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Adianta?

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Adianta?
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Por ANGELO CAVALCANTE* Adianta contar que o Brasil, sob Lula da Silva, retirou, no miúdo prazo de dois anos, cerca de dez milhões de pessoas da sub-marca da pobreza? Com sinceridade, adianta dizer que, nesse momento, está ocorrendo, justamente na educação brasileira, das maiores inversões em salários, empregos e infraestrutura de todo o Ocidente? Contar, mostrar, indicar números e gráficos acerca da larga ampliação do nosso mercado internacional, adianta? E todo o criativo e fecundo esforço nacional, muito bem programado e sistematizado por ativar, manter e ampliar nosso mercado comum, o MercoSul, importa? Garantir centro para os hermanos do Cone Sul, faz diferença? Dialogar identidades, interfaces e pontos em comum para a aproximação social, cultural e econômica de nossos povos, faz sentido? Eu digo que SIM ! Enquanto o Brasil vai retomando posições, locais e estratégias por se reapresentar na "grande política" global, a oposição, em seu vale tudo de destruição e sabotagem do país não tem ou demonstra qualquer fiapo de escrúpulo ou medida. Esse cancro odiento, purulento e absolutamente irracional vai e singra desde denúncias vazias e vexatórias na senatoria dos Estados Unidos, passando por declarações discursivas no parlamento europeu eivadas de incongruências, disparates e alucinações até às súplicas mais nonsense que se possa conceber e dirigidas, destinadas ao recém eleito governo de Donald Trump onde bolsonaristas de todos os naipes e coturnos pedem - pedem mesmo! - sanções, restrições e punições ao Brasil. São medidas, reparem bem, que vão da subclassificação do Brasil à condição de "ditadura"; ainda que a imprensa seja livre ( livre, inclusive, para mentir! ); os tribunais funcionem perfeitamente bem; o ministério público atue em total autonomia e desenvoltura; os movimentos sociais e populares operem plenos, inclusive, tomando praças e ruas e; as universidades estejam íntegras, efusivas, quentes, vibrantes e com toda a sua galáxia de diversidades. Pois sim... Desse cenário penoso e desabonador até a proposição traidora da elevação de taxas e impostos alfandegários e aduaneiros das commodities brasileiras, o que, segundo o jargão dos economistas, retira toda a vantagem competitiva de itens e produtos nacionais. Essa é a oposição expressa e revelada nessa legislatura e que, sem sombra ou liame de dúvidas, é a pior, mais nociva e deletéria de toda a história do Congresso Nacional. Pois sim... No começo desse ensaio, indagava: "Adianta?"; querem saber!? Adianta e muito... Estamos a tratar de nosso país, de interesses nacionais, da nossa população e da ampla vida nacional. Do outro lado, está um errático, atrasado e reacionário esforço por fragmentar, enfraquecer e inviabilizar o país e a vida de todos os trabalhadores. Adianta! Ora, uma grave crise internacional se amplia, se agiganta o que, por sinal, eleva o valor do dólar por todo o mundo e não somente no Brasil e a luta contra o retrocesso, o ódio e o fascismo, não tem jeito, é dever de toda a civilização do Brasil. Adianta!   * Angelo Cavalcante é Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara. Foto de capa: Reprodução/freepik Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Taxa de desocupação é de 6,1% e taxa de subutilização é de 15,2% no trimestre encerrado em novembro, as menores da história

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Taxa de desocupação é de 6,1% e taxa de subutilização é de 15,2% no trimestre encerrado em novembro, as menores da história
