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“Reina grande expectativa com a próxima Feira do Livro”, festeja ex-presidente

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“Reina grande expectativa com a próxima Feira do Livro”, festeja ex-presidente
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  Por JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DA CUNHA* NOVA COONLINE 50, com Flávio Ledur Vem Feira do Livro aí, e esta edição de 2024 será extraordinária, com mais de 800 lançamentos e incontáveis sessões de autógrafos. “Estamos cheios de esperança este ano”, disse o escritor, livreiro e professor Paulo Flávio Ledur em uma conversa com o grupo virtual Nova Coonline, formado por veteranos jornalistas gaúchos que se reúnem semanalmente e cujos encontros são publicados no YouTube. Ledur revelou que tradicionalmente a venda é extraordinária durante a feira, na contramão do que ocorre no mercado, que está em um mau momento. “Faltam leitores no Brasil, em função de nosso modelo de educação, que abriu mão do livro”, afirmou o convidado. “Se tivéssemos uma educação eficiente, teríamos também mais leitores, e portanto mais compradores. Este é um círculo vicioso do qual temos de sair.” Presidente da Feira do Livro de Porto Alegre em três oportunidades, Flávio Ledur lamentou que o programa de compra de livros por parte do governo federal, embora significativo, se limite ao universo das grandes empresas do país e a autores consagrados. Novos autores e editoras de pequeno porte são praticamente ignorados, e se isso mudar, o panorama do setor também melhora, acredita o escritor. Outro problema sério que persiste no Brasil é a insuficiente oferta de livrarias. Lembrou que, segundo a Unesco, o ideal é que haja uma livraria para cada grupo de 10 mil habitantes, índice que o país está muito longe de atingir. Dentro deste critério, Porto Alegre, por exemplo, deveria ter 150 livrarias, mas não apresenta nem um terço disso. “Talvez um novo modelo, com a volta das pequenas livrarias de bairro, seja uma alternativa” para alterar este desequilíbrio, disse Ledur. A tiragem padrão de livros era até o início do século de 2 mil exemplares, número que foi sendo reduzido para mil ou menos, e há autores que pedem apenas 100 exemplares. Com isso, a escala industrial para produção de livros mudou bastante, o que contribuiu para encarecer muito o valor do exemplar. O sistema de distribuição do livro também ajuda para isso, pois é muito caro no Brasil devido a suas grandes distâncias geográficas. O custo de envio de um livro de Curitiba para Fortaleza, no exemplo dele, aumenta em cerca de 30% o valor do livro. Outro ponto abordado por Ledur é a redução do interesse dos grandes veículos em instalar estruturas próprias para o trabalho de suas equipes durante a feira na Praça da Alfândega, que é considerada a maior da América Latina em ambiente aberto. O desinteresse pode ter explicação na programação da feira, que talvez não ofereça atrações suficientes para motivar empresas de comunicação a instalar estúdios lá, cogita Ledur. Por isso, ele disse aplaudir o projeto de instalação de um estúdio coletivo, ideia apresentada pela ARI (Associação Riograndense de Imprensa) como um embrião no esforço para levar os veículos a cobrir a Feira do Livro de Porto Alegre com mais atenção. O escritor também manifestou uma forte inconformidade com os exageros que certas situações provocam em relação ao idioma pátria. Lamentou que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) publicou nas eleições passadas uma relação de 40 palavras que não deveriam ser usadas pelos funcionários do órgão devido a seu “potencial teor racista”. Entre elas estava o verbo esclarecer: “Isso mostra o nível do exagero das coisas, eu jamais imaginaria que a palavra esclarecer tivesse a possiblidade de ter um teor racista”. A conversa pode ser conferida na íntegra no canal do grupo Nova Coonline, que está publica aqui: https://youtu.be/EFnJl95oJyc?si=4iSgtbkqtCzRufbk *Jornalista Foto: Divulgação Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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A colocação dos generais entre os 1% mais ricos do Brasil: salário equivalente ao de 42 soldados, com 75% de repúdio nas redes sociais

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A colocação dos generais entre os 1% mais ricos do Brasil: salário equivalente ao de 42 soldados, com 75% de repúdio nas redes sociais
