Justiça

TRE-SP forma maioria para cassar mandato de Carla Zambelli

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TRE-SP forma maioria para cassar mandato de Carla Zambelli
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Da CNN Brasil* O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) formou maioria, nesta sexta-feira (13), para cassar o mandato e deixar a deputada Carla Zambelli (PL-SP) inelegível por divulgar informações falsas sobre as eleições de 2022. Iniciado por uma ação da também deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), o caso tem quatro votos contra a parlamentar. A corte é composta por sete juízes. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista da juíza Maria Cláudia Bedotti. Com a decisão, a parlamentar pode ficar inelegível até 2030. Ela ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O julgamento surgiu de publicações feitas nas redes sociais por Zambelli com ataques ao sistema eleitoral e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao votar a favor da condenação, o desembargador Encinas Mafré citou “abuso da liberdade de expressão e ato de evidente má-fé”, e comentou sobre uma publicação que a deputada teria feito em 2022 em que divulgava que urnas eletrônicas na cidade de Itapeva, no interior de São Paulo, teriam sido manipuladas. Em nota, Zambelli diz que “nada mudou”. “Por enquanto, a maioria está formada, no sentido da minha cassação. Mas isso ainda pode ser revertido, com o pedido de vista que foi feito”, declarou a deputada. *Publicado originalmente no site da CNN Brasil, no dia 14/12/2024 Foto da capa: Deputada Carla Zambellli - Crédito: Ed Alves/CB/DA. Press.

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Almirante Negro – Não esquecer jamais!

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Almirante Negro – Não esquecer jamais!
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Por ADELI SELL* João Cândido é gaúcho. Nasceu numa comunidade onde é o município de Dom Feliciano, e se criou em Rio Pardo até os 11 anos, quando - apoiado pelo Almirante Alexandrino de Alencar - vai a caminho da Marinha. Negro, de família pobre, pai liberto e mãe escravizada, avô atento e agregador lhe formam para a vida. Acaba fazendo sua trajetória na Marinha Brasileira,  sendo um grande e exemplar marinheiro. Atualmente, esquecido, com versões mentirosas sobre sua vida, construídas a partir dos maiorais da corporação. O “Almirante Negro”, como ficou conhecido,  virou letra de música censurada na ditadura (Aldir Blanc e João Bosco são os autores), eternizada na voz de Elis Regina. Foi enredo de Carnaval também. Em 2024, sai o livro "João Cândido Sonho e Castigo", de Mário Papo Santarem. A escrita de Pepo é de uma riqueza literária exemplar. Toca-nos em especial a forma bem acabada com que trata a infância do biografado. Mas não é só isso. Pepo nos vai guiando pela trajetória do Almirante Negro para denunciar a tradição opressora e violenta da Marinha,  do governo do Marechal Hermes da Fonseca, presidente do país, também gaúcho, que traiu seu próprio Decreto de Anistia para os marinheiros da Revolta da Chibata, colocando-os nas masmorras piores do mundo e jogando outros nos seringais do Acre, fuzilados outros tantos, jogados ao mar vários deles. O governo republicano mandou assassinar e degredar centenas e centenas de Marinheiros. Todos da Marinha Brasileira. Hora de discutir nossa História e de revisitar a Revolta da Chibata. Estamos falando de 1910 quando um marinheiro é massacrado com 250 chibatadas. Explode ali a Revolta da Chibata. Creio que este livro deveria estar em todas as bibliotecas do país e em especial nas do Rio Grande do Sul. Vamos lutar para que as novas gerações conheçam nossos heróis, lendo livros de qualidade literária ímpar.   *Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito. Foto de capa: Prefeitura de São João de Meriti/Reprodução Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia. *Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito. Foto de capa: Divulgação Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.    

