Áudios Revelam Articulação Entre Militares e Manifestantes por Golpe de Estado

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Uma série de áudios obtidos pela Polícia Federal (PF) revela a relação próxima entre militares e manifestantes bolsonaristas que participaram dos atos golpistas de 2022.

As gravações mostram como oficiais das Forças Armadas orientavam e incentivavam os manifestantes que acamparam em frente ao Quartel-General do Exército, influenciando a escalada dos protestos que culminaram nos ataques de 8 de janeiro, em Brasília.

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Militar Defende “Descida” de Manifestantes ao Congresso

Em um dos áudios, enviado em 6 de novembro de 2022, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida conversa com uma interlocutora chamada Renata e sugere que os manifestantes deixem o QG do Exército e sigam para o Congresso Nacional.

“Se chegar uma massa de gente, porra, vai atropelar a grade e vai invadir. Depois não tira mais”, diz o militar, demonstrando conhecimento sobre como um grande número de pessoas poderia ultrapassar as barreiras de segurança.

No mesmo dia, ele reforça sua posição em outro áudio, argumentando que acampamentos em frente a quartéis não surtiriam efeito e que os protestos deveriam ser direcionados ao Congresso. Ele também sugere greves e paralisações como forma de aumentar a pressão sobre os Poderes.

Na época, Marques de Almeida atuava no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) e, segundo a PF, utilizava sua experiência em operações psicológicas para disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral. Os investigadores acreditam que essa estratégia foi essencial para dar suporte ao plano golpista.

Clique aqui para ouvir o áudio 2

“Sair das Quatro Linhas da Constituição”

Outro áudio captado pela PF mostra o tenente-coronel Marques de Almeida falando sobre a necessidade de “sair das quatro linhas” da Constituição para evitar uma suposta dominação.

“Esse é o nosso mal, cara. A gente não sai das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair, ou então eles vão continuar dominando a gente.”

A expressão era frequentemente utilizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que alegava agir dentro da legalidade mesmo quando enfrentava acusações de abuso de poder.

Em uma gravação de 2 de novembro de 2022, Marques de Almeida lista supostas violações cometidas por seus adversários, incluindo “cerceamento de liberdade”, “censura prévia” e “prisão de jornalistas e deputados”, para justificar um endurecimento das manifestações.F.

Ordem para “Recrudescer” as Manifestações

Quatro linhas da Constituição

EOutro militar envolvido na articulação era o coronel José Sávio, que aparece em um áudio de 23 de novembro de 2022 orientando os manifestantes a intensificar os protestos.

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“A orientação que nós estamos dando aqui é para recrudescer. Agora é aumentar, melhorar a qualidade e recrudescer.”

Pouco depois, ele afirma que iria ao local para “ajudar o pessoal”, que, segundo a PF, era o QG do Exército.

Sávio também teria informado o general Mario Fernandes sobre o plano dos manifestantes de marchar até a Esplanada dos Ministérios, mas afirmou que o grupo só deixaria o QG se tivesse escolta do Exército. Fernandes, por sua vez, alertou sobre o risco de “infiltrados” tumultuarem o ato, mas classificou a ideia da marcha como “excelente” para pressionar o Legislativo e o Judiciário.

Mais de 200 investigados ou condenados pelos atos de 8 de janeiro são alvos por terem fugido ou descumprido medidas - Metrópoles

Agência Brasil


A Conexão Entre Militares e o Movimento Golpista

A Polícia Federal identificou uma coordenação entre militares e manifestantes, cujo objetivo era pressionar o Congresso e o STF a reverter o resultado das eleições presidenciais.

Clique aqui para ouvir o áudio 4

“Os elementos de prova evidenciam uma ação coordenada entre os integrantes do grupo investigado, direcionando os manifestantes conforme seus interesses”, aponta o relatório da PF.

Outro episódio que reforça essa relação foi o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que revelou que uma carta assinada pelos comandantes das Forças Armadas respaldava as manifestações.

Denúncia da PGR: Golpe e Organização Criminosa

Denúncia da PGRNa última semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra 34 pessoas, incluindo 24 militares, por crimes como golpe de Estado e organização criminosa.

Entre os denunciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, Walter Braga Netto, Mario Fernandes e Guilherme Marques de Almeida.

A PGR considera que os atos de 8 de janeiro foram o desfecho de um plano articulado ao longo de meses, com apoio de militares para incentivar e direcionar os manifestantes.

“Evidenciou-se que os movimentos populares eram encorajados por ações previamente calculadas da organização criminosa. As manifestações não eram orgânicas, os locais escolhidos não eram acidentais, mas fruto de direcionamento dos denunciados, especialmente dos militares envolvidos”, destaca a denúncia.

As investigações continuam, e novos desdobramentos podem aprofundar o envolvimento de setores das Forças Armadas na tentativa de golpe de Estado.


Com informações do Metrópoles.

Foto de capa: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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