Redação – Rede Estação Democracia
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) encontra-se foragida da Justiça brasileira após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decretar, nesta terça-feira (3), sua prisão preventiva, em decorrência do descumprimento de medidas cautelares impostas anteriormente pela Corte. A decisão é mais um desdobramento do cerco jurídico contra parlamentares bolsonaristas envolvidos em ataques à democracia e ao sistema judicial brasileiro.
Zambelli deixou o país dias antes da decisão do STF, sem comunicar às autoridades competentes, e encontra-se, segundo apurações preliminares, em país ainda não oficialmente identificado. Nas redes sociais, a deputada afirmou que “escreve com os olhos marejados” e que se exilou por não reconhecer “a legitimidade das instituições que a condenaram”. No entanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) considera a evasão como uma tentativa deliberada de obstrução da Justiça.
Prisão decretada pelo STF
A ordem de prisão foi assinada após Zambelli desrespeitar seguidamente as condições impostas pelo relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, como a proibição de uso das redes sociais para disseminar desinformação e ataques ao Judiciário. A parlamentar é investigada por envolvimento em tentativas de desestabilização do Estado Democrático de Direito, incitação ao golpe e uso abusivo dos meios de comunicação digitais.
Zambelli já havia sido alvo de operação da Polícia Federal em 2024, por conta da invasão armada e ilegal que protagonizou às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. O histórico de infrações e a reincidência em condutas antidemocráticas pesaram na decisão da Corte.
O que é a difusão de alerta vermelho da Interpol?
Com a confirmação de sua fuga, o governo brasileiro pode solicitar à Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) a emissão de um alerta vermelho. Esse mecanismo é um pedido formal para localizar e prender, provisoriamente, uma pessoa procurada com fins de extradição, conforme legislação do país que requer a cooperação.
A difusão vermelha não é um mandado de prisão internacional automático, mas funciona como um aviso a mais de 190 países membros da Interpol, alertando que o indivíduo está sendo procurado e deve ser detido caso seja localizado. A extradição, contudo, depende da legislação do país onde a pessoa estiver e da existência de tratados com o Brasil.
Caso o nome de Carla Zambelli seja incluído nesse sistema, sua mobilidade internacional ficará severamente restringida, e ela poderá ser detida a qualquer momento.
Um novo capítulo no enfrentamento à extrema direita
A fuga de Zambelli expõe os limites da impunidade parlamentar e reforça os questionamentos sobre o uso do mandato como escudo para práticas antidemocráticas. Sua prisão, se efetivada, representará um marco na responsabilização política e judicial de figuras ligadas ao bolsonarismo radical.
Analistas apontam que o STF envia um recado claro ao Parlamento: não há espaço para discursos e ações golpistas sob a proteção da imunidade parlamentar. A crise provocada por Zambelli pode ainda se desdobrar em novo desgaste para o PL, que tenta se reposicionar no cenário pós-Bolsonaro.
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ilustração da capa: Carla Zambelli – IA ChatGPT