*O programa é refletir sobre as manifestações geopolíticas que assolam o ambiente contemporâneo transmutadas em um espetáculo de Grande Guignol sustentado por desinformação premeditada, mentiras, vaidade doentia, indiferença, interesses financeiros e econômicos, especulações inócuas.
*Não esquecer o massacre da Palestina, tragédia da nossa época: Jaco Cilliers, chefe em Jerusalém do Programa da ONU para o Desenvolvimento, apresenta novos números da dimensão da destruição do território palestino. “Temos de retirar o equivalente a 55 milhões de toneladas de escombros, o equivalente a 13 pirâmides no Egito”, ele diz em entrevista ao jornalista Jamil Chade.
*Uma reconstrução, segundo Cilliers, que deverá se estender por cerca de sessenta anos e exigirá altos investimentos do governo norte-americano, dos europeus e do Oriente Médio para financiar a gigantesca operação que é a obra de limpeza étnica bem-sucedida do atual governo israelense.
*Sobre o famoso médico Hussam Abu Safiya, pediatra e diretor do Hospital Kamel Adwan, no norte da Faixa de Gaza, rendido e sequestrado pelas forças israelenses há dez meses tentando impedir que o hospital fosse completamente destruído. Detido com acusação de “combatente ilegal”, sua prisão acaba de ser estendida por mais seis meses com tortura, negação de assistência médica e permanência prolongada em confinamento solitário. O Dr. Hussam Abu Safiya é alvo permanente de dezenas de manifestações do mundo médico francês. Safiya se formou em Paris onde é particularmente estimado pelos agentes de saúde da cidade. (EuroPalestine).
*Citando o respeitado jornalista Gideon Levy, do Haaretz, de Tel Aviv, no site A Terra é Redonda: “Quando 62% da população nega a existência de inocentes em Gaza, a desumanização deixa de ser projeto extremista para se tornar consenso nacional sustentado por uma máquina de negação midiática. O dia 7 de outubro foi um ponto de virada histórico. Naquele dia, o Hamas invadiu Israel e cometeu um massacre sem precedentes no país. E naquele dia, Israel mudou de rosto”.
*(…) “Mas os israelenses estão começando a sentir o nó da corda apertando em suas viagens ao exterior bem como em seus contatos econômicos, científicos, comerciais, culturais e até mesmo pessoais com o mundo” continua Levy. (…) “Cabe ao resto do mundo salvar Gaza”. (Texto traduzido por Artur Scavone e publicado originalmente no site GlobAlter).
*Grande programa. O Festival de Cinema Italiano vem aí, a partir do próximo dia 29, celebrando duas décadas de exibição e difusão da cinematografia italiana entre nós, com 12 títulos inéditos no país na mostra Sessão Inéditos, na qual estão algumas das produções mais aguardadas do cinema italiano contemporâneo. Entre elas, L’Assaggiatrici (As Provadoras de Hitler), de Silvio Soldini, retratando a experiência das mulheres forçadas a provar a comida de Hitler, e Napoli-New York, de Gabriele Salvatore, inspirado em uma história original de Fellini e Tullio Pinelli sobre duas crianças que migram clandestinamente para os Estados Unidos no pós-guerra.
*O festival também apresenta Eterno Visionario, de Michele Placido, retrato íntimo de Luigi Pirandello, e L’Abbaglio (A Ilusão), de Roberto Andò, sobre as estratégias militares de Giuseppe Garibaldi.
*A mostra Sessão Retrospectiva homenageia alguns dos grandes mestres do cinema italiano, trazendo de volta às telas Ladrões de Bicicletas, de Vittorio De Sica, marco do neorrealismo, e Paisà, de Roberto Rossellini, com episódios que marcaram a libertação da Itália na Segunda Guerra. Outros: o belo Prima della Rivoluzione, de Bernardo Bertolucci, sobre os dilemas ideológicos da juventude; L’Amore in Città, um filme coletivo de Antonioni, Fellini, Zavattini e companheiros; e Speriamo che sia Femmina, de Mario Monicelli.
