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“Lira Convoca Reunião de Emergência com Líderes da Câmara Após Decisão de Dino sobre Emendas”

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“Lira Convoca Reunião de Emergência com Líderes da Câmara Após Decisão de Dino sobre Emendas”
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), convocou os líderes da Casa para uma reunião virtual nesta quinta-feira (26). STF intensifica fiscalização sobre emendas parlamentares com nova decisão de ministro Na segunda-feira (23), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a suspensão do pagamento das emendas de comissão e solicitou à Polícia Federal (PF) a abertura de um inquérito para investigar possíveis irregularidades na liberação e destinação desses recursos. Enquanto isso, o governo federal segue empenhado em cumprir o prazo até 31 de dezembro para empenhar as emendas e fechar o orçamento de 2024. O ministro Alexandre Padilha, articulador político do Planalto, continua conduzindo as negociações em Brasília. A decisão do ministro Flávio Dino marca mais um capítulo nas tensões entre o STF e o Congresso sobre as emendas parlamentares. Em agosto, Dino já havia suspendido todos os pagamentos até que fossem definidos critérios mais rigorosos de transparência e rastreabilidade. Após ajustes, os pagamentos foram liberados no início de dezembro, condicionados ao cumprimento de novos requisitos. As mudanças impostas pelo STF têm gerado desconforto entre parlamentares, levando à paralisação de pautas importantes para o governo, como o pacote de corte de gastos e a regulamentação da reforma tributária. Decisão detalhada Na nova decisão, Dino determinou que a Câmara publique, em até cinco dias, as atas das reuniões das comissões onde as emendas foram aprovadas. Esses documentos devem ser enviados à Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, sob a chefia de Alexandre Padilha. O pagamento das emendas somente será permitido após a chegada dessas atas ao Planalto, desde que atendam aos critérios de transparência e rastreabilidade estabelecidos pela Corte. Além disso, o ministro definiu que as emendas previstas para 2025 só poderão ser autorizadas se todos os requisitos forem cumpridos, reforçando o controle sobre a destinação dos recursos públicos.     Com informações do G1. Foto de capa: Arthur Lira preside sessão na Câmara — Bruno Spada/Câmara dos Deputados Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

Cultura

Evento #VoltaDemétrio reunirá a comunidade cultural no bar Ocidente

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Evento #VoltaDemétrio reunirá a comunidade cultural no bar Ocidente
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O Ato-show ocorrerá dia 6 de janeiro como manifesto pela volta do Cantos do Sul da Terra a TVE e a rádio FM Cultura, O programa é um dos mais elogiados pelo público das emissoras públicas. A atração criada, produzida e apresentada pelo músico Demétrio Xavier, foi encerrada por decisão de Caio Tomazeli, secretário de Comunicação do governo Eduardo Leite. O titular da pasta optou por não renovar a cedência do servidor. A notícia do fim do programa levou artistas como Vitor Ramil, Renato Borghetti,Yamandú Costa, Nei Lisboa, Leandro Maia entre outros a gravarem vídeos pedindo ao governo do Estado que reveja a decisão em função da relevância do Cantos para a cultura gaúcha. A insatisfação com a medida se alastrou pelo meio artístico-cultural e levou a criação do Movimento em Defesa da TVE e FM Cultura que convoca a manifestação para expôr que o término do Cantos do Sul da Terra representa mais uma ação em direção ao desmantelamento dos veículos. Com apresentações de diversos artistas, o encontro terá também a leitura de um manifesto apontando a importância da radiodifusão pública com abrangência necessária para garantir uma esfera pública democrática, múltipla e inclusiva. O ato-show pretende lembrar o trabalho histórico da comunicação pública e ser novamente um marco de diálogo da sociedade civil com os governantes para chegar a um objetivo comum: entregar para a sociedade uma programação de qualidade, um jornalismo de combate às notícias falsas e que trabalhe pela manutenção de nossa democracia. #voltaDemétrio #ficaCantosdoSuldaTerra #ficaTVEeFMCultura. Serviço: O quê: Ato-show #voltaDemétrio Quando: 6 de janeiro - 19h Onde: Bar Ocidente Instagram @mdtvefmcultura e-mail para contato: mdtvefmcultura@gmail.com     Foto de capa: Reprodução Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Ciência e Tecnologia

