às pessoas, algo só visto nos tempos do nazismo na Alemanha. A América Latinha vivera este terror de Estado, dos bandos de assassinos em nome de suas posições, contra a democracia no Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.   “Homo res sacra homini” Neste momento tenebroso de descobertas de golpes e planejamento de mortes de um presidente leito, temos que nos lembrar do General Flores da Cunha, do Rio Grande do Sul. Ao saber da morte de Adão Latorre, o adversário maragato que ficou famoso pelas degolas de 1893-95, Flores da Cunha tinha como princípio o respeito pelas pessoas: “o homem é sagrado para o homem”. Ordenou que seu corpo fosse respeitado. E outro gesto nobre dele foi com a rendição de Honório Lemes, este iria lhe entregar as armas, ao que Flores teria dito:        - “Não quero suas armas, general Lemes. Não se tira as armas de um general gaúcho”. Ou seja, “o homem é sagrado para o homem”. Por que se calam? Por isso, volto à carga, com uma pergunta que qualquer democrata em outros tempos faria: “por que se calam”?   *Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito. Foto de capa: Francisco Wanderley Luiz, 59, é chaveiro e foi candidato a vereador, em 2020, pelo Partido Liberal (PL) em Rio do Sul (SC). (Foto: Reprodução) Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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Reflexões de uma Comunista – Novembro 2024

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Reflexões de uma Comunista – Novembro 2024
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Por SILVANA CONTI* Escrevi este desabafo - poema ao longo do tempo nas lutas. Compartilho neste novembro, acreditando que nosso campo político precisa construir cada vez mais a unidade na luta, com pautas da classe trabalhadora que dialoguem com as necessidades concretas e objetivas para melhorar a vida do povo. Precisamos estar juntas/os e do lado certo do leito da luta.   Viva a classe trabalhadora! “A fome, o desemprego, a insegurança alimentar, a violência, têm cara, cor e gênero em nosso país. Às vezes grito, empurro a porta com força, choro baixinho e bem alto, mas não me conformo, sigo sempre na luta. Tantas perguntas que não querem calar! Meu peito, meus pensamentos, meus sonhos, se misturam no concreto e pelo ar. Racismo mata e machuca! Machismo destrói e inculca que somos mercadorias, objetos, abjetas, reféns da hipocrisia, da sociedade e do capital. A opressão de classe continua implacável, injusta, abominável marca que divide os “bons” e os “maus”. Qual a medida da dignidade? Porque uns tem palácios e muitos(as) não tem pão? Binarismo selvagem que tira a dignidade, o chão, mata os sonhos e as vontades, capitalismo cruel. Racismo disfarçado... LGBTfobia velada, que encaixota, suspende, prende mentes e corações dentro de armários, dentro de prisões. Tantas perguntas, tantas mentiras, tantas misérias, tantas histórias mal contadas. Os navios negreiros não transportaram escravas/os, e sim mulheres e homens cheias/os de ciência, cultura, criatividade que foram arrancadas/os, roubadas/os do seu continente, e escravizadas/os. O ministério das humanidades adverte: Os direitos sexuais e reprodutivos fazem bem à saúde. “Respeitem meus cabelos, brancos/as”. O armário traz sofrimento, mas quem está lá também precisa ser respeitado/a. Quem é racista: Assuma! Reveja seus conceitos e ações. Machistas de plantão: Sempre é tempo de se recuperar desta doença terminal. Por fim, ou para começar: Precisamos de unidade na luta para avançar! A escala de trabalho 6×1 carrega marcas de classe, gênero e raça, afetando especialmente as trabalhadoras em condições mais precárias e com remunerações mais baixas, são mulheres negras e periféricas. Essas mulheres, ainda são sobrecarregadas com o trabalho doméstico e de cuidado familiar, são privadas de descanso, qualificação profissional, lazer, educação e autocuidado, o direto de sonhar lhes é negado. Capitalismo – desumano e cruel! Vamos jogar os preconceitos fora! Vamos unir nossas bandeiras! Vamos ampliar nossas fronteiras! Quem sabe, cantamos a mesma música? Quem sabe, damos um grito de liberdade? Quem sabe a luta pelo socialismo se torna a bandeira da nossa unidade! Vamos ocupar as ruas, as redes, das periferias ao centro! Bora transformar e construir junto com o povo! Como dizia nosso grande camarada João Amazonas: “Tendo a unidade como bandeira da esperança, e a chave da nossa vitória.”     