Justiça

O cerco se fecha. PF prende Braga Neto, ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro

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O cerco se fecha. PF prende Braga Neto, ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro
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Da Redação, com informações d'O Globo, do Estadão, da Folha de São Paulo, do G1 e do Uol A Polícia Federal prendeu na manhã deste sábado, 14, no Rio de Janeiro, o general Walter Braga Neto, por obstrução de justiça durante as investigação da tentativa de golpe para impedir a posse do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A prisão de Braga Neto foi autorizada pelo Ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF) e teve o aval do procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet. A Polícia Federal ainda faz buscas contra o coronel da reserva Flávio Peregrino, principal auxiliar de Braga Netto desde o governo Bolsonaro. O coronel Peregrino guardou o plano "Lula não sobe a rampa", apreendido na sua mesa, na sede do Partido Liberal, na pasta denominada "memórias importantes". Hoje na reserva, Braga Neto foi ministro da Defesa e candidato a vice-Presidente da República na chapa de Jair Messias Bolsonaro, derrotada em 2022. Braga Netto é tido como “figura central” da tentativa de golpe que envolvia o assassinato do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, além da prisão do ministro Alexandre de Moraes. Segundo a PF, ele teria aprovado e financiado o plano para matar Lula e Alckmin. Braga Neto é um dos personagens mais mencionados no relatório de 884 páginas da Operação Contragolpe, sendo citado 98 vezes. Braga Neto é o primeiro general de quatro estrelas preso na história do Brasil. Além dele, há mais três generais de quatro estrelas na mira da Polícia Federal: Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira. Braga Netto pode ser condenado a pelo menos 30 anos de prisão. Ele é acusado por três crimes: tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. O tenente-coronel Mauro Cid afirmou em depoimentos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e à Polícia Federal, que o ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto, entregou dinheiro vivo a militares das Forças Especiais, os chamados "kids pretos", em embalagens de vinho. Braga Netto foi preso pela PF na manhã deste sábado e nega qualquer participação na trama golpista. Em nota, a defesa de Braga Netto disse que "reitera que o cliente não tomou conhecimento de documento que tratou de suposto golpe e muito menos do planejamento para assassinar alguém. Dessa forma, o General não coordenou e não aprovou plano qualquer e nem forneceu recursos para tal". Por outro lado, o grupo jurídico Prerrogativas declarou em nota neste sábado (14) que a prisão do general Braga Netto "é um sinal bastante promissor para a democracia brasileira". Coordenador do grupo, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, afirmou que é preciso monitorar os passos do ex-presidente Jair Bolsonaro. "Precisamos reforçar a vigilância nos arredores da embaixada da Hungria", afirmou, em referência ao fato de ele ter passado duas noites na missão diplomática no início do ano. Foto da capa: Agência Reuters