O Brasil, a América Latina e o Seleto Grupo Mundial de Países e Regiões que Dominam e Detêm Expertise na Manufatura de Chips

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O Brasil, a América Latina e o Seleto Grupo Mundial de Países e Regiões que Dominam e Detêm Expertise na Manufatura de Chips
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Por ADÃO VILLAVERDE* Dados levantados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em dezembro de 2024, dão conta que segmentos de alta tecnologia crescem acima da indústria de transformação tradicional do país. Evidenciando que de janeiro a setembro de 2024, algumas atividades neste campo, chegaram quase ao dobro da tradicional neste período. Estes resultados necessariamente nos fazem refletir acerca de um tema, que é a batalha pela tecnologia que move o mundo nos dias de hoje, que são o domínio e a expertise da manufatura de semicondutores. Atualmente, os nominados chips, estão presentes em todos os lugares. Todos os processos inovativos emergente apresentam uma nítida dependência destes dispositivos, sendo eles atualmente o quarto produto mais comercializado no mundo. Primeiro vem o petróleo bruto, depois o refinado e por fim os automóveis. Mas para se ter uma ideia do alcance dele, é ao mesmo tempo conformador e estruturante destes três primeiros que hoje o superam comercialmente. Ainda que exemplos possam ser reducionistas, um automóvel pode trazer hoje em sua tecnologia embarcada na casa de uns 3 mil chips. Evidente que sua cadeia de suprimentos e valor não é trivial, envolve várias etapas de design e industrialização, que se inicia com a necessária e fundamental formação de pessoas, passando pelo desenvolvimento e projetos, indo para a produção dos dispositivos semicondutores, chegando ao seu encapsulamento, e finalmente, completando seu ciclo fundamental como produto final, alcançando o consumidor. Do ponto de vista do mercado de aplicações, em torno de um terço dele envolve as áreas de i) redes e comunicações, o outro terço a área de ii) processamento de dados e o último terço, abrange as iii) áreas industriais de um modo geral, bens de consumos eletrônicos, setor automotivo e o que nominaríamos de e-gov. Seu mercado global deve fechar em 2024 na casa de US$ 624 bi, projetando para o fim da década, valores na ordem de US$ 1,5 tri. Vive-se um momento de rearranjo na sua cadeia produtiva mundial, portanto uma alteração na conjuntura do setor, onde os investimentos passaram a ser mais consistentes, bastante resilientes e de caráter estratégico. Buscando uma manufatura global desconcentrada do Pacífico do Leste (onde está quase 80% dela), que foi catalisada pela Covid e a guerra Ucrânia-Rússia, de modo que hoje examina áreas com mais segurança política e jurídico-legal, para se reinstalar ou instalar-se. Esta região, era constituída de países mais atrasados e inexpressivos economicamente que o Brasil, mas que no pós guerra e na quarta parte final do século passado, realizaram suas estratégias de missão de Nação. Dando um salto enorme, se transformando em referenciais tecnológicos e inovativos mundiais, ganhando o nome de Tigres Asiáticos, por suas agilidades, aceleração e pelos seus rápidos crescimentos e desenvolvimentos no campo da alta tecnologia. É neste contexto, que aparece ou amplificou-se o que se nomina de The Chip War (Chris Miller, 2023), onde os USA no seu programa Chips and Science Act , projeta investimentos na casa de US$ 280 bi, até o fim da década; e a China no seu Semiconductors Future, está prevendo US$ 1,4 tri, portanto 5 vezes mais que os investimentos americanos. Ou seja, o tema semiCon é i) business, pelos números acima, um mega-negócio, tem um valor ii) soberano do ponto de vista científico-técnico, tem um iii) caráter geopolítico de Nação e será portador de uma perspectiva de