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Rubens Paiva e Vladimir Herzog

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Rubens Paiva e Vladimir Herzog
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Por LENEIDE DUARTE-PLON* Militares brasileiros copiaram métodos da Guerra da Argélia. No meu livro “A tortura como arma de guerra-Da Argélia ao Brasil”, (Civilização Brasileira, 2016) – finalista do Prêmio Jabuti e do Prêmio Biblioteca Nacional de 2017 – fruto de muitas pesquisas na França e no Brasil e entrevistas com protagonistas da História da Guerra da Argélia, principalmente o general Paul Aussaresses – considerado o chefe dos esquadrões da morte sobretudo na Batalha de Argel, em 1957 – demonstrei como a Escola Francesa da guerra contrarrevolucionária ou antissubversiva foi um marco teórico para os militares que implantaram a ditadura de 1964 no Brasil. Ao ler Services Spéciaux-Algérie 1955-1957, de autoria do general Paul Aussaresses pude constatar estarrecida que as mortes de Rubens Paiva e Vladimir Herzog, em 1971 e 1975 respectivamente, foram uma espécie de replay, reedição de dois casos ocorridos alguns anos antes, na guerra da Argélia. O modus operandi dos casos Paiva e Herzog se assemelha, nos mínimos detalhes, ao que se passara na Argélia, em 1957: o chefe da Frente de Libertação Nacional Larbi Ben M’Hidi – um resistente nacionalista tão importante para os argelinos quanto Jean Moulin, morto sob tortura pela Gestapo, para os franceses – teve, como Herzog, sua morte sob tortura (nas mãos dos homens de Aussaresses) atribuída a um suicídio por enforcamento. E o jovem professor de matemática Maurice Audin, como Rubens Paiva, teve seu desaparecimento transformado em “evasão”. Os corpos de Audin e Paiva nunca foram encontrados. Os militares brasileiros aprenderam com seus colegas franceses todas as lições da “guerra contrarrevolucionária”. Os “mestres” em técnicas de interrogatório e no controle das populações civis, desaparecimentos e execuções sumárias disseminaram seu saber entre alunos aplicados. Rubens Paiva – Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1971 O deputado federal Rubens Beirodt Paiva, eleito em 1962 por São Paulo, pelo Partido Trabalhista Brasileiro, não conheceu Maurice Audin. Mas no filme macabro da ditadura brasileira, os roteiristas de farda lhe atribuíram praticamente o mesmo papel do jovem professor de matemática: um prisioneiro que foge numa transferência de prisão. No caso de Paiva, ele teria sido sequestrado por outros “subversivos”. Rubens Paiva participara em 1963 da Comissão Parlamentar de Inquérito (cpi) que investigou as atividades do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais – Instituto Brasileiro de Ação Democrática (ipes-ibad), que ajudou a preparar o golpe militar. Entre outras coisas, essas instituições financiavam palestrantes e escritores para denunciar a “ameaça vermelha” no Brasil. O deputado foi cassado dia 10 de abril de 1964, pelo ato Institucional editado no dia anterior. No final de 1970, Rubens Paiva fora a Santiago do Chile. O eixo Paris-Argel-Santiago era o centro nevrálgico da diáspora brasileira. Mas os perseguidos por crimes políticos eram seguidos, vigiados e tinham suas organizações infiltradas permanentemente por agentes secretos do sni (Serviço Nacional de Informação) nas três capitais. A viagem de Paiva fora, portanto, monitorada por agentes do sni. Dia 20 de janeiro de 1971, a casa de Rubens Paiva, no Leblon, foi invadida por pessoas armadas de metralhadoras, sem apresentar mandado de prisão mas se dizendo da Aeronáutica. Rubens Paiva acalmou-os e saiu de casa dirigindo seu próprio carro. Desde então, foi dado como desaparecido. Nota oficial dos órgãos de segurança informou que dois dias depois, ao ser transferido da prisão ao Centro de Operações de Defesa Interna (Codi), o carro que o conduzia foi atacado por indivíduos desconhecidos que o teriam sequestrado. Em suma, o preso teria fugido com a ajuda de cúmplices. Na realidade, Rubens Paiva morreu por causa dos