Algumas reflexões sobre o trabalho e o papel do Estado xO trabalho como categoria que funda o ser social está presente em qualquer sociedade, porém, o que vai alterar não é a base ontológica dele, mas a forma que se configura em cada sociedade ao longo da história. O trabalho em Marx, apresenta uma dúplice determinação: é trabalho útil concreto, destinado a atender as necessidades humanas e trabalho abstrato, inerente à sociedade capitalista, em que predomina o valor de troca, destinado à acumulação e reprodução de capital. Historicamente, as mudanças na base material e organizacional dos processos de produção requisitaram também mudanças no papel do Estado, visando regular as relações sociais e garantir a legitimação do capital. Claro que isso se deu a partir do momento em que a luta da classe trabalhadora por melhores condições de vida e de trabalho colocou em evidência a dimensão política da questão social, ao requisitar do Estado medidas de proteção social conformadas através dos direitos sociais. Os contextos da sociedade capitalista que vivemos vão imprimir ao Estado diversas funções e características distintas, por vezes ampliando e suprimindo suas intervenções. O Estado é um fenômeno especificamente capitalista, garantidor, de um lado, das trocas de mercadorias; por outro lado, da exploração da força de trabalho na condição assalariada. Um terceiro, essencial para as relações capital e trabalho. De modo que o Estado não surge com a conotação negativa de repressão, mas sim afirmativa de constituição social, ainda que necessária seja a repressão para a harmonização das forças inerentes à circulação mercantil e produtiva. Sob a égide do neoliberalismo, as estratégias do grande capital não se limitaram às reformas de natureza econômica. As restrições sociopolíticas abarcaram, na mesma proporção, a reforma do aparelho estatal e sua relação com a sociedade. Assim, se a inserção no mundo do trabalho já não garante a universalidade do acesso às políticas de proteção social a todos os(as) trabalhadores(as) assalariados(as), nos últimos anos após 2016, a conjuntura só piorou. No cenário atual, mesmo compreendendo a correlação de forças do Congresso Nacional, e a correlação de forças do governo federal, a possibilidade dos cortes no seguro-desemprego e multa por demissão sem justa causa, além de considerar a redução de outros benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), um grande equívoco. A pauta do ajuste fiscal é um motivo de desconfiança, desgaste e diminuição de direitos de um povo tão sofrido e sem esperança. Toda retirada de direitos é um impacto negativo na vida do povo brasileiro, os direitos sociais são investimentos, e não gastos que podem ser cortados. Sabíamos que as eleições de 2024 seriam a antessala de 2026, portanto, a frente ampla ganha importância ainda maior. Impõe-se reforçar a aliança com a centro-direita, neutralizar a direita e prosseguir isolando a extrema-direita para derrotá-la, sem que isso implique rebaixar o papel decisivo da esquerda e do conjunto do campo democrático e progressista, condição para a frente ampla ter sustentação e condução consequente, com apoio e mobilização do povo. Nos encontramos na luta.   REFERÊNCIAS ANTUNES, Ricardo. O Sentido do Trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.   MARX, Karl. A origem do capital: a acumulação primitiva. São Paulo: Ed. Global, 1989.   WERNECK, Jurema. Racismo Institucional, uma abordagem conceitual. Geledés - Instituto da Mulher Negra, 2013.   *Silvana Conti é Presidenta do PCdoB/Porto Alegre, mestra em Políticas Sociais, militante lésbica - feminista, militante da luta antirracista. Foto  de capa: Cris Leite Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.            