enormes demandas nos processos de iv) descarboinização e da transição energética No Brasil, não partimos do zero, já temos um Ecossistema de SemiCon, com 08 empresas de design house (projetos), umas 10 de back end (encapsulamento) e 02 com capacidade de front end (fabricação), além de importantes instrumentos de políticas governamentais de apoio, como o Programa de Desenvolvimento ao Desenvolvimento Tecnológico - Padis -, o recentemente aprovado Brasil SemiCon e a Lei de Informática - LI -. Que foram decisivos para sua retomada, sobretudo nas etapas de design house e backt end, que são as áreas de projetos e encapsulamentos, mas que foram responsáveis também pela implantação do setor, junto com o Programa Nacional de Microeletrônica - PNM -, em solo brasileiro, no final da década de 90 do século passado e na primeira década deste. Possuímos também requisitos e elementos chaves para a manufatura de chips, nominado front end, com fábricas, salas limpas, água ultrapura, filtros de ar, equipamentos e RH, que são os casos da CEITEC, que está sendo retomada. E a Unitec, que pelo que se sabe, não entrou em funcionamento e sequer ainda tinha sido comissionada, ou seja, não havia recebido os requisitos normativos para suas atividades de operação. E mais, e muito importante, temos um mercado mundial bastante amplo, para chips nominados maduros no sistema CMOS, uma tecnologia de semicondutor que usa transistores; e também, um cenário promissor se descortinando às novas rotas de dispositivos de potência, sobretudo a partir dos temas decorrentes da descarbonização e transição energética. Que nossa fábrica de solução completa, a CEITEC, irá implantar/adaptar em solo riograndense, com o recente anúncio de R$ 220 milhões pelo MCTI/FINEP/FNDCT. É neste cenário que vale levantar duas reflexões fundamentais, de um lado os gargalos que tem o setor localmente e que devem ser superados; de outro algumas recomendações fundamentais, sobretudo na forma de propostas. Agora com o Programa Brasil SemiCon, devemos também atualizar os instrumentos que temos de política para o setor: Programa Nacional de Microeletrônica -PNM-; o PADIS, que já avançou muito; a Política de Desenvolvimento Produtiva - PDP -; o Processo produtivo Básico – PPB -; Programas CI Brasil - CI BR -; a LI; a Lei do Bem, dentre outras. E colocar em prática o impulsionamento dos desafios de intensividade em P&D que setor tem, voltar a formar e repatriar RH, usar as encomendas governamentais e poder de compra para impulsionar o setor, ter uma estratégia global do país para a área e apoiar e ajudar para que empresas do setor tenham seus Business Plan’s concertados com demandas nacionais de mercado, mas também na busca intensa do enorme mercado mundial existente para os dispositivos de semicondutores. Por fim, algumas considerações e recomendações, na forma de propostas. Sem domínio na manufatura de chips, não tem transferência digital soberana, ela será subordinada, e economias nesta lógica podem fenecer. Existe mercado para Chips Maduros no sistema CMOS ou para dispositivos de potência, numa nova rota tecnológica, com o descortinar alvissareiro das fundamentais políticas de descarbonização e transição energética. Entretanto os investimentos devem ser feitos em base a evidências e critérios. E para isto seria fundamental se fazer uma Estudo Rigoroso de Mercado dos produtos que país importa, intensivos em SemiCon, constituído das seguintes etapas: i) Localizar zonas ou nodos tecnológicos dos importados; ii) ver quais poderíamos fabricarmos ou montarmos localmente; iii)) no caso de front end: ou por upgrade no Sistema CMOS ou pela via dispositivos de potência em Nova Rota Tecnológica de SiC, por exemplo; e por fim, iv) só daí, poderíamos fazer previsões factíveis de break-even (receita igual a despesas), conforme curva de maturação do sistema CMOS ou de dispositivos de potência. Sem aquilo que ao fim e ao cabo muitos fazem, que são tomar decisões nos “achismos”, sem nenhuma base de evidências. E por fim mesmo, tudo isto é para que o Brasil mergulhe definitivamente, no seleto grupo mundial de países e Nações, que dominem e detêm expertise na manufatura de chips. E junto com a América Latina se incorpore definitivamente na cadeia global fornecedora destes dispositivos, que para muito hoje, é nominado como o “petróleo” limpo do milênio. * Adão Villaverde é Engenheiro, Professor de Gestão do Conhecimento e da Inovação Escola - Politécnica PUCRS e Assessor de SemiCon - TECNOPUC Foto da capa: Chip brasileiro - Crédito: Divulgação Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Economia

