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Programas – de 22 a 30 de agosto

Programas – de 22 a 30 de agosto

Cultura por RED
23/08/2024 14:50 • Atualizado em 23/08/2024 14:53
Programas – de 22 a 30 de agosto

Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

*Jornalista Ramzy Baroudy, do site Common Dreams, dia 16 de agosto último: “Segundo o engenheiro agrônomo palestino Saad Dagher, pelo menos um milhão de árvores, milhares delas oliveiras mais do que centenárias, foram queimadas ou desenraizadas pelos israelenses, na região da cidade de Belém, em 1967, durante a guerra de ocupação e colonização da Cisjordânia. A guerra israelense em Gaza provou ser a mais destrutiva e sangrenta de todas as guerras israelenses. Mas a resiliência palestina continua se fortalecendo. Os palestinos não são passivos. São participantes ativos na construção do seu futuro e estão provando que, apesar de sua dor e agonia indescritíveis, emergem prontos para conquistar sua liberdade custe o que custar.”

*O programa é seguir o julgamento do STF, previsto para setembro, das ações que pretendem regulamentar as redes sociais. As big techs precisam adotar uma postura incisiva e mais ativa no combate à desinformação e à disseminação de discursos de ódio.

*Há também que regulamentar e normatizar a exibição de filmes brasileiros nas plataformas de streaming. Em recente entrevista, diz a diretora Lúcia Murat sobre o assunto: “Chegou a hora de impor normas para a entrada de plataformas de streaming no mercado audiovisual brasileiro. Não é possível continuar a selvageria que vem acontecendo. Elas entram e fazem o que querem, e não há como o cinema brasileiro sobreviver com a indústria abrindo suas pernas para interesses estrangeiros como está ocorrendo. Falta política pública para defender o cinema brasileiro disso.”

*O lendário baterista Chico Batera, dos idos do Beco das Garrafas de Copacabana, nos anos 60, conectou Madureira, Cuba e Estados Unidos em sua nova música, Atrevida, com a rapper carioca Lisa Castro. Está no ar em plataforma de streaming. Aos 81 anos, Batera combina a harmonia da música cubana que o influenciou, a batucada do samba e a poesia do rap em uma ode à mulher inspirada na música Eu quero essa mulher assim mesmo, de Monsueto, mas com uma pegada contemporânea e politizada. No ano passado, Chico lançou o livro Chico Batera: Memórias de um músico brasileiro, no qual fala sobre o namoro do samba com a black music com Tim Maia, Cassiano e Banda Black Rio e, depois, com Marcelo D2, Seu Jorge e Emicida.

*Festival de Gramado recém-terminado: o filme Oeste Outra Vez, de Erico Rassi, foi o vencedor do prêmio principal. O Clube das Mulheres de Negócios, novo longa-metragem de Anna Muylaert, ganhou o Prêmio Especial do Júri, e Fernanda Viana, de Cidade; Campo, de Melhor Atriz. O festival da Serra Gaúcha é um dos mais importantes do Brasil, realizado desde 1973. O filme Cidade; Campo entra em cartaz nos cinemas, em 20 cidades, no próximo dia 29. É Projeto Vitrine Petrobras, com ingressos a preços reduzidos.

*Quase oito em cada dez brasileiros, ou seja, 78% da população, consideram “muito importante” o controle de notícias falsas nas redes sociais durante o período de campanhas eleitorais. Argumento: assegurar competição justa entre os candidatos. Na pesquisa intitulada Panorama Político e realizada pelo Instituto DataSenado, a opinião pública respalda desembargadores e juízes de cada município para que possam cumprir, “de forma resoluta”, a regulamentação do TSE. E mais: a maioria consultada na pesquisa aponta como “responsabilidade” das plataformas de redes sociais impedir notícias falsas.

*A partir de hoje, dia 24, vai rolar um cineclube, Cinema que Dança, no Rio de Janeiro. Traz sessões de filmes de dança seguidas de uma aula de dança de meia hora. Motel Destino, de Karim Ainouz, All That Jazz, de Bob Fosse e tantos outros filmes dançantes serão apresentados no cinema Estação Net Rio, em Botafogo, nas manhãs de sábados, e no Net Gávea, nas tardes de domingo. Os professores são da Escola de Dança Angel Vianna. Ótimo programa, com ingressos a 20 reais.

*Ao longo de sua carreira, Alain Delon trabalhou com alguns dos mais célebres cineastas como Michelangelo Antonioni, Luchino Visconti e Jean-Pierre Melville. Foi um bom ator, um dos rostos mais belos do cinema, e recebeu uma Palma de Ouro de Cannes, em 2019. Uma pena que tenha sucumbido à direita francesa, o oposto das posições políticas de Luchino Visconti, um dos responsáveis pela sua fama, protetor da sua trajetória profissional, emérito comunista e fiel defensor das causas socialistas. Almoçamos juntos, em 1965, Delon, sua mulher na época, Nathalie Barthelemy, e nós, no restaurante do Jornal do Brasil, na Avenida Rio Branco.

