Por CARLOS EDUARDO BELLINI BORENSTEIN*
A pesquisa divulgada nessa semana pelo instituto AtlasIntel indicando uma melhora na avaliação do governo Lula (PT) – a desaprovação caiu 3,5 pontos percentuais, atingindo 50,1%, enquanto a aprovação cresceu 1,2% pontos, chegando aos 46,1% – é um indicativo que, apesar das dificuldades enfrentadas pelo presidente Lula (PT), as análises que apontam o suposto “fim do governo” e sua derrota eleitoral antecipada é um diagnóstico equivocado e precoce.
Na atual conjuntura, quando comparamos a avaliação de Lula com a intenção de voto no presidente, observamos a existência de um paradoxo: apesar do desejo de mudança existente em parcela do eleitorado, a falta de um nome da oposição que capitalize esse sentimento beneficia Lula. De um lado, existe a demanda por um governo diferente, por outro, a opinião pública indica que hoje prefere que essa mudança seja liderada por Lula.
Nota-se que, segundo o AtlasIntel, Lula derrotaria hoje, em um eventual segundo turno, Eduardo Leite (45,3% a 24,2%), Ronaldo Caiado (45% a 36,3%), Romeu Zema (45,6% a 39,5%), Ratinho Júnior (47,2% a 34,9%) e Jair Bolsonaro (48,5% a 46,4%). Contra Tarcísio de Freitas, o cenário é de empate técnico: 46,7% a 46,7%. Lula também empataria com Michelle Bolsonaro: 46,6% a 46,1%.
Mesmo que Lula enfrente um cenário desafiador, sobretudo em relação ao controle da inflação, hoje, nenhum dos possíveis candidatos da oposição venceria o presidente. No pior cenário para Lula, temos um cenário de empate técnico.
Outro dado importante trazido pelo AtlasIntel diz respeito à imagem dos líderes políticos. Lula é o líder com a maior imagem positiva (53%), superando Tarcísio de Freitas (49%), Geraldo Alckmin (45%), Jair Bolsonaro (44%), Nikolas Ferreira (44%), Fernando Haddad (43%), Marina Silva (43%), Simone Tebet (43%), Michelle Bolsonaro (42%), Janja (34%), Romeu Zema (30%), Ratinho Júnior (29%), Sergio Moro (28%), Ronaldo Caiado (25%), Ciro Gomes (21%), Pablo Marçal (17%), Eduardo Leite (13%), Hugo Motta (11%) e Davi Alcolumbre (8%).
A melhora na avaliação do governo – e também na posição de Lula para as eleições de 2026 – pode ser atribuída à agenda positiva anunciada nos últimos meses. Medidas como o pagamento de até R$ 1 mil a beneficiários do programa Pé-de-Meia; mais remédios gratuitos no programa Farmácia Popular; a liberação do FGTS para os trabalhadores que tenham sido demitidos e que haviam aderido ao saque-aniversário; e o programa Crédito do trabalhador, facilitando o acesso ao crédito consignado para trabalhadores do setor privado; parecem ter produzido uma melhora no clima da opinião pública.
Além disso, o anúncio de medidas populares como a isenção do imposto de renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil tem um forte potencial eleitoral entre o segmento com renda mensal de mais de 2 a 5 salários mínimos.
Apesar de Lula ainda não ter conseguido construir uma marca para seu terceiro governo, as medidas sociais do paradigma lulista amenizam o impacto da inflação, principalmente entre a base tradicional do presidente– a fatia do eleitorado com renda mensal de até 2 salários.
A demanda por um governo que seja diferente do que está sendo a gestão Lula 3 até este momento continuará existindo. Entretanto, diante da ausência de um candidato que consiga unificar o campo da direita, Lula permanece competitivo, apesar da tentativa de seus oponentes em construir a narrativa de uma derrota antecipada do presidente.
*Carlos Eduardo Bellini Borenstein, Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).
Foto de capa: O presidente Lula (PT)/André Borges/EFE
Respostas de 2
Pois bem.
O presidente Luís Inácio L. da Silva prestou e vem prestando valorosa contribuição ao Brasil.
É a vez de mudança, de uma nova mentalidade à cruzada de um novo porvir. Se de todo não ocorra, seria o jeito que têm.
Me impressiona que esse povo ainda consiga querer Bolsonaro e, por incrível que pareça, a Michele, para presidir o Brasil. O que esse elemento fez de bom para o país? Só podem estar sofrendo uma lavagem cerebral.