Cultura

Programas – de 13 a 20 de dezembro

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Programas – de 13 a 20 de dezembro
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Por LÉA MARIA AARÃO REIS* O programa é ouvir o médico, antropólogo, sociólogo e escritor francês Didier Fassin sobre a guerra na Palestina. “Pareceu-me impossível permanecer em silêncio diante do genocídio em Gaza, que é provavelmente o abismo moral mais profundo em que o mundo ocidental caiu desde a Segunda Guerra Mundial”. Fassin vive entre a França e os Estados Unidos, professor no Collège de France e na Universidade de Princeton. Seu livro mais recente sobre Gaza é Une étrange défaite – Sur le consentement à l’écrasement de Gaza, informa a CAPJO-Europalestine. O programa também é assistir imagens do vídeo gravado durante a mais recente reunião do Conselho de Segurança da ONU com um manifestante sentado na galeria, levantando-se para protestar contra o silêncio dos ilustríssimos membros do Conselho em relação ao genocídio praticado em Gaza, interrompendo a sessão com um pequeno, contundente e civilizado discurso. Constrangimento geral. Força para Crescer é programa do grupo Pontos de Leitura que comemora a inauguração de dez bibliotecas multiuso no estado do Rio de Janeiro. Cidades beneficiadas: Angra dos Reis, Campos dos Goytacazes, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Maricá, Magé, Niterói, Paraty, Rio de Janeiro e São Gonçalo. O Ministério da Cultura, Enel, o Itaú e o Governo do Estado promovem esse programa com apoio da CCR, a Companhia de Concessões Rodoviárias, e de organizações culturais. Dia 16, às 11 horas, no teatro Alcione Araújo. Um vídeo original, da Editora Tabla, no YouTube: a entrevista com o poeta sírio Adonis, um dos principais poetas árabes. Ode à errância reúne três produções de Adonis. Juntas, elas compõem uma ode contínua à ‘errância’. O poeta vaga por Alquds (Jerusalém), pela Cidade do México, Pequim e por outras latitudes. Dia 18 de dezembro, a partir das 19h, na livraria Blooks (em Botafogo, no Rio), o lançamento de Crânio de vidro do selvagem digital, de Luiz Eduardo Soares. O livro enfatiza a liberdade da imaginação e propõe o desafio de transformar em literatura o esgotamento de um mundo em ruínas. Em seguida, bate-papo com o autor mediado por Suzana Vargas, escritora, professora de literatura e curadora do projeto Clube de Leitura do Centro Cultural do Brasil. Esse novo livro de ficção de Luiz Eduardo Soares acompanha o reencontro do protagonista, um acadêmico de esquerda que herda muitas das experiências do autor, com um velho companheiro da luta política, desaparecido no tempo e no espaço. Os personagens mergulham em lembranças em comum e em viagens lisérgicas, abençoadas pelo poder de ervas e de chás capazes de libertar a mente. Rumam ao passado e se embrenham em uma floresta de memórias (Blog da Biblioteca Virtual do Pensamento Social) Leitura oportuna: Narrativas em disputa – Segurança pública, polícia e violência no Brasil, é organizado por Renato Sérgio de Lima, no qual os textos identificam como “estratégia de boa governança e de modernização da narrativa da segurança pública brasileira, a promoção do acesso à informação e ao Estado de direito em todos os níveis”. No livro, especialistas no assunto escrevem que “já passamos da hora de desafiar a grotesca distorção civilizatória e controlar o desfile anual de mortes violentas no Brasil”. Renato Sérgio de Lima é professor da FGV/EAESP, Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. (Ed. Alameda) Dias 21 e 22 deste mês, uma boa novidade: o 1º Festival do Bacalhau, na Praça Paris, no bairro da Glória, Centro do Rio. É mais uma festa popular, gratuita, de fim do ano. Os ingredientes do festival: variados pratos de bacalhau, feira de presentes natalinos, atrações para crianças, samba, pequenos shows de música. E livros? Não? Mas antes, dia 14, será a vez da festa do grupo Barão de Itararé, no Armazém do Campo, em São Paulo. A tradicional comemoração do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé reúne amigos, comunicadores populares, representantes de movimentos sociais e com trilha musical de rap do grupo mineiro Fantasmas Vermelhos, que vem da cidade de Tiradentes. Início às 14 horas. Trecho do videoclipe dos Fantasmas Vermelhos no Instagram. Especialistas em assuntos econômicos, mais que nunca atentos ao livro da emérita pesquisadora e filósofa italiana Clara Mattei, A Ordem do Capital, publicado no Brasil no ano passado. Nele, observou Chomsky, “vê-se que os programas de austeridade, há um século, têm sido instrumentos da guerra de classes abrindo caminho para o fascismo”. O livro foi considerado pelo Financial Times um dos melhores livros de 2022, e Thomas Piketty diz que ele é “leitura obrigatória, com importantes lições para o futuro”. (Ed. Boitempo) Com o título provocativo de O dia em que conheci Brilhante Ustra, o jornalista Alex Solnik relata sua prisão, dia 04 de setembro de 1973, o encarceramento por 45 dias, sua liberação sem nenhuma explicação, e o período em que viveu os horrores de testemunhar violências e torturas contra presos políticos. (Ed. Geração) ,Veja Também:  Minicurso Fatoflix - Direitos Humanos e Memória: A verdade histórica vem à tona *Outra leitura necessária é o volume Cachorros: A História do Maior Espião dos Serviços Secretos Militares e a Repressão aos Comunistas Até a Nova República, publicado este ano, do jornalista Marcelo Godoy (Prêmio Jabuti de 2015 com A Casa da Vovó) e com contribuições de um colega, também jornalista e repórter de elite, Bruno Paes Manso.   