Por RUDOLFO LAGO*, do Correio da Manhã
Enquanto mais uma pesquisa, agora da Genial/Quaest, aponta para a baixa popularidade, o governo vai fazendo as suas contas. Como antecipara o Correio Político, na segunda-feira (9), o PT fará uma primeira reunião para discutir mapas eleitorais nos estados. Apesar da baixa aprovação do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva torce ainda para uma possibilidade: a divisão dos quadros da direita. Mesmo bem menos popular, Lula ainda aparece como favorito para a reeleição. Uma situação em que seus adversários apareçam divididos para a disputa em 2026, pode beneficiá-lo. E essa é uma possibilidade concreta, não apenas quanto às candidaturas à Presidência, mas também com relação às disputas nos estados.
Bolsonaro
O fator-chave dessa possibilidade de divisão chama-se Jair Bolsonaro. Figura desconfiada e de temperamento imprevisível. No plano nacional, o nome que aparece mais forte é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mas Bolsonaro vai com ele?
Michelle
Bolsonaro poderá insistir no lançamento de um da sua família. Começa a acenar mais para a chance de Michelle ou Eduardo Bolsonaro. Tarcísio já declarou não querer bater de frente com o ex-presidente. No caso, poderia declinar da Presidência para uma reeleição fácil.
Distrito Federal é um exemplo concreto da divisão
Bia quer uma das vagas da direita ao Senado | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Os demais partidos conservadores e esses setores na sociedade poderiam se unir em torno de Tarcísio. Mas talvez não haja a mesma disposição no caso de Michelle ou Eduardo. O PSD, por exemplo, que tenderia a ir com Tarcísio, no caso pode acabar lançando um nome próprio, os governadores do Paraná, Ratinho Jr, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, um dos dois. Essa mesma possibilidade de divisão no plano nacional repete-se nos pleitos regionais. E o Distrito Federal é um exemplo, na disputa pelas duas vagas ao Senado. Há quatro nomes na direita querendo essas duas vagas. Um deles, inclusive, é o governador Ibaneis Rocha (MDB).
Ibaneis
No plano ideal, a vice-governadora Celina Leão (PP) sai para o governo, e Ibaneis fica com uma das vagas para o Senado. Deixando a outra para o PL de Jair Bolsonaro, que, unido, então, formaria essa aliança de direita para eleger Celina com facilidade na sucessão de Ibaneis.
PL
Combinar isso com o PL, porém, está difícil. A deputada Bia Kicis (PL) declara sua pretensão ao Senado. “Eu fui proporcionalmente a deputada mais votada do país. Essa minha pretensão é natural”, diz ela. E aí, caso Michelle não saia à Presidência, teria a segunda vaga.
Michelle
“As pesquisas mostram a força eleitoral extraordinária de Michelle Bolsonaro”, diz Bia. “Inclusive como opção para a Presidência”. Um terceiro possível candidato do PL seria o senador Izalci Lucas, cujo mandato terminará no ano que vem. “Izalci é candidato a governador”.
Governador
“O senador Izalci veio para o PL com esse propósito de disputar o governo”, diz a deputada. No caso, então, ela deixa clara a hipótese de uma chapa concorrente à pretensão de Celina e Ibaneis. “O governador Ibaneis não tem experiência legislativa. Eu tenho”, conclui ela.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congreso e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
Foto de capa: Bolsonaro estará com Tarcísio em 2026? | Antonio Cruz/Agência Brasil