ferimentos devidos à tortura. Segundo testemunho do médico do exército Amílcar Lobo, que o examinou, o ex-deputado morreu após diversas sessões de tortura. Na carta que escreveu em 1971 ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, criado em março de 1964, com base em relato de testemunhas – inclusive a professora Cecília Viveiros de Castro que entrevistei para meu livro – Eunice Paiva afirmava que seu marido provavelmente começara a ser torturado no mesmo dia de sua prisão, durante o interrogatório feito na 3ª Zona Aérea, no Aeroporto Santos Dumont, sob o comando do brigadeiro João Paulo Penido Burnier. Nesse mesmo local morreu o estudante Stuart Angel Jones, obrigado a respirar o escapamento de um jipe até morrer. O brigadeiro Burnier, um homem de muita imaginação, é o mesmo que concebeu um sinistro plano que por pouco não foi executado: queria que seus comandados fizessem explodir o gasômetro do Rio para acusar os comunistas da autoria do crime. Até hoje, o corpo do deputado Rubens Beirodt Paiva não foi encontrado, mas em 1996 Eunice Paiva, sua viúva, recebeu um atestado de óbito reconhecendo oficialmente a morte, graças a uma Lei sobre os Desaparecidos. Um dos filhos do deputado, o escritorMarcelo Rubens Paiva escreveu no jornal O Estado de S. Paulo, de 25 fevereiro de 2014: Em 1996, pegmos o metrô até o cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais – Primeiro Subdistrito da Sé. Os funcionários estavam assustados com a quantidade de fotógrafos e cinegrafistas. Mal sabiam que se fazia História naquele cartório abafado e comum. Um cordão da imprensa respeitou nossa passagem. A escrevente substituta Cibeli da Silva Bortolotto entregou o atestado: “Certifico que, em 23 de fevereiro de 1996, foi feito o registro de óbito de Rubens Beyrodt Paiva. Profissão, engenheiro civil. Estado civil, casado. Natural de Santos, neste Estado. Observações: Registro de Óbito lavrado nos termos do Artigo 3º. da Lei 9.140 de 04 de dezembro de 1995. Meu pai morria pelos termos da Lei 9.140, 25 anos depois de ter morrido por tortura. Na saída, Eunice Paiva sorriu, falou com a imprensa e ergueu o atestado de óbito como um troféu. Origem da “escola francesa” A Escola Francesa foi teorizada durante a guerra da Argélia (1954-1962) pelo coronel Roger Trinquier no livro “La guerre moderne”, estudado e citado por militares norte-americanos e sul-americanos. Desde a guerra da Indochina os franceses torturavam, mas a defesa e a sistematização da tortura foi intensificada na guerra da Argélia, entre outros, pelo coronel Marcel Bigeard, num manual chamado Le Manuel de l’officier de renseignement [Manual do oficial de informação], publicado pelo Exército Francês e impresso pela editora Lavauzelle, em Paris. O manual contém técnicas de torturas sistematizadas na Argélia. O livro teria sido divulgado e utilizado por numerosos serviços de informação, inclusive os de Augusto Pinochet, de Saddam Hussein e dos Estados Unidos no governo de diversos presidentes. Foi Roger Trinquier o primeiro militar francês a se debruçar sobre os textos de Mao Tsé-Tung para entender a estratégia da “guerra revolucionária” na Argélia, semelhante à guerra que os franceses haviam enfrentado (e perdido) na Indochina. Depois dele, Charles Lacheroy também leu Mao e criou em Paris cursos sobre a guerra contrarrevolucionária. Lacheroy foi o primeiro a utilizar o termo “guerra revolucionária” para qualificar a guerra feita pelo Việt Minh. No livro de Mao, “A estratégia da guerra revolucionária na China”, publicado em 1936 e traduzido para o francês em 1950, o jovem coronel Lacheroy viu pela primeira vez o conceito de “guerra revolucionária” e a partir dele criou o seu antídoto, a “guerra contrarrevolucionária”, que os militares sul-americanos adotariam depois com entusiasmo.     *Leneide Duarte-Plon é jornalista brasileira radicada em Paris. Foto de capa: Vladimir Herzog e Rubens Paiva, respectivamente - Divulgação/Instituto Vladimir Herzog / Divulgação Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Opinião