Acontecimento cinematográfico importante: foi lançado no Festival de Cinema de Brasília (com entrada gratuita) o mais recente filme do histórico cineasta Ruy Guerra. Fúria fecha a sua trilogia intitulada Guerra, iniciada com Os Fuzis, de 1965, e A Queda, de 1997. A codireção é de Luciana Mazatti e do seu elenco de peso participam Ricardo Blat, Daniel Filho e Lima Duarte. O moçambicano Ruy está firme e vibrante nos seus 93 anos. Mais um bom lançamento recente, de fim de ano. Psicologia de Massas e Bolsonarismo, da psicóloga Rita Almeida, que trata de fenômenos de massas, no Brasil, pesquisados entre 2018 e 2023. No livro, o pensamento é norteado pela psicanálise, base teórica e clínica para que se possa compreender o fenômeno de massas contemporâneo brasileiro e aquele que ocupou o posto de presidente em 2018, dominar não só a sociedade como as forças políticas. “O que leva as pessoas a aderir a líderes e grupos que promovem a opressão e a subserviência do outro”? É a grande pergunta em busca de resposta no livro que contém o pensamento de diversos(as) profissionais da Psicologia. Acaba de ser lançado, em tarde de festa literária nos jardins da Reitoria da Universidade Federal do Ceará, o livro Tempos de ‘nunca-mais’: as graves violações dos direitos humanos nas universidades públicas do Ceará (1964-1985). Reúne 28 depoimentos de vítimas da ditadura civil-militar de 64, além de informações retiradas de documentos oficiais onde consta a perseguição feita ao movimento estudantil da UFC com processos, impedimentos de matrícula, suspensões, prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos (Ed. Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará/edição física e digital) Nova edição de livro de Celso Furtado, registrada por Leda Paulani em seu texto para o site A Terra é Redonda. Ela lembra este comentário de Celso Furtado: “Minha vida foi simultaneamente um êxito e uma frustração: um êxito pelo fato de que eu acreditei na industrialização, na modernização do Brasil, e isso se realizou; e uma frustração porque eu talvez não tenha percebido com suficiente clareza as resistências que existiam à consolidação mais firme desse processo, ou seja, que, a despeito da industrialização, o atraso social ia se acumulando”. O mito do desenvolvimento econômico, de Celso Furtado, de 1974, completou 50 anos em 2024 e está sendo republicado pela Ubu. “Não é preciso dizer mais, penso, sobre a importância de se voltar a lê-lo hoje, reeditado em boa hora”, diz Paulani, professora da USP. Considerações do historiador, pesquisador do universo das forças armadas brasileiras e ex-deputado Manuel Domingos Neto: “O democrata brasileiro terá seu momento alegre com a prisão de ícones do golpismo. Que pense nos animais domésticos, nos autistas, e festeje sem soltar foguetes”. E mais adiante: “A recomposição da imagem das fileiras exige expurgos arriscados. Pode haver quebra da cadeia de comando. Chefes serão testados. Desavenças entre as corporações podem eclodir. O marinheiro escancarou essa semana sua indocilidade agredindo quem lhe garante o soldo. O golpismo parece momentaneamente contido. Mas vale lembrar: trata-se de recurso inerente ao ultraconservadorismo, que mostrou força nas últimas eleições”. Mostra de Cinema Sonho é subversão: Cem anos de Surrealismo no cinema, gratuita, vai até 22 de dezembro. Filmes de curtas, médias e longas-metragens, obras clássicas e contemporâneas, discutem a relevância estética e cultural do movimento conhecido por romper fronteiras entre sonho e realidade. Sessões com música ao vivo também para o público infantil. Siga no Instagram: @mostrasurrealismo100 e @caixaculturalrj. Leitura de referência para os tempos presentes sombrios, violentos e de impunidade: O aprendizado da força – A formação do soldado de Polícia Militar de São Paulo, de Thomas Machado Monteiro, jornalista gaúcho e mestre em História pela USP. Monteiro é estudioso de antropologia e sociologia do policiamento. (Ed. Alameda) Em semana mais literária que cinematográfica, revisitar o clássico italiano Mamma Roma, roteiro e direção de Pier Paolo Pasolini – e mais: com Anna Magnani – é um super programa. O filme é uma das atrações de dezembro da plataforma de streaming Filmicca. Para quem não lembra: o tema são os excluídos da sociedade italiana e a luta de uma prostituta, personagem inesquecível de Magnani, que tenta dar uma vida digna ao filho. Obra-prima, segundo filme de Pasolini.       *Léa Maria Aarão Reis é jornalista. Ilustração de capa: Marcos Diniz Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Sindicatos & democracia