Lula, o Banco Central e o financismo

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Lula, o Banco Central e o financismo
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Por PAULO KLIASS* O final de 2024 tem apresentado alguns sinais que parecem ter provocado alguma preocupação para o Presidente Lula. O primeiro deles, sem dúvida alguma, refere-se ao susto que ele, seus familiares e amigos mais próximos, bem como toda a sociedade brasileira, tomamos com o anúncio da necessidade de uma cirurgia emergencial no crânio. Felizmente tudo se passou muito bem e ele já está retomando, aos poucos, as atividades políticas normalmente. Um segundo bloco de problemas para o governo encontra-se na combinação das votações no Congresso Nacional do pacote de maldades preparado por Haddad. O conjunto foi encaminhado em nome do governo e comprometia de forma bastante dura os interesses da base política e eleitoral de Lula: os miseráveis e os mais pobres da nossa pirâmide da desigualdade. A obsessão que o Ministro da Fazenda mantém desde o início do terceiro mandato com a falácia da austeridade fiscal tem levado o governo a criar armadilhas sucessivas para si mesmo. Assim foi a elaboração e a votação do Novo Arcabouço Fiscal (NAF) ainda em 2023, contrariando as promessas feitas por Lula durante a campanha eleitoral de apenas revogar o famigerado Teto de Gastos de Temer. Em seguida veio a meta, tão equivocada quanto irrealizável, de zerar o déficit fiscal primário em 2024 e 2025. Os economistas progressistas alertávamos que isso significaria, como se confirmou na sequência, um arrocho expressivo nas despesas orçamentárias nas rubricas sociais e nos investimentos. Um verdadeiro tiro no pé do próprio governo. Logo depois, veio a recusa incompreensível do Ministro da Fazenda em rever a meta de inflação, o que poderia contribuir para tornar a política monetária mais atenuada. Haddad não apenas se manteve contra tal flexibilização necessária, como ainda rebaixou a meta de crescimento dos preços de 3,25% para 3% e a estendeu para mais de um ano. Uma loucura!   Austeridade aos poucos e com violência Por outro lado, ao longo do período, diversos dirigentes dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento começaram a plantar notícias alarmistas de que seriam necessárias medidas de redução estrutural dos gastos. E apresentavam propostas de eliminar os pisos constitucionais de saúde e educação, além de sugerir a desvinculação dos benefícios previdenciários em relação ao salário-mínimo. Ou seja, proposições tão extremadas que nem mesmo os governos da direita haviam ousado encaminhar anteriormente. Pois chegou um instante que Haddad e Tebet se sentiram à vontade para avançar duas casas no tabuleiro. E passaram assumir publicamente a defesa de tais medidas. Os agentes do financismo se empolgaram com o cenário, afinal dois dos principais ocupantes de pastas na Esplanada haviam saído em defesa dos interesses mais genuínos da banca privada. Ocorre que Lula percebeu o risco político de tal atitude. E, ao que tudo indica, colocou um freio no movimento de desindexar e desvincular, tal como propunham freneticamente Henrique Meirelles e Paulo Guedes durante os governos Temer e Bolsonaro. No fim das contas, o pacote das maldades não contemplava as medidas de ajuste estruturais nas despesas. Assim o pessoal da Faria Lima iniciou uma escalada especulativa no câmbio. Apostando na incapacidade de reação do governo em um final de ano complicado, resolveram que o dólar deveria ultrapassar o patamar simbólico dos R$ 6,00. Era um movimento com três objetivos: i) realizar muitos ganhos com a articulação nos mercados financeiros em que se opera com dólar; ii) desgastar politicamente o governo Lula com essa suposta instabilidade; e, iii) pressionar