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Generais como Tomás Miné e Richard recebem salários que equivalem a pelotões inteiros de militares e estão entra a parcela dos 1% mais ricos da sociedade O tema das discrepâncias salariais entre os diferentes escalões das Forças Armadas brasileiras voltou a ganhar destaque recentemente, tanto na imprensa quanto nas redes sociais. O artigo publicado pela Revista Sociedade Militar, apontando a desproporção gritante entre os soldos de generais e os de praças, gerou uma onda de comentários, particularmente nas redes sociais da Revista Sociedade Militar e do perfil Militar Audaz no Instagram. Os debates mostram um forte descontentamento com a realidade salarial no âmbito militar, evidenciando uma divisão interna que afeta o moral da tropa. A disparidade salarial entre generais e o restante da tropa De acordo com o artigo, enquanto um soldado recém Ingresso nas Forças Armadas brasileiras recebe um salário em torno de R$ 1,3 mil, um general no topo da hierarquia pode ganhar até mais que R$ 36 mil mensais. Essa diferença de 27 vezes entre os postos mais baixos e mais altos da carreira militar tem provocado indignação entre a tropa, especialmente quando comparada com outras forças, como a Polícia Rodoviária Federal, onde a diferença entre o menor e o maior salário é significativamente menor. Além disso tudo, alguns generais no último posto da carreira dos militares, como o General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, chegam a receber adicionais que elevam seus salários a valores acima de R$ 55 mil, o quer torna seu ganho bruto mensal equivalente ao salário de 42 soldados.   A indignação é palpável e impressiona nas redes sociais, com muitos usuários criticando o que veem como uma falta de vontade de conceder melhores condições de vida para os militares de patentes mais baixas. Um dos comentários mais curtidos no Instagram reflete esse sentimento: “Ficaram à vontade para praticamente triplicar o salário deles!!! Enquanto o praça se arrebenta com migalhas!!” — criticou @beto77castilho. A visão da tropa: insatisfação crescente A análise dos comentários postados nas redes sociais da Revista Sociedade Militar e do canal Militar Audaz revela um sentimento predominante de insatisfação com a estrutura salarial atual das Forças Armadas. Dos comentários analisados, aproximadamente 75% dos usuários expressaram desaprovação com a disparidade entre os soldos de generais e praças, classificando os salários dos generais como “desproporcionais” ou “absurdos” em relação à realidade do restante da tropa. Um dos comentários mais representativos dessa insatisfação foi postado por @edilson25belog: “A tropa está abandonada, mentem quando falam em coesão e camaradagem, infelizmente foram 31 anos ouvindo essas mentiras.” O comentário reflete um sentimento recorrente de abandono, que se repete em outras falas. Um seguidor, identificado como @vcguimaraesjr, expressou sua frustração de forma contundente: “Será que um dia, essa discrepância covarde será corrigida?… estamos abandonados e sem visibilidade.” Além disso, os comentários postados mostram que a insatisfação transcende o fator financeiro e toca também na questão da valorização moral e ética. Muitos usuários veem a diferença salarial como um reflexo de um problema estrutural mais profundo. Percentual pequeno defende os altos salários dos generais Apesar da ampla maioria expressar insatisfação com a disparidade salarial, uma minoria de aproximadamente 15% dos comentários nas redes sociais defendeu, ao menos em parte, os altos salários dos oficiais generais. O argumento principal dessa parcela é que os oficiais generais da Marinha, Exército e Força Aérea ocupam posições de extrema responsabilidade e que, portanto, seus salários são justificáveis. @cunhacelso, por exemplo, afirmou que “não é o salário dos comandantes que é alto, e sim o dos soldados que é baixo”, sugerindo que o foco deveria estar no aumento dos salários da base. Outros argumentaram que todos ingressam nas Forças Armadas cientes das diferenças salariais e da progressão de carreira. “Todos entram sabendo quanto ganha, qual a perspectiva de salário e qual cargo poderá chegar, insatisfação vai existir em toda carreira, é só ler o edital”, comentou @xxxxxxxxco. Comparações internacionais e a realidade brasileira Outro ponto levantado tanto no artigo quanto nos comentários nas