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Sindicatos & democracia
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Por CLEMENTE GANZ LÚCIO* Os sindicatos são organizações fundamentais para sustentar e proteger as democracias e o fazem com sua atuação desde os locais de trabalho, nos espaços setoriais, regionais, nas cadeias produtivas, no âmbito nacional ou internacional. Os sindicatos promovem experiência de participação democrática das pessoas que trabalham ao elaborar pautas que reúnem reivindicações que expressam os interesses dos trabalhadores; ao reunir um posicionamento coletivo em relação às demandas; ao conduzir as negociações com a representação empresarial e ao deliberar por implementar um acordo coletivo ou convenção coletiva; ao encaminhar e organizar ações como, por exemplo, as greves, que exigem deliberações coletivas complexas; ao estabelecer política de comunicação com a base representada. Os sindicatos sustentam um contínuo espaço de participação e processo de decisão exercitado para expressar interesses coletivos, mediá-los com interesses de outras partes e deliberar encaminhamentos. Os sindicatos são instituições essenciais nas sociedades democráticas porque atuam diretamente sobre o conflito distributivo do produto econômico gerado pelo trabalho. Formulam demandas e propostas, disputam interesses e criam regras distributivas da riqueza gerada pelo trabalho de todos, incidindo sobre o montante que fica para o trabalho na forma de salário, jornada de trabalho, benefícios econômicos e sociais, políticas de igualdade, entre outros. Os sindicatos ao longo da história expandiram sua atuação para tratar da regulação de todas as formas de emprego no setor privado e no setor público, o fazem por meio da negociação e da contratação coletiva. As mudanças no mundo do trabalho desafiam os sindicatos a criar capacidade de representação coletiva de trabalhadores e trabalhadoras com diferentes formas de inserção ocupacional e de relações de trabalho que ultrapassam o clássico assalariamento ou de vínculo com o setor publico. Gerar uma organização coletiva sustentada pela solidariedade, reunir nas pautas as demandas, aglutinar capacidade e competência para a negociação coletiva, promover espaços de deliberação coletiva e processos de organização e de lutas para uma força de trabalho excluída da representação sindical e das proteções trabalhistas, previdenciárias e sociais é um desafio hercúleo. Mais de 40% o contingente de trabalhadores no Brasil está sem proteção sindical (autônomo, conta-própria, doméstico, cooperado, terceirizados, plataformizados, entre outros), a maioria em situação de alta precarização e vulnerabilidade, dispersos, atomizados e com pouca experiência associativa no mundo do trabalho.   [1] Sociólogo, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, membro do CDESS – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República, membro do Conselho Deliberativo da Oxfam Brasil, consultor e ex-diretor técnico do DIEESE (2004/2020).     As democracias ganham concretude em sociedades onde há liberdade e a igualdade é uma utopia almejada e buscada. Os sindicatos são espaços coletivos do livre exercício que demanda e luta pela igualdade. Na origem das democracias estão os sindicatos, propositores e persistentes defensores do direito universal ao voto, das eleições livres, da liberdade de organização dos sindicatos e dos partidos políticos, dos direitos sociais, do Estado de Direito, entre outros. As democracias experimentam no mundo ataques poderosos perpetrados por aqueles que a negam e rejeitam. O projeto de enfraquecer ou destruir os sindicatos faz parte da estratégia de enfraquecer as democracias. Uma das formas de fragilizar ou atacar as democracias é inviabilizar os sindicatos, criminalizar seu trabalho de representação e tirar poder das negociações coletivas. A CSI – Confederação Sindical Internacional promove a Campanha mundial em defesa da democracia, com o objetivo de fortalecer o sentido estratégico do papel dos sindicatos nas sociedades e para defender todas as dimensões da liberdade e da democracia. Como afirmou o secretário-geral da CSI, Luc Triangle, “os sindicatos são o maior movimento social do mundo. Incorporamos e praticamos valores democráticos diariamente. É hora de reafirmarmos nosso compromisso de defender e promover esses princípios globalmente. A democracia não é apenas um ideal político, mas uma realidade vivida e que os trabalhadores estão em uma posição única para defender e aprimorar.” Tragicamente, a cada ano desde 2018, mais países experimentaram declínios nos processos democráticos conforme aponta o Relatório “O Estado Global da Democracia 2023”[1]. Essa tendência antidemocrática se materializa também nos ataques aos direitos sindicais, mapeados ao longo dos últimos dez anos pela CSI segundo o “Indice Global de Direitos 2023”[2]. Em 2023, as violações atingiram novos máximos: 87% dos países violaram o direito de greve, enquanto 79% violaram o direito à negociação coletiva. A campanha protagonizada pela CSI tem dois eixos mobilizadores: A luta pela Democracia nas Sociedades, onde os sindicatos defendem as liberdades fundamentais, mobilizando-se para as eleições, solidarizando-se com os trabalhadores sob ataque, defendendo avanços nos impostos progressivos e um novo contrato social em seus países. A luta pela Democracia no Trabalho, incluindo o direito de greve, de organizar um sindicato e de negociar coletivamente. Promover o respeito pelos direitos dos trabalhadores, garantir o investimento organizativo para promover uma alta densidade sindical, fruto de uma ampla base de representação para a contratação coletiva e alta capacidade de sindicalização, levam a uma distribuição de renda e de riqueza mais equitativa e a uma maior confiança da sociedade nas instituições democráticas.   [2] IDEA, International Institute for Democracy and Electoral Assistance, 2023, https://www.idea.int/sites/default/files/2024-02/the-global-state-of-democracy-2023-the-new-checks-and-balances.pdf [1] ITUC, CSI, IGB, “Direitos dos Trabalhadores em 2023”, in https://www.globalrightsindex.org/en/2023   *Clemente Ganz Lúcio é Sociólogo, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, membro do CDESS – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República, membro do Conselho Deliberativo da Oxfam Brasil, consultor e ex-diretor técnico do DIEESE (2004/2020). Foto de capa: IA Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.      