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Agência IBGE NOTÍCIAS A taxa de desocupação (6,1%) no trimestre encerrado em novembro de 2024 recuou 0,5 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre de junho a agosto de 2024 (6,6%) e caiu 1,4 p.p. ante o mesmo trimestre móvel de 2023 (7,5%). Esta foi a menor taxa de desocupação da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012   Indicador/Período Set-out-nov 2024 Jun-jul-ago 2024 Set-out-nov 2023 Taxa de desocupação 6,1% 6,6% 7,5% Taxa de subutilização 15,2% 16,0% 17,4% Rendimento real habitual R$ 3.285 R$ 3.263 R$ 3.176 Variação do rendimento habitual em relação a: estável (0,7%) 3,4%   A população desocupada (6,8 milhões) recuou nas duas comparações: -7,0% (menos 510 mil pessoas) no trimestre e -17,5% (menos 1,4 milhão de pessoas) no ano. Foi o menor contingente de desocupados desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014. Novamente, a população ocupada (103,9 milhões) foi recorde da série histórica, crescendo em ambas as comparações: 1,4% (mais 1,4 milhão de pessoas) no trimestre e 3,4% (mais 3,4 milhões de pessoas) no ano. O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) subiu para 58,8%, recorde da série histórica, crescendo nas duas comparações: 0,7 p.p. no trimestre (58,1%) e 1,4 p.p. (57,4%) no ano. A taxa composta de subutilização (15,2%) recuou nas duas comparações: -0,7 p.p. no trimestre e -2,1 p.p. no ano. Foi a menor taxa desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014 (14,9%). A população subutilizada (17,8 milhões) foi a menor desde o trimestre móvel encerrado em maio de 2015 (17,7 milhões), recuando nas duas comparações: -3,9% (menos 725 mil) no trimestre e -11,0% (menos 2,2 milhões) no ano. A população subocupada por insuficiência de horas (5,1 milhões) não teve variação significativa no trimestre e caiu 6,6% (menos 363 mil pessoas) no ano. A população fora da força de trabalho (66,0 milhões) recuou 0,8% (-510 mil pessoas) no trimestre e 0,8% (menos 504 mil pessoas) no ano. A população desalentada (3,0 milhões) foi a menor desde o trimestre encerrado em abril de 2016 (2,9 milhões), ficando estável no trimestre e recuando 10,3% (menos 349 mil pessoas) no ano. O percentual de desalentados (2,7%) ficou estável no trimestre e recuou 0,3 p.p. no ano. Novamente, o número de empregados no setor privado (53,5 milhões) foi recorde, com altas de 1,3% (mais 661 mil pessoas) no trimestre e de 4,6% (mais 2,4 milhões de pessoas) no ano. O número de empregados com carteira assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) também foi recorde: 39,1 milhões. Houve alta de 1,3% (mais 496 mil pessoas) no trimestre e de 3,7% (mais 1,4 milhão de pessoas) no ano. O número de empregados sem carteira no setor privado (14,4 milhões) ficou estável no trimestre e cresceu 7,1% (mais 959 mil pessoas) no ano. O número de empregados no setor público (12,8 milhões) foi recorde, ficando estável no trimestre e subindo 5,6% (685 mil pessoas) no ano. O número de trabalhadores por conta própria (25,9 milhões) cresceu 1,8% (mais 467 mil pessoas) no trimestre e ficou estável no ano. Já o número de trabalhadores domésticos (6,0 milhões) cresceu 3,2% (mais 185 mil pessoas) no trimestre e ficou estável no ano. A taxa de informalidade foi de 38,7% da população ocupada (ou 40,3 milhões de trabalhadores informais) contra 38,8 % (ou 39,8 milhões) no trimestre encerrado em agosto e 39,2 % (ou 39,4 milhões) no mesmo trimestre de 2023. O rendimento real habitual de todos os trabalhos (R$ 3.285) ficou estável no trimestre cresceu 3,4% no ano. A massa de rendimento real habitual (R$ 332,7 bilhões) foi recorde, crescendo 2,1% (mais R$ 7,1 bilhões) no trimestre e 7,2% (mais R$ 22,5 bilhões) no ano. Taxa de desocupação - Brasil - 2012/2024 A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas), no trimestre de setembro a novembro de 2024, foi recorde, chegando a 110,7 milhões de pessoas e crescendo nas duas comparações: 0,8% (mais 876 mil pessoas) frente ao trimestre de junho a agosto de 2024 e 1,8% (mais 2,0 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre móvel de 2023. A análise da ocupação por grupamentos de atividade ante o trimestre de junho a agosto de 2024 mostrou aumento em quatro grupamentos: Indústria Geral (2,4%, ou mais 309 mil pessoas), Construção (3,6%, ou mais 269 mil pessoas), Administração pública defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,2%, ou mais 215 mil pessoas) e Serviços domésticos (3,0%, ou mais 174 mil pessoas). Houve redução da ocupação no grupamento Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-2,0%, ou menos 164 mil pessoas). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. Frente ao trimestre de setembro a novembro de 2023, sete grupamentos cresceram: Indústria Geral (3,6%, ou mais 466 mil pessoas), Construção (6,0%, ou mais 440 mil pessoas), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,6%, ou mais 692 mil pessoas), Transporte, armazenagem e correio (5,8%, ou mais 322 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,4%, ou mais 548 mil pessoas), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,4%, ou mais 790 mil pessoas) e Outros serviços (5,0%, ou mais 270 mil pessoas). Houve redução em Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-4,4%, ou menos 358 mil pessoas) e estabilidade nos demais grupamentos. Taxa composta de subutilização – Trimestres de agosto a outubro – Brasil – 2012 a 2024 (%) O rendimento médio mensal real habitualmente recebido no trabalho principal, segundo os grupamentos de atividade, do trimestre móvel de setembro a novembro de 2024, em relação ao trimestre de junho a agosto de 2024, mostrou aumento em uma categoria: Transporte, armazenagem e correio (4,7%, ou mais R$ 141). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. Frente ao trimestre de setembro a novembro de 2023, houve aumento em três categorias: Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,9%, ou mais R$ 102) Transporte, armazenagem e correio (7,8%, ou mais R$ 229) e Serviços domésticos (3,6%, ou mais R$ 43). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. A análise do rendimento médio mensal real por posições de ocupação do trimestre móvel de setembro a novembro de 2024, frente ao trimestre de junho a agosto de 2024, mostrou aumento na categoria de Empregado com carteira de trabalho assinada (1,4%, ou mais R$ 41). As demais categorias não apresentaram variação significativa. A comparação com o trimestre de setembro a novembro de 2023 indicou aumento em cinco categorias: Empregado com carteira de trabalho assinada (2,7%, ou mais R$ 80), Empregado sem carteira de trabalho assinada (6,0%, ou mais R$ 129), Trabalhador doméstico (3,6%, ou mais R$ 43), Empregado no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) (2,7%, ou mais R$ 129) e Conta-própria (3,8%, ou mais R$ 98). Publicado originalmente no site do IBGE Foto da capa: Divulgação

Economia

O brasileiro é, antes de tudo, um otimista

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O brasileiro é, antes de tudo, um otimista
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Por RUDOLFO LAGO* do Correio da Manhã Brasília O governo suou para ver aprovada sua pauta de interesse no Congresso no final deste ano de 2024. Pauta que não necessariamente resulta em boa notícia para a população, já que se trata da necessidade de cortar gastos, inclusive na área social, para manter as contas equilibradas, como mandam as regras de responsabilidade fiscal. Numa situação paradoxal, para ser autorizado a economizar, o governo foi obrigado a gastar: R$ 7,7 bilhões em emendas orçamentárias para aprovar o pacote. O ano termina com o dólar acima de R$ 6 e juros acima de 12%. Pressões para o ano que vem. Mas nada disso parece preocupar muito o brasileiro. Segundo o Radar Febraban, grande maioria das pessoas termina o ano otimista e animada. Sete em dez Realizada entre os dias 5 e 9 de dezembro, a última rodada da pesquisa que o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) faz para a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) aponta que sete em cada dez brasileiros estão satisfeitos coma vida. Satisfação O percentual