Carolina Von Koseritz cala os castilhistas

De ADELI SELL*

Luciana de Abreu é lembrada porque é nome de rua em bairro nobre. E nome de um colégio. Carolina é homenageada numa rua da zona norte. Quase ninguém se lembra dela. Era filha do grande jornalista teuto-brasileiro Carlos von Koseritz, nome de rua também.

Koseritz era um corajoso. Atacava os escravistas, libertou os escravos que vieram com o casamento por parte da esposa, fez as mais duras críticas ao Barão de Cotegipe por seu voto contra a Lei Áurea.

Carolina von Koseritz seguiu a trilha do pai. Muito cedo começou a escrever e fazer traduções de textos do inglês e do
alemão para o português. Traduziu autores russos também. Um jornalista, adversário do seu pai, dizia que ela seria incapaz de fazer aquelas traduções. Era mentira, era “fake”, pois fazia com primor e escrevia muito bem. Era o vil machismo que operava e ainda opera entre nós.

Casada duas vezes, duas vezes desiludida. Viveu um tempo no Rio, para depois voltar a Porto Alegre.

Hilda Agnes Hübner Flores, elogiada professora e pesquisadora, escreveu um belo texto a seu respeito num suplemento do Correio do Povo, em 1983, fazendo um justo resgate de sua vida.

Carolina von Koseritz foi escolhida para patrona da cadeira nº15 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul.

Eloy Terra em seu As ruas de Porto Alegre, volume 2, p. 73-75 traça outro resgate dela.

Koseritz, pela sua visão de “independência” frente ao grupo castilhista local, por estes foi perseguido, dizem que morreu de desgosto pelas calúnias que assacaram contra ele. Assim que Carlos morreu, Carolina fez duras críticas a eles que não foram respondidas, calaram-se.

Esta mulher valorosa, frágil, pois morreu aos 57 anos, rebateu uma a uma as calúnias assacadas contra o pai. Eles se calaram, eu repito.

Muitos de seus escritores foram perdidos, pois ele pediu a filha que fossem enterrados com ela. Uma lástima.


*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Foto de Carolina von Koseritz entre os filhos João e Carlos – Wikipédia.

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