Documentos do acordo de delação premiada do ex-deputado estadual e empresário Tony Garcia assinado com o ex-juiz Sérgio Moro chegaram ao gabinete do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de quinta-feira, 28. O acordo foi firmado em 2004 e teve o sigilo revogado pelo juiz federal Eduardo Appio.
Segundo informado da jornalista Daniela Lima, que teve acesso aos documentos, o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba Sérgio Moro teria enumerado 30 tarefas a Tony Garcia. A execução das tarefas era condição para homologação da delação premiada.
Entre elas, estava os levantamento de provas contras deputados, desembargadores do Tribunal Região Federal da 4ª Região (TRF-4) e integrantes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Havia autorização por escrito para o uso de escutas ambientais, grampos, para gravar os alvos do ex-juiz e hoje senador pelo União Brasil-PR.
Um tarefa em especial, a de número 29, o único beneficiado é Sérgio Moro. Tony Garcia teria que buscar provas de que o ex-juiz havia sido grampeado pelo advogado Roberto Bertholdo.
Também está presente nos documento o áudio de uma conversa ente Garcia e Moro. O diálogo já havia sido divulgado pelo próprio ex-deputado, em julho. Em junho, ele prestou depoimento sigiloso à Justiça e afirmou à revista Veja que havia grampeado pessoas a pedido de Moro.
Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, foi acusado de irregularidades na gestão da empresa Consórcio Nacional Garibaldi, falida em 1994. O ex-deputado e empresário era sócio oculto e foi acusado de transferir seus bens na véspera da liquidação extrajudicial. Cerca de 3.800 clientes da empresa foi prejudicados.
O caso tramitou na 3ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, na 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba e na 5ª Vara Federal de Curitiba, mas o então juiz Sérgio Moro conseguiu realocar na 13° Vara Federal de Curitiba.
Os documentos do acordo de delação premiada foram tirados do sigilo pelo juiz Eduardo Appio, que assumiu a vaga de Sérgio Moro mas hoje está afastado em razão de investigações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Foto: Reprodução.
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