dos que se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida que levam neste final de 2024 é de 71%. Entre os que têm ensino superior e renda acima de cinco salários-mínimos, esse percentual chega a 82%. A maior satisfação é no Norte, a menor no Sudeste. Em 2025, a vida vai melhorar, confiam 75% Saúde é o maior problema do país, diz a pesquisa | Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília   Esperança é a palavra que resume o sentimento da maioria quanto a 2024 e a expectativa para 2025. Ela foi a palavra escolhida por 38% dos entrevistados. As mulheres se mostram mais otimistas que os homens (83% contra 77%). Entre os mais jovens, entre 18 e 24 anos, o otimismo atinge 81%. Se essa é a sensação diante do que o brasileiro viveu em 2024, sua expectativa quanto a 2025 é ainda melhor. Segundo a pesquisa do Ipespe para a Febraban, 75% acham que sua vida vai melhorar ainda mais em 2025. Esse número representa um retorno ao patamar de dezembro de 2023 (74%). Um salto de 11 pontos percentuais com relação à rodada anterior. País Num percentual menor, 68% acham que o país, de maneira geral, irá melhorar ou ficar como está em 2025. O percentual de quem acha que vai melhorar, porém, caiu dez pontos comparado à percepção em dezembro do ano passado: 49% agora contra 59%. Emprego Para 23%, a área que mais melhorou no país foi emprego e renda. Mas algumas percepções quanto à economia não são assim tão boas. Para 68%, a inflação irá aumentar no ano que vem. E o mesmo percentual de 69% acredita em novas subidas da taxa de juros. Impostos O Congresso acabou de regulamentar a reforma tributária. Mas isso não traz ao brasileiro uma percepção de que a situação melhora. Para 64%, os impostos irão aumentar no país em 2025. São nove pontos percentuais a mais do que em dezembro do ano passado. Saúde Nem tudo, porém, melhorou. Há alguns setores que a população percebeu piora. A maior delas na saúde: pior para 18%. Em seguida, vem segurança pública, com 16%. A inflação e o custo de vida pioraram para 12%. Assim, a prioridade do país é a saúde, segundo 30%.       *Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade Publicado originalmente publicado no Correio da Manhã Foto de capa: Espírito de fim de ano: brasileiro tem esperança | Gabriel Monteiro/Riotur Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

Justiça

Procedimento padrão da PM: atirar para matar, jamais prender…

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Procedimento padrão da PM: atirar para matar, jamais prender…
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Por CARLOS EDUARDO PESTANA GUIMARÃES* Sendo honesto, alguém acredita que são casos isolados quando soldados profissionais fantasiados de polícia da PM (Prontos pra Matar) paulista ou de qualquer outro estado, atiram, torturam e matam pessoas? Se quase todos sabem que as chamadas balas perdidas que atingem as cabecinhas de crianças, mulheres ou qualquer outra pessoa nas favelas, comunidade, periferias são na verdade projéteis com direção e endereço certo, como aceitar que vidas continuem sendo ceifadas por agentes do Estado, por militares de todos os tipos e nada, e absolutamente nada é feito para acabar com isso? Algo parecido com o genocídio em Gaza, na Palestina, onde milhões pedem um cessar fogo e fica por isso mesmo. Milhares de crianças, mulheres, jornalistas e pessoal médico continuam sendo massacrados, trucidados pelos soldados nazissionistas de IsraHell e tudo bem, está normalizado, mais um “reality show” acontecendo. No caso brasileiro, os soldados profissionais da PM perderam qualquer medo, escrúpulo, vergonha, fazem o que fazem por saberem que são impunes, protegidos pelo governo e judiciário, que nada acontecerá, no máximo uma reprimenda, ficar um tempo nos trabalhos administrativos e logo-logo estão de volta às ruas matando como sempre. [caption id="attachment_17014" align="alignnone" width="300"] Policiais civis durante a operação no Jacarezinho, Zona