Tony Garcia diz que gravou autoridades a mando de Moro: depoimento pode mudar rumos do judiciário

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O delator Tony Garcia prestou depoimento sigiloso à Justiça no qual fez graves denúncias contra Sergio Moro e procuradores da força-tarefa de Curitiba por ilegalidades cometidas na Lava-Jato. Alguns detalhes do depoimento foram revelados pela revista Veja na última sexta-feira, 2, e, mais tarde, no mesmo dia, Garcia deu entrevista à TV 247, onde confirma as revelações e dá mais informações sobre o caso.

Se confirmadas, as ações denunciadas por Garcia são uma exposição escrachada dos pecados da Lava Jato, pois mostram que Moro e os futuros procuradores da Lava Jato já trabalhavam em parceria bem antes.

Na entrevista, o delator afirma que foi coagido pelo ex-juiz suspeito e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) a forjar informações à revista Veja que pudessem comprometer o ex-ministro José Dirceu (PT). A entrevista foi concedida em 2006. Em 2012, Dirceu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito da Ação Penal 470, o chamado Mensalão, com voto da ministra Rosa Weber, que tinha Sérgio Moro como juiz auxiliar.

Garcia ainda destacou os esforços de Moro e aliados para prejudicar o Partido dos Trabalhadores. “O que eles botavam na minha boca… para buscar coisas contra o PT, para tirar o Lula da eleição. Fui instado a procurar coisas contra o PT através do Eduardo Cunha, que era meu amigo. Uma perseguição clara (contra o PT)”, disse ele.

Para Luís Nassif, do portal GGN, “o depoimento dele (Garcia) pode explicar a resistência do TRF4 em permitir uma gestão transparente na 13a Vara. Mas abre o caminho para a corregedoria do Conselho Nacional de Justiça e o próprio STF para proceder a maior operação da história, de limpeza do Judiciário. E depressa, já que há indícios de destruição de provas.

O GGN ainda elencou algumas das acusações gravíssimas contidas no depoimento:

  1. Félix Fischer.

A longa mão da Lava Jato era eminentemente paranaense. Começava com Moro, a estendia-se para a 8a Turma do Tribunal Regional Federal da 4a Região, depois pelo paranaense Félix Fischer, no Superior Tribunal de Justiça, e pelo paranaense Luiz Edson Fachin no Supremo Tribunal Federal.

No depoimento, Tony diz que um dos grampos flagrou Bertholdo pagando honorários a Sérgio Fischer, filho de Félix. Seu nome não entrou no inquérito, mas deu a Moro poderes sobre Fischer.

  1. Baile das cuecas.

Conta que por volta de 2003, Bertholdo organizou um “baile das cuecas” no principal  hotel de Curitiba, para o qual vieram vários desembargadores do TRF4 em jatinhos fretados (a sede do Tribunal é em Porto Alegre). O encontro teria sido filmado. Obviamente, Tony terá que apresentar provas e pistas robustas. No episódio em questão, segundo ele, bastaria levantar a ficha dos hóspedes do hotel na data mencionada.

  1. Depoimento escondido por Gabriela Hardt.

Tony sustenta que deu um depoimento em juízo para Gabriela Hardt, narrando os pontos principais de seu trabalho. Em vez de levar adiante, ela engavetou. No curto período em que esteve à frente da 13a Vara, o juiz Eduardo Appio mandou desengavetar. Afastado, o primeiro ato de Hardt foi engavetar novamente.

Tony era, também, amigo de Eduardo Cunha e prometeu revelar, em juízo, ações que empreendeu no impeachment de Dilma Rousseff.

Assista o depoimento de Tony Garcia a Joaquim de Carvalho, na TV 247:

 

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