Por FERNANDO NOGUEIRA DA COSTA*
Os fundos de pensão norte-americanos são os maiores do mundo, representando aproximadamente 65% dos ativos globais de aposentadoria em 2024, conforme dados do Thinking Ahead Institute. Embora dominem o mercado global, os fundos de pensão dos EUA mantêm uma parcela relativamente modesta de seus ativos investidos fora do país.
Em 2014, os fundos de pensão norte-americanos alocavam cerca de 21% de seus ativos em investimentos internacionais, um aumento em relação aos 16% registrados em 2008. Em contraste, fundos de pensão de outros países da OCDE aumentaram sua exposição internacional para 31% no mesmo período.
Essa diferença reflete uma tendência dos fundos dos EUA de manter uma maior concentração de investimentos domésticos, apesar de sua capacidade e presença global. Apesar da menor proporção de investimentos internacionais, os fundos de pensão dos EUA buscam diversificação global por meio de investimentos em mercados emergentes com participação de fundos de private equity e venture capital em países como China e Índia.
Fundos de Private Equity e Venture Capital são formas de investimento em empresas privadas, com a principal diferença a fase de desenvolvimento da empresa. O Private Equity investe em empresas maduras, enquanto o Venture Capital foca em startups e empresas de crescimento inicial.
Os fundos norte-americanos fazem também alocação em ativos alternativos, inclusive imóveis, infraestrutura e fundos de hedge em diversas regiões. Estabelecem parcerias estratégicas ao colaborar com instituições financeiras globais para acessar oportunidades de investimento internacionais.
Fundos de pensão de países como Canadá e Austrália apresentam uma maior proporção de investimentos internacionais. Em 2023, 86% dos ativos dos CPP Investments estavam investidos fora do Canadá, com 36% nos EUA, 26% na Ásia e 18% na Europa. Os fundos de pensão australianos também demonstram uma forte orientação para investimentos internacionais.
Essa abordagem mais globalizada permite uma maior diversificação e potencial de retorno, reduzindo a exposição a riscos específicos de um único mercado.
A comparação entre os fundos de pensão norte-americanos e os fundos soberanos de riqueza, como o da Noruega, revela diferenças significativas em termos de volume de negócios locais e internacionais.
Os fundos de pensão dos Estados Unidos, como o CalPERS e oFederal Retirement Thrift Investment Board, são predominantemente focados em investimentos domésticos. Embora haja uma tendência crescente de diversificação internacional, a maior parte dos ativos ainda está alocada nos mercados internos.
O Fundo Soberano da Noruega (Government Pension Fund Global – GPFG), também conhecido como “Fundo do Petróleo”, é o maior fundo soberano do mundo, com ativos acima de US$ 1,7 trilhão. Diferentemente dos fundos de pensão norte-americanos, o GPFG é quase totalmente investido no exterior, com aproximadamente 70% em ações, 25% em títulos de renda fixa e 5% em imóveis e infraestrutura. O fundo possui participações em cerca de 8.800 empresas em 71 países, representando cerca de 1,5% de todas as ações listadas globalmente.
Os Fundos Soberanos de países produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, também possuem estratégias de investimento internacional. Esses fundos buscam diversificar suas economias, investindo em uma variedade de ativos globais, incluindo ações, imóveis e infraestrutura. Embora os dados específicos variem entre os fundos, a tendência geral é de uma alocação substancial de ativos fora de seus países de origem.
Comparativo de Alocação Internacional
Tipo de Fundo |
Fundos de Pensão dos EUA |
Fundo Soberano da Noruega (GPFG) |
Fundos Soberanos de Petroestados |
Alocação Internacional (%) |
Predominantemente doméstica |
Quase 100% |
Significativa |
Observações |
Foco principal em investimentos internos, com crescente diversificação global |
Investimentos amplamente distribuídos globalmente |
Estratégias de diversificação econômica por meio de investimentos globais |
A principal diferença entre os Fundos de Pensão norte-americanos e os Fundos Soberanos de Riqueza reside na extensão e na estratégia de investimentos internacionais. Enquanto os primeiros mantêm uma abordagem mais centrada no mercado doméstico, os segundos adotam uma postura fortemente globalizada, buscando mitigar riscos e maximizar retornos por meio da diversificação geográfica e setorial.
Os fundos de pensão norte-americanos são os maiores investidores institucionais do mundo. Seus ativos sob gestão superam os dos fundos de hedge, mas não de gestoras de ativos como a Black Rock e a Vanguard.
Em 2024, os principais fundos de pensão públicos dos Estados Unidos apresentaram os seguintes ativos sob gestão: Federal Retirement Thrift Investment Board (FRTIB): US$ 782,8 bilhões; CalPERS (California Public Employees’ Retirement System): US$ 452,5 bilhões; CalSTRS (California State Teachers’ Retirement System): US$ 309,9 bilhões. Esses valores refletem a estabilidade dos fundos de pensão norte-americanos com um papel crucial na economia global.
Em 2024, a indústria global de Fundos de Hedge atingiu US$ 4,51 trilhões em ativos sob gestão, com um aumento de 9,75% em relação ao ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado por desempenhos sólidos em diversas estratégias, incluindo ações, macroeconomia e eventos específicos. Apesar desse crescimento, os Fundos de Hedge ainda ficam atrás dos Fundos de Pensão em termos de ativos totais sob gestão.
Comparativo: Fundos de Pensão versus Fundos de Hedge
Categoria |
Fundos de Pensão dos EUA |
Fundos de Hedge (Global) |
Ativos Sob Gestão (2024) |
US$ 8 trilhões |
US$ 4,51 trilhões |
Observações |
Inclui planos públicos e privados; foco em investimentos de longo prazo |
Estratégias diversas; maior volatilidade e foco em retornos absolutos |
Os fundos de pensão norte-americanos lideram como os maiores investidores institucionais, com ativos sob gestão muito superiores aos dos fundos de hedge. Enquanto os primeiros priorizam a estabilidade e o longo prazo, os fundos de hedge buscam retornos elevados por meio de estratégias mais arriscadas e diversificadas.
Entretanto, a BlackRock é a maior gestora de ativos do mundo, com um volume recorde de US$ 11,6 trilhões em ativos sob gestão (Assets Under Management – AUM) no fim de 2024. Tem influência global com presença de 70 escritórios em 30 países, atendendo clientes em mais de 100 países. Em seguida vem a Vanguard com US$ 8,5 trilhões. Esse estoque de riqueza é superior ao PIB anual da China.
*Fernando Nogueira da Costa é Professor Titular do IE-UNICAMP. Baixe seus livros digitais em “Obras (Quase) Completas”: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ E-mail: fernandonogueiracosta@gmail.com.
Foto de capa: Reprodução
Uma resposta
Ótimo artigo.
Esclarecedor