Norte do Rio — Foto: Ricardo Moraes/Reuters[/caption] Essa é a realidade dura e crua. E não só para as PM, mas também para a chamada Polícia Civil, que de civil só tem o nome. Na verdade, é um grande cartório para receber e preencher Boletins de Ocorrência (BO) que não resultarão em nada, e para justificar as matanças, chacinas, execuções que os soldados da PM fazem rotineiramente. Cada vez mais militarizadas, também fazem suas execuções por aí, talvez numa competição macabra com a PM para ver quem mais mata impunemente. As duas corporações são mestres na tortura, também… Tem as Guardas Civil Metropolitana (GCM) nesse macabro torneio de quem mais tortura e mata. Em princípio foram criadas para atuarem como guardas do patrimônio das cidades, mas hoje se tornaram um “puxadinho” das PM em quase tudo. Cada vez mais militarizadas, atuam também na repressão dita policial na verdade totalmente militar nos municípios. Atuam de forma semelhante às PM reprimindo, matando, torturando também com impunidade do Estado. De vez em quando, aparece a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no páreo, matando alguma pessoa inocente, recebendo uma bala “perdida” na cabecinha. A Polícia Federal, até o momento, talvez por ser a única força realmente policial no país, seus membros parecem atuarem dentro da lei, não são matadores, mas policiais. Prendem para a justiça julgar. Até quando? Sabe-se lá… De concreto, dos que sofrem com as execuções dos soldados profissionais e congêneres, muita lamentação, muita raiva, muita falação, acusações de todos os lados e fica por isso mesmo. Gente negra, pobre, miserável, moradores das favelas, comunidades e periferias não tem voz nenhuma. Por exemplo, no enterro de uma vítima dos assassinos de uniformes, soldados profissionais da PM apareceram para impedir que acontecesse o velório e acabaram batendo, espancando todos presentes. Vai ver que era algum medo de que os falecidos voltem para se vingar. Como já estão mortos, tiros e balas nada podem fazer contra essas almas penadas à procura de alguma justiça. [caption id="attachment_17012" align="alignnone" width="300"] Crédito: Pin it[/caption] Aliás, coisa que não existe é justiça, nem adianta procurar que não vai encontrar. Quando funciona é para inocentar os jagunços uniformizados ou não dos crimes que cometeram. Estavam apenas cumprindo com o dever, atiraram porque os elementos estavam reagindo à prisão, tentando tirar a arma de alguém e por isso balearam para matar. Azar, né? Ou então, por serem negros, facilmente confundidos com bandidos, criminosos, acabaram recebendo uma saraivada de uns 300 tiros dos soldados do exército (pode acontecer também com soldados da aeronáutica e da marinha, a soldadesca é a mesma) em frente de um quartel qualquer da cidade. Quando são julgados, caso raro, acabam sendo inocentados pois estavam se defendendo de um provável bandido, alguém suspeito e por isso mandaram bala. Matam uma pessoa a partir de uma suspeita, de um preconceito, de um estereótipo. É negro, é bandido. Tem que matar. Afinal, essa é a lógica militar, jamais policial. Qualquer inimigo, esteja onde estiver, seja quem for (especialmente se for negro, pobre ou indígena) a regra é simples: atirar para matar. Matando, tudo bem, estava apenas cumprindo com o dever e com o adestramento que recebeu. A novidade agora é o novo procedimento de atirar em quem está gravando as ações dos soldados profissionais. Filmou, levou bala. Assim, os próximos que filmarem os soldados matando, que fiquem espertos. Podem ser executados também. Simples assim. Tendeu? *Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato) é Jornalista, sociólogo, membro da Comissão Justiça paz de São Paulo, do Grupo Tortura Nunca Mais e da Geração 68 Sempre na Luta Foto da capa: Pin it Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Volta às bases, com que base?

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Volta às bases, com que base?
