Seu Jorge, um Senhor de respeito!

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De ADELI SELL*

“Seu” para nós sempre foi um designativo de respeito. Como “Dona” é também. Afinal, a Dona Laura, em Porto Alegre, era respeitada, deu terras à municipalidade para traçar ruas em sua propriedade, desde que levassem nomes de poetas, e assim foi feito.

“Seu Jorge” é um cantor negro, brasileiro, de voz inigualável, visto com respeito pelo povo e pelos pretos/as, em especial, por fazer sempre a defesa da sua raça, do respeito à cor da pela, contra o racismo.

Ele se apresentou no dia 14 de outubro num famoso Clube da cidade, o Grêmio Náutico União.

Carlos Simão Arnt e mais quatro “guris” fundaram este clube, como adeptos do remo. O “Clube dos Guris” cresceu e tem quatro sedes na cidade, sendo a mais importante a da Bela Vista; e Carlos Simão Arnt é o nome verdadeiro da Praça da Encol ali próximo ao GNU.

No dia seguinte ao evento começaram a circular nas redes sociais notas de que ao final do show houve um verdadeiro ato de racismo, com vaias, apupos e imitação de sons de macaco.

O cantor postou uma explicação e uma fala de louvor ao povo do Rio Grande do Sul nas suas redes sociais, lamentando o ocorrido, reafirmando sua luta antirracista.

Demorou mais de 72 horas para que a direção do Clube se manifestasse. Não deve ter sido fácil, pois olhando a lista dos dirigentes tive a certeza de que nem todos vacilariam. Enquanto isso, vazou um áudio do seu presidente atacando os que divergem dele, chamando de esquerdistas, falando das roupas do cantor, atacando grosseiramente um dos maiores juristas deste país, o Professor Lênio Streck.

O Lênio não precisa de minha defesa, mas chamá-lo de “desqualificado” é mais do que uma ofensa.

Somente no dia 18 o presidente fala para a grande mídia, numa entrevista cheia de dedos numa das rádios da cidade.

Não se devem colocar todos no mesmo saco quando se fala em times, clubes, associações, sindicatos etc. Não faria isto com o GNU, pois ali conheci dirigentes respeitosos, abertos, sem preconceitos, que pelo contrário, devem estar mais do que chateados com o episódio. Mas também não cabe colocar panos quentes neste caso lastimável e odioso.

Sabe-se que o caso está sob investigação policial, que um Inquérito Civil Público foi aberto pelo Ministério Público, tudo devendo gerar uma Ação.

Que estas desfeitas coletivas num dos clubes mais conhecidos na terra das façanhas sejam investigadas e punidas, pois sabemos que houve racismo explícito, tendo que saber quem, quantos e como foi para que a punição seja exemplar.


*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Imagem – reprodução.

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