Executivo e Legislativo a manterem as propostas de cortes estruturais nas despesas. Ao fim e ao cabo, o pacote acabou sendo aprovado de forma um pouco mais desidratada, graças à impopularidade de boa parte das medidas. Mas o governo acabou tendo que assumir a paternidade de proposições que vão contra a sua própria base política e eleitoral. Além disso, o xadrez no Parlamento ficou ainda mais complicado, uma vez que as forças de direita e extrema direita aproveitaram o momento para, de forma ultra demagógica, saírem em defesa dos muito pobres e dos miseráveis. De toda forma, as ações do Banco Central (BC) para conter a escalda especulativa forma muito tímidas. O governo torrou mais de 20 bilhões de dólares para tentar atenuar os efeitos desse movimento dos conglomerados financeiros, mas desde 28 de novembro que a cotação do dólar se mantém acima do patamar de R$ 6,00.   Os chacais do financismo querem carne e sangue A principal razão para tanto é a avaliação e a aposta por parte do povo das finanças de que o governo não levaria essa estratégia de se contrapor à ação especulativa até o final. Afinal, as declarações do futuro Presidente do BC era de que tudo funcionava “normalmente” no mercado de câmbio (sic). Galípolo é uma pessoa de origem no próprio mercado financeiro e apresenta muito mais identidade com o pensamento desse pessoal do que em relação ao que se imaginava ser base de uma política econômica de um governo presidido pelo Partido dos Trabalhadores. Mas o Presidente Lula decidiu por realizar uma aparição nas redes que termina por acrescentar ainda mais confusão a um quadro por si só já bastante nublado. Ele convoca seus principais ministros para se sentarem ao seu lado em uma gravação: ali estavam Rui Costa (Ministro Chefe da Casa Civil), Fernando Haddad (Ministro da Fazenda) e Simone Tebet (Ministra do Planejamento e Orçamento). Apesar deste alto escalão presente no momento, nenhum deles é chamado a se pronunciar. Ao que tudo indica, foram chamados para fazer número e densidade para um quarto personagem, o mais importante no evento: o futuro Presidente do BC, Gabriel Galípolo. Ora, a coreografia do poder da Esplanada e dos corredores de Brasília oferece indicadores muito precisos a respeito de tal cena, certamente armada com muita preparação e intenções subjacentes. A importância atribuída ao futuro comandante da política monetária e cambial foi indubitável. Lula fez questão de frisar, em uma breve fala que pouco passou de 2 minutos:   (...) “E eu quero te dizer que você será, certamente, o mais importante presidente do Banco Central que esse país já teve, porque você vai ser o presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve” (...) [GN]   Lula fez questão de sublinhar sua concordância com o excesso de autonomia do BC e antecipa seu apoio a um dirigente da instituição que já deixou claro que não vai alterar em quase nada os pontos fundamentais da gestão daquele a quem vai substituir. Ele votou com a chamada “bancada lulista” em todas as reuniões do COPOM de acordo com a orientação de Roberto Campos Neto. E já temos encomendadas duas novas elevações da SELIC em um ponto percentual para as duas próximas reuniões do colegiado no começo de 2025. Não contente com tal rendição ao desejo voraz dos chacais da Faria Lima, Lula ainda reforçou seu compromisso com a manutenção da política de austeridade fiscal.   (...) “Tomamos as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal e seguiremos atentos à necessidade de novas medidas. O Brasil é guiado por instituições fortes e independentes que trabalhem em harmonia para avançar com responsabilidade” (...) [GN]   Falta menos de 2 anos para 2026 O Presidente da República sabe melhor do que ninguém que faltam menos de dois anos para a realização das eleições de outubro de 2026. Caso ele esteja com energia e vontade para atender aos desejos da maioria da população, Lula precisa oferecer ao País uma trajetória viável de retomada do desenvolvimento econômico, social e ambiental. Mas isso significa a necessidade de romper com o novo teto de gastos ou pelo menos de atenuar os efeitos restritivos do NAF. A austeridade implícita na engenhoca que lhe foi sugerida