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Novidade da pesquisa foi Fernando Haddad

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Novidade da pesquisa foi Fernando Haddad
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Por RUDOLFO LAGO* do Correio da Manhã Brasília   O dado da pesquisa Quaest divulgada na quinta-feira (12) mais comentado não foi o desempenho eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas a performance do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ao simular diversos cenários, a pesquisa mostra Lula vencendo de todos os adversários colocados no levantamento. Mas, ainda que possa andar combalida, a popularidade de Lula e sua força política é coisa mais do que conhecida. O que chamou a atenção na Esplanada dos Ministérios é que Haddad, confrontado com os mesmos adversários, também venceria em todos os cenários. Em um momento em que o presidente, aos 79 anos, convalesce como consequência de uma queda, a pesquisa gerou animação. Lula No Planalto, segue-se repetindo que "não há plano B". O candidato em 2026 é Lula. Mas o acidente mostrou, no entanto, que é preciso traçar outros cenários. Lula terá na campanha presidencial 81 anos. É prudente imaginar que será candidato se a saúde permitir. Biden O exemplo de Joe Biden ronda sempre. Aos 82 anos, o presidente americano insistiu até onde pôde em manter sua candidatura à reeleição. Quando desistiu, talvez não tenha havido tempo para transformar de fato Kamala Harris numa opção viável. Quem substituirá Paulo Pimenta? | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil     Ministro precisa contornar notícias amargas Não é tarefa simples transformar o ministro condutor da economia em presidenciável. Mas isso foi conseguido com Fernando Henrique Cardoso a partir do Plano Real. Esse é o grande desafio, comentam aliados do governo. FHC foi eleito a partir do momento em que as melhores na economia claramente foram sentidas pelo brasileiro em seu bolso. O que tem inquietado é que eventuais conquistas do país na economia, como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ou o fato agora de o país finalmente conseguir iniciar sua reforma tributária, não se refletem imediatamente numa sensação de melhora na vida das pessoas. Beligerância E o governo ainda precisa administrar a beligerância entre os poderes nessa eterna queda de braço em torno da questão orçamentária. Tudo isso está na conta da Haddad. Mesmo assim, porém, a pesquisa Quaest mostra que ele está no páreo, e não pode ser desprezado. Comunicação No fundo, transformar avanços econômicos em boas notícias é igualmente uma tarefa da qual o próprio Lula necessita. E esse segue sendo o problema. Já é consenso geral que o governo se comunica mal, e precisa melhorar. E as mudanças de fato acontecerão. Cirurgia O caso dos procedimentos em Lula era comentado como exemplo. Se, como disse o médico do presidente, Roberto Khalil, o segundo procedimento já era algo previsto, por que isso não foi dito logo? Não dizer acabou gerando a sensação de que o caso era mais grave. Profissionais Enfim, comunicação é coisa de profissionais. Se passará a ser assim exercida é outra história. Sidônio Palmeira não estaria inclinado a aceitar a Secretaria de Comunicação a não ser que lhe fosse dada autonomia. E há dúvidas também sobre Edinho Silva.     *Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade Publicado originalmente publicado no Correio da Manhã Foto de capa: Pesquisa mostra chance da opção Haddad |Paulo Pinto/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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