Por LILIAN MONKS DUARTE DE VARGAS *
Um dos principais instrumentos democráticos em uma sociedade aberta é assegurar o livre curso de todas as opiniões de forma mais transparente e sincera possíveis.
Assim, no programa CNN Money do dia 15/12/2024, o “sincericídio” do ex-Presidente do Banco Central Tony Volpon e da jornalista Thais Heredia ao defenderem convictamente a necessidade de se aumentar (ainda mais!) as taxas de juros para que se promova uma drástica recessão econômica no país pode até, benevolamente, ser entendida como uma contribuição ao debate econômico. Mas está muito longe de ser uma boa informação: não há nenhuma razão consistente que justifique a criminosa intenção do Banco Central de aumentar ainda mais dois pontos percentuais uma taxa de juros que já chega a 12,25% e já é a maior do mundo em termos reais.
Estamos em uma encruzilhada e adotar o caminho errado (ou prosseguir nessa insensata cruzada do Banco Central pela derrubada de políticas que recuperem o crescimento econômico) tem o potencial de reverter um ciclo virtuoso iniciado pelo Governo Lula 3 que, nesses dois anos de governo, já retirou milhões de pessoas de pobreza e da miséria; elevou o PIB que, somente nesse ano, crescerá 3%; manteve a inflação sob completo controle; reduziu consideravelmente o desemprego; retomou a esperança e o ânimo da Nação com seu futuro.
Nada disso parece demover os dignos economistas que, como verdadeiros porta-vozes do mercado financeiro, sem qualquer pejo, se submetem aos argumentos “ad terrorem” de um imaginário descontrole inflacionário. Para Volpon, sem demonstrar qualquer constrangimento moral, o Banco Central deve atentar exclusivamente para o interesse dos “grandes investidores nacionais e estrangeiros” que, nas últimas semanas, especularam desavergonhadamente contra o país (como fazem sempre), beneficiando-se de boatos que chegaram a envolver, até mesmo, a saúde do Presidente Lula. Já Thais Heredia, com sua habitual desfaçatez, sustenta a “necessidade de se fazer “o contrário do que o governo está fazendo” – sem explicar o que exatamente seria isso: ?estancar o crescimento econômico, ?desempregar milhões de pessoas, ?retornar os níveis “Paulo Guedes” de desemprego e miséria ?). Para ela, a prioridade não deve ser os interesses do povo e do Brasil, mas os do capital financeiro, e, por isso, Lula deve parar de promover políticas “irrealistas” que, como indesejável efeito secundário, poderiam levá-lo à uma reeleição em 2026.
Esse tipo de desinformação somente pode causar consternação e grave preocupação.
A instabilidade cambial que estamos sofrendo ultimamente não tem qualquer base econômica e nada mais é do que um ataque internacional promovido pelo grande capital que, no passado, já atingiu inúmeros países como o México (1994), Ásia (1997), Rússia (1998), Argentina (2001) e o próprio Brasil (2014). Ao contrário do que propagam os alquimistas que se alinham na seita do Banco Central é urgente unir o país em defesa do país e de sua economia, prosseguindo a receita que foi amplamente vitoriosa nestes dois últimos anos de governo: uma política de desenvolvimento industrial e de crescimento econômico; de defesa da economia nacional; de melhoria das condições de vida e trabalho da população; de ampliação dos serviços públicos; de promoção de investimentos produtivos em detrimento de políticas que somente beneficiam os rentistas.
Isso é “tudo ao contrário” do que foi feito pelo governo anterior que, literalmente, colocou o Brasil em um buraco, criando o maior déficit nominal da história do país. Por que cargas d´agua deveríamos enveredar por uma recessão econômica apenas para garantir aos rentistas ainda maiores lucros futuros? Ou, por que deveríamos sangrar ainda mais o povo brasileiro para assegurar ainda melhores condições (já são as melhores do mundo) para os “investidores brasileiros e estrangeiros” de curto prazo que se beneficiam do câmbio flutuante e especulam descaradamente contra o país, causando grande instabilidade cambial?
Por que não defender os direitos do povo – ao invés de defender o direito de o vampiro assaltar o banco de sangue?
*Lílian Monks Duarte de Vargas é advogada e especializada em Política e Governo e Direito do Consumidor.
Foto de capa: Marcello Casal jr/Agência Brasil
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