Lira quer licença total para a corrupção

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Lira quer licença total para a corrupção
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Por JEFERSON MIOLA* O empenho desmedido de Arthur Lira para liberar o repasse de emendas secretas diz tudo sobre o real interesse em jogo. Não se viu antes um Lira tão mobilizado como agora. Nem nos momentos mais graves de ameaça à democracia e aos poderes da República, como no atentado terrorista ao STF em 13 de novembro, e na descoberta do plano militar-bolsonarista de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Como se observa, o que de fato mobiliza Lira, a ponto de ele mover montanhas, são interesses nada nobres. O presidente da Câmara dos Deputados reivindica uma licença total para a corrupção com emendas parlamentares. Lira interrompeu o recesso de fim de ano, mobilizou líderes partidários e pediu uma reunião de urgência com o presidente Lula para pressionar o STF a liberar o assalto de fim de ano ao butim de R$ 4,2 bilhões de emendas ao Orçamento da União. Falta nobreza e republicanismo nessa luta do Lira e da deputadocracia viciada em verbas do orçamento secreto. Importante ficar claro que o STF não determinou o fim das emendas impositivas, decisão que mereceria todo aplauso, pois tratam-se de verdadeiras excrescências que não existem em nenhum outro país do planeta. O Supremo somente relembrou os congressistas a respeito de critérios legais e constitucionais que devem ser observados no repasse de todo dinheiro público, inclusive aquele originado em emendas parlamentares. O ministro Flávio Dino apenas determinou –no que foi acompanhado pelo plenário do STF– que o pagamento de emendas precisa observar as diretrizes mais comezinhas da execução de todo e qualquer gasto público numa República: a identificação de autor e beneficiário de cada emenda, a publicidade e a transparência no repasse do dinheiro público, a viabilidade técnica da obra ou serviço, o plano de aplicação financeira e a prestação de contas. Para Lira, no entanto, esta determinação é inaceitável. Ele reivindica total obscuridade e absoluta falta de transparência e controle sobre o repasse dos R$ 4,2 bilhões que o ministro Flávio Dino corretamente mandou travar, a bem do interesse público. Ora, por que essa resistência tão feroz e obstinada do presidente da Câmara em cumprir as leis de execução orçamentária aprovadas pelo próprio Congresso? Por qual razão Lira e seus colegas insistem em ocultar informações elementares, que permitiriam o rastreamento, monitoramento e fiscalização do dinheiro público? Por que, afinal, eles querem esconder até mesmo o nome do/a parlamentar que direciona dinheiro do orçamento nacional e para qual finalidade? Por que esse medo genuíno com a transparência na execução do gasto público através das emendas parlamentares? Será por alguma má intenção?     Originalmente publicado em seu blog. *Jeferson Miola é jornalista. Foto de capa:  Aroeira Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

Bem Estar

Desperdícios

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Desperdícios
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Por ADELI SELL* A rodovia está cheia de grãos ao sabor  dos solavancos do caminhão carregado de soja rumo ao Porto de Rio Grande. É de um o que minha visão alcança. Quantos mais vão deixando grãos no asfalto? É um prejuízo, sem dúvida. Não deve ser tanto para não ter outro tratamento. Vou até a Ceasa, e o que vejo de frutas, verduras e legumes estragados que me dá nos nervos. Sei que há um programa de doações para instituições. Algo que louvo. Produtos que passam do ponto nas plantações pode até ser entendido o problema por falta de estrutura dos pequenos produtores. Mas quais as orientações técnicas dos órgãos públicos, tipo Emater?  Estou procurando.... Se na Ceasa há este programa de doações do que se pode aproveitar, por que não se acha um destino adequado para o que vai para o lixao? O que dói na alma da gente é o desperdício nas mesas dos brasileiros que tem o que consumir. E o que dizer de restaurantes? Quanto tempo vsmos convier com a fome das ruas e das periferias com o desperdício em casa? Este tema nunca frequenta um programa governamental.  Há algo errado no país e com as pessoas. Há algo muito mal acontecendo enquanto  a fome persiste. Algumas coisas teremos que fazer e é agora!       *Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito. Foto de capa: Reprodução Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Politica

Adianta?

