Destaque
Programas – de 5 a 13 de dezembro 05/12/2024
RED
Por LÉA MARIA AARÃO REIS*
Informação: Israel comete um genocídio contra palestinos em Gaza, diz o objetivo, duro e bem documentado relatório de 300 páginas da Anistia Internacional do dia 5 último. “Há um genocídio sendo cometido. Não há dúvida, nenhuma dúvida”, denunciou a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnes Callamard, duas semanas depois do Tribunal Penal Internacional ter emitido mandados de prisão para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e seu ex-chefe de Defesa por crimes de guerra e contra a humanidade, no conflito de Gaza. A ONG denuncia que a operação militar israelense no enclave palestino praticou três entre os cinco itens considerados crimes na Convenção de 1984 Sobre Genocídio e que devem ser respondidos. Dentre eles, assassinatos, graves atentados à integridade física ou mental e a submissão intencional em condições de sobrevivência já destruídas.
”Mês após mês Israel tratou os palestinos de Gaza como um grupo sub-humano indigno de direitos humanos e da sua própria dignidade, demonstrando assim sua intenção de destruí-los fisicamente”, declarou Callamard.
A ONG se baseou em depoimentos de 212 pessoas (vítimas ou testemunhas palestinas), em médicos e agentes trabalhadores da saúde, em provas visuais e numéricas e na análise de declarações de altos funcionários responsáveis pelo governo israelense.
João Pedro Stédile, economista e fundador do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, o MST, em entrevista ao site Brasil de Fato: “Já perdi a paciência de ouvir ministro dizer que não há incompatibilidade entre a agricultura familiar e o agronegócio. O agrotóxico é incompatível com o vizinho de dez hectares que não o usa; porque ele vai contaminar e vai matar a biodiversidade”.
São três os modelos da agricultura brasileira, segundo Stédile: dois deles praticados pelo capital e um terceiro pelos trabalhadores. “Primeiro, o chamado latifúndio predador, as grandes propriedades do latifúndio que só se dedicam a acumular capital e se apropriam dos bens da natureza. O segundo, o agronegócio, cantado em verso e prosa, todas as noites, no Jornal Nacional. Quem financia a propaganda do ‘agro é pop’ é banco e empresa automobilística estrangeira. Especializado em um único produto, faz uso intensivo de agrotóxico, usa sementes transgênicas compradas de uma multinacional e produz commodities para o mercado externo. E o terceiro modelo, a agricultura familiar que remonta à nossa reforma agrária popular. É o modelo dos trabalhadores e não do capital – não tem o objetivo de acumular capital. É o preferido do campesinato, não é?”
Excelente programa: dia 11 às 15h30, a sessão gratuita do filme Santo Forte, de Eduardo Coutinho, organizada pelo Cine Cidadania no Estação Net Botafogo. Às 17 horas, seguida de debate com Claudius Cecon, cartunista; Nilza Valéria, jornalista e Luiz Antonio Simas, historiador.
Reaberto o MAM, Museu de Arte Brasileira, no Rio de Janeiro, à beira do mar e rodeado pelos belos jardins de Burle Marx, após recente reforma. A exposição comemorativa dos 70 anos do MAM é Uma história da arte brasileira, com obras da nossa arte moderna e da contemporânea. Uma das belezas do museu que não era reformado há cinco anos, é o seu vão livre de mais de 1.500 m², criação do autor do edifício, arquiteto Affonso Eduardo Reidy.
Termina neste sábado, dia 07/12, um dos festivais de cinema mais tradicionais do país, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que com sua 57º edição é o mais longevo do Brasil. Este ano estão sendo apresentados, além de filmes, debates, conferências, master classes, shows e encontros em vários locais da capital – no Plano Piloto, no Gama, em Planaltina e em Taguatinga. Programação disponível no site do festival.
Autor de Salvar o Fogo, prêmio Jabuti deste ano na categoria Romance Literário, o baiano Itamar Vieira Júnior também foi o vencedor do prêmio francês Montluc Résistance et Liberté, em abril passado. O livro Torto Arado, de 2019, de autoria de Itamar e seu primeiro prêmio Jabuti, em 2020, já vendeu mais de 800 mil cópias.