por Haddad - e virou a Lei Complementar nº 200/23 - não lhe permite fazer o que prometia à época da campanha: i) fazer e mais melhor do que fez nos dois primeiros mandatos; ii) realizar 40 anos em 4. Além disso, adotar como seu o discurso e a postura passiva diante do comportamento dos chacais da Faria Lima só faz adiar os próximos episódios de disputa especulativa contra seu governo. Na verdade, a leitura desses últimos dois anos nos revela que o governo cedeu em quase tudo à pauta da banca privada e mesmo assim o pessoal ainda quer mais e mais carne e sangue. Por qual razão haveria uma mudança de postura por parte deles? Enfim, Lula precisa se decidir de forma urgente de qual lado ele vai ficar. Se reforçando os interesses e os desejos da maioria da população que ainda o apoia, principalmente os setores que recebem até dois salários-mínimos mensais. Ou se vai seguir atendendo a todas as sugestões de Haddad e Galípolo e com isso manter a Faria Lima recebendo todas as benesses de seu governo. O fato inegável é que não há mais espaço para realizar a política do ganha-ganha que caracterizou o período 2003/2010. Lula vai ter de realizar opções que implicam em algum desconforto para os grupos do topo da nossa pirâmide da desigualdade de hoje até o final de seu terceiro mandato.     *Paulo Kliass é doutor em economia e membro da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do governo federal. Foto de capa: Marcelo Camargo/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Collares foi um injustiçado

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Collares foi um injustiçado
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Por CARLOS BASTOS* Aos 97 anos, Alceu de Deus Collares embarcou em nova vida. Ele acreditava que as pessoas reencarnam. Foi o primeiro negro a governar o Rio Grande do Sul. E como foi bonita sua trajetória aqui na Terra! Filho de um casal de trabalhadores rurais, começou sua vida vendendo frutas nas ruas de Bagé, sua cidade natal. Enfrentou muitas dificuldades para estudar. Mais tarde, com muito esforço, conseguiu ingressar nos quadros dos Correios e Telégrafos. Já maduro, fez o curso de Direito. E já tinha se apaixonado pela política. Elegeu-se duas vezes vereador em Porto Alegre pelo MDB e fracassou na primeira tentativa de se eleger deputado federal. Depois teve cinco mandatos na Câmara Federal, sempre entre os mais votados. Quando do regresso de Brizola do exílio, ele ingressou no PDT. Embora comungassem as mesmas ideias, eles tiveram suas divergências. Depois, Collares se elegeu prefeito de Porto Alegre. Convergiram quando ambos lançaram a candidatura do falecido deputado Carrion Junior a prefeito da capital contra o desejo do partido, que defendia Araújo. Suas divergências eram pontuais. Cito uma das tantas histórias, envolvendo os dois. Quando Brizola era governador do Rio, em seu segundo mandato, e Collares comandava o Palácio Piratini, Collares liga para Brizola e diz que no dia seguinte estaria no Rio. Brizola fica muito faceiro e fala que podem colocar as conversas em dia. Daí Collares o informa que vai participar de um almoço com Roberto Marinho, na Rede Globo. O tom da conversa muda. Brizola pergunta se Collares o estava comunicando ou consultando. Collares replica que um governava o Rio Grande do Sul e o outro o Rio de Janeiro e que ele o estava comunicando. Brizola se limita a dizer: “Está comunicado”. E desliga o telefone com força. Retornando à personalidade de Collares, registro que, quando era governador, ele era muito disciplinado. Acordava às 5 horas da madrugada e dedicava uma hora para a leitura dos jornais de Porto Alegre e do centro do país. Depois dedicava outra hora para ler livros sobre política e economia. Às 8 horas em ponto, ele ingressava no seu gabinete todos os dias. Collares foi muito injustiçado. Ele poderia ter se afastado do governo e concorrido ao Senado e se elegeria, mas criaram a CPI da Propina, que não provou nada e impediu que ele disputasse o Senado. Seu governo implantou 100 CIEPS no Estado. Recuperou milhares de escolas e criou os Coredes (Conselhos Regionais de Desenvolvimento). Missão cumprida, grande Alceu de Deus Collares. *Carlos Bastos é jornalista Foto: Ex-governador do Rio Grande do Sul, ex-Prefeito de Porto Alegre e ex-deputado Alceu Collares (PDT). Foto: Divulgação Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Opinião