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Valencia, Porto Alegre e o Planeta em Agonia

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Valencia, Porto Alegre e o Planeta em Agonia
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Por CELSO JAPIASSU * As tempestades e inundações que atingiram o leste da Espanha, principalmente a região de Valência, provocaram 210 mortes confirmadas e um número desconhecido de desaparecidos. As chuvas torrenciais causaram grandes estragos. Valência recebeu em 8 horas mais água do que nos 20 meses anteriores. Os valencianos, revoltados com a falta de ação das autoridades na prevenção do desastre, jogaram lama no rei Felipe VI, na rainha Letizia e no primeiro-ministro Pedro Sanchez quando eles faziam uma visita de solidariedade aos moradores. A cidade vivia uma tragédia que serve como um lembrete sombrio das ameaças que a humanidade enfrenta. Não há mais dúvidas de que as mudanças climáticas são a causa dos problemas ambientais que ocorrem hoje em todas as regiões do planeta. O aquecimento global, causado principalmente pela emissão de gases de efeito estufa, está levando a um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como foram as enchentes em Valencia e, pouco tempo antes, em Porto Alegre, onde foram confirmadas quase cem mortes. O nível do rio Guaíba atingiu 5,33 metros, o maior da história. Tanto em Valencia quanto em Porto Alegre houve atrasos na emissão de avisos à população, que não está preparada sobre como agir em caso de inundações. A ciência comprova que a causa desses dois desastres, como a de outros eventos extremos em todo o mundo, foi a emissão de gases poluentes, principalmente CO2, CO e SO2, a queima de combustíveis fósseis, leia-se petróleo, desmatamento e queimadas e as atividades industriais intensivas. As consequências são o aumento da temperatura média global, derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar. Agora mesmo terminou o mês de outubro e o Serviço para as Alterações Climáticas do Copérnico registrou num gráfico como as temperaturas médias dos meses de 2024 têm estado bastante acima das temperaturas médias do ano passado. Os cientistas já se permitem declarar que estamos perante o ano mais quente desde sempre. Junto a isso, dizem os cientistas, nos centros urbanos as pessoas começam a ter problemas respiratórios e cardiovasculares e dá-se a formação de ilhas de calor, chuva ácida e o efeito estufa. A poluição da água compromete a saúde humana e os ecossistemas aquáticos. Sobrevém a falta de água. A degradação do solo afeta a biodiversidade e a produção de alimentos e as causas imediatas são o uso intensivo de agrotóxicos, a mineração e a atividade industrial. O solo perde a fertilidade, os lençóis freáticos são contaminados.   A destruição A humanidade provoca a própria destruição. A perda acelerada da biodiversidade ameaça a estabilidade dos ecossistemas com o desmatamento e a destruição do habitat das espécies, caça e pesca predatórias, com impactosNBna segurança alimentar e na saúde humana. "A era do aquecimento global acabou, disse o secretário geral da ONU Antônio Guterres. Começou a era da ebulição global". Os termômetros já acusam mais de cinquenta graus centígrados em algumas regiões do planeta. O mês de julho deste ano foi o mais quente de que se tem notícia desde que começaram a se fazer registros da temperatura na Terra. Os dados foram confirmados pelo Copernicus, programa de observação da terra da União Europeia. A Expedição Mosaic, que explorou o Ártico durante 389 dias a bordo do quebra-gelo alemão Polarstern, defrontou-se com a surpresa de muito pouco gelo no Polo Norte. O líder da expedição, Markus Rex, disse que “se as alterações climáticas continuarem como estão, em algumas décadas teremos um Ártico sem gelo no verão”. E acrescentou que viu apenas uma calota derretida, fina, com lagos a perder de vista. Voltou com uma certeza: “o Ártico está dez graus mais quente que há vinte e cinco anos”. Antje Boetius, diretor do instituto alemão Alfred-Wegener, que