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Adianta?
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Por ANGELO CAVALCANTE* Adianta contar que o Brasil, sob Lula da Silva, retirou, no miúdo prazo de dois anos, cerca de dez milhões de pessoas da sub-marca da pobreza? Com sinceridade, adianta dizer que, nesse momento, está ocorrendo, justamente na educação brasileira, das maiores inversões em salários, empregos e infraestrutura de todo o Ocidente? Contar, mostrar, indicar números e gráficos acerca da larga ampliação do nosso mercado internacional, adianta? E todo o criativo e fecundo esforço nacional, muito bem programado e sistematizado por ativar, manter e ampliar nosso mercado comum, o MercoSul, importa? Garantir centro para os hermanos do Cone Sul, faz diferença? Dialogar identidades, interfaces e pontos em comum para a aproximação social, cultural e econômica de nossos povos, faz sentido? Eu digo que SIM ! Enquanto o Brasil vai retomando posições, locais e estratégias por se reapresentar na "grande política" global, a oposição, em seu vale tudo de destruição e sabotagem do país não tem ou demonstra qualquer fiapo de escrúpulo ou medida. Esse cancro odiento, purulento e absolutamente irracional vai e singra desde denúncias vazias e vexatórias na senatoria dos Estados Unidos, passando por declarações discursivas no parlamento europeu eivadas de incongruências, disparates e alucinações até às súplicas mais nonsense que se possa conceber e dirigidas, destinadas ao recém eleito governo de Donald Trump onde bolsonaristas de todos os naipes e coturnos pedem - pedem mesmo! - sanções, restrições e punições ao Brasil. São medidas, reparem bem, que vão da subclassificação do Brasil à condição de "ditadura"; ainda que a imprensa seja livre ( livre, inclusive, para mentir! ); os tribunais funcionem perfeitamente bem; o ministério público atue em total autonomia e desenvoltura; os movimentos sociais e populares operem plenos, inclusive, tomando praças e ruas e; as universidades estejam íntegras, efusivas, quentes, vibrantes e com toda a sua galáxia de diversidades. Pois sim... Desse cenário penoso e desabonador até a proposição traidora da elevação de taxas e impostos alfandegários e aduaneiros das commodities brasileiras, o que, segundo o jargão dos economistas, retira toda a vantagem competitiva de itens e produtos nacionais. Essa é a oposição expressa e revelada nessa legislatura e que, sem sombra ou liame de dúvidas, é a pior, mais nociva e deletéria de toda a história do Congresso Nacional. Pois sim... No começo desse ensaio, indagava: "Adianta?"; querem saber!? Adianta e muito... Estamos a tratar de nosso país, de interesses nacionais, da nossa população e da ampla vida nacional. Do outro lado, está um errático, atrasado e reacionário esforço por fragmentar, enfraquecer e inviabilizar o país e a vida de todos os trabalhadores. Adianta! Ora, uma grave crise internacional se amplia, se agiganta o que, por sinal, eleva o valor do dólar por todo o mundo e não somente no Brasil e a luta contra o retrocesso, o ódio e o fascismo, não tem jeito, é dever de toda a civilização do Brasil. Adianta!   * Angelo Cavalcante é Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara. Foto de capa: Reprodução/freepik Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Economia

Taxa de desocupação é de 6,1% e taxa de subutilização é de 15,2% no trimestre encerrado em novembro, as menores da história