redes sociais é a comparação com forças armadas de outros países, como os Estados Unidos, apresentado no artigo inicial com um infográfico. Lá, um soldado recém – ingresso na carreira militar recebe cerca de 2 mil dólares mensais (10 mil reais) , enquanto um general de última patente ganha em torno de 18 mil dólares (90 mil reais). Isso significa que, no Exército dos Estados Unidos, a diferença salarial entre a base e a cúpula é de nove vezes, bem menor do que no Brasil. A comparação com a Polícia Rodoviária Federal e as forças de segurança estaduais no Brasil também reforça a sensação de injustiça. Vários comentários, como o de @dduartemoreira, mencionaram a migração de militares das Forças Armadas para outras carreiras de segurança, como a Polícia Militar do Rio de Janeiro, onde os salários são mais atrativos para os postos de entrada. Um estudo divulgado pelo G1 em abril de 2024 mostra que a parcela mais rica dos brasileiros, que equivale a 1% da população, recebe mais que 20.664 reais mensais, todos os oficiais generais do Exército, Marinha e Aeronáutica estão incluídos nesse grupo. Soluções e perspectivas para o futuro propostas pelos próprios militares nos comentários O debate sobre a disparidade salarial nas Forças Armadas brasileiras aparentemente está longe de acabar. O atual ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, tem defendido a visão da cúpula das Forças Armadas sobre a questão salarial.  O aumento da visibilidade do tema, especialmente nas redes sociais, onde a questão militar já está em alta há vários anos e se soma com as questões políticas, está ampliando a pressão sobre as autoridades para reverem a política de remuneração dos militares. Entretanto, as movimentações, quando ocorrem, são mais perceptíveis no poder legislativo. Algumas sugestões foram propostas pelos próprios militares nos comentários, como a inversão do escalonamento salarial, onde os maiores reajustes seriam aplicados às patentes mais baixas. Essa ideia foi defendida por @drjoanirdossantos: “Por que não inverter essa situação, invertendo o escalonamento vertical da tabela de soldos?” Por outro lado, há quem veja pouca esperança de mudanças significativas no curto prazo. “Não há horizonte de uma melhora salarial decente, a quem não mais interessar a carreira que busque o melhor, boa sorte!”, comentou @pedrxxxxxxx, refletindo o ceticismo de parte da tropa em relação a uma possível solução para o problema. Revista Sociedade Militar Referências principais: Transparência do Governo Federal   Publicado originalmente em Revista Sociedade Militar Foto: Infográfico: SALÁRIO DOS MEMBROS DA CÚPULA EM COMPARAÇÃO COM SALÁRIOS DA BASE – Revista Sociedade Militar Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.    

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Alguns apontamentos para uma avaliação

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Alguns apontamentos para uma avaliação
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Por ALBERTO CANTALICE, no "X"* O PT foi criado para ser uma ferramenta dos Trabalhadores. Ao longo do tempo as relações de produção no interior no mundo do trabalho mudaram significativamente: robotização, uberização e precarização. Concomitante a essas mudanças houve o garroteamento do Movimento Sindical - em grande parte burocratizado e dependente do Imposto Sindical. Perdeu potência. Somando-se a esse processo de transformação, a exclusão social que já era imensa aumentou imensamente. O PT também foi se transmudando ao longo dos tempos. De Partido dos Trabalhadores, em Partido dos Pobres. Os setores incluídos da sociedade em parte não digeriram essa opção. Sentindo-se órfãs de quem os defenda. A disseminação da cultura do individualismo faz com que parte da população vejam os beneficiários de Programas governamentais como um "fardo" para quem "paga impostos. Historicamente crítico ao Sistema Capitalista e ao clientelismo, patrimonialismo o que o diferenciava do "status quo", o Partido ao vencer 5 eleições presidenciais e ser a partir de 2013 foco das perseguições midiático-judiciais, passou a ser visto pela imensa maioria como parte do "Sistema". Por "tornar-se comum, houve um descolamento entre os eleitores de Lula das demais candidaturas petistas. Sem um horizonte estratégico de longo prazo, passou-se a dependência única e exclusivamente do prestígio de Lula. É pouco! [caption id="attachment_16087" align="aligncenter" width="575"] Do "X" do autor[/caption] O dia a dia das populações: a segurança pública, a mobilidade urbana e a pauta ambiental foram substituídas por pautas de identidade: que civilizatórias e fundamentais, não dialogam com as necessidades prementes da imensa maioria dos trabalhadores. As duras condições de vida dos mais pobres: a desestruturação familiar, a busca por aceitação e pertencimento aliados a às tragédias provocadas pelo álcool e pelas drogas e a necessidade de um escape das agruras, levaram milhões de pessoas aos templos religiosos fundamentalistas. Ou o PT começa a se ligar nessas transformações, ou estará eleição pós eleição procurando um divã. Estamos no 2° turno em 4 capitais e mais 9 grandes cidades. Em outros tantos temos aliados que precisam ser eleitos. Portanto, as avaliações mais aprofundadas ficam para depois dos pleitos. *Alberto Cantalice foi presidente do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro por dois mandatos. De 2003 a 2015 esteve à frente da coordenação nacional das redes sociais do partido. Atuou desde 2015 como Secretário Nacional de Comunicação do PT, integrando todo o movimento de comunicação institucional desenvolvido pelo partido. Atualmente, é vice-presidente e Adjunto da Secretaria Nacional de Comunicação @albertocantalic

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Apagão em São Paulo e corrupção em Porto Alegre podem abalar reeleição de Nunes e Melo

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Apagão em São Paulo e corrupção em Porto Alegre podem abalar reeleição de Nunes e Melo
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Por JEFERSON MIOLA* A onda de transferir responsabilidades pelo caos das cidades que governam pegou forte nesta eleição. Ricardo Nunes, em São Paulo, e Sebastião Melo, em Porto Alegre, têm em comum o fato de serem candidatos bolsonaristas do MDB que agem como no conto Entre quatro paredes, de Jean-Paul Sartre: para eles, o inferno [sempre] são os outros. A culpa pelo desastre operacional-administrativo e pela incompetência gerencial deles mesmos nunca é deles, Nunes e Melo, porque o culpado sempre é o Lula, o PT, a natureza; são os temporais, os ventos fortes, as árvores, os governos anteriores … Com mentiras deslavadas e propaganda fantasiosa, tentam se livrar de cobranças pelo fracasso das suas escolhas políticas e pela defesa das bandeiras ultraliberais que no governo do aliado Bolsonaro foram levadas ao paroxismo com privatizações indecentes e corruptas e a colonização das agências reguladoras por extremistas servis às empresas concessionárias. O padrinho eleitoral de Nunes, o governador bolsonarista e privatista Tarcísio de Freitas, que privatizou a Sabesp, companhia de abastecimento de água, agora culpa o governo federal pelos efeitos nefastos da entrega da companhia estatal para a italiana ENEL. Ricardo Nunes segue o mesmo caminho de transferir a responsabilidade para a União, quando na realidade é grandemente culpado pelos prejuízos causados à população e à economia da cidade com o apagão, pois falhou em fazer o básico do básico de uma administração municipal, que é o trabalho de zeladoria, como o manejo de árvores. Nunes é reincidente na incompetência e omissão. Em novembro de 2023 mais de três milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica na capital paulista por falhas da ENEL e queda de árvores não podadas pela Prefeitura. A situação caótica durou seis dias, com milhares de casas e estabelecimentos sem luz devido à incompetência conjugada da ENEL e do governo Nunes. E hoje, três dias depois do apagão ocorrido no dia 11, 400 mil imóveis ainda continuam sem energia, vítimas do jogo de empurra-empurra do prefeito e a ENEL. Assim como Nunes, o bolsonarista Sebastião Melo também faz muito mal a Porto Alegre e à população da capital gaúcha. Ele é responsável direto pelo desastre catastrófico vivido em Porto Alegre devido ao evento climático severo de maio passado. Mesmo depois dos temporais de setembro e novembro de 2023, quando alguns bairros alagaram apesar do nível baixo das águas do Guaíba, a administração Melo nada fez para prevenir e proteger a cidade diante de novos eventos previstos pela meteorologia para acontecerem na época que de fato aconteceram. Melo continua deixando a cidade desprotegida e exposta a riscos de novas catástrofes. Na sexta-feira 13 de setembro, vários bairros da cidade ficaram alagados devido a uma