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Por BENEDITO TADEU CÉSAR* Participo de 57 grupos de discussão no WhatsApp. Alguns poucos foram criados por mim e na imensa maioria dos outros fui incluído e permaneço, ainda que raramente me manifeste em quase todos eles. Num dos grupos em que fui incluído e de cujos diálogos nunca havia participado, iniciou-se ontem uma discussão que, diga-se de passagem, é recorrente nos grupos de esquerda, sobre a necessidade de se “ir às bases”. Há a constatação, cada vez mais frequente, de que os partidos de esquerda e centro-esquerda se afastaram dos movimentos populares e sociais e de que é preciso voltar a ter contato com o povo. Penso que esta constatação está correta, mas ela não abrange toda a complexidade da situação. Sem intenção de resolver a questão, que precisa e merece muita reflexão e debate, me atrevi a postar um comentário no grupo e o reproduzo abaixo. Como há muitos outros aspectos a serem abordados, será preciso retornar ao tema em novos textos e já convido outros escribas interessados a entrarem em cena. Enviem artigos para a RED, que tenho certeza serão publicados. Aqui vai a postagem original, com a correção de alguns erros de digitação. Se vocês me permitirem uma observação a partir das mensagens trocadas acima, sobre o método da "volta às bases", eu acrescentaria ao que o Frederico e o Sérgio escreveram que, na minha avaliação, há uma questão preliminar a ser enfrentada que é o fato de que as esquerdas perderam seus referenciais. A realidade socioeconômica mudou e nós ainda não entendemos plenamente as transformações em curso. Não existe mais o operariado e a classe média dos anos de 1980/1990/2000, que compuseram a base social do PT. As transformações no mundo da produção e do sistema financeiro e a incorporação de alta tecnologia, a internet e as redes sociais, o recuo da igreja católica progressista, com sua teologia da libertação, e o avanço das igrejas neopentecostais, com sua teologia da prosperidade (e que alguns já chamam de teologia do domínio), e também o avanço dos setores mais conservadores na igreja católica, e ainda o crescimento do trabalho informal, com a uberização e o empreendedorismo, criaram um mundo novo que nós não entendemos plenamente. De fato, eu penso que nós ainda não entendemos quase nada. Cito apenas um exemplo, que me parece bem ilustrativo. Nós continuamos nos referindo aos trabalhadores sem carteira assinada com "precarizados" e rimos quando um motorista de Uber se autodenomina como "empreendedor". Para mim, isso evidencia nossa incapacidade de entender os sentimentos "das bases". Por que afirmo isso? Vou responder com uma pergunta. Algum de nós gostaria de ser chamado de "precarizado"? Isto não feriria nossa sensibilidade? Algum de nós gostaria de perceber um ar de riso disfarçado na face do seu interlocutor ou mesmo um tom (também disfarçado) de desprezo ou, noutro extremo, de indignação, na voz de seu interlocutor, quando ele se referisse à nossa condição profissional, se nós nos considerássemos "empreendedores"? Mais de 50% dos trabalhadores brasileiros não têm carteira assinada e sequer têm a perspectiva e/ou a pretensão de vir a tê-la. Nossas bandeiras estão defasadas, quando defendemos a CLT ou combatemos o regime de trabalho de 6X1, ou estão longe da realidade cotidiana e imediata das pessoas, quando defendemos o direito ao aborto porque "as mulheres devem ter o direito de escolher e ter autonomia sobre seus próprios corpos". Essas são bandeiras extremamente importantes, mas estão mal colocadas, e estão mal colocadas porque não entendemos os sentimentos da população. Quem não tem carteira assinada e não tem perspectiva de vir a tê-la tem que "se virar" da forma que der. Vou fazer mais algumas perguntas: os pequenos agricultores ou agricultores familiares não são "empreendedores" e nós não os admiramos e defendemos? Então, por que não adotamos a mesma postura frente aos demais pequenos produtores e prestadores de serviços? Por que não defendemos o aborto como uma política de saúde pública em vez de o fazer como sendo "um direito da mulher de decidir sobre seu próprio corpo"? Para finalizar. Em 1980, quando Brizola voltou ao Brasil, vindo do exílio, ele acreditou que iria recriar o PTB e iria obter o apoio de suas antigas bases sociais e, assim, recriaria o trabalhismo. O TSE lhe deu uma rasteira, entregando a sigla para Ivete Vargas, o que o fez criar o PDT, e o PT se apossou de "suas bases", o que fez com que Brizola o classificasse como um partido "filhote da ditadura". Por incrível que possa parecer, Brizola estava razoavelmente