O programa é lembrar o Secretário de Mobilização da CUT-SP, Oswaldo Bezerra, o Pipoka, destacando o simbolismo do próximo dia 10, “o Dia Internacional dos Direitos Humanos, momento para fortalecer a luta pela justiça social e pelo Estado Democrático de Direitos, com as nossas instituições funcionando e a vontade popular respeitada”. A CUT e os movimentos sociais que formam a Frente Brasil Popular e Povo sem Medo estarão nas ruas por todo o país cobrando a prisão e punição daqueles que planejaram a execução de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula. Em São Paulo, o ato será na Avenida Paulista, com concentração em frente ao Masp, a partir das 17 horas. Também estão confirmadas manifestações em Campinas, Ribeirão Preto e em Santos.
Não esquecer: no dia 13 de dezembro de 1968 foi baixado o infame AI-5 pelo ditador de plantão, Costa e Silva. Exigia poderes para eliminar opositores por meio de prisões, suspensão de direitos políticos e cassação de mandatos, além de ações extrajudiciais clandestinas; tortura, assassinato e desaparecimentos políticos.
Babygirl, modelo cinema de suspense erótico, o novo gênero que está na moda, é coqueluche lá fora. Mas só chega aos cinemas brasileiros no dia 09 de janeiro. O tema: Romy é uma CEO bem-sucedida que se envolve com o estagiário Samuel, recém-contratado pela sua empresa. Ela colocando não só sua vida profissional, como a vida pessoal em risco. Direção de Halina Reijn. Detalhe: o prêmio de Melhor Atriz no mais recente Festival de Cinema de Veneza foi para Nicole Kidman nesse papel.
Sobre pacificações. Bom programa, refletir sobre a frase de Roberto Amaral: “Não é hora de ‘pacificar o país’ mediante mais uma conciliação com o crime. A pacificação de que o país carece é aquela que pede guerra aberta à concentração de renda, à ditadura do capital estéril sobre o trabalho (expressa num ‘teto de gastos’ austericida) e a produção que nos retém, subdesenvolvidos, na periferia do capitalismo atrasado; quando temos ou tínhamos todas as condições de fazer deste território um país rico, habitado por uma população feliz, aquela que desfruta de reais condições de trabalho e vida dignas, negadas à maioria absoluta da população brasileira, cuja economia é controlada por 1% de sua população, possuidora de algo como 28% da renda nacional”.
A escritora, poetisa e compositora Carolina Maria de Jesus, cujo primeiro livro, Quarto de despejo: Diário de uma favelada, foi publicado em 1960 com auxílio do jornalista Audálio Dantas, acaba de entrar para o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A proposta, aceita, foi do Parlamento e baseada na sua “contribuição na construção da identidade nacional”. Em 1960, quando foi lançado, o livro de Carolina vendeu cerca de dez milhões de exemplares e foi traduzido para 13 idiomas em 40 países. A mineira Carolina era catadora de papelão. Morreu aos 62 anos.
Programa imperdível: assistir o espetáculo O Grande Acordo Internacional do Tio Patinhas, em cartaz no Sesc Copacabana, que irá até o próximo domingo, 8/11. Trata-se de uma sátira sobre concentração de riquezas, em adaptação de peça do dramaturgo Augusto Boal, e mistura humor e ironia para contar a história de Tio Patinhas em terras distantes, na sua busca para aumentar a fortuna. A peça é dirigida por Wellington Fagner e Junior Melo e já foi apresentada como Leitura Dramatizada na Bienal Todos São Palco, em Portugal.
Repercussão na vida literária de fim de ano: o livro do economista Paulo Batista Nogueira, Estilhaços, que acaba de ir para as livrarias. “Esse é o meu livro mais pessoal, mais revelador de quem eu sou ou tentei ser. Dei o meu melhor. Mas o meu melhor será suficiente? Fiz essa pergunta na apresentação ao livro e a repito aqui, na esperança, de que ele encontrará alguma acolhida. É o meu livro mais revelador de quem sou ou tentei ser”.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
Ilustração de capa: Marcos Diniz
Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.