chuva de baixa intensidade e curta duração porque a prefeitura não fez o básico do básico, ou seja, a limpeza e desentupimento de bueiros, a energização das casas de bombas e a manutenção do sistema de proteção de enchentes. Portanto, a cidade continua desprotegida até hoje em decorrência da gestão incompetente do governo Melo. E, também, devido à corrupção. Um diretor do DMAE, o Departamento de Águas e Esgotos de Porto Alegre, foi denunciado pelo MP por receber propina nos serviços de manutenção preventiva e corretiva do sistema de drenagem da água da chuva. A corrupção, porém, não é restrita ao DMAE; é sistêmica no governo Melo. No ano passado a Polícia Civil desbaratou um esquema que desviou quase R$ 100 milhões na Secretaria de Educação. A secretária da Pasta, assim como outros/as três diretores/as, foram presos/as. Como tem dito a candidata Maria do Rosário, enquanto falta apoio aos professores, as escolas estão abandonadas e as crianças estão fora da creche e da pré-escola, tem gente andando de Ferrari comprada com dinheiro de corrupção. Em agosto último o MPF mandou a PF abrir inquérito para investigar pelo menos R$ 173 milhões desviados na parceria da secretaria de Saúde com um grupo privado para gerir um hospital do extremo-sul da cidade. Os recursos do orçamento municipal que não chegam ao SUS para reduzir filas e aumentar os atendimentos são desviados em esquemas corruptos de diretores da administração Melo com empresários. Ricardo Nunes e Sebastião Melo começaram o segundo turno com franco favoritismo à reeleição. No entanto, a repetição do descalabro em São Paulo com o apagão elétrico, e a evidenciação da corrupção sistêmica na prefeitura de Porto Alegre podem abalar as pretensões destes dois bolsonaristas.   *Jeferson Miola é jornalista. Texto originalmente publicado no blog do autor.: Gonet na eleição – jeferson miola (wordpress.com) Foto:  Guilherme Almeida / CP Memória Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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CORREIO POLÍTICO | Nunca foi tão ruim a relação de Lula com o Congresso

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CORREIO POLÍTICO | Nunca foi tão ruim a relação de Lula com o Congresso
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Por RUDOLFO LAGO* do Correio da Manhã Brasília De tempos em tempos, o site Congresso em Foco realiza uma pesquisa com os principais líderes do Congresso Nacional, deputados e senadores, na qual mede os humores dos parlamentares sobre diversas questões relevantes. Divulgada agora, a última rodada do Painel do Poder, essa pesquisa, traz um dado preocupante: nunca foi tão ruim a relação entre o governo e o parlamento. No caso, a pesquisa pede aos parlamentares que deem uma nota de 1 a 5 para classificar esse relacionamento. A média das respostas dadas pelos 70 deputados e senadores ouvidos foi 2,41. É a menor em todas as pesquisas feitas desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse em janeiro de 2023. Na rodada anterior, essa média tinha sido 2,81. Bolsonaro O alento para Lula é que essa avaliação era pior durante o governo Jair Bolsonaro, quando essa nota média chegou a ser de apenas 1.99. Mesmo a nota mais alta então foi menor que agora: 2,68. De qualquer modo, pode haver um fim de lua-de-mel de governo e Congresso. Lua-de-mel "Lua-de-mel" é o termo utilizado pelo economista e cientista político Ricardo de João Braga, um dos responsáveis pelo Painel do Poder. Ele avalia que o quadro pode representar um certo desgaste na relação, diante das disputas e de eventuais expectativas frustradas. Quadro não é, porém, estático. E pode melhorar Eventual ascensão de Brito pode mudar jogo | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Depútados   Ricardo de João Braga observa, porém, que o quadro não é estático. E ele mesmo não acredita que venha a representar um novo marco nessa relação Executivo/Legislativo. A pesquisa foi coleta em setembro, antes, portanto, do primeiro turno das eleições municipais. "O quadro é volátil" observa o cientista político. "E já aconteceram coisas, efeito das eleições, que poderão vir a estabelecer uma mudança nessa relação". De um modo geral, tais coisas estão relacionadas à sucessão no Congresso, especialmente na Câmara, onde o quadro tornou-se completamente incerto. O avanço do PSD nas eleições municipais mexeu as peças no tabuleiro. Lira Arthur Lira imaginava que iria conduzir