certo quanto à classificação jocosa que empregava contra o PT e totalmente equivocado na avaliação das "bases sociais" do trabalhismo. A estrutura social (as classes sociais) tinha mudado durante a ditadura. Tinha surgido uma nova classe trabalhadora, formada por operários qualificados e muito melhor pagos, uma classe média urbana escolarizada e diversificada e um funcionalismo público muito diferente dos "barnabés" dos anos varguistas. Essas transformações criaram as bases sociais para o surgimento do PT e Brizola não tinha entendido e talvez tenha morrido sem entender (muitos brizolistas não entenderam até hoje). Nos anos 90, escrevei uma tese e posteriormente um livro para entender quem, de fato, o PT representava e nem o PT naquele momento entendia direito quem era (não vamos nos esquecer que, naquele momento, o PT falava em proletariado, para se referir às suas bases). Na minha visão, estamos atravessando uma situação estruturalmente semelhante e estamos sem entender, de fato, o que se passa. Concluo: ir às bases é muito importante, mas me parece que temos um trabalho tão urgente e necessário quanto este que é o de entender o que são e como pensam as bases atuais. Desculpem o textão. Abraços. Comentários pós-escritos Para que não pairem dúvidas quanto à questão do aborto e da autonomia feminina, reforço que temos uma questão a ser readequada e que isso inclui todas as pautas ditas identitárias, das mulheres, dos negros, dos LGBTQI+ e tantas mais que se enquadram no conceito. Todas elas são extremamente importantes, mas entendo que elas estão sendo abordadas de uma maneira equivocada e que isso passa por nossa dificuldade de entender as transformações em curso na sociedade atual. Em primeiro lugar, quero reforçar que, tal como as transformações produzidas pelos governos ditatoriais militares (acrescidas pelas transformações em curso no mundo desde os anos de 1960) geraram as condições para a superação da ditadura e para o protagonismo dos movimentos sociais e populares e dos partidos progressistas nos anos finais do século XX, com o PT coroando esse processo, as transformações produzidas pelos governos do PT (acrescidas pelas transformações em curso no mundo  desde a crise de 1973 e a derrocada do império soviético em 1990) nos primeiros anos do século XXI geraram as transformações que vivemos hoje. A ditadura militar foi ruim e naufragou em boa hora. Os governos petistas foram bons e precisamos lutar para mantê-los e para não ceder espaço aos defensores de novas ditaduras, de ideologias, de práticas e de governos neofascistas. Com relação às questões identitárias, atrevo-me a dizer que precisamos calibrar o discurso, sem renunciar ao conteúdo. As transformações em curso no país criaram áreas de resistência muito fortes. Tanto no plano econômico e político (haja vista a Operação Lava-Jato, a cassação da presidenta Dilma Rousseff e a campanha dos grandes meios de comunicação de criminalização e desprestígio dos políticos, principalmente da esquerda, e da própria atividade política), como no plano da moralidade e dos costumes. A guerra cultural se instalou. Não é por acaso que o “filósofo” do caos, Olavo de Carvalho, e seus discípulos odeiam Gramsci. Eles o leram e o entenderam. Nessa disputa, eles encontram campo fértil para assentar seus princípios ideológicos e seus preconceitos. Vou tomar apenas dois exemplos, para não me estender em demasia. A questão feminina e a da comunidade transsexual. Suas bandeiras abalam os fundamentos da família tradicional, que é a base de sustentação das relações sociais e o apoio material e afetivo das pessoas em geral, e que está em profunda crise, provocada pelas transformações em curso no mundo. As pessoas que estão “sem chão”, devido às profundas transformações em curso, têm na família, mesmo com todas as suas contradições e problemas, uma garantia de apoio e segurança, tanto afetivo quanto econômico. Defender o aborto apenas como uma forma de afirmação do direito de escolha feminino, sem dar a devida prioridade à questão de saúde pública (da própria mulher), assim como defender o uso de banheiros unissex nas escolas e nos espaços públicos, sem impor qualquer ressalva, são posturas vistas pela população que se encontra exposta à violência dos traficantes, da polícia e, muitas vezes, dos próprios familiares, como um combate à família, um ataque a membros de uma instituição que lhe é cara. Isso dá munição aos conservadores, principalmente aos padres e pastores reacionários, que são exatamente os que hoje mantêm maior contato e são os maiores orientadores dos valores morais das populações