Curtas

Taxa de desocupação é de 6,1% e taxa de subutilização é de 15,2% no trimestre encerrado em novembro, as menores da história
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Agência IBGE NOTÍCIAS A taxa de desocupação (6,1%) no trimestre encerrado em novembro de 2024 recuou 0,5 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre de junho a agosto de 2024 (6,6%) e caiu 1,4 p.p. ante o mesmo trimestre móvel de 2023 (7,5%). Esta foi a menor taxa de desocupação da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012   Indicador/Período Set-out-nov 2024 Jun-jul-ago 2024 Set-out-nov 2023 Taxa de desocupação 6,1% 6,6% 7,5% Taxa de subutilização 15,2% 16,0% 17,4% Rendimento real habitual R$ 3.285 R$ 3.263 R$ 3.176 Variação do rendimento habitual em relação a: estável (0,7%) 3,4%   A população desocupada (6,8 milhões) recuou nas duas comparações: -7,0% (menos 510 mil pessoas) no trimestre e -17,5% (menos 1,4 milhão de pessoas) no ano. Foi o menor contingente de desocupados desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014. Novamente, a população ocupada (103,9 milhões) foi recorde da série histórica, crescendo em ambas as comparações: 1,4% (mais 1,4 milhão de pessoas) no trimestre e 3,4% (mais 3,4 milhões de pessoas) no ano. O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) subiu para 58,8%, recorde da série histórica, crescendo nas duas comparações: 0,7 p.p. no trimestre (58,1%) e 1,4 p.p. (57,4%) no ano. A taxa composta de subutilização (15,2%) recuou nas duas comparações: -0,7 p.p. no trimestre e -2,1 p.p. no ano. Foi a menor taxa desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014 (14,9%). A população subutilizada (17,8 milhões) foi a menor desde o trimestre móvel encerrado em maio de 2015 (17,7 milhões), recuando nas duas comparações: -3,9% (menos 725 mil) no trimestre e -11,0% (menos 2,2 milhões) no ano. A população subocupada por insuficiência de horas (5,1 milhões) não teve variação significativa no trimestre e caiu 6,6% (menos 363 mil pessoas) no ano. A população fora da força de trabalho (66,0 milhões) recuou 0,8% (-510 mil pessoas) no trimestre e 0,8% (menos 504 mil pessoas) no ano. A população desalentada (3,0 milhões) foi a menor desde o trimestre encerrado em abril de 2016 (2,9 milhões), ficando estável no trimestre e recuando 10,3% (menos 349 mil pessoas) no ano. O percentual de desalentados (2,7%) ficou estável no trimestre e recuou 0,3 p.p. no ano. Novamente, o número de empregados no setor privado (53,5 milhões) foi recorde, com altas de 1,3% (mais 661 mil pessoas) no trimestre e de 4,6% (mais 2,4 milhões de pessoas) no ano. O número de empregados com carteira assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) também foi recorde: 39,1 milhões. Houve alta de 1,3% (mais 496 mil pessoas) no trimestre e de 3,7% (mais 1,4 milhão de pessoas) no ano. O número de empregados sem carteira no setor privado (14,4 milhões) ficou estável no trimestre e cresceu 7,1% (mais 959 mil pessoas) no ano. O número de empregados no setor público (12,8 milhões) foi recorde, ficando estável no trimestre e subindo 5,6% (685 mil pessoas) no ano. O número de trabalhadores por conta própria (25,9 milhões) cresceu 1,8% (mais 467 mil pessoas) no trimestre e ficou estável no ano. Já o número de trabalhadores domésticos (6,0 milhões) cresceu 3,2% (mais 185 mil pessoas) no trimestre e ficou estável no ano. A taxa de informalidade foi de 38,7% da população ocupada (ou 40,3 milhões de trabalhadores informais) contra 38,8 % (ou 39,8 milhões) no trimestre encerrado em agosto e 39,2 % (ou 39,4 milhões) no mesmo trimestre de 2023. O rendimento real habitual de todos os trabalhos (R$ 3.285) ficou estável no trimestre cresceu 3,4% no ano. A massa de rendimento real habitual (R$ 332,7 bilhões) foi recorde, crescendo 2,1% (mais R$ 7,1 bilhões) no trimestre e 7,2% (mais R$ 22,5 bilhões) no ano. Taxa de desocupação - Brasil - 2012/2024 A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas), no trimestre de setembro a novembro de 2024, foi recorde, chegando a 110,7 milhões de pessoas e crescendo nas duas comparações: 0,8% (mais 876 mil pessoas) frente ao trimestre de junho a agosto de 2024 e 1,8% (mais 2,0 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre móvel de 2023. A análise da ocupação por grupamentos de atividade ante o trimestre de junho a agosto de 2024 mostrou aumento em quatro grupamentos: Indústria Geral (2,4%, ou mais 309 mil pessoas), Construção (3,6%, ou mais 269 mil pessoas), Administração pública defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,2%, ou mais 215 mil pessoas) e Serviços domésticos (3,0%, ou mais 174 mil pessoas). Houve redução da ocupação no grupamento Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-2,0%, ou menos 164 mil pessoas). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. Frente ao trimestre de setembro a novembro de 2023, sete grupamentos cresceram: Indústria Geral (3,6%, ou mais 466 mil pessoas), Construção (6,0%, ou mais 440 mil pessoas), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,6%, ou mais 692 mil pessoas), Transporte, armazenagem e correio (5,8%, ou mais 322 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,4%, ou mais 548 mil pessoas), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,4%, ou mais 790 mil pessoas) e Outros serviços (5,0%, ou mais 270 mil pessoas). Houve redução em Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-4,4%, ou menos 358 mil pessoas) e estabilidade nos demais grupamentos. Taxa composta de subutilização – Trimestres de agosto a outubro – Brasil – 2012 a 2024 (%) O rendimento médio mensal real habitualmente recebido no trabalho principal, segundo os grupamentos de atividade, do trimestre móvel de setembro a novembro de 2024, em relação ao trimestre de junho a agosto de 2024, mostrou aumento em uma categoria: Transporte, armazenagem e correio (4,7%, ou mais R$ 141). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. Frente ao trimestre de setembro a novembro de 2023, houve aumento em três categorias: Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,9%, ou mais R$ 102) Transporte, armazenagem e correio (7,8%, ou mais R$ 229) e Serviços domésticos (3,6%, ou mais R$ 43). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. A análise do rendimento médio mensal real por posições de ocupação do trimestre móvel de setembro a novembro de 2024, frente ao trimestre de junho a agosto de 2024, mostrou aumento na categoria de Empregado com carteira de trabalho assinada (1,4%, ou mais R$ 41). As demais categorias não apresentaram variação significativa. A comparação com o trimestre de setembro a novembro de 2023 indicou aumento em cinco categorias: Empregado com carteira de trabalho assinada (2,7%, ou mais R$ 80), Empregado sem carteira de trabalho assinada (6,0%, ou mais R$ 129), Trabalhador doméstico (3,6%, ou mais R$ 43), Empregado no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) (2,7%, ou mais R$ 129) e Conta-própria (3,8%, ou mais R$ 98). Publicado originalmente no site do IBGE Foto da capa: Divulgação