*Já no Rio de Janeiro, entre os premiados do festival de cinema carioca, recém-encerrado: o longa de ficção Pequenas Criaturas, de Anne Pinheiro Guimarães (vencedor no voto popular), o doc Apolo, de Tainá Müller e Ísis Broken; Cheiro de Diesel (prêmio do júri); Coração das Trevas (prêmio melhor direção de ficção, de Rogério Nunes). Os premiados estão no site Festival do Rio 2025.
*Imperdível. Lançada a reedição atualizada de Senso Incomum — Mapeando as perplexidades do Direito, do professor e advogado, membro do Grupo Prerrogativas, Lenio Streck, com 111 verbetes. Ele apresenta e escreve: “Dizendo pela primeira vez aquilo que está dito. Ou não”. (…) “Agora eu já não preciso dizer ‘estou sem as palavras para dizer isto ou aquilo’… Por exemplo, para os casos em que o advogado clama pelos direitos do seu cliente e ninguém o ouve, tenho o verbete Gaslighting Jurídico. Para os casos de ignorância endêmica, leiamos o verbete Saber Nenhum. E quando alguém mistura textualismo com voluntarismo, o verbete Anarco Textualismo… E que tal o Direito Fofo para aquelas interpretações erradas, mas que ninguém pode discordar?” (Ed. Dialética)
*Em pleno Outubro Rosa, a atriz Nora Prado compartilha sua corajosa e própria vivência com o câncer de mama fazendo um relato íntimo e vigoroso sobre o impacto da doença na sua vida. O espetáculo, Travessia, é um monólogo que se desenvolve em um espaço com arte, memória e resistência. No Estúdio Stravaganza, bairro de Santana, em Porto Alegre, neste fim de semana, às 20h, e às 18h no domingo. Ingressos disponíveis no Sympla.
*Informação: o livro O Tango de Satanás, do húngaro László Krasznahorkai, de 1985, Prêmio Nobel de Literatura deste ano, foi imortalizado por um célebre cineasta também húngaro, Béla Tarr, em 1994. O livro é traduzido para o português por Paulo Schiller. E o filme é considerado por parte da crítica cinematográfica como um dos melhores filmes de todos os tempos. O Tango de Satanás remete, segundo a crítica literária, ao romance moderno, de Kafka a Samuel Beckett. (Companhia das Letras).
*Em pré-venda, o primeiro volume de Contos Reunidos, do escritor Victor Giudice (1934-1997). O Arquivo e Outras Histórias reúne contos originalmente publicados nos livros Necrológio e Os Banheiros. Relembra o crítico de cinema Carlos Alberto Mattos: “O talento de Giudice foi festejado por gente como Carlos Drummond de Andrade, Caio Fernando Abreu e Nelly Novaes Coelho”. E ressalta: “As hipocrisias e disfunções da sociedade brasileira transparecem em sua obra, a começar pelos contos desses dois primeiros livros”. (Ed. Kotter).
*A campanha de publicidade de O Agente Secreto, filme que está chegando em sessões especiais dos cinemas de todo o país, é forte, impressionante. Os espectadores podem garantir ingressos desde o dia 25 deste mês. E em Natal, Fortaleza, Belo Horizonte, Belém e Salvador, o diretor, Kleber Mendonça Filho, a produtora Emilie Lesclaux e parte do elenco estarão presentes. A estreia no circuito comercial será dia 6 de novembro.
*Outro que vem percorrendo os circuitos de cinemas nacionais é o elogiado curta-metragem Memória de Pivete, já exibido com sucesso no Festival Internacional de Curtas de São Paulo deste ano e premiado no maior festival de curtas-metragens do Brasil, realizado na cidade de Oliveira, em Minas Gerais, o Cinemaz 2025, que celebra o cinema independente.
*O programa é procurar não desperdiçar tempo com os vastos períodos de uma cobertura midiática da TV corporativa que não para de especular como será a próxima conversa frente a frente entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos. Ou o que o magister dixit e as absurdas advertências emanadas da Casa Branca, em Washington. A audiência, ameaçada de idiotização, agradece.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
Ilustração de capa: Marcos Diniz