mais vulneráveis. Uma mãe, que tem sua filha ou filho exposta/o à violência e ao risco de ser estuprada/o, inclusive por familiares, não quer que, na escola ou nos ambientes públicos, esse risco seja exponenciado pelo uso comum de pessoas que se auto reconhecem com trans e, por isso, podem utilizar o mesmo banheiro de sua/seu filha/filho. Este é um dos motivos pelos quais o movimento Escola sem partido se fortalece ainda hoje. As famílias de classe média (mesmo da classe média baixa) e das classes altas podem escolher em que escolas matricular seus filhos e filhas. Podem escolher se os colocam em escolas progressistas ou conservadoras, uma escolha que não é oferecida às famílias mais pobres, cujos filhos têm, forçosamente, que estudar em escola pública. Por que esta escola tem que ser “progressista” e por que nessas escolas os banheiros devem ser unissex? Se não há risco, então é preciso primeiro convencer os temerosos de que ele não existe[1]. Estas são questões que teremos que enfrentar, se queremos, de fato, saber como “voltar às bases”, pois não basta estar no lugar certo, é preciso também dizer corretamente o que precisa ser dito ali. Eu não sei como responder às questões aqui colocadas e às muitas outras que acompanham o tema da “volta às bases”, como por exemplo as relativas à oligarquização também dos partidos de esquerda, à correlação de forças no parlamento e ao emparedamento do governo Lula, e é por isso que conclamo os interessados para o debate. Envie seu texto para redaçaoportalred@gmail.com. *Benedito Tadeu César é cientista político e professor universitário, Coordenador Geral da Associação de Amigos do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito e da Rede Estação Democracia RED [1] Essas questões foram levantadas brilhantemente na mesa A agenda de costumes e religiosa, no Seminário Eleições 2024: continuidades e mudanças, organizado pela profa. Silvana Kause, do PPG de Ciência Política da UFRGS, e realizado no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul durante os dias 27 a 29 de novembro de 2024. Foto da capa: redes sociais Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Lira convoca reunião de emergência com líderes da Câmara após decisão de Dino sobre emendas

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Lira convoca reunião de emergência com líderes da Câmara após decisão de Dino sobre emendas
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), convocou os líderes da Casa para uma reunião virtual nesta quinta-feira (26). STF intensifica fiscalização sobre emendas parlamentares com nova decisão de ministro. Na segunda-feira (23), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a suspensão do pagamento das emendas de comissão e solicitou à Polícia Federal (PF) a abertura de um inquérito para investigar possíveis irregularidades na liberação e destinação desses recursos. Enquanto isso, o governo federal segue empenhado em cumprir o prazo até 31 de dezembro para empenhar as emendas e fechar o orçamento de 2024. O ministro Alexandre Padilha, articulador político do Planalto, continua conduzindo as negociações em Brasília. A decisão do ministro Flávio Dino marca mais um capítulo nas tensões entre o STF e o Congresso sobre as emendas parlamentares. Em agosto, Dino já havia suspendido todos os pagamentos até que fossem definidos critérios mais rigorosos de transparência e rastreabilidade. Após ajustes, os pagamentos foram liberados no início de dezembro, condicionados ao cumprimento de novos requisitos. As mudanças impostas pelo STF têm gerado desconforto entre parlamentares, levando à paralisação de pautas importantes para o governo, como o pacote de corte de gastos e a regulamentação da reforma tributária. Decisão detalhada Na nova decisão, Dino determinou que a Câmara publique, em até cinco dias, as atas das reuniões das comissões onde as emendas foram aprovadas. Esses documentos devem ser enviados à Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, sob a chefia de Alexandre Padilha. O pagamento das emendas somente será permitido após a chegada dessas atas ao Planalto, desde que atendam aos critérios de transparência e rastreabilidade estabelecidos pela Corte. Além disso, o ministro definiu que as emendas previstas para 2025 só poderão ser autorizadas se todos os requisitos forem cumpridos, reforçando o controle sobre a destinação dos recursos públicos.     Com informações do G1. Foto de capa: Arthur Lira preside sessão na Câmara — Bruno Spada/Câmara dos Deputados Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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