Economia

O brasileiro é, antes de tudo, um otimista

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O brasileiro é, antes de tudo, um otimista
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Por RUDOLFO LAGO* do Correio da Manhã Brasília O governo suou para ver aprovada sua pauta de interesse no Congresso no final deste ano de 2024. Pauta que não necessariamente resulta em boa notícia para a população, já que se trata da necessidade de cortar gastos, inclusive na área social, para manter as contas equilibradas, como mandam as regras de responsabilidade fiscal. Numa situação paradoxal, para ser autorizado a economizar, o governo foi obrigado a gastar: R$ 7,7 bilhões em emendas orçamentárias para aprovar o pacote. O ano termina com o dólar acima de R$ 6 e juros acima de 12%. Pressões para o ano que vem. Mas nada disso parece preocupar muito o brasileiro. Segundo o Radar Febraban, grande maioria das pessoas termina o ano otimista e animada. Sete em dez Realizada entre os dias 5 e 9 de dezembro, a última rodada da pesquisa que o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) faz para a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) aponta que sete em cada dez brasileiros estão satisfeitos coma vida. Satisfação O percentual dos que se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida que levam neste final de 2024 é de 71%. Entre os que têm ensino superior e renda acima de cinco salários-mínimos, esse percentual chega a 82%. A maior satisfação é no Norte, a menor no Sudeste. Em 2025, a vida vai melhorar, confiam 75% Saúde é o maior problema do país, diz a pesquisa | Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília   Esperança é a palavra que resume o sentimento da maioria quanto a 2024 e a expectativa para 2025. Ela foi a palavra escolhida por 38% dos entrevistados. As mulheres se mostram mais otimistas que os homens (83% contra 77%). Entre os mais jovens, entre 18 e 24 anos, o otimismo atinge 81%. Se essa é a sensação diante do que o brasileiro viveu em 2024, sua expectativa quanto a 2025 é ainda melhor. Segundo a pesquisa do Ipespe para a Febraban, 75% acham que sua vida vai melhorar ainda mais em 2025. Esse número representa um retorno ao patamar de dezembro de 2023 (74%). Um salto de 11 pontos percentuais com relação à rodada anterior. País Num percentual menor, 68% acham que o país, de maneira geral, irá melhorar ou ficar como está em 2025. O percentual de quem acha que vai melhorar, porém, caiu dez pontos comparado à percepção em dezembro do ano passado: 49% agora contra 59%. Emprego Para 23%, a área que mais melhorou no país foi emprego e renda. Mas algumas percepções quanto à economia não são assim tão boas. Para 68%, a inflação irá aumentar no ano que vem. E o mesmo percentual de 69% acredita em novas subidas da taxa de juros. Impostos O Congresso acabou de regulamentar a reforma tributária. Mas isso não traz ao brasileiro uma percepção de que a situação melhora. Para 64%, os impostos irão aumentar no país em 2025. São nove pontos percentuais a mais do que em dezembro do ano passado. Saúde Nem tudo, porém, melhorou. Há alguns setores que a população percebeu piora. A maior delas na saúde: pior para 18%. Em seguida, vem segurança pública, com 16%. A inflação e o custo de vida pioraram para 12%. Assim, a prioridade do país é a saúde, segundo 30%.       *Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade Publicado originalmente publicado no Correio da Manhã Foto de capa: Espírito de fim de ano: brasileiro tem esperança | Gabriel Monteiro/Riotur Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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