seu processo sucessória e que, dessa forma, manteria seu naco de poder depois que deixasse de ser presidente. A aliança PSD/União, ou Antônio Brito/Elmar Nascimento, pode frustrar esses planos de Lira. E melhorar para o governo. Vice Mostra dessa nova situação é o fato de PSD e União estarem nos bastidores negociando a vice-presidência da Câmara com o PT. Antes meros espectadores do processo, PT e governo podem vir a ter uma posição decisiva na definição de quem irá suceder a Arthur Lira. Orçamento Como o Correio Político mostrou na terça-feira (15), o governo meio que patrocina a trava do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino no chamado orçamento secreto. Ele é a chave do poder de Lira. Sem esse domínio, o governo volta para o jogo. Arrumação "Não é provável, portanto, que essa relação piore num futuro próximo", observa Ricardo de João Braga. "Os dados, portanto, não parecem indicar a existência de uma crise nesse relacionamento", considera. "Não são o fim do mundo. Parecem mais um freio de arrumação". *Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade Artigo originalmente publicado no Correio da Manhã / Brasília Foto: Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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ENEL: INTERVENÇÃO JÁ!

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ENEL: INTERVENÇÃO JÁ!
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Por PAULO KLIASS* O drama vivido pela população de São Paulo durante os últimos dias tem todas as características de uma conduta criminosa por parte uma empresa que foi beneficiada com a privatização de um serviço público essencial. A ENEL é a atual corporação que detém a concessão federal para administrar os serviços de transmissão de energia elétrica no Estado de São Paulo. O processo remonta ao processo de venda de uma empresa estatal para o capital privado ainda na década de 1990, quando o governo paulista transferiu o patrimônio da então Eletropaulo para um grupo privado. Como era comum naquele período, 50% do valor de compra foi oferecido pelo BNDES em condições extremamente vantajosas para os adquirentes. Ao longo das décadas seguintes a empresa foi mudando de dono e o atual grupo italiano comprou a empresa das mãos da companhia norte-americana AES em 2018. Essa dança do capital financeiro em busca de melhores oportunidades de lucros provoca sérios prejuízos ao desempenho operacional da empresa e uma perda de sua capacidade de oferecer resultados de qualidade para a população e para os demais usuários. O apagão atual é “apenas” um evento a mais na longa de série de crises anunciadas e cuja responsabilidade é totalmente atribuída à direção da ENEL. Em novembro de 2023 e em março do presente ano já houve situações catastróficas semelhantes. Atualmente a empresa é responsável pelo fornecimento de energia elétrica para um contingente de 18 milhões de pessoas distribuídas por 24 municípios na região da Grande São Paulo. Dentre elas, a mais importante e estratégica é, sem dúvida alguma, a capital paulista. Afinal, este município conta com uma população de quase 12 milhões, ou seja, o equivalente a 2/3 de toda a clientela da empresa.   ENEL ultrapassou todos os limites Não existe a menor dúvida entre os especialistas na matéria de que a emergência de uma conjuntura caótica como a atual tem suas raízes na redução de investimentos e na diminuição de despesas estratégicas por parte da empresa. A lógica de obtenção do maior lucro possível no menor tempo colabora para o processo de sucateamento da empresa e dos serviços por ela prestados. A manutenção da rede de eletricidade tem um custo relativamente elevado e eles optaram por cortar os recursos necessários para esse fim. As equipes de pessoal cumprem um papel fundamental nesse tipo de atividade do setor elétrico, mas a lógica privada é reduzir os gastos com recursos humanos e com seu treinamento. As consequências são funcionários com baixos salários e pouca motivação, além de uma gritante carência de gente para dar conta das necessidades de toda a rede. Privatizar empresas estatais, inclusive aquelas que prestam um serviço público essencial como a eletricidade, sempre representou uma orientação antiga do chamado Consenso de Washington. A intenção era a de promover ajustes estruturais nas economias pelo mundo afora com base no receituário do neoliberalismo. Assim, para além da imposição de regras austeridade fiscal