Jesus e seu pai voltarão fortes de Paris

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FILE PHOTO: Olympic rings to celebrate the IOC official announcement that Paris won the 2024 Olympic bid are seen in front of the Eiffel Tower at the Trocadero square in Paris, France, September 14, 2017.   REUTERS/Christian Hartmann/File Photo

Por MOISÉS MENDES*

Não subestimem o Deus que se apresenta com os atletas brasileiros em Paris. Esse Deus do pentatlo virá ainda mais forte das Olimpíadas para outras missões na arena da política. E vem cheio de medalhas.

O Deus que foi a Paris é o mesmo Deus, com algumas variações, que está acima de tudo e de todos com Malafaia, Bolsonaro e Michelle. Não é preconceito nem estigma. É a realidade.

Não é mais o Deus malvado e severo da Igreja Católica, mas o que explica e resolve tudo que acontece se houver engajamento incondicional de seus fiéis. Um Deus presente e prestativo, um Deus de resultados.

Não estamos convivendo mais com a entidade do ‘graças a Deus’ e do ‘que Deus te abençoe’ dos cristãos de antigamente, que detinham a hegemonia da representação de Deus no Brasil até o final do século 20.

Esse agora é um Deus pragmático. Não é um Deus ocasional convocado nas horas difíceis, muitas vezes por quem nunca entrou numa igreja e nem sabia rezar um Pai Nosso.

A política, o esporte e a vida cotidiana, tomadas por inspirações religiosas, estão com o Deus neopentecostal no coração, e é isso o que se repete em Paris pela voz de atletas do judô, skate, vôlei, surfe.

É possível que Deus já tenha estado até mais presente do que em Paris em competições com a participação de brasileiros. Mas nunca teve uma vitrine do tamanho das Olimpíadas.

O Deus que foi a Paris é parte da vida de atletas excepcionais, não é apenas um explicador de performances e medalhas. Ele está ali, não é um Deus que vá se buscar em igrejas ao lado de imagens de santos e santas. É um Deus sem santinhas. Ele e apenas seu filho Jesus, um filho que é o caminho, a verdade e a vida.

Muitas das declarações de atletas brasileiros, na vitória e na derrota, têm um trecho dedicado a Deus e a Cristo até na linguagem dos sinais. O vínculo religião-esporte, que já teve seus momentos no futebol e depois refluiu, chega com força a outras competições.

Enganam-se os que, por preconceito, enxergam essa religiosidade associada apenas a atletas pobres e suburbanos. O Deus medalhado é também de classe média e branco.

O que talvez ajude a entender por que Michelle Bolsonaro está à frente do marido e de Tarcísio de Freitas em pesquisas com os nomes para 2026. Michelle está mais próxima de Deus do que os outros.

O que explica também por que Bolsonaro foi às redes sociais para condenar o alerta do Comitê Olímpico Internacional à delegação brasileira, para que Rayssa Leal não fizesse mais referências religiosas em suas aparições.

Bolsonaro escreveu a respeito nas redes sociais: “Os progressistas odeiam o cristianismo. Não porque ele ‘ofende’ grupos ‘minoritários’, pois não ofende; ao contrário, o cristianismo acolhe a todos. O problema dos progressistas com o cristianismo é o sistema de valores que este último ensina, um grande obstáculo ao avanço do comunismo”.

Num pulinho, sem muito esforço e sem skate, Bolsonaro saltou para o lado de Rayssa, que chegou a ter seu nome citado numa fake news que a vinculava a apoios à família que se diz religiosa.

Rayssa e os outros atletas são inspiradores de esforços pessoais, superação e conquistas. Se estiverem com Deus, melhor ainda para os pregadores fundamentalistas.

Mesmo que esse vínculo não exista e seja desmentido, a expansão do bolsonarismo evangélico leva Deus e Jesus às arenas de Paris e reforça o que é irreversível: pai e filho atuam em todas as modalidades dos times da extrema direita. O Deus brasileiro olímpico é ouro puro.

*Moisés Mendes é jornalista

Artigo originalmente publicado no Blog do Moisés Mendes

Foto: REUTERS/Christian Hartmann/Foto de arquivo

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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