É o melhor Natal desde 2013, mas não parece

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É o melhor Natal desde 2013, mas não parece
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Por VINICIUS TORRES FREIRE*, na Folha de São Paulo Pesquisas indicam mal-estar, economia não explica pessimismo, que cresce A leitora diria que o clima no país está bom? É pergunta vaga, que suscita respostas impressionistas. Mas é apenas de um jogo, um exercício mental. Desconsidere, por ora, avaliação mais objetiva sobre condições materiais de vida ou sobre o estado da política, por exemplo. Como parece o humor de seus concidadãos? Vivemos o "melhor Natal" desde 2013. A expressão vai entre aspas porque costuma apenas descrever balanços de vendas do comércio ou de indicadores como salário médio ou renda per capita. As pessoas podem estar insatisfeitas com sua situação econômica ainda que tenham melhorado de vida. Podem ter insatisfações gerais mesmo que reconheçam melhoras na economia. Em 2023, a renda (PIB) per capita voltou ao pico anterior, de 2013. Em 2024, será a maior desde sempre. O salário médio será o maior. O nível de pobreza será o mínimo. O consumo médio por pessoa será pelo menos igual ao do recorde de 2013. A desigualdade não mudou a ponto de alterar o peso desses números, se mudou. A avaliação do presidente Lula está em nível medíocre (35% de "ótimo/bom", 34% de "ruim/péssimo"), segundo o Datafolha de dezembro. Em relação aos últimos seis meses, a economia está pior para 40% (eram 29% em setembro de 2023), segundo pesquisa Ipec de dezembro. Nos próximos seis meses, vai melhorar para 39% (ante 51% em setembro de 2023). Deixamos para trás uma década de depressão. O problema é que saímos faz pouco tempo do buraco e talvez não exista segurança de que a melhora persista? A maioria da população não está informada quanto a previsões macroeconômicas ou pacote fiscal. Não vem daí o mau humor. Uma década ruim deixou traumas? Tivemos Junho de 2013, decepção pós-eleição de 2014, Lava Jato, impeachment, Grande Recessão de 2014-16, prisão de Lula, estagnação de 2017-19, Covid, a grande miséria de 2021 (quando o povo sem emprego foi largado na fome por Jair Bolsonaro). A confiança do consumidor medida pela FGV (Fundação Getulio Vargas) jamais se recuperou da crise que começou em 2014. É um indicador de avaliação de situação e expectativa quanto à economia, à condição financeira da família etc. Confiança abaixo de 100 significa que há mais avaliações negativas do que positivas. O índice não passa de 100 desde dezembro de 2013. Excluindo o período da epidemia, foi ao fundo do poço em setembro de 2015 (64,5). Subiu à casa de 95 em setembro de 2023 e em novembro de 2024. Em dezembro, ficou em 92. Considere-se um indicador aproximado de otimismo com o país, de uma pesquisa do centro Pew (EUA). Em 2010, 53% dos brasileiros achavam que o Brasil "um dia será" "uma das nações mais poderosas do mundo"; "nunca será": 20%. Em 2017, os números eram respectivamente 31% e 48%. Neste 2024, 38% e 34%, ainda longe de 2010. A satisfação com o "funcionamento da democracia" sob Dilma 1 era de 66%; em 2024, de 44%. Há "polarização", política, cultural, religiosa. Para quem votou em Bolsonaro em 2022, o país está no "caminho errado" para 82%, segundo pesquisa Ipec; no "caminho certo" para 13%. Para os eleitores de Lula, 23% e 72%, respectivamente. Década e meia de expansão de redes sociais e a disseminação do ódio e da desrazão não ajudam. O temor de golpe, autoritarismo e violência política, assim como os mitos do risco de comunismo e de opressão "identitária", pioram o clima. Ainda assim, o mal-estar é intrigante. *Vinicius Torres Freire é articulista da Folha de São Paulo Este texto foi publicado originalmente na Folha de São Paulo, na edição do dia 25/12/2025 Foto da capa:  Ruas e praças de Boa Vista (RO) são decoradas para o Natal - Pinterest Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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