*A partir da ideia de filmar e viver produzindo retrospecto e prospecção, se desenrola a narrativa do volume recém-lançado, Últimas Décadas nos Cinemas (Livro de Bolsa), romance do filósofo e professor da USP, Maurício Salles Vasconcelos. No livro, o leitor acompanha as “mutações do mundo desde o fim da Grande Guerra do Século XX, os choques com a nossa existência atual, e a máquina techno do audiovisual contemporâneo – um tempo incidindo vivamente no presente.” (Ed. Letra Selvagem).

   
*Destinos do Feminismo: do Capitalismo Administrado Pelo Estado à Crise Neoliberal, de Nancy Fraser, publicado em português em abril, analisa a segunda onda do feminismo como uma luta pela libertação das mulheres. Mas Fraser observa que a imersão do feminismo na política de identidade coincidiu com um declínio de suas utopias e com a ascensão do neoliberalismo. Nesse livro, a filósofa defende um feminismo radical e revigorado capaz de enfrentar os desafios atuais e a crise econômica global. (Ed. Boitempo).

*A Mostra Bernardet e o Cinema segue a trajetória do belga Jean-Claude Bernadet, 88 anos, ícone do cinema brasileiro. Ele é homenageado com 20 filmes de sua autoria, por detrás e na frente das câmeras, no Centro Cultural Banco do Brasil de três cidades. Brasília começou a mostra esta semana; São Paulo, a partir de 24, e Rio de Janeiro, dia 28. Ex-professor de cinema da Universidade de Brasília durante o período da ditadura de 64, Bernadet está escrevendo um novo livro de autoficção, Viver o Medo, em parceria com a ex-aluna Sabrina Anzuategui. Ele estará presente em um bate-papo, dia 31. O acesso da Mostra do CCBB é livre e a programação está no site do CCBB.

*De autoria do jornalista Marcelo Godoy, o livro Cachorros relata a história do maior espião dos serviços secretos militares no país, Vinícius, nome de guerra de Severino Deodoro de Mello. “Ele contribuiu para dezenas de sequestros, mortes, prisões e desaparecimentos que ajudaram a neutralizar o PCB nos anos 1970.” (…) “Sessenta anos depois do golpe, segredos e mentiras que marcaram a ditadura militar continuam a assombrar a democracia brasileira”, escreve no prefácio do volume o jornalista, pesquisador e escritor Bruno Paes Manso. (Ed. Alameda).

*Há dez anos, Godoy publicou o clássico A Casa da Vovó: uma biografia do DOI-CODI, com relatos inéditos de policiais e militares que atuaram nos centros de torturas e assassinatos do regime. Lembramos que “cachorros” eram chamados os agentes voluntários, em geral funcionários públicos. Os “secretas” eram agentes remunerados e treinados pelo SNI.

*Uma exposição imperdível, Koudelka, Fotografias, do célebre fotógrafo tcheco nascido na Morávia, antiga Tchecoslováquia. Ele trabalhava na Romênia quando decidiu retornar a Praga dois dias antes da entrada dos soviéticos na capital, em 1967, quando fotografou todos os lances da invasão das forças do Pacto de Varsóvia. O acervo espetacular de Koudelka, uma das estrelas da agência Magnum, é espetacular e está no Instituto Moreira Salles de São Paulo até 15 de setembro. Torcer para que venha ao Rio. Detalhe: a curadoria da mostra é do próprio Koudelka, de 86 anos, que vive em Praga.

*O filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, foi selecionado para dois festivais internacionais: para o 62º Festival de Nova York, no Lincoln Center, e para o Festival de San Sebastián, na Espanha, de 20 a 28 de setembro. A estreia mundial dessa coprodução França/Brasil será no Festival de Veneza, que se inicia no próximo dia 28. Em seguida, ela será apresentada no Festival de Toronto. O filme trata da história da família do deputado Rubens Paiva durante e após a ditadura civil-militar de 64, e foi realizado a partir do livro homônimo, autobiográfico, do seu filho, o jornalista Marcelo Rubens Paiva.

*Um programa importante é seguir o 1º Seminário Internacional de Comunicação para a Integração Latino-Americana, de 20 a 22 de setembro, no auditório Casa Popular/Armazém do Campo, em São Paulo. Temas que serão discutidos: desafios da democracia no continente, comunicação pública e comunitária, a luta para fortalecer mídias independentes e regulação das plataformas e combate à desinformação. O tema é “Sem comunicação não há integração regional”. Organizado pelo Centro de Estudos Barão de Itararé em parceria com a agência Inter Press Service, IPS. Inscrições em https://doity.com.br/seminario-latino-americano/inscricao.

*Programa para refletir nessa notícia especialmente inquietante: um novo relatório do MapBiomas, divulgado há poucos dias, informa que o Brasil perdeu 33% da vegetação nativa de seu território – áreas de mata, campos dos biomas, superfície de água e áreas naturais não vegetadas como praias e dunas -, desde 1500. E o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, registrou 5.454 focos de queimadas no Amazonas nos primeiros 20 dias de agosto. No mesmo período do ano passado foram contabilizados 2.331 focos. Um crescimento de 233% segundo Eduardo Landulfo, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e do Laser Environmental Applications Laboratory (Leal). Essa fumaça das queimadas na Amazônia, segundo Landulfo, vem avançando por diversas cidades brasileiras: Cuiabá, Campo Grande, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Florianópolis.

*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

Ilustração: Marcos Diniz

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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