coordenou a expedição, disse que a placa de gelo polar tem metade da espessura que tinha há 40 anos. O Conselho de Direitos Humanos da ONU publicou seu relatório destacando que os países mais pobres serão os mais afetados pela fome e pelas doenças que se intensificarão com as mudanças no clima. O Acordo de Paris, um protocolo em que 194 países se comprometem a reduzir a emissão de gases poluentes, foi assinado em 2015 e esteve sob ameaça de fracasso quando o segundo maior emissor, os Estados Unidos, responsáveis por quase 18% da poluição mundial, retiraram sua assinatura em 2020, no governo Trump, mas voltaram em 2021. A ONU declara que as alterações climáticas representam uma emergência sem precedentes. Nunca a destruição foi tão rápida e a comunidade internacional está falhando no combate a essa crise. Os últimos cinco anos foram os mais quentes de toda a lembrança humana e a temperatura média aumentou quase 1 por cento. A Organização Mundial de Meteorologia – OMM - acredita que, na trajetória atual, o mundo caminha para um aumento de temperatura de 3 a 5 graus Celsius até o final do século.   O consumismo Os hábitos de consumo dos povos, a obsolescência programada e o desleixo na gestão de resíduos, aliados à baixa conscientização sobre reciclagem e reutilização agravam a deterioração do meio ambiente com a poluição do solo, água e ar. Há proliferação de vetores de doenças e impactos na vida marinha devido ao lixo plástico nos oceanos. Eventos como as enchentes em Valencia e Porto Alegre são sintomas da amplitude dos problemas ambientais complexos e interconectados. Os cientistas recomendam enfrentá-los com ação governamental, inovação tecnológica, mudanças nos padrões de consumo e produção e, o que talvez seja mais difícil, um compromisso de todos os países com a sustentabilidade. Talvez seja a única maneira de garantir um planeta habitável para as gerações futuras. Em todos os encontros oficiais para tratar do clima, nos editoriais da imprensa, em todas as discussões sobre o assunto e mesmo diante da opinião pública internacional, o Brasil durante o governo Bolsonaro foi condenado como um grande vilão, um dos maiores responsáveis pela ameaça à vida no planeta. A Europa ameaçou rejeitar o acordo comercial com o Mercosul, que levou mais de vinte anos de negociações, por causa da posição do Brasil diante dos problemas do meio ambiente. A condenação tem como causa não apenas a destruição das florestas, dos rios e dos pântanos criadores, mas também pela indecente posição do governo de extrema direita no Brasil diante de um problema que o mundo inteiro considera muito grave porque se refere à própria sobrevivência das espécies, entre elas a humana. Desde a posse do Governo Lula, respira-se uma atmosfera de distensão, mas ainda faltam as ações necessárias. A ONU declara que as alterações climáticas representam uma emergência sem precedentes. Nunca a destruição foi tão rápida e a comunidade internacional está falhando no combate a essa crise. Os últimos cinco anos foram os mais quentes de toda a lembrança humana e a temperatura média aumentou quase 1 por cento. A Organização Mundial de Meteorologia – OMM - acredita que, na trajetória atual, o mundo caminha para um aumento de temperatura de 3 a 5 graus Celsius até o final do século. A Terra poderá ser inabitável. E a  umanidade terá de procurar outro planeta para onde se mudar,     *Celso Japiassu é autor de Poente (Editora Glaciar, Lisboa, 2022), Dezessete Poemas Noturnos (Alhambra, 1992), O Último Número  (Alhambra, 1986), O Itinerário dos Emigrantes (Massao Ohno, 1980), A Região dos Mitos (Folhetim, 1975), A Legião dos Suicidas (Artenova, 1972), Processo Penal (Artenova, 1969) e Texto e a Palha (Edições MP, 1965). Foto de capa: Gilvan Rocha/Agência Brasil\Gilvan Rocha/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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Folha de S.Paulo: Saco de Gatos ou de Estercos?

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Folha de S.Paulo: Saco de Gatos ou de Estercos?
