Através da Lei de Acesso à Informação, a Folha de São Paulo teve acesso aos dados sobre produtos do Ministério Saúde incinerados desde 2019.
Na lista constam vacinas e remédios para pessoas com câncer e HIV. Além disso, o governo Jair Bolsonaro (PL) incinerou medicamentos usados no tratamento de doenças raras e de alto custo, avaliados ao todo em pelo menos R$ 13,5 milhões, entre eles duas doses do Spinraza, cada uma comprada por R$ 160 mil pelo governo federal. A medicação é usada para pacientes com AME (atrofia muscular espinhal), e é uma das mais caras do mundo.
Também foram descartadas 949 unidades do Translarna, produto usado para pacientes com distrofia muscular de Duchenne, que causa degeneração muscular progressiva. Esses lotes custaram R$ 2,74 milhões no total. Ainda há dados sobre o descarte de vacinas de diversos tipos —contra sarampo e rubéola, pentavalente, hepatites e tríplice viral—, além de medicamentos contra câncer, hepatite C e outras doenças.
Segundo a matéria, associações de pacientes dizem que o estoque perdido mostra má gestão do governo Bolsonaro, e que a falta do tratamento pode levar pacientes à morte.
A publicação ainda lembra que “o governo Bolsonaro apresentava como uma de suas bandeiras o cuidado com as doenças raras. Em 2021, o Ministério da Saúde lançou a nova mascote do SUS, identificada como Rarinha, em cerimônia com a então primeira-dama Michelle Bolsonaro”.
Os dados sobre estoques da Saúde estavam sob sigilo desde 2018. No fim de fevereiro, a CGU (Controladoria-Geral da União) recomendou revisão dessa reserva, e o Ministério da Saúde liberou, por enquanto, a relação de produtos descartados.
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