e da liberação generalizada das economias, a recomendação era que os Estados nacionais transferissem o patrimônio de suas próprias empresas ao capital privado. Partindo do pressuposto equivocado e altamente ideologizado de que a ação do setor público seria sempre ineficiente, a narrativa falaciosa da exaltação da competência do capital privado como símbolo da eficiência ganhou espaço amplo nos meios de comunicação e no interior da sociedade. Ocorre que a realidade tem demonstrado exatamente o oposto. Diferentes grupos de capital financeiro ganharam muito dinheiro com as privatizações, mas as promessas de tarifas mais baratas e serviços de maior qualidade ficaram para trás. Os processos de transferência do patrimônio público para o setor privado foram marcados por significativas elevações das tarifas cobradas dos clientes. Por outro lado, as obrigações das empresas concessionárias passavam longe do centro de preocupações dos órgãos responsáveis pela regulação e pela fiscalização do sistema depois de sua privatização. Como autênticos profetas do liberalismo extremado, deixaram tudo no mais bruto estado do “laissez faire, laissez passer”. E dane-se o prejuízo social e econômico provocado por ações irresponsáveis do capital privado.   Lula deve agir rápido! No caso específico do setor elétrico, em 1996 foi criada a Agência Nacional da Energia Elétrica (ANEEL). No entanto, aqui também se deu o conhecido caso dos processos de “captura” das agências regulatórias. O desenho institucional do modelo pressupõe conceder autonomia aos organismos que passaram a usufruir de funções regulatórias em áreas cujas empresas haviam sido privatizadas. Assim, a tendência que se verificou em quase todos os países e setores foi a paulatina incorporação da lógica das empresas por parte das direções dos órgãos encarregados de regulação e fiscalização. Na verdade, a ação regulamentadora deixa de cumprir com sua função, qual seja, a de defender a grande maioria dos usuários contra os abusos cometidos pelas empresas que oferecem os serviços - no caso da energia elétrica, de forma quase monopolista. A recorrência com que a ENEL tem ignorado as suas funções basilares de prestação deste serviço público estratégico apontam para a necessidade urgente de medidas por parte do Estado brasileiro, tal como previsto na própria legislação. A empresa não apresenta as mínimas condições para continuar se beneficiando do status de uma concessionária para fins de fornecimento de energia elétrica para a população de São Paulo. O atual contrato de concessão oferecida pelo governo federal, ainda vigente, prevê que essa relação se estenda até 2028. Mas a administração pública conta ainda com outras alternativas de natureza jurídico-institucional. Existe a possibilidade de se promover uma intervenção na direção da empresa, tendo em vistas os abusos cometidos, as irresponsabilidades evidenciadas e os crimes praticados. O que se faz necessário é introduzir o elemento da vontade política de agir na defesa do interesse da maioria contra um bando oportunista e criminoso que não apresenta o menor interesse em promover serviço público. O governo Lula já teve várias oportunidades para tomar alguma decisão neste sentido, mas até o momento nada foi feito. Atualmente, a gravidade da crise é de tal ordem que até mesmo personagens políticos de amplo espectro têm se manifestado duramente a esse respeito. É o caso do Ministro de Minas e Energia (Alexandre Silveira, do PSD de Kassab), do governador bolsonarista de São Paulo (Tarcísio de Freitas) e do prefeito da capital paulista (Ricardo Nunes), quando todos se declararam claramente pela intervenção na ENEL e pelo fim da concessão ao grupo italiano. Já passou da hora de Lula tomar finalmente uma decisão a respeito da ENEL. Ele não pode passar a impressão de que está indo a reboque de figuras políticas do campo da direita. Apesar da demora inexplicável, é fundamental que o governo decrete a intervenção imediata na empresa. E, na sequência, que instaure procedimentos encaminhando para o cancelamento da concessão da mesma. * Paulo Kliass é doutor em economia e membro da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do governo federal.   *Doutor em economia e membro da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do governo federal. Foto:  Rovena Rosa/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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