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Po MARCELO AULER* Em 1980, quando ingressei na editoria de Educação da Folha de S.Paulo, o jornal era carinhosamente chamado de “Saco de Gatos”. Apelido conquistado por uma decisão editorial de abrir espaço para artigos de autores de correntes ideológicas diversas. Fruto da influência direta de Cláudio Abramo, com o respaldado do dono do jornal, Octávio Frias de Oliveira. Estávamos ainda sob o tacão da ditadura militar, no governo do último general-presidente, João Figueiredo. A sociedade, após 16 anos de ditadura, passava por uma ebulição. Ao longo di final dos anos 70, ressurgiu o movimento sindical renovado e forte; os estudantes se reorganizaram e voltaram às ruas; após muita luta, conquistou-se a Anistia em 1979; lutávamos pelo retorno das eleições diretas. A Folha então ousou publicar artigos variados, de autores diversos, independentemente de posicionamento ideológicos. Havia divergência no que era publicado, o que atraiu um maior número de leitores e maior prestígio ao jornal. Algo, porém, permeava os artigos: a defesa do Estado Democrático de Direito, ainda que vivêssemos sob um regime ditatorial. Não havia espaço para defesa dos ditadores ou das práticas ditatoriais, apesar do passado suspeito da Folha de apoio a ditadura militar e colaborar com a repressão política. Naquele momento a empresa vivia uma experiência de convivência pacífica, inclusive na redação, bem administrado pelo Sr. Frias. Desde a pressão dos militares provocando o afastamento de Abramo, por volta de 1977.   A redação passou a ter como diretor Boris Casoy, com um histórico que o ligava aos grupos de Caça aos Comunistas no tempo de estudante da Mackenzie, e por Odon Pereira, antigo quadro do Partidão. Ao mesmo tempo, porém, Frias criou uma “comissão de redação” que representava os jornalistas da casa, na sua grande maioria de esquerda, muitos deles admiradores/apoiadores do PT. Nos anos 80 Frias pai contou também com a ajuda do filho mais velho, Octávio Frias Filho, o Octavinho, que assumiu cargos na redação. Diretas Já, resultado do clima no jornal Através do diálogo com a comissão, da qual fiz parte, Frias buscava uma linha direta com o reportariado. Evitávamos queixas individuais ou sobre chefes; buscávamos ganhos coletivos. Mas com isso Frias mantinha-se informado do clima na redação, o coração do jornal. O que contribuía a favor do chamado custo/benefício do emprego. Trabalhava-se com satisfação naquela época. Tudo culminou na famosa adesão do jornal na Campanha das Diretas, em 1983/4. Ideia do jornalista Ricardo Kotscho que em um breve texto propôs que a Folha, sendo um “Saco de Gatos”, encampasse a luta aquela luta, já defendida pela maioria dos seus leitores. Novamente prevaleceu a visão empresarial de Frias. Mesmo com a oposição de Casoy, contrário ao engajamento em nome de uma suposta “imparcialidade”, o jornal embarcou na campanha e saiu dela mais respeitado ainda. Havia, porém, algo que permeava os artigos publicados: a qualidade dos textos, a honrabilidade e capacidade de seus autores e a defesa do Estado Democrático de Direito, ainda que vivêssemos sob um regime ditatorial. Todas essas lembranças ressurgiram ao se deparar com o espaço aberto pelo jornal para artigo de Jair Bolsonaro – “Aceitem a democracia”. Mesmo se conhecendo esse passado do jornal que acolheu textos de diferentes posicionamentos, não há como entender esse artigo como fruto daquele “Saco de Gatos” dos anos 80. Provavelmente, naquela época, esse texto não seria acolhido por reconhecidamente não representar o que realmente pensa e defende o seu autor. A Folha, que em dezembro de 2019 foi perseguida pelo então presidente Bolsonaro tal como denunciou – Bolsonaro cancela assinaturas da Folha no governo federal e ameaça anunciantes do jornal –, não tem como considerar o ex-presidente um democrata, Ela própria sentiu as perseguições. Dificilmente a publicação do artigo de alguém que pelo seu passado pode ser considerado um impostor, será visto como demonstração de imparcialidade do jornal. Mais provável ser visto como abertura de espaço para quem recentemente quis recusar a democracia, golpeando-a. Ou seja, o artigo não se encaixa naquele antigo “Saco de Gatos”. Está mais para “Saco de Esterco”.     *Mrcelo Auler é Jornalista. Foto de capa: IA Publicado originalmente no Blog do Marcelo Auler Repórter. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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